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domingo, 14 de junho de 2015

Discipular: Mais do Que um Pregador da Internet

14.06.2015
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 08.06.15
Por Jonathan Dodson

Pregar e ouvir o evangelho não são o bastante.
Jesus não apenas pregava o evangelho – ele o mediava. À medida que ele ensinava e servia de modelo ao evangelho da graça, o evangelho era mediado por meio dos seus relacionamentos de carne e sangue. Ele não confiava apenas nas ondas sonoras de sua voz do topo da montanha. Ele sempre descia do monte, direto para a bagunça dos pecadores do dia-a-dia. Jesus estava afeiçoado aos discípulos, os quais estavam afeiçoados uns aos outros. O evangelho se tornou viral por meio da carne e do sangue, não do silício e dosmegabytes. Ele mediou o evangelho do Pai, do Filho e do Espírito Santo por meio de relacionamentos do tipo pai-e-filho com outros. A sua encarnação não foi apenas para carregar a cruz, mas também para se tornar uma pessoa a quem os seus discípulos pudessem imitar.
Paulo também trouxe o evangelho à terra ao lidar com as facções e a escatologia excessivamente realizada em Corinto. A igreja estava mais voltada para personalidades do que para pessoas de verdade, guiada por personas em vez de “geradas” por mentores que pudessem imitar. Escrevendo à igreja, Paulo contrasta os preceptores com os pais: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” (1 Coríntios 4.15-16). Preceptores eram tutores contratados, ligados aos seus estudantes pelo dinheiro. Pais, contudo, são líderes relacionais, ligados aos seus filhos pelo amor. Paulo também chama a igreja a mediar o evangelho por meio de relacionamentos próximos e imitáveis.
Portanto, não é suficiente identificar-se com um preceptor do evangelho. Autores favoritos, pregadores e mestres não são suficientes para o discipulado. Mestres contratados e relacionalmente desafeiçoados não podem substituir pais afeiçoados e amorosos. Na tradição de Jesus e Paulo, a igreja precisa desesperadamente de recuperar um evangelho relacionalmente mediado. Precisamos de pais, não apenas de preceptores.
De quem é a culpa: internet ou pastores?
Atualmente, muitos cristãos se identificam com pregadores específicos por meio de podcasts ou sermões online. Ouvir esses sermões pode ser um tremendo benefício para o crescimento cristão e a profusão do evangelho. Contudo, nas mãos de pecadores, sermões online também podem se tornar um obstáculo ao crescimento. Os ouvintes podem ficar tão apegados a um pregador de fora da sua igreja que passam a se identificar menos com aqueles de dentro da sua igreja. Eles adquirem um evangelho tecnologicamente mediado, não um relacionalmente mediado.
Quando isso ocorre, os discípulos retardam o seu crescimento e a missão da igreja. Eles põem a doutrina acima da vida, em vez de cuidarem juntamente da vida e da doutrina (1 Timóteo 4.16). Quando o discipulado é dominado pela doutrina, ele tende a produzir “atletas de sofá”. Os discípulos tentam ditar as jogadas, criticando pastores locais por não serem como outros pregadores “celebridades” ou por não “fazerem igreja” como certos líderes. A comparação da internet (não a internet em si) mina a centralidade da igreja local. Em vez de ativamente procurarem líderes locais para serem discipulados, os membros de igreja passivamente ouvem os sermões de outros pregadores. À medida que “incontáveis preceptores” são reunidos em listas de reprodução de podcast, o discipulado local entra em declínio. Essa “comparação da internet” compromete o impulso discipulador do evangelho. Ela produz mais preceptores e tietes do que pais e filhos. E, o que é pior, ela representa de modo distorcido o evangelho do Deus que faz discípulos.
De quem é a culpa por essa crise? Da tecnologia? O magnata da comunicação General David Sarnoff observou: “Nós somos muito propensos a fazer dos instrumentos tecnológicos bodes expiatórios dos pecados daqueles que os utilizam”. A culpa não é da internet; é nossa. Desviar a culpa para a tecnologia não ajudará nossas igrejas a levantarem pais espirituais que discipulem outros. Pastores e não pastores confundem uma dieta de informações teológicas com um discipulado da vida como um todo. Como resultado, nós enfrentamos uma escassez de fazedores de discípulos em meio a um banquete homilético.
Tanto pastores como igrejas precisarão se arrepender.
Arrependimento para as igrejas
Há discípulos nas igrejas locais que precisam se arrepender da comparação com líderes-celebridades. Alguns precisarão confessar aos seus líderes. Outros simplesmente precisarão mudar. Estabelecendo um novo rumo, eles devem passar a afirmar a liderança de seus pastores locais e buscar maneiras de se engajarem na missão da igreja de fazer discípulos. Reconhecendo que Deus designou presbíteros e líderes para o seu bem, os discípulos devem buscar localmente um pai, ou pais, no evangelho. Esses pais no evangelho os ajudarão a crescer na graça e no conhecimento de Jesus. Procure um “pai” entre aqueles mais maduros na fé, líderes de pequenos grupos ou ministérios, ou pastores.
Em vez de buscar uma multidão de preceptores para informação, os discípulos devem procurar (e um dia se tornar) pais que discipulam para a imitação.
Embora a tecnologia em si não seja a culpada, a tecnologia pessoal certamente promove o consumidor individual. Ken Myers observa que, no Ocidente, a identidade do “discípulo de Jesus” foi substituída pelo “consumidor soberano”. Enquanto consumidores soberanos, nós escolhemos nossas influências sem nos importarmos com as influências soberanamente designadas por Deus. Nós escolhemos a teologia da internet em vez do discipulado pastoral. Nós preferimos informação isolada a transformação relacional. Embora os pecados do consumismo individualista da comparação evangélica sejam nossos, o ambiente da internet, nos quais se confia excessivamente, de fato trazem consigo esta mensagem: “Discipulado informacional é tudo de que eu preciso”.
Arrependimento para os pastores
Pastores que oferecem informação teológica à custa de relacionamentos genuínos também precisam de arrependimento.
Amigos pastores, a nossa teologia deve discipular. Ela deve se expressar em relacionamentos intencionais de mentoria. Nosso chamado é para pastorearmos não apenas por meio da pregação, mas também com pessoas. Nossos rebanhos ouvem nossos incontáveis sermões, mas será que eles têm muitos pais? Será que estamos priorizando a informação teológica, em detrimento da imitação paternal?
Jesus poderia ter transmitido o evangelho jogando uma Bíblia do céu, lançando um podcast infalível, reunindo seguidores no Twitter ou projetando hologramas de si mesmo em cada vila e cidade. Mas ele não o fez. Ele escolheu a carne, o toque, a visão, o cheiro e a presença humana. O Filho de Deus se tornou um pai espiritual para doze discípulos, a fim de transmitir o evangelho pela carne e pelo sangue. Ele nos chama a fazermos o mesmo. A pregação tecnologicamente mediada – e até mesmo a pregação em pessoa – não é o suficiente. As pessoas precisam ver o evangelho ao vivo e ouvi-lo em um “estéreo” relacional. Elas precisam da nossa presença corporal, com todas as nossas imperfeições. Os discípulos precisam de encorajamento com pulmões e de correção com coração. Todos nós precisamos de pais no evangelho que nos ajudem a imitar Jesus.
Como imitar: pais no evangelho
Talvez você esteja se perguntando: “O que é um pai no evangelho?”. Paulo via a si mesmo como um: “Eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (1 Coríntios 4.15). Um pai (ou mãe) no evangelho é alguém que assume a responsabilidade espiritual pelo crescimento de um discípulo (1 Tessalonicenses 2.7-14). Esse relacionamento ocorre quando nos unimos a alguém por meio do evangelho. Não começa porque o pai seja superior em moralidade, experiência ou espiritualidade. Começa por um compromisso comum e jubiloso com a superioridade de Jesus e sua incomparável graça para conosco. O evangelho conecta o pai ao filho, a mãe à filha em uma identidade compartilhada em Cristo Jesus.
Quando nos arrependemos e cremos em Jesus, somos convertidos não apenas ao seu senhorio, mas também somos inseridos em sua família. Essa família se assemelha a circuitos interconectados, religados a uma nova rede de relacionamentos energizados pela graça. Quando a graça está ausente, a rede se arrasta e desconecta. Pais são separados dos filhos e mães, das filhas. Os preceptores dominam. A disfunção familiar penetra sorrateiramente. O evangelho, contudo, oferece uma inacabável fonte de alimentação de graça para fortalecer os relacionamentos familiares. É por isso que precisamos não apenas de pais, mas de pais no evangelho.
Pais no evangelho são modelos de Cristo
Pais no evangelho assumem a responsabilidade por outros ao dar a seus discípulos um modelo a ser imitado. Como um pai no evangelho, Paulo exorta seus discípulos: “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” (1 Coríntios 4.15; cf. 2 Tessalonicenses 3.7, 9). O autor de Hebreus recorda à igreja: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hebreus 13.7).
A imitação é indissociável da família. Minha filha de um ano torce os lábios do mesmo modo que eu faço quando estou pensando. Meu filho de sete anos ama explicar as coisas como eu faço, usando as mãos e tudo o mais. Como pais no evangelho, nós temos uma responsabilidade de mostrar à igreja como é seguir Jesus. Nós devemos ser modelos de Cristo. Para que as pessoas nos imitem, nós precisamos passar tempo com elas. Um encontro ocasional não funcionará. As pessoas precisam compartilhar da nossa vida, assim como da nossa fé. Elas precisam ver nossas lutas, assim como ouvem nossos sermões.
Como um pastor, as pessoas com quem passo a maior parte do meu tempo informal geralmente se tornam pais no evangelho, líderes e pastores. Por quê? Porque tempo compartilhado os expõe a um modelo de Cristo o qual, pela graça de Deus, eles podem imitar com confiança. Eles vêem Cristo por meio do modelo. Eles observam o quão desesperadamente eu preciso do evangelho da graça para refletir a imagem de Jesus. Eles me vêem frustrado e cheio de fé, desencorajado e confiante.
Quando pais no evangelho compartilham suas vidas com outros, o modelo se torna tangível e alcançável.
Fale a verdade do evangelho e ofereça um modelo
Pais também falam a seus discípulos a verdade do evangelho. Eles instruem seus filhos e lhes dão algo para imitar. Preceptores não podem oferecer imitação, porém pais sim. Pais que são presentes são os pais a quem queremos ouvir. Quando somos presentes, nossas palavras têm mais significado. Pais no evangelho vão fundo na vida das pessoas para lutar com elas e por elas na vida. Nossa experiência e exemplo não são suficientes. Elas precisam do evangelho da graça aplicado em áreas concretas e práticas de dificuldade.
Um dos homens com quem regularmente passo tempo é um profissional do campo da tecnologia. Em sua nova posição, ele se achava continuamente frustrado. À medida que fomos removendo as camadas por meio de refeições, orações e vidas compartilhadas, discernimos que ele ficava sumamente frustrado quando seu chefe desaprovava seu trabalho. Aquele exigente chefe tornava difícil que ele trabalhasse em paz. Como resultado, ele oscilava entre um senso de excessiva confiança ou de falta de confiança, a depender de como seu chefe o abordava. Eu compartilhei como a minha confiança na pregação às vezes tinha altos e baixos, a depender de como a igreja respondia. Ele ficou surpreso. Também compartilhei como eu havia encontrado grande confiança em Cristo, pois a Escritura me lembrava que, embora eu fosse inadequado para a pregação, o Espírito de Deus me tornava mais do que adequado (2 Coríntios 2.4-6). O Espírito me lembra de que a minha aprovação vem por meio de Cristo, não da igreja. Semelhantemente, a aprovação do meu amigo estava segura no evangelho, o qual o liberta para trabalhar por causa da aprovação em Cristo, não da aprovação do seu chefe. Como resultado, a nossa confiança não sobe e desce pelo que as pessoas pensam, mas descansa com segurança no que Cristo pensa. Trabalhando juntos ao longo de 1 Coríntios, fomos surpreendidos por esta promessa: “tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus” (1 Coríntios 3.23-24). Nós temos tudo de que precisamos embrulhado no amor e na aprovação do Pai e do Filho! Agora, nós encorajamos um ao outro regularmente com essa verdade do evangelho. Ao compartilhar a minha vida como um modelo, juntamente com falar-lhe a verdade do evangelho, fez com que meu “filho espiritual” enfrentasse o desemprego notavelmente bem, mediante uma confiança mais profunda em Cristo.
Ao discipular outros, precisamos estar presentes o suficiente para fornecer um modelo, mas também precisamos ser verdadeiros o suficiente para apontar-lhes Cristo. Como bons pais, nós precisamos assegurar a nossos discípulos que eles são amados e aceitos independentemente do seu sucesso em nos imitar. Por meio desse tipo de relacionamento, outros podem ver que o evangelho da graça é suficiente para nos conduzir tanto pelo fracasso como pelo sucesso.
De que precisamos
Se a igreja há de crescer, pais devem estar presentes para serem imitados. Discípulos precisam buscá-los. Precisamos encontrar tempo com homens e mulheres que possam mediar o evangelho a nós. Pastores e líderes de igreja devem ir além de apresentar a verdade, oferecendo um modelo. A igreja precisa da verdade do evangelho e de modelos relacionais. Precisamos do evangelho mediado por pais, não apenas preceptores.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/815/Discipular_Mais_do_Que_um_Pregador_da_Internet

quinta-feira, 4 de junho de 2015

10 Coisas que os Jovens em um Relacionamento Sério Devem Saber

04.06.2015
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 03.10.2012



1. O seu desejo de fazer sexo com a pessoa amada não é ruim. Seria um problema diferente para nos preocuparmos caso você não desejasse. A chave é que o desejo de glorificar a Cristo deve ser maior do que o desejo de fazer sexo com quem você ama.
2. A chave para que o desejo de glorificar a Cristo seja maior do que o desejo de fazer sexo é que essa decisão deve ser tomada repetidamente.
3. As pessoas que estão em um relacionamento sério demonstram seu melhor comportamento. Portanto, seja qual for esse comportamento agora, pode-se esperar que, com o tempo, vai "piorar". Conforme a intimidade aumenta, as pessoas tendem a baixar a guarda. O casamento não resolve um mau comportamento, mas sim, dá a ele mais liberdade para aparecer. Garotas, se o seu namorado é controlador, desconfiado, manipulador ou te menospreza, ele ficará pior e não melhor, à medida que durar o seu relacionamento. Quaisquer que sejam as desculpas que você inventar ou as coisas que você relevar agora, ficará cada vez mais evidente e difícil de ignorar à medida que durar o seu relacionamento. Você não conseguirá consertá-lo, e o casamento não vai endireitá-lo.
4. Quase todos os cristãos que conheço os quais se casaram com um não cristão declaram seu amor pelo seu cônjuge e não se arrependem de terem se casado; no entanto, eles têm vivenciado uma dor profunda e um descontentamento com seu casamento por causa desse jugo desigual e, hoje, não aconselhariam um cristão a se casar com alguém que não seja cristão.
5. Considerar que você é especial e diferente, e que as experiências dos outros não refletem a sua, é uma visão pequena, insensata e arrogante. As pessoas que te amam e te avisam/aconselham sobre seu relacionamentotalvez sejam ignorantes. De fato, existem pessoas assim. Mas há uma probabilidade bem maior de que seus pais, seus pastores, seus amigos casados há mais tempo sejam mais sábios do que você pensa.
6. Morar juntos antes do casamento é um fator que pode matar seu casamento.
7. O sexo antes do casamento não incentiva o rapaz a crescer, ter responsabilidade e a liderar sua casa e família.
8. O sexo antes do casamento fere o coração de uma garota, talvez imperceptivelmente no início, mas sem dúvidas com o passar do tempo, conforme ela troca os benefícios de uma aliança, mas sem a segurança da mesma. Não foi assim que Deus planejou que o sexo nos trouxesse satisfação. Nunca entregue o seu corpo para um homem que não tenha prometido a Deus total fidelidade a você dentro da aliança de casamento, isso implica em prestar contas a uma igreja local. Resumindo, não entregue seu coração a um homem que não presta contas a alguém que dê a ele uma disciplina piedosa.
9. Todos os seus relacionamentos, inclusive seu relacionamento de namoro, têm o propósito maior de trazer glória a Jesus do que proporcionar a você uma satisfação pessoal. Quando a prioridade máxima em nossos relacionamentos é a satisfação pessoal, ironicamente, acabamos nos sentindo totalmente insatisfeitos.
10. Você é amado por Deus com uma graça abundante através da obra redentora de Cristo. E esse amor que nos envolve pela fé em Jesus nos dá poder e satisfação do Espírito Santo para buscar relacionamentos que honrem a Deus e, através deles, aumentem a nossa alegria.
Tradução: Isabela Siqueira
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/241/10%20Coisas%20que%20os%20Jovens%20em%20um%20Relacionamento%20S%C3%A9rio%20Devem%20Saber

A Importância Teológica da Historicidade de Adão

04.06.2015
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 15.04.13
Por Bruce A. Ware

A historicidade literal de Adão como o primeiro ser humano, criado por Deus, do pó da terra, é teologicamente importante? Ou seja, alguém poderia negar a historicidade de Adão como o primeiro ser humano criado e, ainda assim, sustentar todos os ensinos essenciais da teologia evangélica?

As respostas para estas perguntas centralizam-se em (1) se a Bíblia apresenta Adão como o primeiro ser humano histórico e literal, (2) se há uma conexão bíblica entre o Adão histórico, em sua criação e queda, e certas doutrinas associadas normalmente com o Adão histórico, e, (3) se isso é verdade, quais seriam estas doutrinas e qual seria a natureza da conexão. Quero sugerir duas linhas de resposta que tencionam abordar estas três perguntas.

Primeiramente, a historicidade de Adão como o primeiro ser humano literal é ensinada e admitida em toda a Bíblia. A linguagem e as descrições de Adão em Gênesis 5.3-5 – número de anos que ele viveu depois do nascimento de Sete, o fato de que ele teve outros filhos e o número total de anos que ele viveu – são idênticos à linguagem e as descrições usadas a respeito de outros personagens históricos em Gênesis e em outras partes da Bíblia (cf. o resto de Gn 5; Gn 11.10-26; Gn 25.7-11; 1 Cr 1-9). O cronista inicia a sua extensa genealogia de Israel com "Adão", que dá início a toda a raça humana. Jó contrasta a sua fraqueza diante de Deus com Adão, que encobriu a suas transgressões (Jo 31.33). Oseias compara a desobediência de Israel com Adão, que transgrediu a aliança com Deus (Os 6.7). Lucas alicerça a genealogia de Jesus no primeiro homem, Adão, o filho de Deus (Lc 3.38). 

Jesus entendeu Adão e Eva como pessoas humanas literais, criadas por Deus e, depois, unidas no primeiro casamento de um homem com uma mulher (Mt 19.4-6; Mc 19.6-9). As referências de Paulo a Adão como o primeiro ser humano em Romanos 5.12-18, 1 Coríntios 11.7-9. 1 Coríntios 15.21-22 e 2 Timóteo 2.13-14 são, inconfundivelmente, a respeito desta pessoa histórica que foi criada à imagem de Deus (1 Co 11.7), antes da mulher, que procedeu dele (1 Co 11.8; 1 Tm 2.13), e que pecou, trazendo o pecado e a morte para todos os seus descendentes (Rm 5.12-18; 1 Co 15.21-22). Por último, Judas 14 se refere à pessoa histórica de Enoque, o sétimo depois de Adão, que também seria entendido como histórico. Uma leitura atenta destes textos apoia a conclusão de que a própria Bíblia trata, repetidas vezes e sem exceção, Adão como uma pessoa histórica literal, o primeiro humano criado por Deus.

Em segundo lugar, a historicidade de Adão é teologicamente importante? Sim, ela é importante pela simples razão de que a teologia conectada com Adão é teologia arraigada na história e impossível de ser explicada sem essa história. Ou seja, há claramente uma conexão bíblica entre o Adão histórico e a teologia associada com ele, e a conexão é tal que a teologia depende dessa história e não existiria sem ela. Ou, dizendo-o em outras palavras, essa história gera a teologia. Como você não pode ter um filho sem uma mãe, também não pode ter esta teologia sem a história que a traz à existência.

Considere, por exemplo, algumas áreas cruciais da teologia associadas com a historicidade verdadeira e literal de Adão. Primeira, a criação do homem à imagem de Deus envolve a criação literal do primeiro ser humano à imagem de Deus, o ser humano que se torna, por assim dizer, a fonte de todos os outros seres humanos que são, igualmente, à imagem de Deus. Gênesis 5.3 faz a notável observação de que Adão, aos 130 anos de idade, "gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete" (Gn 5.3). 

A linguagem neste versículo é, inconfundivelmente, a mesma de Gênesis 1.26. Embora a ordem das palavras "imagem" e "semelhança" esteja invertida, parece que tudo que se diz antes a respeito de o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus é dito aqui, quando Sete é gerado à imagem e à semelhança de Adão (Gn 5.3). O paralelismo desta linguagem nos leva a concluir que Sete nasceu à imagem de Deus (o que ele realmente era, cf. Gn 9.6) somente porque nasceu à imagem e à semelhança de Adão. Sem a conexão histórica e literal, de fato, biológica, entre Adão e Sete, o status de imagem de Deus em relação a Sete não existiria. E, se isso era verdade quanto a Sete, é verdade também quanto a nós. Não somente a nossa identidade biológica remonta ao Adão histórico, mas também o nosso estado como seres criados à imagem de Deus remonta ao primeiro homem, o primeiro ser humano histórico, Adão.

Segunda, a queda do homem no pecado é um ensino teológico central fundamentado precisamente no que aconteceu na história. Paulo resumiu o argumento nestes termos: "Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1 Co 15.21-22). Considere quatro observações: (1) Adão trouxe a morte ao mundo (15.21a). (2) Todos os humanos que procedem de Adão estão sujeitos à morte (15.22a). (3) A reversão do pecado e da morte de Adão acontece na realidade histórica do triunfo de Cristo por meio de sua ressurreição dos mortos (15.21a). (4) Todos os humanos unidos a Cristo serão vivificados (15.22b). A realidade histórica da ressurreição de Cristo, pela qual os que estão em Cristo são ressuscitados para viverem para sempre, é correspondente, nesta passagem, à realidade histórica do pecado de Adão, que trouxe pecado e morte para todos em Adão. A linha histórica não pode ser cortada sem eliminar a teologia correspondente. O pecado original em Adão e a vida eterna em Cristo estão ligados intrínseca e necessariamente à história.

Terceira, nossa teologia de gênero e sexualidade está intrinsecamente ligada à criação do primeiro casal humano e à natureza da união conjugal designada por Deus para eles. Quando Jesus se referiu a Gênesis 2, e quando Paulo aludiu a aspectos de Gênesis 2 e 3, ambos entenderam Adão e Eva como pessoas históricas reais que exemplificavam a união vitalícia, em uma só carne, de macho e fêmea que Deus planejou e trouxe à existência. Por sua queda histórica, Adão e Eva apartaram-se do desígnio de Deus e produziram distorções pecaminosas tanto das relações de gênero como da sexualidade humana. 

Nossa teologia de gênero e sexualidade não é dissociada da história. Pelo contrário, o desígnio criado por Deus foi exemplificado, inicialmente, no primeiro homem e na primeira mulher originais. E tanto Jesus como Paulo se referiram a este desígnio trazido à existência por Deus e vivenciado realmente no Éden. De modo semelhante, as perversões do bom desígnio de Deus estão arraigadas na rebelião histórica contra Deus e contra seus caminhos que aconteceu na história, registrada para nós em Gênesis 3. Tanto neste como em outros assuntos, a teologia e a história estão entretecidas de tal modo que a historicidade de Adão é essencial à esta teologia. Esta teologia depende dessa história e não existiria sem ela.
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/67/A_Importancia_Teologica_da_Historicidade_de_Adao

Discipulado Segundo as Escrituras

04.06.2015
Do portal Ministério Fiel, 01.06.15
Por  Garrett Kell

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Minhas mais antigas lembranças giram em torno de viagens de pesca com o meu pai. Ele me ensinava a como pôr a isca, como lançar o anzol e como pegar uma peixe-gato sem ser ferido de morte. Mas pesca não era tudo o que eu aprendia. Eu aprendia sobre o meu pai. 

Aprendia sobre como ele andava, como falava, como brincava, como orava, como conversava e como sempre pensava na minha mãe enquanto dirigíamos para casa.
Mais do que pescar, eu aprendia sobre como ser um homem.

Até hoje, as lições que aprendi com meu pai impactam o modo como eu vivo e amo o próximo. O que acontecia naqueles momentos com o meu pai era uma forma de discipulado. Ele liderava e eu seguia.

O que é o discipulado bíblico? De todas as questões com as quais os cristãos precisam lidar, essa é uma das mais importantes. Sermos discípulos de Jesus é o próprio coração de quem nós somos e do que devemos fazer com as nossas vidas.

Neste artigo, eu sugiro que discipular – ajudar outros a seguirem Jesus – é uma consequência direta de ser um discípulo de Jesus. Discípulos são chamados a seguir Jesus e segui-lo significa ajudar outros a segui-lo.
Você é um discípulo que faz discípulos?

Discípulos seguem Jesus

Ao encontrarmos Jesus, conhecemos um homem que nos chama a vir e morrer (Marcos 8.34-35). E ele nos chama a segui-lo e a aprender dele (Mateus 4.19, 11.29). Não importa se somos espertos ou burros, ricos ou pobres, jovens ou velhos, asiáticos, africanos ou americanos. O único requisito é que nos arrependamos de nossa rebelião contra o Criador e nos apeguemos a ele pela fé (Marcos 1.15; 1 Tessalonicenses 1.9). Se fizermos isso, Deus nos promete perdoar os nossos pecados e nos reconciliar consigo mesmo (Colossenses 1.13-14; 2 Coríntios 5.17-21). Jesus nos chama a vir e morrer, a fim de podermos viver.

Aqueles que seguem Jesus pela fé são conhecidos como seus discípulos. Alguns sugerem que discípulos são “super-cristãos” que são ativos na obra por Jesus, ao passo que cristãos são apenas “crentes normais”. A Escritura, contudo, não oferece nenhum apoio a essa distinção (ver, por exemplo, Mateus 10.38; 16.24-28; Marcos 8.34; Lucas 9.23; João 10.27; 12.25-26). Ou nós estamos seguindo Jesus ou não estamos; não há uma terceira via (Mateus 12.30).

Discípulos imitam e replicam Jesus

No coração do seguir Jesus está o chamado de Jesus para imitá-lo e replicá-lo. Enquanto discípulos, somos chamados a imitar o amor de Jesus (João 13.34), sua missão (Mateus 4.19), sua humildade (Filipenses 2.5), seu serviço (João 13.13), seu sofrimento (1 Pedro 2.21) e sua obediência ao Pai (1 João 2.3-6). Uma vez que ele é o nosso mestre, somos chamados a aprender com ele e lutar, no poder do Espírito Santo, para sermos como ele é (Lucas 6.40). Esse crescimento em semelhança à Cristo é o esforço de uma vida inteira, o qual é estimulado pela esperançosa expectativa de que, um dia, o veremos face a face (1 João 3.2-3).

Discípulos ajudam outros a seguirem Jesus

Ao seguirmos nosso Senhor, rapidamente aprendemos que parte da imitação é replicação. Ter um relacionamento pessoal com Jesus é magnífico, mas é incompleto se termina em nós mesmos. Parte de ser seu seguidor é intencionalmente ajudar outros a aprenderem dele e se tornarem mais parecidos com ele. Como um amigo meu disse, “Se você não está ajudando outras pessoas a seguirem Jesus, eu não sei o que você quer dizer quando afirma estar seguindo Jesus”. Ser seu seguidor é ajudar outros a seguirem-no.

Ser um discípulo que faz discípulo ocorre de duas maneiras em particular. Primeiro, somos chamados a evangelizar. Evangelismo é dizer a pessoas que não seguem Jesus o que significa segui-lo. Nós fazemos isso ao proclamar e adornar o evangelho em nossa vizinhança e entre as nações (Mateus 28.19-20). Nunca podemos esquecer que Deus nos colocou em nossas famílias, locais de trabalho e círculos de amizade a fim de proclamarmos o evangelho da graça àqueles que estão destinados ao inferno à parte de Cristo. Nós devemos ajudar as pessoas a aprenderem como começar a seguir Jesus.

O segundo aspecto de fazer discípulos é ajudar outros crentes a crescerem em semelhança a Cristo. Jesus planejou a sua igreja como um corpo (1 Coríntios 12), um reino de cidadãos e uma família que ativamente edifica uns aos outros até a plenitude de Cristo (Efésios 2.19; 4.13, 29). Somos chamados a instruir uns aos outros sobre Cristo (Romanos 15.14) e a imitar aqueles que estão seguindo a Cristo (1 Coríntios 4.16; 11.1; 2 Tessalonicenses 3.7, 9). Enquanto discípulos, devemos intencionalmente nos deixar gastar por outros discípulos para que eles também possam se deixar gastar por outros (2 Timóteo 2.1-2).

Discípulos intencionalmente constroem relacionamentos

Discipulado não é algo que simplesmente acontece. Nós precisamos ser intencionais em cultivar relacionamentos profundos e honestos nos quais possamos fazer bem espiritual a outros cristãos. Embora possamos ter relacionamentos de discipulado em qualquer lugar, o lugar mais natural para que eles se desenvolvam é a comunidade da igreja local. Na igreja, os cristãos são ordenados a se reunirem regularmente, a estimularem uns aos outros a serem semelhantes a Cristo e a protegerem uns aos outros do pecado (Hebreus 3.12-13; 10.24-25).

Os relacionamentos de discipulado que brotam desse tipo de comunidade comprometida devem ser tanto estruturados como espontâneos. Ao estudarmos a vida de Jesus, vemos que ele ensinava formalmente seus discípulos (Mateus 5-7; Marcos 10.1), enquanto também permitia que eles observassem sua obediência a Deus à medida que viviam juntos (João 4.27; Lucas 22.39-56).

Do mesmo modo, alguns de nossos relacionamentos de discipulado devem ser estruturados. Talvez dois amigos decidam ler um capítulo do Evangelho de João e então discuti-lo durante um café ou um treino na academia. Talvez dois homens de negócios leiam a cada semana um capítulo de um livro cristão e, então, conversem sobre ele no sábado, durante uma caminhada pela vizinhança com seus filhos. Talvez dois casais se encontrem uma vez por mês, à noite, para conversar sobre o que a Bíblia diz acerca do casamento. Talvez uma piedosa senhora convide uma moça solteira mais jovem à sua casa, na tarde de uma terça-feira, para orar e estudar uma biografia cristã. Talvez uma mãe passe algum tempo no parque com outras mães, a cada semana. Independentemente do formato, parte do nosso discipulado deve envolver momentos agendados de leitura, oração, confissão, encorajamento e desafio a que outros cristãos se tornem mais parecidos com Cristo.
O discipulado também pode ser espontâneo. Talvez amigos vão juntos ao cinema e, depois, tomem um sorvete enquanto comparam a mensagem do filme com o que a Bíblia diz. Talvez um pai e um filho se sentem na varanda e reflitam na glória de Deus sendo demonstrada em um pôr-do-sol. Talvez você convide visitantes da igreja para almoçar e pergunte a cada um como eles vieram a conhecer a Cristo.

Nós sempre devemos ser intencionais, mas nem sempre precisamos ser estruturados. De fato, Deuteronômio 6 nos mostra que o discipulado acontece “assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (v. 7). Cada momento apresenta uma oportunidade para discutir quem Deus é e o que ele está fazendo. Uma vez que nós estamos sempre seguindo Jesus, nós sempre temos a oportunidade de ajudar outros a segui-lo também.

Discípulos dependem da graça

Embora seja verdade que um discípulo de Jesus deva ajudar outros a seguirem Jesus, nós devemos sempre nos lembrar de que, à parte da graça sustentadora e fortalecedora de Deus, nada podemos fazer (João 15.5). Seja você um pastor, um encanador, um policial ou uma dona-de-casa, você nunca deixa de depender da graça de Deus.

Ao seguirmos Jesus e ajudarmos outros a seguirem-no, somos constantemente lembrados de que precisamos da graça. Nós falhamos. Nós pecamos. Nós lutamos. Mas, ainda bem, a graça de Deus abunda sobre os seus filhos. Essas são boas novas ao buscarmos juntos seguir Jesus e ser diariamente transformados segundo a sua gloriosa imagem (2 Coríntios 3.18). Que possamos seguir fielmente a Cristo e ajudar outros a fazerem o mesmo até que vejamos a sua face. Ora vem, Senhor Jesus!

Tradução: Vinícius Silva Pimentel

Revisão: Vinícius Musselman Pimentel
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/813/Discipulado_Segundo_as_Escrituras

sexta-feira, 22 de maio de 2015

União com o Deus Trino

22.05.2015
Do portal do MINISTÉRIO FIEL, 20.05.2013
 
Você já imaginou como seria estar há horas de distância da morte - não como um idoso, mas como alguém condenado a morrer, embora inocente de qualquer crime? O que você iria querer dizer àqueles que você conhecem e que mais amam você? Você, certamente, lhes diria o quanto você os amava.  Você poderia esperar ser capaz de dar-lhes algum conforto e confiança - apesar do pesadelo que você mesmo estava encarando. Você iria querer abrir seu coração e dizer as coisas que são mais importantes para você.

Tal atitude seria certamente digna de louvor. É claro, seria pura natureza humana - porque foi isso que Jesus fez, como o apóstolo João relata no Discurso do Cenáculo (João 13-17).

Há vinte e quatro horas de sua crucificação, o Senhor Jesus expressou seu amor de maneira rara e delicada. Ele levantou da mesa da ceia, amarrou uma toalha de servo em sua cintura, e lavou os sujos pés de seus discípulos (incluindo, aparentemente, os de Judas Iscariotes; João 13:3-5, 21-30). Foi uma parábola ativa, como João explica: "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (v. 1).

Ele também falou palavras de profundo conforto a eles: "Não se turbe o vosso coração" (14:1).

Ainda assim, Jesus fez muito mais. Ele começou a mostrar a seus discípulos "as profundezas de Deus" (1 Coríntios 2:10). Quando lavou os pés de Pedro, lhe disse que ele entenderia suas ações apenas "depois" (João 13:7). Igualmente para o que ele disse, pois ele começara a revelar a seus discípulos a natureza interior de Deus. Ele é Pai, Filho e Espírito Santo - a Santa Trindade.

A Glória do Mistério Revelada

Muitos cristãos tendem a pensar na Trindade como uma doutrina antiprática e especulativa. 

Mas o Senhor Jesus não pensa assim. Para ele, ela não é especulativa nem antiprática - mas exatamente o contrário. Ela é o fundamento do evangelho. Sem o amor do Pai, a vinda do Filho, e o poder regenerador do Espírito Santo, simplesmente não poderia haver salvação. (Unitarianos, por exemplo, não podem ter expiação feita por Deus para Deus).

Durante seu Discurso de Despedida, Jesus explicou a Filipe que vê-lo é ver o Pai (João 13:8-11). Ainda assim, ele mesmo não é o Pai; do contrário, ele não poderia ser o caminho para o Pai (João 14:6). Ele também está "no" Pai, e o Pai está "nele." Esta mútua habitação é, como os teólogos dizem, "inefável" - além de nossa habilidade de compreender. E ainda assim, não está além da habilidade da fé de crer.

Além disso, o Espírito Santo reside no âmago deste vínculo entre o Pai e seu Filho. Mas agora, o Pai enviou seu Filho (que está "no" Pai). Tal é o amor do Pai e do Filho pelos crentes, que eles virão e farão dos crentes sua morada.

Como assim? O Pai e o Filho vêm habitar no crente através da habitação do Espírito Santo (14:23). Ele glorifica a Cristo (16:14). Ele toma o que pertence a Cristo, dado a ele pelo Pai, e mostra a nós. Mais tarde, quando temos o privilégio de ouvir de longe a oração de nosso Senhor, Jesus semelhantemente fala sobre a íntima comunhão com Deus que o sustentou tão maravilhosamente: "tu, ó Pai, [estás] em mim e eu em ti" (João 17:21).

De fato, isso é teologia profunda. Ainda assim, virtualmente a mais profunda afirmação que podemos fazer sobre Deus é que o Pai está "no" Filho e o Filho "no" Pai. Parece tão simples que uma criança pode ver. Pois, qual palavra pode ser mais simples que no?

Ainda assim, isso também é tão profundo que as melhores mentes não podem sondar. 

Pois, sempre que buscamos contemplar a pessoa do Pai, descobrimos que não podemos fazê-lo sem pensar em seu Filho (pois ele não pode ser um pai sem um filho). Nem podemos contemplar este filho à parte do Pai (pois ele não pode ser um filho sem pai). 

Tudo isso é possível porque o Espírito ilumina quem o Filho de fato é, como Aquele único através de quem podemos vir ao Pai.

Assim, nossas mentes simultaneamente dilatam de prazer nesta trindade em unidade, e ainda assim são esticadas além de suas capacidades pela noção da unidade na trindade. Quase tão atordoante é o fato de que Jesus revela e ensina tudo isso para ser a verdade do evangelho que mais firma a vida, conforta o coração, dá equilíbrio e alegria (15:11).

A Trindade é tão vasta em significância porque pode trazer conforto a homens levados ao limite pela atmosfera de tristeza prestes a submergi-los. O Um trino é maior em glória, mais profundo em mistério, e mais belo em harmonia do que todas as outras realidades na criação. Nenhuma tragédia é grande demais para oprimi-lo; nada que é incompreensível para nós o é para ele, cujo próprio ser é incompreensível para nós. Não há trevas mais profundas do que as profundezas do interior de Deus.

Talvez seja compreensível, então, que Jonathan Edwards pudesse escrever em sua Narrativa Pessoal:

Deus apareceu glorioso para mim, por causa da Trindade. Ela me fez ter pensamentos exaltantes sobre Deus, que ele subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. As mais doces alegrias e deleites que experimentei, não foram aquelas que surgiram de uma esperança em meu próprio bom estado; mas em uma direta visão das coisas gloriosas do evangelho. Quando desfruto dessa doçura, ela parece me carregar acima dos pensamentos de meu próprio estado; parece em tais momentos uma perda que não posso suportar, desviar meus olhos do glorioso e prazeroso objeto que contemplo sem mim, e voltar os olhos para mim mesmo, e meu próprio bom estado.

Mas a revelação da Trindade está de fato relacionada com nosso "próprio bom estado."

A Maravilha da União revelada

O objetivo do ensino de Jesus não é meramente chocar nossas mentes ou agitar nossas imaginações. É nos dar um senso do vasto privilégio da união com ele.

Desde o princípio destas poucas horas de ministério, Jesus falou sobre seus discípulos terem uma "parte" com ele (João 13:8). Ele também explicou que o Espírito revela aos cristãos que eles estão "em Cristo" e que ele está neles (14:20). Esta é uma união tão real e maravilhosa que sua única analogia real - assim como seu fundamento - é a união do Pai e do Filho através do Espírito. Os discípulos desfrutariam a união com o Filho e, portanto, teriam comunhão com o Pai através do Espírito. "Vós o conheceis," disse Jesus, "porque ele habita convosco e estará em vós" (v. 17). Estas enigmáticas palavras não se referem ao contraste do relacionamento entre o Espírito e os crentes da antiga aliança ("convosco") e da nova aliança ("em vós"). Elas são frequentemente entendidas dessa maneira, mas Jesus está na verdade dizendo: "Vocês conhecem o Espírito, porque ele está com vocês em mim, mas ele virá (no Pentecostes) para estar em vocês como justamente Aquele que tem sido meu constante companheiro (e nesse sentido, 'em vocês'). Assim, ele não é outro senão Aquele que é o vínculo de comunhão entre o Filho e o Pai desde toda a eternidade."

Assim, ser unido com Cristo é ter parte em uma união criada pela habitação do Espírito do Filho encarnado que está ele mesmo "no" Pai como o Pai está "nele." União com Cristo significa nada menos que comunhão com todas as três pessoas da Trindade. Não é que a natureza divina esteja infundida nos crentes. Nossa união com Cristo é espiritual e pessoal - efetuada pela habitação do Espírito do Filho do Pai.

Note, então, o raro e delicado quadro que Jesus pinta para expressar a beleza e a intimidade dessa união: ela envolve nada menos que o Pai e o Filho fazendo morada no coração do crente (v. 23).

Significativamente, Jesus não exige que os crentes façam uma dúzia de coisas - exceto crer e amar. Pois esta é a percepção ("naquele dia vós conhecereis"; v. 20) da realidade e da magnitude dessa união com Deus Trino através da união com Cristo que transforma o pensamento, o sentimento, a disposição, o amor e, consequentemente, as ações do crente. Nessa união, o Pai apara os ramos da vinha para dar mais fruto (15:2). Na mesma união, o Filho guarda todos aqueles que o Pai lhe deu (17:12).

Não me surpreende que John Donne tenha orado:

Invade meu coração, Deus trino; pois fazes tudo, menos bater; respire, brilhe, e busque consertar; Que eu levante e permaneça, me derrube, e empenhe Tua força para quebrar, soprar, queimar, e fazer-me novo. Eu, como uma cidadela usurpada por outros, Trabalho para deixa-lo entrar, mas ah, sem resultado; Razão, vosso vice-rei em mim, eu deveria defender, Mas está cativo e se prova fraco ou falso. Ainda assim em estima te amo, e seria alegremente amado, Mas estou noivo de teu inimigo; Divorcie-se de mim, desate ou quebre o nó novamente, Leve-me contigo, me aprisione, pois eu, a menos que me encantes, nunca serei livre, Nem nunca serei puro, a menos que me arrebates. (Holy Sonnets XIV – Santos Sonetos XIV)
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/526/Uniao_com_o_Deus_Trino

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Duas Religiões Rivais: CRISTIANISMO EVANGÉLICO E CRISTIANISMO LIBERAL

21.05.2015
Do portal do MINISTÉRIO FIEL, 25.09.2009

Duas Religiões Rivais?

Em 3 de novembro de 1921, J. Gresham Machen apresentou uma mensagem intitulada Liberalismo ou Cristianismo? Nessa famosa mensagem, ampliada posteriormente no livro Cristianismo e Liberalismo, Machen argumentou que o cristianismo evangélico e o seu rival, o cristianismo liberal, eram na realidade duas religiões diferentes.

O argumento de Machen se tornou uma das questões de controvérsia no debates Fundamentalistas/Modernistas dos anos 1920 e seguintes. De acordo com qualquer padrão de avaliação, Machen estava absolutamente certo – o movimento que se designava como cristianismo liberal estava erradicando as doutrinas centrais da fé cristã, enquanto continuava a afirmar o cristianismo como “um caminho de vida” e um sistema de significado.

“O maior rival moderno do cristianismo é o liberalismo”, afirmou Machen. “O liberalismo moderno perdeu de vista duas grandes pressuposições da mensagem cristã – o Deus vivo e a realidade do pecado”, ele argumentou. “A doutrina liberal a respeito de Deus e do homem são contrárias ao ponto de vista cristão. Contudo, a divergência se refere não somente às pressuposições da mensagem, mas à própria mensagem.”

Howard P. Kainz, professor emérito de Filosofia, na Marquette University, propõe um argumento semelhante, advertindo que agora o liberalismo secular moderno se apresenta como o maior rival ao cristianismo ortodoxo.

Observando a divisão básica da cultura americana, Kainz comenta: “A batalha é mais intensa onde crentes ortodoxos tradicionais entram em conflito com certos liberais que são religiosamente comprometidos com o liberalismo secular”.

Kainz oferece um discernimento essencial, sugerindo que um dos mais importantes fatores na divisão cultural é que as pessoas de ambos os lados estão profundamente comprometidas com seus próprios credos e cosmovisão – ainda que, por um lado, esses credos sejam seculares.

“Isto explica por que falar sobre aborto ou casamento de pessoas do mesmo sexo, por exemplo, com certos liberais é, em geral, inútil. É como tentar persuadir um muçulmano comprometido com sua crença a aceitar a Cristo. A sua religião o proíbe. Ele não pode aceitar a Cristo visto que se mantém firmemente comprometido com o islamismo – a menos que ele venha a ser convertido ao cristianismo. O mesmo é verdade quanto aos liberais: a sua ‘religião’ proíbe qualquer concessão à agenda ‘conservadora’; e, uma vez que permanecem comprometidos com sua ideologia secular, é fútil esperar tais concessões da parte deles.”

O argumento de Kainz possui traços semelhantes não somente às observações de Machen, mas também ao entendimento de Thomas Sowell quanto à cultura como um todo. 

Em A Conflict of Visions (Um Conflito de Visões), Sowell propôs que a divisão ideológica básica de nosso tempo é aquela que existe entre os que defendem uma “visão restrita” e aqueles que defendem uma “visão irrestrita”. Ambas as cosmovisões são, nas operações atuais da vida, reduzidas a certos “sentimentos íntimos” que operam de modo bem semelhante a convicções religiosas.

Kainz admite que alguns resistirão à sua designação do secularismo como uma religião. “A religião, no seu sentido mais comum e habitual, implica dedicação a um ser ou seres supremos”, ele reconhece. Entretanto, “especialmente nos últimos séculos, ‘religião’ assumiu as conotações adicionais de dedicação a princípios ou ideais abstratos, em vez de dedicação a um ser pessoal”, ele insiste. Kainz data no Iluminismo Francês e sua adoração idólatra da Razão o surgimento desta religião secular.

Considerando o século passado, Kainz afirma que o marxismo e o liberalismo ideológico têm funcionado como sistemas religiosos para milhões de pessoas. Considerando especificamente o marxismo, Kainz argumenta que, como religião, o marxismo tinha dogmas, escrituras canônicas, sacerdotes, teólogos, observâncias rituais, paróquias, heresias, hagiografia e, até, escatologia. Os dogmas do marxismos eram seus principais ensinos, incluindo o determinismo econômico e a “ditadura do proletariado”. Suas escrituras canônicas incluíam os escritos de Marx, Lênin e Mao Tsé Tung. Seus sacerdotes eram aqueles guardiões da pureza marxista que agiam como teoristas ideológicos do movimento. 

Suas observâncias ritualistas incluíam ações desde greves de operários até passeatas. A escatologia marxista deveria consumar-se na aparição do “homem comunista” e da nova era de utopia marxista.

De modo semelhante, Kainz argumenta que o liberalismo secular moderno inclui seus próprios dogmas. Entre esses estão as crenças de “que a humanidade tem de aniquilar a superstição religiosa por meio da Razão; que a ciência empírica pode responder e, no final, responderá todas as perguntas sobre o mundo e os valores humanos que antes eram referidos como religião ou teologia tradicionais; que a raça humana, por invalidar e menosprezar constantemente as tradições obstruidoras, pode atingir e atingirá a perfectibilidade”.

Kainz também argumenta que o liberalismo contemporâneo adotou seletivamente a linguagem do Novo Testamento, interpretando a admoestação de Jesus: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” como um alicerce para o “secularismo absoluto”, preservado na linguagem de separação entre a Igreja e o Estado. Assim, “a religião é reduzida a algo puramente particular”.

O liberalismo secular também identifica certos pecados como “homofobia” e sexismo. 

Como Kainz o vê, as escrituras seculares enquadram-se em duas categorias amplas: 

“Darwinismo e escritos científicos que sustentam explicações materialistas e naturalistas para tudo, incluindo a moral; e escritos feministas que expõem o mal do patriarcado e traçam a exploração das mulheres por parte dos homens durante toda a História até ao presente”.

Os sacerdotes e sacerdotisas do liberalismo secular constituem sua “elite sacerdotal” e tendem a ser os intelectuais que podem expor os valores liberais em praça pública. As congregações em que os liberais se reúnem incluem organizações como Paternidade Planejada, União Americana das Liberdades Civis, Organização Nacional de Mulheres e outras semelhantes (nos Estados Unidos). Esses grupos “ajudam a prover um senso de filiação e comunidade para os religiosamente liberais”.

As cerimônias e rituais do liberalismo secular incluem paradas de “orgulho gay” e passeatas em favor do aborto. Interessantemente, a escatologia desse movimento é, Kainz argumenta, a destilação do pragmatismo. “Na estimativa dos religiosamente liberais”, ele afirma, “ todos os estilos e todas as moralidades podem aproximar-se deste alvo, contanto que os pecados não liberais proscritos sejam evitados”.

Kainz admite prontamente que nem todos os liberais estão comprometidos com essa visão religiosa do liberalismo. Conforme ele vê, “há muitos que trabalham por justiça social, pelos direitos humanos, por solidariedade internacional ou por outras causas reputadas comumente como liberais, mas não têm um profundo compromisso ideológico”. Kainz ressalta que conservadores podem achar uma causa e um fundamento de cooperação comum com esses liberais não comprometidos religiosamente.

“Para muitos liberais ‘moderados’, o liberalismo é uma perspectiva política, não uma ideologia essencial”, Kainz observa. “Na cultura de guerra, é importante que o cristão estabeleça a diferença entre o liberal religiosamente comprometido e o liberal moderado. 

Os cristãos não devem ficar surpresos quando não acharem uma base comum com aqueles; e podem formar alianças ocasionais, desde que temporárias, com estes.”

Kainz não desenvolve este ponto: todas as pessoas estão, à sua maneira, profundamente comprometidas com sua própria cosmovisão. Afinal de contas, não há possibilidade intelectual de absoluta neutralidade – não entre os seres humanos.

Esta idéia de que o presente conflito cultural assemelha-se a uma luta entre duas religiões rivais é instrutiva e humilhante. No nível político, essa avaliação deve servir como um aviso de que nossas atuais divisões ideológicas provavelmente não desaparecerão logo. No nível mais profundo da análise teológica, este argumento serve para recordar aos cristãos que a evangelização continua sendo um elemento central em nossa missão e propósito. Aqueles que se concentram nas questões meramente políticas focalizam-se nos detalhes, enquanto não discernem todo o panorama da situação, e confundem as coisas temporais com as eternas.

Traduzido por: Wellington Ferreira

Do original em inglês: Two Rival Religions?
Albert Mohler Jr.
*Albert Mohler Jr. é reconhecido como um dos líderes mais influentes dos Estados Unidos pelas revistas Time e Christianity Today. Possui um programa no...
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/33/Duas_Religioes_Rivais

Abra Meus Olhos Para Que Eu Possa Contemplar

21.05.2015
Do portal do MINISTÉRIO FIEL, 21.03.13
Por John Piper   

1 Samuel 23,15-18
Salmos 119:17-24

17 Sede generoso para com o teu servo, para que eu viva e observe vossa palavra. 18 Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei. 19 Sou peregrino na terra; não escondais de mim vossos mandamentos. 20 Consumida está a minha alma por desejar, incessantemente, vossos juízos. 21 Repreendestes os soberbos; malditos os que se desviam de vossos mandamentos. 22 Tirai de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois tenho guardado vossos testemunhos. 23 Assentaram-se príncipes e falaram contra mim, mas vosso servo meditou em vossos decretos.24 Com efeito, vossos testemunhos são meu prazer, meus conselheiros.

Trilhos paralelos no caminho de nossas almas

Quando começou o ano de 1998, o desejo de Deus para nós é que tivéssemos o propósito de viajar numa ferrovia de dois trilhos em direção à santidade, ao amor, à missão e ao céu. 

Os dois trilhos deste trem são oração diante do trono de Deus e meditação na Palavra de Deus. Alguns de vocês podem se lembrar da segunda página do livreto de nossa Declaração missionária: a dinâmica espiritual, que afirma o seguinte: "Unimo-nos ao Deus Pai para magnificar a supremacia de sua glória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo, por apreciar tudo o que Deus é, amar tudo o que ele ama, orar por todos os seus propósitos, meditando em toda a sua palavra, sustentado por sua graça".

Orar diante do trono de Deus e meditar na Palavra de Deus são como trilhos paralelos que capacitam o trem de nossas almas a permanecer na direção que leva à santidade e ao céu. Precisamos renovar nosso zelo por oração e meditação na Bíblia no princípio do ano. Tudo envelhece, esgota-se e enfraquece sem o reavivamento, renovação e restauração. Assim, durante a Semana de Oração que temos na igreja, em todo ano, fixamos nossa atenção nesses atos grandiosos e preciosos para reacender nossa paixão pela oração e pela Palavra.

Três fatos para aprender do Salmo 119:18

Este ano, as duas mensagens que se encaixam na Semana de Oração procedem do Salmo 119:18: "Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei". Esse versículo combina oração e a Palavra - e precisamos ver como - para que possamos combiná-las desse modo em nossas vidas e em nossa igreja. Há três fatos que aprendemos nesse versículo.
  • Há maravilhas na Palavra de Deus. "Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei". A palavra "lei" é a Torá e significa "instrução" ou "ensino" nesse salmo. Há fatos maravilhosos no ensino de Deus para nós. Realmente, eles são muito maravilhosos e quando você os vê concretamente, eles o mudam profundamente e tornam possíveis a santidade, o amor e missões (2 Coríntios 3:18). Por essa razão, ler, conhecer, meditar e memorizar a Palavra de Deus são tão cruciais.
  • O segundo fato que aprendemos nesse versículo é que ninguém pode ver essas maravilhas como são exatamente sem a ajuda sobrenatural de Deus. "Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei". Se Deus não abrisse nossos olhos, não veríamos a maravilha da Palavra. Não somos naturalmente capazes de vermos a beleza espiritual. Se lêssemos a Bíblia sem a ajuda de Deus, a glória dele nos ensinos e eventos da Palavra seria como o sol brilhando na face de um homem cego. Não que não se possa construir um significado superficial para ela, mas não se pode ver a maravilha, a beleza, a glória da Palavra sem que ela conquiste seu coração.
  • Algo que nos leva ao terceiro fato que aprendemos nesse versículo é: precisaríamos orar a Deus por iluminação sobrenatural quando lêssemos a Bíblia. "Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei". Uma vez que somos incapazes, por nós mesmos, de vermos a beleza espiritual e a maravilha de Deus nos ensinos e eventos da Bíblia sem a graciosa iluminação de Deus, deveríamos pedir-lhe por isto: "Abri meus olhos".
Uma verdade de três passos

Na próxima semana, planejo focar nas maravilhas da Palavra de Deus e na prática como podemos introjetá-las em nossa mente e coração. Mas, hoje focarei na oração. Desejo que possamos ver essa profunda verdade de três passos: a Palavra é fundamental para viver uma vida em direção a Deus que conduz ao céu e tem poder e sentido na terra. Não podemos mesmo ver o que a Palavra realmente é sem a ajuda sobrenatural de Deus. E, portanto, precisamos ser um povo de oração diária, e Deus faria o que quisesse para aplicar as maravilhas da Palavra em nossos corações e em nossas vidas.

Vamos tomar estes três passos, um de cada vez, e vê-los confirmados e ilustrados em outras partes da Bíblia.

1. A Palavra é fundamental para a vida de santidade

O primeiro fato é compreender a Palavra, conhecê-la e tê-la em nós como fundamento para viver uma vida de santidade, amor e poder para os propósitos de Deus.

Olhe em retrospecto para o versículo 11: "Guardo no coração vossa palavra, para não pecar contra vós". Como então evitamos o pecado em nossas vidas? Por valorizar a Palavra de Deus em nossos corações. Quantas pessoas fazem de suas vidas um caos por não meditar, amar e memorizar a Palavra de Deus! Você quer ser santo; isto é, você quer poder para vencer o pecado e viver uma vida de piedade radical, amor sacrificial e devoção completa à causa de Cristo? Então embarque nesta estrada. Deus ordenou uma direção para a santidade e poder: e essa direção é valorizar a Bíblia em nossos corações.

Digo isso aos idosos e aos pais dos jovens. Meditem, memorizem e nutram os mandamentos, conselhos e promessas de Deus nas Escrituras. Não, não digo que isso seja fácil, especialmente quando se está idoso. Mas a maioria das coisas que são dignas de serem feitas não são fáceis. Construir uma peça de móvel fino, compor um bom poema, uma grande peça musical, preparar uma comida especial ou celebração — nenhuma dessas coisas é fácil. Mas vale a pena fazê-las. Uma vida boníssima não vale a pena ser vivida?

Talitha tem agora dois anos de idade e está começando a aprender versículos da Bíblia de cor. Ela também está aprendendo formas de oração. Por quê? Porque ter o apuro de dedicar tempo e fazer esforço para repetir sempre a Bíblia para ela? Muito simples: quando for uma adolescente, quero que ela seja piedosa, pura, santa, amável, humilde, generosa, submissa e sábia. E a Bíblia afirma, tão claro como o dia, que essas virtudes procedem da valorização da Palavra de Deus em seu coração. "Guardo no coração vossa palavra, para não pecar contra vós".

Jesus expressa isso dessa forma em sua grande oração por nós em João 17:17: "Santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade". "Santificar" é uma palavra bíblica para a ação de fazer uma pessoa piedosa, amável, pura, virtuosa ou espiritualmente sábia. E essas virtudes desejo para mim mesmo, para meus filhos e para você. Assim, o que devemos fazer este ano? Se formos santificados pela verdade e a Palavra de Deus é a verdade, o que devemos fazer?

Se um doutor afirma: "Você está muito doente e poderá morrer por causa dessa enfermidade, mas se você tomar este remédio ficará bem e viverá" e você se descuida em tomar o remédio. Então, vêm as desculpas: você está muito atarefado, as pílulas são grandes e difíceis de serem ingeridas, você se esquece de as tomar e permanecerá doente e poderá morrer. Da mesma forma acontece com o pecado e a imaturidade espiritual. Se você negligenciar o que Deus lhe diz que o santificará e o fará maduro, forte e santo, então você não será maduro, forte e santo. Ler, meditar, memorizar e nutrir-se da Palavra é a direção designada por Deus para vencer o pecado e se tornar uma pessoa forte, piedosa, madura, amável e sábia.

Há maravilhas a serem vistas na Palavra que o transformarão profundamente se realmente as vir e as valorizar em si mesmo.

2. Não podemos ver sem a ajuda de Deus

O segundo fato no texto é que não somos capazes de ver essas maravilhas na Palavra exatamente como elas são sem a ajuda sobrenatural de Deus.

A razão é que somos seres caídos, corruptos e mortos em pecado e, portanto, cegos, ignorantes e insensíveis. Paulo nos descreveu desta forma em Efésios 4:18: "Têm o entendimento obscurecido. Estão alheios à vida de Deus pela ignorância em que estão, pelo endurecimento de seu coração".

Aqui está a forma como Moisés escreveu sobre esse problema em Deuteronômio 29: 2-4: "Chamou Moisés a todo Israel e disse-lhes: Tendes visto tudo quanto o Senhor fez na terra do Egito… os sinais e grandes maravilhas. Porém, o Senhor não vos deu coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir". Note: tendes visto..., porém não se pode ver sem a obra sobrenatural de Deus.

Essa é a nossa situação angustiante. Somos culpados, corruptos, insensíveis, ignorantes e cegos sem a obra de despertamento, estímulo, abrandamento, humildade, purificação e iluminação de Deus em nossas vidas. Jamais veremos a beleza da realidade espiritual sem a iluminação de Deus. Nunca veremos a maravilha e a glória que a Palavra ensina sem que Deus abra os olhos de nossos corações e nos conceda uma percepção espiritual dessas coisas.

A razão para ensinar essa necessidade e conhecê-la é fazer-nos desesperados por Deus e famintos dele e nos levar a suplicar e clamar a Deus por essa ajuda na leitura da Bíblia.

No tópico 2, compare também: Mateus 16:17 com 11:4 e Lucas 24:45; 1 Coríntios 2:14-16; João 3:6-8 e Romanos 8:5-8.

3. Precisamos orar a Deus para que Ele nos ajude a ver

Isso nos leva ao último fato: se conhecer e valorizar a verdade da Palavra de Deus é fundamental para ser santo, amável, maduro e apegado ao céu, e se nós, por natureza, não podemos ver as maravilhas da Palavra de Deus e sentir a atração de sua glória, então estamos em uma condição desesperada e necessitamos orar a Deus para nos ajudar a ver. "Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei".

Em outras palavras, a oração é essencial para a vida cristã, pois ela é a chave para destrancar o poder da Palavra em nossas vidas. A glória da Palavra é semelhante ao brilho do sol na face do homem cego, a menos que Deus abra nossos olhos para essa glória. E, se não virmos a glória, não seremos transformados (2 Coríntios 3:18; João 17:17) e, se não somos transformados, não somos cristãos.

Em Efésios 1:18, Paulo ora deste modo: "Oro para que sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento"... Em outras palavras: Ensinei a vocês essas coisas e vocês as receberam com seus sentidos externos, mas, a menos que vocês percebam a glória delas com vosso sentido espiritual ("os olhos de vosso coração"), não serão transformados. (Veja também Efésios 3:14-19; Colossenses 1:9 com 3:16). Agora, esses são os cristãos para quem ele escreve e demonstra que precisamos continuar em oração até alcançarmos o céu, para que os nossos olhos espirituais possam ver.

Sete tipos de oração para saturarmos nossa leitura bíblica

Mas visto que nosso texto é o Salmo 119:18: "Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei", devemos permitir que esse salmista nos mostre como orar, de modo geral, a respeito da leitura da Palavra de Deus. Assim, permita-me concluir com uma pequena viagem no Salmo 119, a fim de lhe mostrar sete tipos de oração com as quais poderá saturar sua leitura bíblica este ano.

Devemos orar assim:
  1. Que Deus nos ensine sua Palavra. Salmo 119;12b: "Ensina-me vossos estatutos" (Veja também os versículos 33, 64b, 66, 68b, 135). O verdadeiro aprendizado da Palavra de Deus somente é possível se o próprio Deus é o mestre de todos os outros meios de ensino.
  2. Que Deus não oculte sua Palavra de nós, Salmo 119:19b: "Não escondais de mim vossos mandamentos". A Bíblia nos adverte do horrendo castigo ou julgamento da Palavra de Deus que será tomada de nós (Veja também o versículo 43).
  3. Que Deus nos faça entender sua Palavra. Salmo 119:27: "Fazei-me atinar com o caminho dos teus preceitos" (versículos 34, 73b, 144b, 169). Aqui, pedimos a Deus para nos fazer compreender e realizar o que for necessário para nos fazer entender sua Palavra.
  4. Que Deus incline nossos corações para a Palavra, Salmo 119:36: "Inclinai-me o coração aos vossos testemunhos e não à [cobiça]". O grande problema não é primariamente nossa razão, mas nossa vontade — não temos inclinação por natureza para ler, meditar e memorizar a Palavra. Assim, precisamos orar a Deus para inclinar nossas vontades.
  5. Que Deus nos conceda vida para obedecer à Palavra, Salmo 119:88: "Vivificai-me, segundo a vossa misericórdia, e guardarei os testemunhos oriundos de vossa boca". Deus sabe que precisamos de vida e energia para nos dedicar à Palavra e à obediência a ela. Por conseguinte, o salmista pede a Deus por essa necessidade básica (Veja também o versículo 154b).
  6.  
  7. Que Deus firme nossos passos na Palavra. Salmo 119:133: "Firmai meus passos na vossa Palavra". Somos dependentes do Senhor não apenas para compreensão e vida, mas para o desempenho na Palavra. Que ele firme essa Palavra em nossas vidas. Não podemos fazer isso com nossas próprias forças.
  8.  
  9. Que Deus nos procure quando nos afastarmos da Palavra, Salmo 119:176: "Ando errante como ovelha desgarrada; procura o vosso servo". É extraordinário que esse homem piedoso termina esse salmo com uma confissão de pecado e a necessidade de Deus vir à procura dele e trazê-lo de volta. Por isso, também devemos orar frequentemente.
A Palavra, nosso tesouro

Concluo que, ao ingressarmos no ano de 1998 almejando ser santos, amáveis e radicalmente compromissados com o propósito de Deus na cidade e nas nações, precisamos ser o povo que valoriza a Palavra em nossos corações, mas mais que isso, pessoas que conhecem nossa condição desesperadora à parte de Deus, e que ele designou a oração como a forma com que nossos olhos serão abertos para ver as maravilhas na Palavra e, desse modo, sermos transformados. "Desvendai meus olhos, para que eu contemple as maravilhas de vossa lei".

Quão sincero o salmista é nesses tipos de orações? Uma resposta é dada no Salmo 119:147: "Antecipo-me ao alvorecer do dia e clamo; nas vossas palavras, espero confiante". Ele acorda cedo! A oração é a principal prioridade. Você fará da oração sua prioridade principal?
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/311/Abra_Meus_Olhos_Para_Que_Eu_Possa_Contemplar