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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Arminianismo no Brasil: Uma introdução histórica

21.09.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE
Por Wellington Mariano

A história do interesse dos brasileiros na última década sobre os ensinos bíblicos de Jacó Armínio 

Arminianismo no Brasil: Uma introdução histórica
Eu desconheço qualquer documento que tenha retratado o interesse dos evangélicos brasileiros pela soteriologia arminiana. Nesse sentido, esse artigo apresenta uma síntese do recente e crescente interesse dos evangélicos no Brasil pelo arminianismo na última década[1].
O Brasil, diferente de países como os EUA, por exemplo, possui em sua maior denominação protestante, a saber, as Assembleias de Deus, uma maioria esmagadora de pastores e demais líderes eclesiásticos leigos. O bacharelado em teologia, por exemplo, não é exigência dessa denominação para a consagração de seus pastores, assim como ocorre com outras denominações protestantes. Mesmo quando alguns líderes possuem formação em teologia, muitos cursos são fracos ou são oferecidos por instituições não arminianas.
Estima-se que a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, possua em seus quadros de alunos um elevado número de assembleianos.  Isso é um problema se levarmos em conta que, segundo Olson, os pentecostais são (ou deveriam ser) herdeiros da soteriologia arminiana[2].
Esta realidade mostra algumas das profundas dificuldades enfrentadas pela teologia protestante brasileira e explica o motivo pelo qual a teologia dominante no Brasil seja leiga. Este tipo de teologia não possui uma grande preocupação com a história e doutrina, pontos, dentre outros, citados por Stanglin e McCall em Jacob Arminius – Theologian of Grace[3], p.4, como uma das causas do desconhecimento de Armínio no mundo e no Brasil.

Internet: o primeiro espaço de despertamento

O interesse dos brasileiros pela teologia arminiana tem na internet o seu nascedouro, uma vez que no Brasil, até que se prove o contrário, não existia nenhuma escola ou instituição autodenominadas arminianas e que tivessem como objetivo claro, organizado e sistemático, a preservação e propagação do arminianismo.
Por anos, o Brasil ficou, e ainda está, sem representantes arminianos em termos de instituições educacionais relevantes e também sem representantes em termos de grandes referenciais eclesiásticos autoproclamados arminianos. O site arminianismo.com[4], de Paulo César Antunes, é um dos primeiros e principais marcos, a fazer uma diferença de destaque e duradoura na apresentação e propagação do arminianismo no Brasil. O site reúne traduções de textos, artigos, excertos de obras, indicações de autores e obras, entre outras, além de um fórum para discussão e remoção de dúvidas a respeito do arminianismo. Meu primeiro contato mais relevante com a teologia arminiana se deu através desse website, fruto de uma iniciativa pessoal e visionária de seu editor.
O site passou a reunir arminianos convictos que, juntos ao editor do site, esforçaram-se para a preservação e disseminação da teologia arminiana no Brasil. Este site inspirou a criação dos primeiros blogs arminianos no Brasil que ajudaram a alavancar e a defender a teologia arminiana em solo brasileiro. Foi a partir disso que alguns poucos começaram a fazer uso da designação “arminiano”.
Um grande desenvolvimento que se deu logo em seguida, ainda em se tratando de internet, foi certa migração do fórum de debates do site arminianismo.com para grupos de discussão do Facebook. Um dos membros do fórum, Alcino Júnior, sugeriu a criação de um grupo nesta rede social. A ideia foi tão iluminada que o número de membros cresceu rapidamente. Hoje, no rol de inscritos, constam mais de 7 mil participantes[5] e o número não para de crescer. Posterior a esse grupo, outros grupos paralelos foram criados: Pesquisa arminiana[6], Arminianos[7], Verdades do Arminianismo[8], Sociedade Cristã Arminiana[9], Arminianismo Clássico[10], dentre outros.
A criação do SEA[11], Sociedade dos Arminianos Evangélicos, também foi extremamente importante para o avanço do interesse pela teologia arminiana no Brasil, pois o site passou a fornecer os principais artigos e materiais que viriam a ser traduzidos e publicados em blogs brasileiros. A SEA tem sido uma força extremamente vital para a disseminação do arminianismo no Brasil, além de fornecer aos evangélicos arminianos brasileiros o contato com professores, pastores e estudiosos que são mentores e fontes de informação para o estudo da soteriologia arminiana.
O segundo grande marco de interesse é o início da publicação de obras arminianas no Brasil. Até o ano de 2013, não existia no Brasil uma única editora que publicasse obras arminianas. Existiam alguns poucos livros arminianos, tais como Eleitos, Mas Livres, de Norman Geisler (2001) e Fundamentos da Teologia Armínio-Wesleyana de Mildred Bangs Wynkoop (2004), obra declaradamente arminiana, mas pouco conhecida e divulgada no Brasil. Nunca houve um esforço claro, organizado e sistemático de qualquer editora brasileira para se criar uma linha ou selo arminiano no mercado editorial brasileiro.

Obras publicadas

O quadro começa a mudar no ano de 2013 com o lançamento da obra Teologia Arminiana: Mitos e Realidades, de Roger Olson pela Editora Reflexão[12]. A obra de Olson chamou a atenção do público, tendo sido citada por uma influente revista evangélica no Brasil e por um erudito calvinista, Ricardo Quadros Gouveia, como um dos 12 livros de 2013 que os cristãos deveriam ler[13]. A obra de Olson, portanto, passa a ser um marco na publicação de obras arminianas no Brasil, uma vez que ela seria a porta de entrada de outras obras que viriam a ser publicadas.
A publicação de obras arminianas, sob a lavra de autores arminianos, foi um divisor de águas, pois o pouco que se sabia da teologia arminiana no Brasil provinha de escritos e discursos dos “opositores do arminianismo”. Naturalmente, muitas dessas obras apresentavam (infelizmente ainda apresentam) caricaturas da teologia arminiana que não eram rebatidas ou confrontadas. Nesse sentido, a publicação de uma obra que trata dos “mitos” criados em torno da teologia arminiana, foi de suma importância[14]. 
Ainda em 2013, o Brasil veria o lançamento de uma segunda obra de Roger Olson: Contra o Calvinismo. Em 2014, a obra Por que não sou Calvinista de Jerry Walls e Joseph Dongell também é traduzida para a língua portuguesa. Em 2015 há um crescimento vertiginoso na publicação de obras arminianas, se comparado à ausência e letargia de publicação nas décadas anteriores: Jovem, Incansável, Não Mais Reformado, de Austin Fischer, publicado pela Editora Sal Cultural; as Notas Explicativas de João Wesley pela Editora Filhos da Graça; o livreto Arminianismo: Perguntas Frequentes[15], de Roger Olson, é publicado e disponibilizado na internet para download; Eleitos no Filho, de Robert Shank; A Fé a e Liberdade do Homem, de Gerald McCulloh; e a importantíssima biografia, Armínio: Um Estudo da Reforma Holandesa, do sistematizador do arminianismo, Carl Bangs. Esses últimos três livros, mais o Contra o Calvinismo e o livro de Walls e Dongell, foram publicados pela Editora Reflexão.
Autores brasileiros também começam a escrever obras arminianas, no ano de 2014 tivemos as seguintes publicações: A Gênese da Predestinação na História da Teologia Cristã, de Thiago Titillo;Introdução a Teologia Armínio-Wesleyana, de Vinicius Couto. Em 2015: Uma Introdução ao Arminianismo Clássico, de Zwínglio Rodrigues; Calvinismo Recalcitrante, de João Flávio Martínez; e O que é teologia arminiana?, de Wellington Mariano, o primeiro livreto de uma série de 5 tratando dos fundamentos básicos do arminianismo. Esse é um projeto da Editora Reflexão com vistas a alcançar o público mais leigo e servir de ponte para leitura, discussão e aprofundamento da soteriologia arminiana.
Ainda para 2015, a Reflexão espera publicar as seguintes obras: Que Amor É Este? De Dave Hunt; A Estratégia de Deus na História de Paul Marston e Roger Forster; Graça para Todos dos editores Clark H. Pinnock e John D. Wagner e para 2016, a tão aguardada obra “Jacó Armínio: Teólogo da Graça”, de Keith Stanglin e Thomas McCall, além da obra “Armínio e Sua Declaração de Sentimentos” de W. Stephen Gunter[16].
Nesse embalo de publicações relevantes, o maior e mais significativo empreendimento, neste ano de 2015, foi a publicação dos três tomos das Obras de Jacó Armínio[17] pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) em meados de agosto. Até então, nada da pena de Armínio havia sido traduzido de maneira oficial para a língua portuguesa. Alegramo-nos com tudo isso e esperamos que a partir da publicação das obras de Armínio, assim como dos títulos arminianos citados e outros que certamente aparecerão, o reavivamento acadêmico e ministerial já em curso, concernente aos estudos da teologia arminiana, se alastre ganhando força em todo território nacional.

Conferências arminianas

Em 2014, após o marco do lançamento de Teologia Arminiana de Roger Olson, um terceiro grande desenvolvimento voltado para o interesse pela teologia arminiana no Brasil ocorre. Trata-se das conferências arminianas, articulações importantíssimas para o fomento dos estudos soteriológicos arminianos.
Nossa primeira conferência arminiana de repercussão nacional aconteceu nos dias 21 e 22 de fevereiro de 2014 na cidade de Caruaru, Pernambuco. O evento foi planejado por Carlos Gomes, diácono da Assembleia de Deus em Caruaru. O evento contou com os seguintes palestrantes: Ildo Melo, bispo e presidente mundial do Concílio de Bispos da Igreja Metodista Livre, Kleber Maia, pastor das Assembleias de Deus, Rubens Rodrigues, pastor da Igreja do Nazareno, Zwínglio Rodrigues, pastor da Igreja Batista, e Wellington Mariano, pastor das Assembleias de Deus. Esse evento foi bem documentado com fotos[18] e vídeos das palestras, como a palestra Vida e Obra de Jacó Armínio[19], ministrada por Wellington Mariano.
Esta primeira conferência arminiana, desencadeou, como esperávamos, uma série de outros eventos em todo país ainda no ano de 2014. Nos dias 26 e 27 de junho, na Igreja de Cristo Pentecostal no Brasil, Recife, recebeu palestras sobre o arminianismo. No dia 19 de julho a igreja Assembleia de Deus em Indaiatuba, São Paulo, realizou uma palestra para todos os professores de Escola Bíblica Dominical, num evento que reuniu cerca de 200 pessoas[20].
Nos dias 30 e 31 de agosto, a igreja Assembleia de Deus em Limeira, São Paulo, realizou um seminário[21]. No dia 8 de novembro de 2014 a Igreja do Nazareno em Recife, Pernambuco, realizou um seminário de santidade cujo tema visava redescobrir as raízes arminianas da denominação. Entre os dias 10 e 13 de novembro de 2014, a igreja Assembleia de Deus de Fortaleza, Ceará, através de seu seminário, Seminário Teológico das Assembleias de Deus do Ceará (STADEC), realizou uma semana teológica cujo tema foi gravitou em torno do pensamento de Jacó Armínio e sua importância ao estudo da teologia[22].
Em 2015 as conferências arminianas continuam acontecendo por todo o país. No dia 24 de janeiro de 2015 a igreja do Nazareno em Barroso, Minas Gerais, realiza o Primeiro Encontro de Teologia Arminiana[23]. Nos dias 20 e 21 de março a Editora Sal Cultural realiza em Maceió, Alagoas, a Primeira Conferência Sal de Teologia Armínio-Wesleyana. Entre os dias 12 e 17 de abril a Assembleia de Deus em Mossoró, Rio Grande do Norte, realiza a Primeira Semana Teológica e a utiliza para tratar da soteriologia arminiana[24]. Entre os dias 1 e 2 de maio acontece na igreja do Nazareno em João Pessoa, Paraíba, a Conferência Graça Livre[25]. Entre 21 e 23 de maio a igreja do Nazareno em Lagoa Nova, Natal, Rio Grande do Norte, realiza a conferência arminiana de Natal[26].
Mas, o grande evento de 2015, em se tratando de conferências, se deu com a vinda do filósofo cristão e professor da Universidade Batista de Houston, Jerry Walls.
Walls chegou ao Brasil no sábado, dia 8 de agosto, e no mesmo dia palestrou para aproximadamente 800 pastores e líderes da Assembleia de Deus em Barueri, São Paulo. No dia seguinte, domingo, 09 de agosto, ele palestrou na Assembleia de Deus em Jundiaí. Segunda, dia 10 de agosto, palestrou na Faculdade Evangélica de Tecnologia, Ciências e Biotecnologia (FAECAD), Rio de Janeiro, onde o evento teria também o lançamento das Obras de Jacó Armínio.
Na terça e quarta, dias 11 e 12 ele palestraria na Faculdade Evangélica Integrada Cantares de Salomão (FEICS), em Cuiabá, Mato Grosso do Sul. Na quinta, palestrou na Igreja do Nazareno, em Natal, Rio Grande do Norte, e na sexta pela manhã na Livraria Luz e Vida, em Recife, Pernambuco. O que está errado com o Calvinismo? foi a palestra introdutória de Walls em todos os lugares que visitou, tendo apresentado apenas na FEICS uma segunda palestra Se Deus é amor, por que há inferno? No sábado esteve em São Paulo, SP, onde apresentou duas palestras inéditas: O coração e alma da teologia arminiana e Por que importa? Calvinismo e vida cristã. A vinda de Walls foi uma iniciativa e realização da editora Reflexão que aproveitou algumas das palestras para propagar e fortalecer o arminianismo e também utilizar a oportunidade para lançar a biografia de Armínio, escrita por Bangs e a obra de McCulloh, A fé a liberdade do homem.
O Brasil, portanto, de 2014, até o presente momento, teve conferências arminianas em oito dos vinte e sete estados brasileiros, sendo que em alguns estados, tais como São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Norte já aconteceram pelo menos dois eventos e o interesse e busca por palestras e seminários continua em ascensão. O resultado disso é que em todas as igrejas e instituições que receberam conferências arminianas, seus respectivos pastores, reitores e professores de teologia se posicionaram como arminianos e passaram a adquirir material e informações sobre a herança arminiana.
Em suma, a história do interesse dos brasileiros na última década pode ser resumida nos seguintes estágios: 1) criação do site arminianismo.com e seus primeiros desdobramentos; 2) início de certa sistematização e organização de publicação de obras arminianas tendo como marco inicial a obraTeologia Arminiana de Olson e; 3) conferências arminianas pelo país desde 2014 até a vinda de Jerry Walls, o primeiro grande erudito arminiano em solo brasileiro.
O interesse dos brasileiros é grande, mas ainda está em seus primeiros estágios, pois o campo é amplo e necessita de muitos recursos. Ainda não existe no Brasil, uma escola ou instituição teológica voltada exclusivamente para a preservação e propagação do pensamento de Armínio e de outros arminianos posteriores (remonstrantes).
Esperamos que nos anos seguintes o Brasil ainda receba a visita de outros eruditos estrangeiros que possam ajudar na divulgação e fortalecimento desse reavivamento no interesse na teologia arminiana.
Sonhamos com a criação de uma faculdade protestante confessionalmente arminiana[27] e com cursos de pós-graduação voltados para os estudos armínio-wesleyanos. Ansiamos ainda que escolas, instituições, seminários e faculdades comecem e tenham parcerias com entidades estrangeiras com mais tempo e experiência na propagação e preservação do legado arminiano para que o Brasil possa se beneficiar de tais parcerias. Também aguardamos com grande expectativa um posicionamento das lideranças das Assembleias de Deus realçando sua herança arminiana, ação que facilitará e impulsionará ainda mais o interesse pelo arminianismo no Brasil.
Bibliografia
[1] Eu desconheço no Brasil um estudo ou artigo que trate, em particular, do desenvolvimento do arminianismo no Brasil, e um estudo que visasse apresentar uma visão mais abrangente disso encontraria muitas dificuldades, já que o arminianismo no Brasil é majoritariamente desconhecido e, como tal, o pesquisador enfrentará muita dificuldade na compilação de documentos, sendo a própria ausência de documentos, ao que parece, uma prova de que não existe nenhum marco substancial ou extremamente importante no sentido de apresentação, preservação e disseminação do arminianismo no Brasil.
[2] OLSON, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. São Paulo: Reflexão, 2013, p. 19. Aqui deve se fazer um comentário que Olson, ao citar pentecostais, tem em mente pentecostais de seu país e não pentecostais brasileiros, até porque a igreja Congregação Cristã do Brasil é pentecostal, mas não arminiana, o fato é que o pentecostalismo, com pouquíssimas e raras exceções, é um movimento de herança arminiana.
[3] A obra em questão deve ser lançada em português no primeiro trimestre de 2016 pela Editora Reflexão.
[4] http://www.arminianismo.com/
[5] https://www.facebook.com/groups/grupo.arminianismo/
[6] https://www.facebook.com/groups/464984406914628/?ref=browser
[7] https://www.facebook.com/groups/338858319489585/?ref=browser
[8] https://www.facebook.com/groups/779683942087217/?ref=browser
[9] https://www.facebook.com/groups/sociedadearminiana/?ref=browser
[10] https://www.facebook.com/groups/sociedadearminiana/?ref=browser
[11] http://evangelicalarminians.org/
[12] A Editora Reflexão, embora não sendo uma editora confessional, é hoje a principal responsável pela publicação de obras arminianas no Brasil. Os títulos de obras arminianas da Editora Reflexão podem ser vistos e consultados através do seguinte link: https://ssl5921.websiteseguro.com/editorareflexao1/Site.aspx/Categoria/132-TEOLOGIA-ARMINIANA?store=1
[13] http://www.ultimato.com.br/conteudo/os-12-livros-de-2013-que-os-cristaos-devem-ler
[14] Existem também muitos erros sobre a teologia arminiana cometidos por autores que, em sua prática teológica e convicções, são arminianos, mas que não fazem uso da nomenclatura. Mas em termos de números, a publicação de caricaturas por arminianos inconscientes é bem menor do que os erros cometidos por calvinistas, uma vez que produção literária calvinista é bem superior à produção arminiana.
[15] O livreto pode ser baixado gratuitamente pelo link: http://store.seedbed.com/products/arminianismo-perguntas-frequentes
[16] https://vimeo.com/94197255
[17] http://www.editoracpad.com.br/hotsites/obrasdearminio/
[18] As fotos do evento podem ser vistas através do link: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1452580478306148.1073741829.1421281681436028&type=3
[19] A palestra em português pode ser vista através do link: https://www.youtube.com/watch?v=7EctdhMDNos
[20] Fotos do evento podem ser vistas aqui: https://www.facebook.com/ricardo.coelho.963/posts/667405996678769
[21] A Palestra “Arminianismo e Total Depravação” pode ser conferida no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=-aywve4zFbk
[22] Cartaz do evento pode ser visto em: https://www.facebook.com/stadec.seminarioteologico/photos/a.783526408430312.1073741826.783526358430317/783528528430100/?type=1&theater
[23] Três das palestras em Barroso, Minas Gerais, podem ser acessadas através dos seguintes links: 1) Fundamentos da Teologia Arminiana https://www.youtube.com/watch?v=YWcOoHwK7k8 ; 2) Arminianismo Clássico e Wesleyano https://www.youtube.com/watch?v=DYUFeOJ0TyI 3) Soberania Divina: Perspectivas Armínio-Wesleyanas https://www.youtube.com/watch?v=DZcy9S74px4 .
[24] A palestra Depravação Total e Livre-Arbítrio pode ser acessada em https://www.youtube.com/watch?v=zDilk6YmSYc&feature=youtu.be e Eleição e Predestinação pode ser acessada em https://www.youtube.com/watch?v=-3S-hF40Cnk&feature=youtu.be .
[25] Duas das palestras principais podem ser acessadas nos seguintes links: 1) Tradição Armínio-Wesleyana https://www.youtube.com/watch?v=UnCkeq2FCDs ; 2) A teologia de Jacó Armínio https://www.youtube.com/watch?v=v9iEFz0gpm0 ; Os vídeos dos FACTS da salvação também podem ser acessados através do seguinte link:  https://www.youtube.com/watch?v=kpgU5v8VFbc .
[26] Destacam-se em um primeiro momento como palestrantes do arminianismo no Brasil o bispo Ildo Melo, o pastor Kleber Maia e o pastor Zwínglio Rodrigues. Das dez conferências aqui citadas eu tive a honra e privilégio de participar de oito delas como palestrante.
[27] Existem seminários arminianos, embora uma busca rápida e superficial em seus respectivos websites não mostre isso. Sabe-se que alguns seminários são arminianos mais por inferência do que por apresentação clara e direta da instituição e, mesmo assim, tais seminários não possuem um programa relevante em se tratando de teologia arminiana.

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Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/arminianismo-brasil-introducao-historica/

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Novos céus e nova terra?

04.06.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 03.06.15


Há diversas referências na Bíblia para mundo criado por Deus. As mais notórias incluem as palavras hebraicas do Antigo Testamento shāmim e ’erets para “céus” e “terra”; e as palavras gregas do Novo Testamento ktisis para a “criação/criatura”, kosmos para o “mundo”, e ouranos kai gē para “céu e terra”. Às vezes estes termos são qualificados com a palavra kainos para “novo” (Gl 6.15; 2Co 5.17; Ap 21.1): “novo céu e nova terra” ou “nova criação/criatura”.

Quando alguém procura dizer algo a respeito da perspectiva bíblica sobre o mundo, normalmente procura fazê-lo a partir destes termos. Veja, por exemplo, o excelente estudo de Juan Stam, As boas novas da criação ou o meu mais resumido e-book, Teologia da Criação: passado, presente e futuro. Assim é possível elaborar uma perspectiva bíblica a respeito da criação como essencialmente boa (mesmo atingida e “tingida” pelo pecado) e alvo da redenção de Deus*. Esta perspectiva já é uma grande correção da perspectiva popular, com base em uma leitura equivocada de 2 Pedro 3.6-10. 

Digo “equivocada” porque em 2 Pedro a destruição do mundo pelo fogo no futuro é explicitamente comparada com a destruição do mundo pelas águas (o dilúvio) no passado. Ora, o mundo na época de Noé foi “destruído” sim, no sentido de ser varrido por uma calamidade catastrófica. Mas o que surgiu depois não foi um outro mundo, e sim, o mesmo mundo renovado. Semelhantemente quando alguém se converte, se torna “nova criatura”, mas com os mesmos corpo, mente e coração. Somos transformados, e não aniquilados. O “velho homem” morreu para que nasça um homem novo, mas de novo, isto não implica trocar de corpo.

* Leia este artigo completo no blog do Timóteo Carriker 

Leia também


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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/novos-ceus-e-nova-terra

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Importância Teológica da Historicidade de Adão

04.06.2015
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 15.04.13
Por Bruce A. Ware

A historicidade literal de Adão como o primeiro ser humano, criado por Deus, do pó da terra, é teologicamente importante? Ou seja, alguém poderia negar a historicidade de Adão como o primeiro ser humano criado e, ainda assim, sustentar todos os ensinos essenciais da teologia evangélica?

As respostas para estas perguntas centralizam-se em (1) se a Bíblia apresenta Adão como o primeiro ser humano histórico e literal, (2) se há uma conexão bíblica entre o Adão histórico, em sua criação e queda, e certas doutrinas associadas normalmente com o Adão histórico, e, (3) se isso é verdade, quais seriam estas doutrinas e qual seria a natureza da conexão. Quero sugerir duas linhas de resposta que tencionam abordar estas três perguntas.

Primeiramente, a historicidade de Adão como o primeiro ser humano literal é ensinada e admitida em toda a Bíblia. A linguagem e as descrições de Adão em Gênesis 5.3-5 – número de anos que ele viveu depois do nascimento de Sete, o fato de que ele teve outros filhos e o número total de anos que ele viveu – são idênticos à linguagem e as descrições usadas a respeito de outros personagens históricos em Gênesis e em outras partes da Bíblia (cf. o resto de Gn 5; Gn 11.10-26; Gn 25.7-11; 1 Cr 1-9). O cronista inicia a sua extensa genealogia de Israel com "Adão", que dá início a toda a raça humana. Jó contrasta a sua fraqueza diante de Deus com Adão, que encobriu a suas transgressões (Jo 31.33). Oseias compara a desobediência de Israel com Adão, que transgrediu a aliança com Deus (Os 6.7). Lucas alicerça a genealogia de Jesus no primeiro homem, Adão, o filho de Deus (Lc 3.38). 

Jesus entendeu Adão e Eva como pessoas humanas literais, criadas por Deus e, depois, unidas no primeiro casamento de um homem com uma mulher (Mt 19.4-6; Mc 19.6-9). As referências de Paulo a Adão como o primeiro ser humano em Romanos 5.12-18, 1 Coríntios 11.7-9. 1 Coríntios 15.21-22 e 2 Timóteo 2.13-14 são, inconfundivelmente, a respeito desta pessoa histórica que foi criada à imagem de Deus (1 Co 11.7), antes da mulher, que procedeu dele (1 Co 11.8; 1 Tm 2.13), e que pecou, trazendo o pecado e a morte para todos os seus descendentes (Rm 5.12-18; 1 Co 15.21-22). Por último, Judas 14 se refere à pessoa histórica de Enoque, o sétimo depois de Adão, que também seria entendido como histórico. Uma leitura atenta destes textos apoia a conclusão de que a própria Bíblia trata, repetidas vezes e sem exceção, Adão como uma pessoa histórica literal, o primeiro humano criado por Deus.

Em segundo lugar, a historicidade de Adão é teologicamente importante? Sim, ela é importante pela simples razão de que a teologia conectada com Adão é teologia arraigada na história e impossível de ser explicada sem essa história. Ou seja, há claramente uma conexão bíblica entre o Adão histórico e a teologia associada com ele, e a conexão é tal que a teologia depende dessa história e não existiria sem ela. Ou, dizendo-o em outras palavras, essa história gera a teologia. Como você não pode ter um filho sem uma mãe, também não pode ter esta teologia sem a história que a traz à existência.

Considere, por exemplo, algumas áreas cruciais da teologia associadas com a historicidade verdadeira e literal de Adão. Primeira, a criação do homem à imagem de Deus envolve a criação literal do primeiro ser humano à imagem de Deus, o ser humano que se torna, por assim dizer, a fonte de todos os outros seres humanos que são, igualmente, à imagem de Deus. Gênesis 5.3 faz a notável observação de que Adão, aos 130 anos de idade, "gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete" (Gn 5.3). 

A linguagem neste versículo é, inconfundivelmente, a mesma de Gênesis 1.26. Embora a ordem das palavras "imagem" e "semelhança" esteja invertida, parece que tudo que se diz antes a respeito de o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus é dito aqui, quando Sete é gerado à imagem e à semelhança de Adão (Gn 5.3). O paralelismo desta linguagem nos leva a concluir que Sete nasceu à imagem de Deus (o que ele realmente era, cf. Gn 9.6) somente porque nasceu à imagem e à semelhança de Adão. Sem a conexão histórica e literal, de fato, biológica, entre Adão e Sete, o status de imagem de Deus em relação a Sete não existiria. E, se isso era verdade quanto a Sete, é verdade também quanto a nós. Não somente a nossa identidade biológica remonta ao Adão histórico, mas também o nosso estado como seres criados à imagem de Deus remonta ao primeiro homem, o primeiro ser humano histórico, Adão.

Segunda, a queda do homem no pecado é um ensino teológico central fundamentado precisamente no que aconteceu na história. Paulo resumiu o argumento nestes termos: "Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1 Co 15.21-22). Considere quatro observações: (1) Adão trouxe a morte ao mundo (15.21a). (2) Todos os humanos que procedem de Adão estão sujeitos à morte (15.22a). (3) A reversão do pecado e da morte de Adão acontece na realidade histórica do triunfo de Cristo por meio de sua ressurreição dos mortos (15.21a). (4) Todos os humanos unidos a Cristo serão vivificados (15.22b). A realidade histórica da ressurreição de Cristo, pela qual os que estão em Cristo são ressuscitados para viverem para sempre, é correspondente, nesta passagem, à realidade histórica do pecado de Adão, que trouxe pecado e morte para todos em Adão. A linha histórica não pode ser cortada sem eliminar a teologia correspondente. O pecado original em Adão e a vida eterna em Cristo estão ligados intrínseca e necessariamente à história.

Terceira, nossa teologia de gênero e sexualidade está intrinsecamente ligada à criação do primeiro casal humano e à natureza da união conjugal designada por Deus para eles. Quando Jesus se referiu a Gênesis 2, e quando Paulo aludiu a aspectos de Gênesis 2 e 3, ambos entenderam Adão e Eva como pessoas históricas reais que exemplificavam a união vitalícia, em uma só carne, de macho e fêmea que Deus planejou e trouxe à existência. Por sua queda histórica, Adão e Eva apartaram-se do desígnio de Deus e produziram distorções pecaminosas tanto das relações de gênero como da sexualidade humana. 

Nossa teologia de gênero e sexualidade não é dissociada da história. Pelo contrário, o desígnio criado por Deus foi exemplificado, inicialmente, no primeiro homem e na primeira mulher originais. E tanto Jesus como Paulo se referiram a este desígnio trazido à existência por Deus e vivenciado realmente no Éden. De modo semelhante, as perversões do bom desígnio de Deus estão arraigadas na rebelião histórica contra Deus e contra seus caminhos que aconteceu na história, registrada para nós em Gênesis 3. Tanto neste como em outros assuntos, a teologia e a história estão entretecidas de tal modo que a historicidade de Adão é essencial à esta teologia. Esta teologia depende dessa história e não existiria sem ela.
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/67/A_Importancia_Teologica_da_Historicidade_de_Adao

quinta-feira, 9 de abril de 2015

QUEM É O ESPÍRITO SANTO?

09.04.2015
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO
Por Syclair Ferguson

ferguson-espirito

Introdução da Mensagem

Muitos cristãos já ouviram ou até mesmo balbuciaram a frase: “O Espírito Santo é a pessoa esquecida da Trindade”. Essa declaração deixa escapar o verdadeiro problema na igreja hoje, um problema que não existia em gerações passadas. Os cristãos sabem a respeito do Espírito Santo, mas, diferentemente do Pai ou do Filho, eles não sabem de fato quem é o Espírito Santo. Nesta série de palestras, o Dr. Sinclair Ferguson propõe remover essa ignorância ao explorar as questões da identidade do Espírito, da natureza do seu caráter, como nós, enquanto cristãos, podemos chegar a conhecê-lo e ter um relacionamento com ele, e mais.

Leitura bíblica

Gênesis 1.1–2, 26; 2.7; Êxodo 31.1–11; Lucas 1.8–17, 26–38; João 16.4–15; 1 Coríntios 6.19–20; 2 Coríntios 13.14; Apocalipse 22.17

Objetivos de aprendizado

  1. Apresentar os alvos da série de palestras:
  2. Que pessoa é o Espírito?
  3. Que tipo de caráter ele tem?
  4. Como podemos chegar a conhecê-lo e ter comunhão com ele?
  5. Como nos convêm que o Senhor Jesus tenha ido embora e que o Espírito Santo tenha vindo para a Igreja?
  6. Explicar como o Espírito é a expressão do mover interior e do desejo de Deus;
  7. Iluminar a função do Espírito em moldar e preencher a criação;
  8. Demonstrar como o Espírito trabalha para trazer o homem à comunhão com Deus.

Citação

Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. — João 16.7

Esboço da palestra

I. Quem é o Espírito Santo?
A.  A etimologia da palavra “espírito”
i. A palavra hebraica “ruah” e a palavra grega “pneuma”, que significam “espírito”, são onomatopaicas.
ii. Ambas as palavras descrevem um vento ou uma ventania.
iii. Essas palavras apontam para expressões de grande efetividade. Dito de outra forma, elas apontam para a energia motriz ou para as características de um indivíduo enquanto se expressa a outros em contato e comunicação pessoais.
B.   A revelação de Deus no Espírito Santo
i. O Espírito expressa o mover interior e o desejo de Deus tanto na criação quanto na redenção, além de comunicar Deus a nós.
ii. Deus revela a si mesmo no Espírito Santo.
1. Ele revela a si mesmo de uma maneira condescendente.
2. Ele faz isso para que a sua criação possa ter comunhão com ele.
II. A Presença do Espírito Santo na Escritura.
A. Toda a Escritura revela o Espírito Santo e a sua obra na história redentiva.
B.   Logo no início, a Escritura aponta para a atividade do Espírito.
i. Gênesis 1.2 descreve o Espírito Santo pairando sobre a massa criada original.
1. A massa criada original é sem forma e vazia.
2. O Espírito paira sobre a água para que ele possa trazer forma e plenitude à ausência de forma e ao vazio.
a. O Espírito executa a mesma atividade na salvação.
b. O Espírito traz forma às vidas informes que estão mortas em pecado.
ii. O Espírito traz forma e plenitude à criação para construir um templo, um local de encontro, para Deus encontrar e ter comunhão com a sua criação, especialmente o homem.
1. Salmo 19.1: o Espírito traz ordem e plenitude para que a criação possa receber o conhecimento de Deus e adorá-lo.
2. Gênesis 1.27 e 2.7: Esses versículos contêm expressões sobre o que Deus pretende fazer através do poder do Espírito.
a. Deus deseja que o homem lidere a adoração ao Senhor na sua criação 
b. A obra do Espírito, como relatada em diversas passagens (por exemplo, Êxodo 31.1–11; Lucas 1.8–17, 26–38; João 16.4–15; 1 Coríntios 6.19–20; 2 Coríntios 13.14; Apocalipse 22:17), está a serviço de levar o povo de Deus para um lugar onde eles possam adorá-lo e glorificá-lo.
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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/05/ordem-a-partir-do-caos-quem-e-o-espirito-santo/

terça-feira, 19 de agosto de 2014

AS SETES DISPENSAÇÕES DIVINA: A LEI DO DISPENSACIONALISMO

19.08.2014
Do portal PALAVRA PRUDENTE
Por Pr. Davis W. Huckabee

ESTUDOS EM HERMENÊUTICA BÍBLICA

Ou, Leis Básicas de Interpretação da Bíblia

A palavra "dispensação" deriva-se de um termo latino que significa "administração" ou "gerência", e se refere ao método divino de lidar com a humanidade e de administrar a verdade em diferentes períodos de tempo. Ninguém consegue ler as Escrituras sem ver que Deus tem lidado com o homem em algumas épocas diferentemente do que Ele lidou em outras. O motivo disso é que há várias dispensações no modo como Deus lida com a humanidade. Estamos agora vivendo no que é comumente chamado "a Dispensação da Graça", embora não seja um termo bem escolhido. Pela confissão da maioria das pessoas que são sãs no plano da salvação, Deus sempre lidou em graça com o homem, começando no Jardim do Éden imediatamente depois que Adão e Eva caíram. "A Dispensação da Igreja" é uma terminologia mais adequada para a nossa era atual, pois é mediante as igrejas do Senhor que Deus está presentemente lidando com a humanidade.

Quanto ao número de dispensações em que se divide a história sacra, o número mais comumente sugerido é sete, com cinco dessas já passadas, uma na qual estamos agora vivendo, e mais uma que está ainda no futuro. J. R. Graves, em sua obra consideravelmente volumosa sobre esse assunto (que aproveitaria a todos os cristãos ler), faz as seguintes observações sobre essas sete dispensações.

"Ocorre-me que essas foram indicadas ou preditas pelas divisões do tempo. O tempo que ele designou para si para ajustar a habitação do homem ele dividiu em sete períodos, que ele chamou de sete dias. Cada um marcava uma fase, ou passo, na grandiosa realização, e o último marcava a consumação de tudo, e foi designado como um dia de comemoração através do descanso. Esses dias eram sete, que é a divisão divina do tempo. Observe como o número sete está presente em todas as Escrituras Sagradas [Aí, o Dr. Graves faz uma lista de quase cinqüenta vezes em que o número sete aparece de modo significativo nas Escrituras]" Todos eles apontam para as Sete Dispensações, ou Eras, que Cristo designou para terminar sua obra, e o grandioso e eterno Sabatismo com que sua obra conclui. O que chamamos de tempo é aquele período designado por Cristo para a realização de sua obra, e é dividido em eras, anos, meses, semanas, dias, horas; e, quando a obra de Cristo se completar, o tempo não existirá mais, mas se perderá numa eternidade sem limite". " The Seven Dispensations (As Sete Dispensações), pp. 165, 166.

A palavra "dispensação" só aparece cinco vezes nas Escrituras em português, a saber, 1 Coríntios 9:17; Efésios 1:10; 3:2; 3:9; Colossenses 1:25. Nesses lugares a palavra grega oikonomia parece ter de preferência o significa de "mordomia", ou "a gerenciamento de uma casa", como a mesma palavra grega significa em suas outras aparições em Lucas 16:2, 3, 4. No entanto, a palavra grega aion, que aparece no Novo Testamento um pouco mais de cem vezes, e é geralmente traduzida "mundo", "eternamente" ou "sempre", é aceita comumente com o sentido de "era", "época" ou "dispensação".

As seguintes Escrituras mostram que há só esta era atual e outra que virá, restando apenas essas duas eras antes do cumprimento de todas as coisas no grande programa de Deus. "E, se qualquer disseralguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século (grego aion = época) nem no futuro (literalmente, "nem no vindouro")". (Mateus 12:32) "Que não haja de receber muito mais neste mundo (gregokairos = tempo), e na idade vindoura (grego aion = época) a vida eterna". (Lucas 18:30) "Acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século (grego aion = época), mas também no vindouro (de novo, literalmente "o vindouro")". (Efésios 1:21) Aí se vê uma era ou dispensação presente e uma que está para vir.

Mas como tudo isso entra na correta interpretação da Bíblia" Deve-se considerar esse assunto, pois algumas coisas das Escrituras estão ligadas somente à determinada dispensação, e se tentarmos interpretá-las em referência a outra, o resultado será muita confusão. Algumas coisas são aplicáveis a todas as eras, pois elas são princípios eternos de verdade e justiça. Assim, por exemplo, os princípios apresentados no Decálogo ou Dez Mandamentos, embora tivessem sido registrados pela primeira vez na dispensação mosaica, são de tal verdade moral obrigatória que estão em vigor em todas as eras da história do homem. Está implícito em Romanos 2:14-15 que essas leis sempre estiveram escritas no coração humano, até mesmo antes que tivessem sido escritas em pedra no monte Sinai. Ninguém pode anulá-las sob a alegação de que não pertencem à presente dispensação sem grande prejuízo sendo feito a toda moralidade, e sendo a ordem moral praticamente destruída. Ninguém viola a lei moral com impunidade, embora haja alguns ultradispensacionalistas que afirmem que essas leis não estão mais em vigor para ninguém, a não ser para os judeus.

Sem entrar num estudo de todas essas dispensações, e descrevê-las nos mínimos detalhes, só gostaríamos de observar que três ou quatro delas nos interessam no presente assunto. Havia muitas coisas expostas sob a Dispensação Representativa, por exemplo, que eram para instruir e preparar a nação de Israel para reconhecer seu Messias quando Ele entrasse em cena. Conseqüentemente, essas coisas deixaram de existir, no que se refere à obrigação de praticá-las, quando o Filho do Homem veio e as cumpriu. As pessoas hoje não mais precisam praticá-las, e seu principal valor hoje está em que elas evidenciam que Deus havia predito e prenunciado a vinda de Seu Filho de modo que os homens estivessem sem desculpas por sua negligência de reconhecê-Lo e recebê-Lo.

A morte do Ministério Representativo foi revelada quando se rasgou o grande véu, que separava o Santo Lugar do Santíssimo Lugar no momento da morte de Jesus, Marcos 15:37-38. Sobre isso há uma referência em Hebreus 10:18-20: "Ora, onde  remissão destes, não  mais oblação pelo pecado. Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,". (Hebreus 10:18-20) O véu tipificava o corpo de Jesus.

Essa e numerosas outras Escrituras nos proíbem de fazer uma prática de coisas representativas em nossa forma de adoração hoje, pois elas estavam limitadas ao período de tempo que terminou com a morte de Cristo. Contudo, multidões, e até mesmo denominações inteiras, ainda hoje incorporam algumas das coisas da dispensação representativa em sua adoração nesta dispensação da igreja, o que só acaba mostrando a grande importância de considerar as divisões e limitações dispensacionais em nossas interpretações das Escrituras.

De novo, alguns são culpados de tentar transferir para essa dispensação coisas que tinham uma aplicação puramente judaica. Há muitas coisas que foram ordenadas a Israel exclusivamente de um modo nacional, mas que são às vezes aplicadas aos crentes hoje, como se ainda estivessem em vigor. Para citar apenas uma ilustração. Muitas pessoas, julgando pelos costumes modernos, tentam aplicar Deuteronômio 22:5 para as mulheres de hoje. Esse versículo diz: "Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao SENHOR teu Deus". (Deuteronômio 22:5) Supõe-se erroneamente que Deus está aí ditando moda, e não só isso, mas Ele quer que essa moda seja adaptada à moderna moda americana. O uso dessa passagem é muitas vezes um pretexto para judiar diretamente das mulheres por vestirem conjunto de calças, e isso apesar do fato de que calças são muitas vezes mais decentes do que alguns estilos de vestidos, e daí, mais apropriadas. Mas o fato é que, em nenhuma parte das Escrituras Deus dita moda. Em vez disso, Ele manda que conformamos ao que é considerado culturalmente decente. Em algumas culturas o que é considerado roupa de mulher, pode ser considerado roupa de homem em outra. Em alguns países tais como a Escócia e a Grécia, saias escocesas, ou roupas como saias escocesas, são roupas de homens, enquanto em outros países, roupas como do tipo calça são usadas mais por mulheres do que por homens. Mas o uso muitíssimo comum desse texto na pregação evidencia uma arrogância que tentaria adaptar todas as pessoas aos costumes ocidentais modernos.

Como dissemos antes, não há evidência de que ou aqui ou em outro lugar, Deus tenha alguma vez ditado moda. O mais provável é que esse texto tenha a ver com o costume homossexual de homens e mulheres transvestirem (usando roupas do sexo oposto), que é uma questão moral, e Deus muitas vezes lida com questões morais nas Escrituras. Isso seria uma exposição deliberada da rebelião de alguém contra a manifesta vontade de Deus com relação à masculinidade e feminilidade. No entanto, a questão não é a aparência exterior, mas a atitude interior do coração.

Os que repreendem as mulheres pelo modo como elas se vestem usam Deuteronômio 22:5. É evidente que eles estão sendo incoerentes e hipócritas quando consideramos que tais pregadores jamais usam qualquer outro versículo nesse capítulo em sua pregação. É extremamente duvidoso que se possa achar algum pregador que não seja culpado de violar Deuteronômio 22:11, que diz: "Não te vestirás de diversos estofos de lã e linho juntamente". E em nossa época, há um número grande de moças que não são virgens quando se casam, mas que nunca souberam de um líder batista liderando o apedrejamento das tais. Mas veja o dever dos líderes de assumir a liderança nisso em Deuteronômio 22:13-21. E o capítulo é cheio de numerosas outras coisas que os pregadores modernos não obedecem, de modo que de novo dizemos, que é incoerente e hipócrita pegar o versículo 5 e usá-lo para açoitar membros de igrejas e, ao mesmo tempo, ignorar todos os outros versículos.

Essa questão não envolve só o capítulo 22, pois todas as divisões de capítulos e versículos foram feitas pelo homem, e há muitas outras coisas em Deuteronômio que devem ser aplicadas na prática diária se 22:5 é aplicável. Há na verdade algumas coisas em Deuteronômio que são apropriadas, pois nosso Senhor Jesus citou desse Livro mais vezes do que qualquer outro, e Ele próprio cumpriu o que foi predito em 18:15, 18-19. Mas muitas das leis desse Livro eram leis puramente nacionais, só para Israel, e não se deve aplicá-las de outro modo.

Tentar obrigar os santos do Novo Testamento a guardar as leis nacionais, dietéticas e cerimoniais do Velho Testamento envolve a incapacidade de reconhecer a Lei do Dispensacionalismo, e invariavelmente trará confusão e tenderá ao legalismo.

Muitos que afirmam ser dispensacionalistas são realmente ultradispensacionalistas, e em vez de manejarem "bem a palavra da verdade", como eles afirmam fazer, eles são culpados de bagunçarem a Palavra, transformando-a numa salada. Ninguém tem desculpa para fazer isso. Apesar disso, é verdade que há considerações dispensacionais que devem entrar em nossa interpretação das Escrituras, e ninguém pode ser totalmente correto em suas opiniões se ele não levar isso em consideração.

Autor: Davis W. Huckabee
Tradução: Júlio Severo
Revisão e Edição: Joy E Gardner e Calvin G Gardner
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br 

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Fonte:http://www.palavraprudente.com.br/estudos/dw_huckabee/hermeneutica/cap12.html