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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A DIVINDADE DE CRISTO, PARTE 1

25.02.2015
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por  Doy Moyer

[Nota do redator: Esta é a primeira de duas partes de um estudo sobre a divindade de Jesus. Por envolver pesquisas detalhadas e argumentos técnicos, todas as obras citadas, mesmo as de outras línguas, aparecerão na bibliografia no final da segunda parte, que será publicada na próxima edição desta revista.]

Aquestão da divindade de Jesus Cristo, há muito tempo, tem sido um assunto debatido. 

Desde o tempo em que Jesus viveu na terra, as pessoas têm tido vários pontos de vista a respeito dele. Alguns o chamaram de embusteiro (Mateus 27:63). Alguns disseram que ele desencaminhava as multidões; outros disseram que ele era um bom homem (João 7:12). 

Alguns declaravam que ele era um dos profetas, como Elias ou Jeremias (Mateus 16:14). 

Seus discípulos confessaram sua fé em que ele era o Cristo, o Filho de Deus (Mateus 16:16). Depois do primeiro século houve continuados debates sobre a natureza e a identidade de Jesus. “As controvérsias cristológicas do fim do segundo século e do início do terceiro foram assim uma parte da dialética interna da fé cristã” (Ferguson 18). Para evitar os extremos do adopcionismo (Jesus era um bom homem a quem Deus adotou como seu Filho) e do modalismo (Jesus era a mesma pessoa que o Pai, que se manifestava em diferentes modos), “a solução ortodoxa foi afirmar ao mesmo tempo a unidade de Deus, a divindade de Cristo, e a distinção entre o Filho e o Pai” (Ferguson 18). Devido aos esforços para tentar explicar tudo isto, as controvérsias “trinitárias” do quarto século nasceram. Ainda que sempre tenha havido dissidentes, a posição ortodoxa definida por diversos concílios que se conveniaram durante os próximos poucos séculos foi que Jesus era verdadeiramente Deus, e que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são personalidades distintas. Aqueles que negavam isto foram considerados “anátemas” (Hardy 379). Em tempos modernos, o debate não diminuiu. A teologia liberal do último par de séculos tem questionado o ponto de vista “ortodoxo”, e tem tentado redescobrir o histórico Jesus. O resultado tem sido uma negação da divindade de Jesus nesta era moderna de ceticismo.

O propósito deste estudo é considerar o que a Bíblia ensina sobre a identidade de Jesus. A Bíblia contém a verdade histórica sobre Jesus, e estamos buscando entender as muitas passagens bíblicas relativas à questão de sua identidade. Mesmo dentro de modernos círculos religiosos, entre aqueles que declaram aceitar a Bíblia como verdadeira, tem havido desacordo muito espalhado quanto a se Jesus era Deus ou não. Há também a questão bíblica a respeito do que Jesus renunciou quando veio à terra. Alguns ensinam que Jesus era Deus enquanto estava no céu mas, quando veio à terra, despiu sua divindade e se tornou nada mais do que um humano. Estas questões teológicas têm grandes implicações práticas. Se Jesus realmente era Deus, então ele merece pleno compromisso e submissão. Se não era quem declarava ser, então era uma fraude e merece ser relegado ao status de charlatão ou louco.

Nesta dissertação, o foco será sobre o que a própria Bíblia diz a respeito de Jesus Cristo. Será feita menção às modernas tendências que se afastam da aceitação de Jesus como Deus, mas será dada especial atenção aos textos bíblicos. A intenção é mostrar que a Bíblia de fato ensina a divindade de Jesus Cristo. Atenção especial será dada aos versículos específicos que ensinam sobre Jesus. 

A moderna tendência de rejeitar a divindade de Jesus

Alguém que escreveu sobre esta questão fez a seguinte observação:

“Hoje em dia, pode-se encontrar evidência virtualmente em toda parte – em todos os continentes, tanto nos círculos católicos romanos como nos protestantes – que o que está teologicamente “na moda” é contender por um Jesus que era somente um homem por natureza e por uma Bíblia que virtualmente silencia a respeito da clássica cristologia da encarnação de um Cristo de dupla natureza – verdadeiro Deus e verdadeiro homem na única pessoa de Jesus Cristo. Está muito em voga acreditar que a melhor solução pode ser entender Jesus como somente um homem – um homem muito incomum, naturalmente, com uma missão especial de Deus – e explicar as atribuições bíblicas a ele de qualidades divinas em outros termos não ontológicos” (Reymond 2-3).

Esta citação descreve com precisão o pensamento religioso moderno daqueles que são crentes professos em Deus. Tanto estudiosos protestantes como católicos romanos estão ensinando que Jesus não era realmente Deus. Eles estão dizendo que ele nem mesmo declarou ser Deus, mas discípulos mais tarde atribuíram divindade a ele. Parte da razão por que a tendência moderna tem estado afastada da crença na divindade de Jesus é devida à questão da confiabilidade das narrações do evangelho. A questão geral tem sido levantada sobre se os evangelhos, como os temos, são ou não verdadeiras representações da vida e das declarações de Jesus Cristo.

Rudolph Bultmann era um importante estudante liberal que questionou a crença na veracidade histórica das narrações do evangelho. A teologia de Bultmann estava baseada no conceito de que se precisa “desmitologizar” as narrações. Isto significa que é preciso ficar por trás do que é dito para tentar achar o que a verdade real é, o que pode estar escondido em algum lugar nas profundezas do ensinamento mítico. Bultmann questionou a idéia de que Jesus tivesse uma consciência messiânica (Bultmann 26). Ele apoiou o conceito que diz que pontos de vista como estes sobre Jesus foram sobrepostos sobre Jesus por discípulos posteriores. Esta abordagem básica é agora adotada por um grande número de estudiosos. Ele assumiu que os relatos do evangelho são informação de segunda mão e que eles contêm tradições humanas sobre Jesus. A “forma de crítica” de Bultmann tomou o mundo teológico como uma tempestade no vigésimo século (Praamsma 61).

Talvez o mais significativo desenvolvimento na era moderna do entendimento bíblico seja a popularização de um “novo” Jesus histórico pelo “Seminário de Jesus”. Este seminário, realizado primeiramente em 1985 sob a liderança de Robert Funk, reuniu-se em várias ocasiões para chegar a conclusões a respeito de quem Jesus realmente foi e quais, dos relatos do evangelho, são suas palavras e declarações reais. “Poderia a fé ter feito com que os escritores de todos os quatro Evangelhos embelezassem o fato real? Teriam as políticas da igreja primitiva feito com que eles alterassem ou acrescentassem à história de Jesus? Quais partes do Novo Testamento poderiam ser relatos puros e não mitificações piedosas?” (Ostling e Towle 54-55). Eles decidiram, através de um processo de votação com contas coloridas, que menos do que um quinto dos tradicionais ditos de Jesus são autênticos. Suas conclusões estão publicadas numa obra chamada The Five Gospels (significa “Os Cinco Evangelhos”). 

Suas conclusões têm recebido muita atenção dos meios de publicação, e a popularização de suas idéias parece que terá um forte impacto sobre a opinião pública nos anos vindouros. Ainda que não esteja dentro do objetivo desta dissertação comentar o Seminário de Jesus, precisa-se questionar o processo de votação sobre as palavras de Jesus por pessoas que estão perto de dois mil anos afastadas dos eventos. O ponto é que há um continuado esforço para redefinir o Jesus dos relatos evangélicos. Tudo isto parece realçado por uma tendência anti-sobrenatural e a recusa a considerar os relatos do evangelho como documentos históricos por causa do tipo de material que ele contém. Eles assumem que ele não pode conter material contemporâneo, e que qualquer registro de eventos notáveis ou declarações são automaticamente não confiáveis. “E eles então chegam a conclusões baseadas na fé, freqüentemente de sua própria criação” (Woodward 2).

Um escritor conservador, que tem devotado trabalho à crítica do revisionismo moderno, mostra que ainda há boas razões para se aceitarem os relatos históricos do evangelho. 

Depois de criticar a evidência da confiabilidade do evangelho de Marcos, ele observa o seguinte:

“O Jesus sobrenatural do Evangelho de Marcos, naturalmente, é difícil de ser aceito por muitas pessoas do vigésimo século. Não é o tipo de retrato que se pudesse esperar que um moderno aceitasse, se boa evidência não houvesse aí em seu favor. Mas a evidência aí está. E, antes que ajustar a evidência para fazer Jesus mais palatável às sensibilidades do século vinte, parece mais razoável deixá-la intacta e simplesmente permitir que o enigma deste judeu do primeiro século confronte nossas sensibilidades do século vinte. Pode mesmo ser que a história, afinal, não seja um continuum, fechado!” (Boyd 243).

Como é o caso em muitos campos, a tendência é freqüentemente o fator determinante de a pessoa aceitar ou não Jesus como os relatos do evangelho o apresentam. Há sempre um outro lado das histórias que é popularizado nos meios de comunicação. Em qualquer caso, a fé é envolvida no processo de aceitação. “Assim, se a pessoa mantém que Jesus era o Filho de Deus e foi levantado dos mortos, ou se a pessoa acredita que Jesus era um filósofo cínico cujo corpo foi finalmente devorado pelas bestas selvagens, a fé é necessariamente envolvida” (Boyd 293). Há muita especulação e pouca evidência objetiva que existe por parte de muitos revisionistas. Em vez disso, “a narrativa dos Evangelhos é descartada e pedaços da Escritura são embaralhados para revelar o ‘Jesus histórico’ do próprio estudioso” (Woodward 65). Parece mais razoável considerar os evangelhos à sua luz histórica. Eles declaram ter sido escritos e confirmados por testemunhas oculares (1 João 1:1-3; Lucas 1:1-4; 2 Pedro 1:16). Jesus foi visto, ouvido e seguido. Somente demonstrando que estes escritores eram mentirosos, iludidos, ou de algum outro modo os desacreditando, poderemos assumir que os relatos do evangelho não são designados a serem entendidos historicamente.

A questão se Jesus era ou não o Filho de Deus parece ser mais um assunto filosófico nesta era moderna. Muitos não crêem nele simplesmente porque pensam que é tolice aceitar que um homem que viveu dois mil anos atrás possa ser um salvador numa era moderna. Alguns não aceitarão o conceito de ressurreição sem se importar com quanta evidência é mostrada para isso. A própria Bíblia antecipa que muitos pensariam deste modo (1 Coríntios 1:18 e segs.). Não obstante, houve milhares de cristãos que deram suas vidas pela sua fé na ressurreição, inclusive aqueles que andaram com Jesus. Há “pouca dúvida de que o levantamento de Jesus por Deus para uma nova vida foi uma convicção cristã primitiva” (Woodward 66). Eles podem ter sido “tolos,” mas estavam convencidos e convictos. E mais, poderia parecer lógico que estas pessoas que viveram com Jesus, e durante um tão curto tempo depois de Jesus, soubessem mais sobre a vida, os cenários e os tempos de Jesus do que qualquer pessoa moderna saberia. Eles não podem ser desacreditados porque aceitaram Jesus como o Filho de Deus: seus atos baseados em suas convicções deverão dar-lhes credibilidade. Naturalmente, eles também tinham uma tendência, como todos têm; mas pode ser que sua tendência realmente fosse fundada em 
terreno sólido. 

O que a Bíblia diz sobre Jesus?

A partir deste ponto, o foco mudará para os textos escriturais e perguntará: a Bíblia, de fato, ensina que Jesus era Deus? Há muitos que professam que a Bíblia é historicamente verdadeira, mas que não crêem que Jesus fosse Deus. É este problema que será enfrentado. 

O que significa “divindade”?

Divindade é, geralmente, uma referência a um ser que está no estado de ser Deus. Ao dizer que um ser é “divino”, está-se dizendo que este ser possui a natureza de Deus, ou está no estado de ser Deus. Na Bíblia, Theos, Deus, refere-se “ao ser supremo sobrenatural como criador e mantenedor do universo: Deus” (Louw e Nida 137). A Bíblia se refere a Deus como aquele que “fez o mundo e tudo o que nele existe” (Atos 17:24). 

Palavras derivadas de theos, como theotes, se referem à “natureza ou estado de ser Deus” (Louw e Nida 140). Esta é a idéia como é encontrada em Colossenses 2:9, que afirma com referência a Jesus“nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade”. Ao afirmar que Jesus é divino, está-se dizendo que Jesus possui certas características divinas. 

Antes, está-se dizendo que ele é propriamente Deus, o ser supremo sobrenatural que criou e sustenta o universo.

Pode ser mostrado pela Bíblia que Jesus possui a natureza de Deus, então será mostrado que a Bíblia ensina que ele é Deus. A “natureza” se refere aos atributos, características e qualidades que fazem de alguma coisa o que ela é. São os traços essenciais que pertencem a alguma coisa. Se alguém é desprovido destes traços essenciais de divindade,essa pessoa não é Deus. Gálatas 4:8 se refere “àqueles que por natureza não são deuses”. Essas pessoas tinham adorado alguma coisa que não era Deus; esses ídolos não continham a essência da divindade. Conquanto seja impossível definir todos os atributos essenciais de Deus, e isso não esteja dentro do alcance deste estudo, algumas das características específicas que se ajustariam dentro desta categoria incluem a onipotência e a eternidade. Somente Deus é “Todo-Poderoso” e eterno, no sentido em que ele não teve princípio e não tem fim. Qualquer ser que possuísse esta característica seria certamente considerado divino. A questão é: são tais atributos atribuídos a Jesus Cristo na Bíblia? Este estudo responde afirmativamente, e procurará mostrar algumas das várias provas bíblicas da divindade de Jesus. Evidências de ambos, do Velho como do Novo Testamento, serão consideradas. 

O Velho Testamento

Para mostrar que Jesus é o Messias, é comum ir ao Velho Testamento para considerar as muitas profecias e alusões (mais de 300) a respeito do Messias. Depois, deve mostrar no Novo Testamento como Jesus cumpriu estas profecias. Algumas destas profecias incluem referências ao Messias como sendo divindade.

Isaías 9:6 se refere ao Messias como “Deus Poderoso” (El Gibbor). Em Jeremias 32:18, o nome de “Deus Poderoso” é identificado como “SENHOR (Yahweh) dos exércitos”. Alguns têm argumentado que “Deus Poderoso” não é o mesmo que “Deus Todo-Poderoso” e, portanto, Jesus não era realmente Yahweh. Jeremias responde essa questão. O “Deus Poderoso” é “Yahweh dos exércitos.”

“Yahweh” (Jeová ou Javé) é usado 6.800 vezes no Velho Testamento. É o nome mais precioso para Deus. “Jesus,” como abreviação de Jehoshua, significa “Jeová, o Salvador”. 
Para seus pais terrestres, foi dada a mensagem que seu filho se chamaria “Jesus” (Mateus 1:21). Isto não foi acidental. A Bíblia de fato ensina que Jesus era Yahweh feito carne (João 1:1,14). Considere as seguintes ligações bíblicas:

1. Isaías 8:13-14 se refere a Yahweh como aquele que se tornaria uma pedra de tropeço e uma rocha de ofensa. O Novo Testamento aplica isto a Jesus em 1 Pedro 2:8.

2. Isaías 40:3 fala daquele que viria diante de “Yahweh” no deserto. Isto é aplicado a João Batista quando preparava o caminho para Jesus, o Cristo (Mateus 3:3; Lucas 1:76; João 3:28).

3. Em Isaías 42:8, Yahweh fala da glória que pertence somente a ele, e que ela não seria dada a outro. Jesus pregou sobre a glória que ele partilhava com o Pai antes que houvesse mundo (João 17:5). Em Isaías 6 é relatada uma visão na qual Isaías viu Yahweh sentado em seu trono. João 12:36-41 registra que afirmações feitas por Isaías foram pronunciadas “porque ele viu sua glória, e falou dele”. No contexto, isto é claramente uma referência a Jesus. Isaías viu “sua” glória e falou “dele”, de Jesus. Isto liga Jesus a Yahweh.

4. Isaías 44:6 faz uma afirmação clara a respeito de Yahweh: “Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus”. Seria lógico que alguém que declarasse isto teria que ser Deus, ou teria que ser um mentiroso. O Novo Testamento atribui esta mesma frase, “o primeiro e o último”, a Jesus (Apocalipse 1:17-18; 2:8: 22:13-16). Estas referências ensinam que Jesus é Yahweh.

5. Salmo 102 começa uma oração a Yahweh. Uma parte desta mesma oração é aplicada a Jesus em Hebreus 1:10-12. Seria difícil conciliar como uma oração (ou mesmo uma parte de uma) feita a Yahweh pudesse ser assim aplicada a alguém que não é Deus.

Estas e outras referências tomadas juntamente provêem um apoio muito forte para a divindade de Cristo sendo ensinada pelo Velho Testamento. Não parece ser por acidente que tais ligações fossem feitas entre os Testamentos. Jesus não estava vindo a esta terra para ser só qualquer outro homem; ele estava vindo para ser o salvador do mundo. Definitivamente, somente o próprio Deus poderia preencher este papel. 

O que os relatos do Evangelho ensinam?

Os relatos do Evangelho não fornecem biografias completas da vida de Jesus. Eles, contudo, dão eventos relevantes, atos, declarações ensinamentos de Jesus enquanto ele vivia nesta terra. Portanto, é apropriado considerar o testemunho destes registros. Ensinam eles que Jesus é divindade? Nem todos os registros dão o mesmo destaque aos atos e ensinamentos que outros. Cada evangelho foi escrito por propósito pretendido e para uma audiência especial. Diferentes ângulos são considerados nos ensinamentos de Jesus, e diferentes fatos são enfatizados.

1. As declarações de Jesus. Conquanto Jesus não tenha feito nenhuma declaração explícita de que era Deus, ele de fato fez declarações que definitivamente o identificavam como Deus. Tomadas em conjunto, elas apóiam uma questão para o entendimento de Jesus, que ele é Deus.

a. Ele declarou ter uma relação inigualável com o PaiEle não declarou apenas crer ou amar a Deus; ele declarou que ele e o Pai eram um (João 10:30). Ele não se referiu a si mesmo como um filho de Deus, mas o Filho de Deus. João 5:17-18 registra uma ocasião quando Jesus tinha feito um milagre justamente no sábado. Ele disse aos judeus:“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. Isto enfureceu os judeus, por isso “ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. Eles entenderam que Jesus estava alegando ter uma relação com o Pai num sentido incomparável, e creram que isto era blasfêmia, pois ele estava “fazendo-se igual a Deus”.

b. Ele declarava ter autoridade para perdoar pecadosMarcos 2 registra quando Jesus, confrontado com um homem paralítico, simplesmente disse: “Filho, teus pecados são perdoados”. Os judeus pensaram que isto era errado, pois ninguém “pode perdoar pecados a não ser Deus somente”. De modo a provar que ele tinha autoridade para perdoar, Jesus curou o homem. O direito a perdoar pecados é um direito divino.

c. Ele se declarou sem pecado (João 8:29,46; 18:23). Outras passagens bíblicas apóiam esta declaração (Hebreus 4:15), que põe Jesus em nítido contraste com todos os outros, pois pecaram (Romanos 3:23).

d. Ele declarou ter autoridade para julgar o mundo (João 5:25-27). Ele disse que suas palavras haveriam de julgar no último dia (João 12:48). Ou ele se entendia como Deus, ou era o homem mais convencido e arrogante que jamais viveu.

e. Ele declarou falar as próprias palavras de Deus. Ele disse: “Minhas palavras não passarão” (Mateus 24:35). Ele colocou suas próprias palavras em igualdade com as palavras de Deus.

f. Ele declarou ser o único caminho para a salvação. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6). Não se pode ficar neutro diante de uma declaração como esta. Ela é estreita e exclusiva. Mais tarde, os apóstolos testemunharam que não há outro nome dado pelo qual podemos ser salvos (Atos 4:12). Se não, a Bíblia está afirmando salvação através de alguém que não tem direito a declarar ser o único caminho até Deus.

g. Ele declarou ser o Autor e Doador da vida. “O Filho do homem dá vida a quem ele quer” (João 5:21). Ele se chamou o “pão da vida” (João 6:48), e a “ressurreição e a vida” (João 11:25).

h. Jesus exigiu a mais alta lealdade da humanidade. Ele disse que seus seguidores têm que negar a si mesmos e segui-lo (Lucas 9:23). Ele disse a seus seguidores que eles têm que amá-lo acima de tudo o mais, incluindo membros da família (Lucas 14:26; Mateus 10:34-39). Se Jesus não pensasse que ele era Deus, o que mais poderia ele estar pensando?

i. Ele declarou cumprir todas as profecias do Velho Testamento a respeito do Messias. (Lucas 24:44). Considerando quantas profecias há sobre o Messias, esta é uma admirável declaração. Uma vez que, conforme já foi demonstrado, o Velho Testamento liga o Messias a Yahweh, então a declaração de Jesus de ser o Messias é também uma declaração de divindade.

j. Jesus declarou ser Deus. Ao falar aos judeus sobre Abraão, Jesus disse: “Antes que Abraão fosse, eu sou” (João 8:58). Isto levaria os judeus de volta ao tempo quando Yahweh falou a Moisés no arbusto ardente, declarando ser “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14). Por causa desta declaração os judeus pegaram pedras para atirar em Jesus, pois eles sabiam as suas implicações. Nesta afirmação, Jesus estava declarando existência eterna e auto-suficiência. Se ele não fosse Deus, então isto realmente seria blasfêmia.

Estas declarações demonstram o ensinamento bíblico que Jesus tinha uma consciência messiânica e divina. Rejeitar todas elas como sendo sobrepostas a Jesus por discípulos ulteriores não é consistente com a evidência, e retrata os discípulos ulteriores como sendo tão espertos e fraudulentos que se torna difícil imaginar. Estas declarações são sutis, ainda que fortes. Tomadas em conjunto, elas argumentam que Jesus declarou ser Deus.

2. As obras de Jesus. Não era suficiente para Jesus fazer declarações espetaculares. Ele precisava apoiar o que dizia. Este era o propósito das obras dele. Em João 5, Jesus afirmou que seu próprio testemunho, por si só, não seria válido. Ele defendeu-se apelando para outros testemunhos. Um destes testemunhos são as obras que ele realizava: “as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de que o Pai me enviou” (João 5:36). Nicodemos tinha vindo antes a Jesus e disse: “Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (João 3:2). Mais tarde, Jesus disse aos judeus: “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço, e não me credes, crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai” (João 10:37-38). João 20:30-31 afirma que as obras que Jesus fez tinham a intenção de acender a fé naqueles que sabiam delas. Pedro disse a alguns judeus no Pentecostes que Jesus era “varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis” (Atos 2:22). É impossível separar Jesus de suas atividades. Os milagres e as obras que Jesus fez são inseparavelmente ligados com sua vida na terra; e não podem ser rejeitados simplesmente por serem milagrosos.

Jesus fez diferentes tipos de milagres, mas podem todos ser classificados em três categorias: milagres sobre a natureza (p. ex., acalmando a tempestade), milagres de curas físicas (p. ex., curando o homem paralítico), e milagres de ressurreição (p. ex., Lázaro). Houve muitas testemunhas da maioria destes milagres. Mesmo os inimigos de Jesus os admitiam. O ponto aqui é que a Bíblia ensina que Jesus operou milagres de modo a apoiar suas declarações. Portanto, o que quer que seja que Jesus declarou, de acordo com a Bíblia, foi provado por suas obras. Desde que suas declarações implicam, direta ou indiretamente, que ele é Deus, então as obras que ele fez verificam isto e a proposição deste estudo é verdadeira: a Bíblia ensina a divindade de Jesus Cristo.

3. A aceitação de adoraçãoOutra importante prova bíblica da divindade de Jesus é sua aceitação de adoração. A Bíblia ensina que o único que deve ser adorado é Deus. O próprio Jesus reconheceu isto (Mateus 4:10). Conquanto seja possível para alguém que não é Deus aceitar adoração, a aceitação de adoração por Jesus mostra, pelo menos, que ele pensava ser divino. Muitos exemplos disto são dados nos relatos do evangelho (cf. Mateus 8:2; 9:18; 14:33; 28:9,17). Merecem observação especial três passagens do Novo Testamento ligadas com isto:

a. João 5:23. Jesus afirmou que todos deverão honrar o Filho (Jesus) exatamente assim como ele honrava o Pai. Se ele não pensasse que era Deus, então ele era culpado de blasfêmia. Esta afirmação sozinha demonstra o ensinamento bíblico da divindade de Jesus. Para que alguém declare que merece a mesma honra que o Pai, teria que ser Deus, ou teria que ser um mentiroso.
b. João 20:28. Depois da ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos. Tomé não estava presente no primeiro aparecimento, e duvidou que Jesus tivesse realmente sido visto. Quando Jesus apareceu novamente, Tomé viu e fez a seguinte afirmação a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus”. Não há indicação de que Jesus tentasse corrigir isto. Jesus aceitou esta adoração, tanto como a referência a sua divindade. De fato, ele respondeu a Tomé: “Porque tu me viste, acreditaste?” (20:29).
c. Hebreus 1:6. Referindo-se a Jesus, o texto diz: “Que todos os anjos de Deus o adorem”. Esta instrução é dada pelo Pai. A Bíblia mostra que os anjos sabiam que o único que poderiam adorar corretamente era Deus. (Apocalipse 19:10). Se lhes é dito por Deus para adorarem Jesus, então esta é uma clara implicação do ensinamento de que Jesus é Deus.

4. A ressurreiçãoSe há um evento no qual todo o ensinamento bíblico repousa, é a ressurreição. Pela ressurreição, Jesus foi “designado Filho de Deus com poder” (Romanos 1:4). Este é o único milagre na Bíblia que, se historicamente verdadeiro, valida a possibilidade de todos os outros milagres, e a história como registrada na Bíblia. Por esta razão, é uma das questões mais acaloradamente debatidas. Os revisionistas têm buscado várias explicações para o corpo de Cristo desaparecido do túmulo. “A ressurreição é excluída a priori do tribunal porque ela transcende tempo e espaço. Os historiadores têm então que arranjar outra razão para explicar as origens do cristianismo” (Woodward 65). 
Um estudioso do Novo Testamento argumentou que a ressurreição é uma “fórmula vazia” que precisa ser rejeitada por alguém que tenha um “ponto de vista científico” (Woodward 62). Assim, alguns, como Crossan, argumentam que o corpo de Jesus foi devorado por cães selvagens. Outros dizem que ele apenas pareceu estar morto. Outros argumentam que seu corpo apodreceu no túmulo, e que os discípulos foram à sepultura errada. Então alguns argumentam que os aparecimentos de Jesus foram somente experiências psicológicas, “um êxtase de massa”. É interessante que, na busca pelo Jesus “histórico,” estudiosos especulem sobre estas coisas para as quais eles não têm evidência histórica concreta, objetiva. Ainda assim, esperam que esqueçamos a evidência bíblica e aceitemos as especulações.

Contudo, como muitos outros argumentam, há forte evidência histórica para a declaração de Jesus de ser o Messias, e para sua ressurreição corporal (cf. Ostling e Towle 58). Para descartar definitivamente a evidência bíblica por causa da suposição de que milagres como a ressurreição não poderiam ter ocorrido reflete falta de investigação honesta de matérias históricas. Testemunhas oculares declaram ter visto Jesus vivo depois que ele tinha morrido. O corpo tinha sumido do túmulo depois do sepultamento, e “nenhuma explicação natural convincente é disponível para responder por este fato” (Craig 280). Na verdade, qualquer outra explicação envolverá necessariamente especulação, pois não há nenhuma evidência contemporânea primitiva crível que responda pelos fatos de outra maneira. Se alguém está indo buscar o Jesus histórico, então os registros do evangelho têm que ser trazidos para testemunho, pois não tem havido “nenhum dado novo sobre a pessoa de Jesus desde que os Evangelhos foram escritos” (Woodward 70).

A evidência histórica é suficientemente maciça para convencer o investigador de mente aberta. Por analogia com qualquer outro evento histórico, a ressurreição tem evidência eminentemente crível por trás dela. Para desacreditar, precisa-se deliberadamente fazer exceção às regras que se usam em toda parte na história. Agora, porque alguém haveria de querer fazer isso? (Kreeft e Tacelli 197).

A ressurreição atesta a identidade de Jesus. Ela declara, com poder, que Jesus foi o Filho de Deus (Romanos 1:4). A Bíblia usa a ressurreição para reforçar a crença em Jesus como o Filho de Deus. Os discípulos que ficaram grandemente desalentados com a morte de Jesus, ficaram convencidos de que Jesus se levantou e se mostraram, subseqüentemente, dispostos a morrer para pregar isso. De todos os milagres e notáveis eventos registrados na Bíblia, a ressurreição é o mais significativo. Se ela não aconteceu, então aqueles que dedicam suas vidas a Jesus fazem-no em vão (1 Coríntios 15:12-19). Se ela, de fato, aconteceu, “valida sua declaração de ser divino e não meramente humano, pois a ressurreição da morte está além do poder humano; e sua divindade convalida a verdade de tudo o mais que ele disse, pois Deus não pode mentir” (Kreeft e Tacelli 176).

Títulos atribuídos a Jesus

Jesus se refere a si mesmo por vários títulos, e outros escritores do Novo Testamento se referem a ele por vários descrições. Estas referências a Jesus demonstram uma alta Cristologia na Bíblia. Elas mostram tanto a concepção que Jesus faz de si mesmo como os pontos de vista de outros sobre ele. Esta parte discutirá quatro dos importantes e debatidos títulos, bem como descrições que foram usadas para Jesus, tanto nos relatos do Evangelho como nas epístolas.

1. Filho de DeusA Bíblia se refere freqüentemente a Jesus como o Filho de Deus. Ainda que Jesus não usasse isto para referir a si mesmo, ele de fato falou de tal modo que apoiaria seu entendimento de que ele era o Filho de Deus (João 5:17-19). Alguns tomaram a frase “Filho de Deus” para significar que Jesus era o “descendente” de Deus. Ela é usada, então, para dizer que a Bíblia ensina que Jesus foi um ser criado. Contudo, a frase “filho de” é aberta para diferentes significados na Bíblia. Ela pode significar “descendente”, porém não necessariamente em todo contexto. Ela pode também ter o significado de identidade, aquele que compartilha da mesma natureza ou exibe as mesmas características que outro. Por exemplo, Jesus se referiu a Tiago e João como “filhos do trovão” (Marcos 3:17). Ele falou de “um filho de paz” (Lucas 10:6). Judas foi mencionado como o “filho da perdição” (João 17:12). Portanto, “filho de” nem sempre traz uma idéia física, literal, de “descendente.”

Com respeito a Jesus, Filho de Deus significa “aquele que tem as características essenciais e a natureza de Deus” (Louw e Nida 141). Quando Jesus declarou ser o Filho de Deus, ele estava declarando ter uma relação inigualável com o Pai. Os judeus entenderam que Jesus quis dizer que ele era “igual a Deus” (João 5:17-18; 10:30-38). Assim, ao afirmar que Jesus é o Filho de Deus, está-se afirmando que Jesus compartilhou da mesma natureza que o Pai. Ele é, em essência, “Deus o Filho.” Jesus é o Filho de Deus naquele muito inigualável sentido que ele é uno com o Pai. Isso nada tem a ver com sua origem.

2. Filho do Homem. Jesus referiu a si mesmo freqüentemente como o “Filho do Homem”. Isso é usado cerca de 82 vezes nos Evangelhos. A primeira impressão que se tem do uso deste título é que ele identifica Jesus com a humanidade. A Bíblia ensina que Jesus era um humano real. “Filho do Homem” pode certamente implicar que Jesus compartilhava da natureza e caráter da humanidade. Parece, contudo, que isto não explica adequadamente a frase. Jesus nunca teve que provar que ele era humano, era óbvio ao se olhar para ele. 

Este uso do termo era uma auto-designação, mas parece haver aí mais do que isso. A evidência indicaria que a frase “Filho do Homem” também era messiânica por natureza. O melhor apoio para isto pode ser dado pelas afirmações messiânicas em Daniel 7:13-14, onde o Messias é retratado como um “Filho do Homem”, ou figura de aparência humana, a quem é dado “domínio, glória e um reino”. Isto prepara o ambiente para o uso do título por Jesus.

Jesus usou a frase “Filho do Homem” em diferentes situações. Primeiro, ele usou-a para falar de si mesmo quando cumpria seu ministério na terra (p. ex., Mateus 8:20; 11:19). Segundo, ele usou a frase para falar de si mesmo como sofredor nas mãos dos homens, que o maltrataram e o executaram (p. ex., Marcos 9:12, 31; Lucas 24:7). Terceiro, ele usou-a para se referir ao seu aparecimento em glória, como juiz supremo (p. ex., Mateus 16:27; 25:31; João 5:27). Jesus é tanto o “servo sofredor” como o juiz de toda a terra. Reymond observou:

“Não pode haver dúvida, então, que todos os quatro evangelistas, quando interpretados corretamente, pretenderam que seus leitores entendessem que Jesus é o Salvador do homem nos papéis de servo sofredor, que veio tanto para ‘buscar e salvar o perdido’ (Lucas 19:10), como ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos’ (Marcos 10:45; Mateus 20:28), bem como vinha como juiz e Rei escatológico” (Reymond 57).

3. Primogênito. A Bíblia se refere a Jesus como “primogênito” (Colossenses 1:15-18; Romanos 8:29). Este termo também é aberto a um par de significados. Ele poderia significar primogênito em tempo (Gênesis 27:19; Êxodo 11:5; Lucas 2:7). Neste sentido ele se refere ao primeiro filho nascido numa família. Alguns têm tomado este significado e concluído que o uso da palavra “primogênito”, com referência a Jesus, significa que ele foi o primeiro ser criado. Contudo, isto não se mantém. O termo “primogênito” também é usado para representar posição superior. Por exemplo, a Bíblia fala de “primogênito de morte”, significando a doença mais fatal e mortal (Jó 18:13). Isaías 14:30 fala de “primogênito dos desamparados”, significando aqueles que mais precisam de auxílio. Outras passagens usam o termo deste modo (Êxodo 4:22; Jeremias 31:9; Salmo 89:27). Nestes casos ele significa “preeminente”.
A respeito de Jesus, “primogênito” significa aquele que é primeiro e preeminente sobre todos. Jesus existia antes da criação, e é superior à criação (Louw e Nida 117). Ele é chamado“primogênito entre muitos irmãos”, o que se refere a posição e não a tempo (Romanos 8:29). Ele é chamado o “Primogênito dos mortos”, significando que ele foi o primeiro a ser levantado para nunca mais morrer (Apocalipse 1:5). Colossenses 1:15 deverá ser entendido como significando que Jesus é preeminente sobre toda a criação porque ele mesmo é o Criador. “A palavra enfatiza a preexistência e incomparabilidade de Cristo com sua superioridade sobre a criação. O termo não indica que Cristo foi uma criação ou um ser criado” (Reinecker 567). Portanto o título “Primogênito” mostra uma alta Cristologia; Jesus é superior a tudo. Isto demonstra ainda mais o ensinamento bíblico que o próprio Jesus é Deus.

4. Unigênito. A expressão “unigênito” (monogenes) aparece cinco vezes com referência a Jesus (João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9). Novamente, isto nada tem a ver com a decisão sobre se Jesus é ou não um ser criado. É uma outra afirmação da posição ímpar mantida por Jesus. Em cada caso, ela significa “único” ou “só”: “pertencente ao que é único no sentido de ser o único da mesma qualidade ou classe” (Louw e Nida 591). Por esta razão, a Nova Versão Internacional explica, numa nota sobre João 3:16, que “unigênito” indica “único”. O mesmo termo é usado para Isaque, como o “único” filho (Hebreus 11:17). Isto lança luz sobre o significado do termo. Isaque não era o “unigênito” de Abraão em sentido estrito, literal. Nem Isaque era o filho primogênito em tempo. Contudo, Isaque ocupou uma posição singular e superior como o “único” filho da promessa de Abraão. Por esta razão, Isaque foi o único filho de seu tipo, e o termo pode ser usado adequadamente para ele. Isto é o que o termo significa com referência a Jesus. Ele foi o Filho único de Deus, o único de sua qualidade. É um título de posição, e não de origem.

Há outros termos aplicados a Jesus que são significantes. Por exemplo, Jesus é chamado “o resplendor da glória” de Deus e “a expressão exata de seu ser” (Hebreus 1:3). Jesus não era apenas um reflexo de Deus; a glória de Deus resplandecia através dele de tal modo que quando se via Jesus, via-se Deus (cf. João l4:9-11). Estes termos não poderiam ser corretamente aplicados a alguém que fosse um homem comum. Se eles forem aplicados adequadamente, eles implicarão que o próprio Jesus é Deus. Todos esses termos tomados conjuntamente demonstram a alta Cristologia da Escritura. O ensinamento uniforme é que Jesus foi Deus manifestado em carne.
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Fonte:http://www.estudosdabiblia.net/2004219.htm

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Arrependimento tardio

25.02.2015
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Rick Liggin

Os amorreus, que antes tinham possuído a terra de Canaã, eram um povo extremamente corrupto. Tão perverso, de fato, que Deus os tinha tirado da terra para dá-la ao seu próprio povo, a nação de Israel. Mas agora, uns quinhentos anos mais tarde, sob a influência de um homem, o reino do sul em Israel (Judá) tornou-se ainda mais corrupto do que os amorreus jamais tinham sido. Quem foi este homem que teve uma influência tão terrível em Judá? Foi o rei Manassés.

Manassés tinha 12 anos de idade quando se tornou rei de Judá, e seu reinado durou 55 anos. Foi dito que ele fez o que era mau à vista do Senhor, de acordo com as abominações das nações que o Senhor tinha desapossado diante dos filhos de Israel (2 Reis 21:2). A lista dos seus pecados é repulsiva, até mesmo para aqueles que não se preocupam muito com Deus. Ele se envolveu em todos os tipos de adoração idólatra, incluindo a de sacrifício humano. Ele até fez passar pelo fogo alguns dos seus próprios filhos “como oferta no vale do filho de Hinom” (2 Crônicas 33:6). Ainda mais, ele “derramou muitíssimo sangue inocente, até encher Jerusalém de um ao outro extremo” (2 Reis 21:16). Em conseqüência dos seus pecados, Deus fez com que Manassés fosse levado embora com ganchos, amarrado com cadeias, para o cativeiro assírio (2 Crônicas 33:11).

Então Manassés se arrependeu! Sim, creia ou não, no cativeiro ele realmente se humilhou grandemente diante de Jeová e pediu a misericórdia de Deus (2 Crônicas 33:12-13). Tão genuíno foi seu arrependimento que Deus realmente permitiu-lhe retornar a Jerusalém para terminar seu reinado. E quando voltou para Jerusalém, ele completou seu arrependimento removendo todos os ídolos, restaurando a verdadeira adoração de Deus e ordenando à nação que servisse a Jeová novamente (2 Crônicas 33:14-16).

Mas, tristemente, o arrependimento do próprio Manassés não afetou o coração de seu filho, nem mudou o coração da nação em geral. Os muitos anos de sua perversa influência simplesmente tinham sido demasiadamente fortes para se agarrarem ao povo. A evidência disto é muito clara: quando Manassés morreu, foi dito que “Amom, seu filho, reinou em seu lugar... Fez o que era mau perante o SENHOR, como fizera Manassés, seu pai” (2 Crônicas 33:20-22). Ainda que o próprio Manassés tivesse uma mudança de coração, seu arrependimento tardio na vida não pôde desfazer todo o terrível dano já causado pelo seu envolvimento anterior com depravada impiedade.

Não há, nisto tudo, uma lição para nós? Há, com toda certeza! Quando decidirmos passar uma boa porção da nossa vida perseguindo ativamente feitos perversos e licenciosos, não fiquemos surpresos se isso afetar tragicamente outros em volta de nós. Nossa recusa a fazer o bem influenciará outros, incluindo nossa própria família! E ainda que possamos nos arrepender tardiamente na vida, não poderemos desfazer o dano que já causamos! Sim, alguém poderá seguir nossos passos e afastar-se de seus pecados também. Mas centenas de outros jamais sequer saberão de nosso arrependimento e quase certamente nunca mudarão. E, quão partido nosso coração estará, se algumas das perdas forem de membros de nossa família, talvez até nossos próprios filhos! Agora é hora de pôr ponto final em qualquer má influência que possamos ter sobre outros. Tardio na vida pode ser tarde demais!
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Fonte:http://www.estudosdabiblia.net/2002312.htm

Fidelidade e compromisso com Cristo

25.02.2015
Do blog  ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Joel Oliveira Pinto

Deus manifestou maravilhas ao povo de Israel, mostrando o caminho e dando ao povo uma terra preciosa. O povo presenciou todos os milagres de Deus feitos por intermédio de Moisés, provando assim a Faraó e ao povo egípcio quem verdadeiramente era o Senhor dos exércitos. Deus foi longânimo e paciente e, mesmo assim, Israel virou as costas várias vezes ao Senhor. O Senhor escolheu Israel porque o amava e para cumprir a promessa feita a Abraão (Gênesis 12:7).

Deus sempre amou seu povo e quis o seu bem. Aos que cumprem os seus mandamentos, Deus é fiel. Mas aqueles que não ouvem a sua palavra, Deus os faz perecer (Deuteronômio 7:9-10).

No capítulo 7 de Deuteronômio, Deus faz admoestações para que Israel não se desviasse novamente do seu caminho. Deus apresenta vários conselhos para o povo sobre respeitocumprimento de cada estatuto dado nos versículos 1 ao 5.

Deus deixa bem claro no versículo 11 que eles deveriam guardar os mandamentos, ou seja, eles tinham que ouvir e cumprir aquilo que estava sendo dito.

Deus firma nova aliança com Israel

A antiga aliança foi dada com um propósito limitado (Gálatas 3:21-25), e o povo, pelos seus pecados e infidelidade, não continuou nela. O Senhor anunciou uma nova aliança, que seria inscrita nos corações: “Porque esta é a aliança que firmei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:33).

A lei do Senhor já não está escrita em tábuas de pedra, mas em corações humanos (2 Coríntios 3:3). A nova aliança é como uma fonte de esperança para seu povo, trazendo perdão pelos pecados, além de ser eterna.

Todas as profecias em relação à nova aliança apontam diretamente para Cristo, e todas se cumprem no nome que está acima de todos. “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome...” (Filipenses 2:9).

A nova aliança foi constituída somente por meio do sangue de Cristo (Lucas 22:20). Somente através do seu sangue temos a indulgência dos nossos pecados, e não há outra forma de chegarmos na presença do Deus vivo. Devemos reconhecer a importância do sacrifício de Cristo, pois é o sangue de Cristo que “purificará a nossa consciência de obras mortas...” (Hebreus 9:14).

Nossa aliança com Deus nos compromete a sermos servos fiéis. Estaremos eternamente ligados com Cristo se permanecermos firmes na nossa aliança. De primeira mão tínhamos apenas os nossos próprios pecados, mas enquanto estávamos nesta condição Deus nos ofereceu a vida que é Jesus. E não há salvação em outro nome, a não ser o de Cristo (Atos 4:12).

Jesus Cristo, ao sofrer e morrer por nós, nos deu a vida, estando nós mortos. Éramos escravos e sujeitos ao pecado e estávamos sob a ira de Deus. Mas por causa do grande amor de Deus, ele nos transportou do império das trevas para o amor de Cristo (Colossenses 1:13).

A aliança de Deus com Davi

Davi vê Deus como a Rocha de Israel. Ele lembra de sua aliança feita com o Senhor, aliança eterna e segura. O compromisso que Davi fez com Deus não foi esquecido, a decisão de Davi estava dentro do seu coração e mesmo na sua morte suas últimas palavras foram: “Pois estabeleceu comigo uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura” (2 Samuel 23:5). Deus é fiel conosco, também. Como Davi, nós podemos olhar para a eternidade com confiança na aliança eterna que nós dá a esperança da vida eterna.
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Fonte:http://www.estudosdabiblia.net/200428.htm

terça-feira, 1 de julho de 2014

Enfrentando Nossas Dúvidas

01.07.2014
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Dennis Allan

Injustiça, tristeza e calamidade estão ao nosso redor, frequentemente atingindo as nossas próprias vidas. Pessoas boas e até crianças inocentes sofrem de doenças graves. 

Acidentes e assaltos tiram vidas de jovens, apagando os planos de suas vidas promissoras. Traições por parte de outros causam danos enormes nas vidas de suas vítimas. Sem dúvida, o mundo está cheio de injustiça.

Devido à dor da vida terrestre, muitas pessoas duvidam da bondade de Deus e até negam a sua existência. Frequentemente ouvimos o triste comentário: “Eu não consigo acreditar num Deus que permitiria acontecer tal coisa”. Estas dúvidas, até crises de fé, são comuns.

Um bom exemplo que nos ensina como lidar com as nossas próprias dúvidas se encontra no Salmo 73. Antes de examinar a mensagem, observe a estrutura do Salmo. Duas expressões marcam transições importantes nos pensamentos de Asafe, o salmista. As palavras “Com efeito” iniciam os versículos 1 e 13. A expressão “Quanto a mim” aparece nos versículos 2 e 28.

“Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo” (1). Asafe começa com a sua crença fundamental sobre a bondade de Deus para com os justos. É isso que ele acreditava, e que queria afirmar neste Salmo. Deus cuida dos justos e os trata bem.

“Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés, pouco faltou para que se desviassem os meus passos” (2). Asafe queria acreditar na bondade de Deus, mas não foi fácil. Ele explica, dos versículos 2 a 12, os motivos de sua crise espiritual. Viu os perversos prosperando enquanto pessoas justas sofriam. Asafe quase desistiu. “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência” (13). A conclusão de sua própria experiência contrariou totalmente a sua tese original (14). Asafe chegou ao fundo do poço e não viu motivo para servir a Deus.

Mas, espere aí! No versículo 2, ele usou as palavras quase e disse que pouco faltou. O que segurou Asafe para que não caísse totalmente da fé? A resposta vem nos versículos críticos deste Salmo: “Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos. Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles” (15-17). Observamos três fatos importantes nestes versículos:

(1) Asafe teve o bom senso de não expor as suas dúvidas aos mais fracos (15). A fé de incontáveis pessoas tem sido ameaçada por palavras irrefletidas de pessoas que parecem mais maduras. Devemos falar “unicamente a que for boa para edificação” (Efésios 4:29).

(2) Ele reconheceu as suas próprias limitações (16). Nós devemos abordar qualquer assunto que envolve as obras de Deus com humildade. Jamais compreenderemos todas as suas obras (Eclesiastes 8:17), e ele não tem obrigação de nos revelar tudo (Deuteronômio 29:29). Os pensamentos de Deus são muito superiores aos nossos (Isaías 55:9).

(3) Ele resolveu o seu problema de fé quando buscou ao Senhor (17). O problema não foi resolvido pela ciência, pela lógica, nem pela filosofia humana. Ele jamais resolveria suas dúvidas alimentando a amargura ou deixando se levar pelas suas emoções (21-22). Mesmo sendo incapazes de compreender toda a sabedoria de Deus, podemos aprender a confiar nele: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro...” (25; veja João 6:68). Quando Asafe olhou para a própria experiência de vida, ele quase perdeu a sua fé. Mas, quando pensou na perspectiva eterna de Deus, ele viu que a justiça prevaleceria (17-20,27).

“Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus ponho o meu refúgio” (28). Asafe enfrentou as suas dúvidas, achou as respostas necessárias em Deus, e restabeleceu a sua fé. De fato, é bom estar com Deus, porque ele “é bom para como . . . os de coração limpo” (1).
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Fonte:http://www.estudosdabiblia.net/jbd006.htm

terça-feira, 17 de junho de 2014

O Salvador que sempre busca

16.06.2014
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Paul Earnhart 

“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: ‘Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.’ Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15:8-10).

Nesta segunda de três parábolas que Jesus usou para justificar sua graciosa busca de pecadores ele usa o mesmo argumento da vida ordinária que na parábola da Ovelha Perdida. “Qual é a mulher...?” Sabemos, ele diz, o que faria qualquer mulher que tenha perdido uma moeda de prata em sua casa. Ela esquadrinharia toda a casa, virando-a de pernas para o ar, até que encontrasse a moeda perdida.

É importante para nós, ao pensarmos nesta parábola, não imaginar que estamos lidando com alguma mulher rica, ou que a moeda é semelhante em valor às nossas modernas. A moeda perdida era um drachma grego, igual ao denarius romano, e equivalente a um dia de salário no mundo antigo (Mateus 20:1-2). Teria sido uma perda séria para o lar médio num mundo onde a existência era frequentemente da mão para a boca e uma moeda era a diferença entre a sobrevivência e o desespero. Justamente num tal lar Jesus tinha nascido e sido criado. Mesmo em nossa comparativa abundância há poucos de nós que não rebuscariam nossas casas diligentemente para encontrar uma soma de dinheiro equivalente a um dia de renda mal colocada, e que não se sentiria alegre e aliviado quando ela fosse recuperada.

Alguns têm especulado que a moeda perdida possa ter sido uma das dez moedas de prata costumeiramente dadas por um noivo como enfeite da testa para sua noiva. Tal moeda teria obviamente um valor sentimental, bem como prático. Sua perda se compararia à perda de um anel de noivado, que guarda simbolicamente dentro dele todas as promessas lembradas e a alegria de um casamento. Desta possibilidade podemos apenas dizer que nada na parábola proíbe dizer ou estabelecer isso.

O foco da Parábola da Moeda Perdida como o da Ovelha Perdida está na preocupação natural por coisas perdidas e a alegria de recuperá-las. Não há justificação para fazer alegoria desta história que, tomada como é, expõe o ponto de Jesus admiravelmente. Imaginações férteis têm visto a mulher (ou a casa) como um símbolo para a igreja; a lâmpada como uma figura da Palavra de Deus, e a varrição da casa como um sinal para a perturbadora obra do Espírito Santo. Como Buttrick observou, concernente a algum tratamento de Trench da parábola, “é uma alegoria que podemos alegremente ignorar”.

É perigoso forçar a interpretação de todos os pormenores desta parábola. Uma moeda inanimada, perdida devido a descuido ou infelicidade de outros, obviamente não simboliza perfeitamente um homem animado e de livre arbítrio. Apanhado no próprio erro sobre o qual ele adverte, Buttrick escreve extensamente sobre pessoas que são perdidas porque nasceram em circunstancias cruéis e não podem deixar de estar onde estão. Nada poderia estar mais longe da mente do Senhor. Ele está apelando para um arrependimento que, ainda que leve a misericórdia, exige inequívoca aceitação da responsabilidade pelas próprias transgressões (Lucas 13:3-5). Como pode alguém se afastar daquilo que não escolheu?

Esta parábola, como a anterior, não é apenas sobre a divina misericórdia mas sobre o desejo insaciável no coração de Deus por todo pecador, o sentido de perda que o faz buscar. Esta misericórdia é mais do que disponível, é apaixonada em sua determinação de recuperar cada pessoa cujo pecado lha tem negado. Francis Thompson retrata esta busca incessante em seu poema muito pessoal, O Caçador do Céu.

Dele fugi, noites e dias adentro;
Dele fugi, pelos arcos dos anos;
Dele fugi, pelos caminhos dos labirintos
De minha própria mente; e no meio de lágrimas
Dele me ocultei, e sob riso incessante.
Por sobre esperanças panorâmicas corri;
E lancei-me, precipitado,
Para baixo de titânicas trevas de temores abissais,
Para longe daqueles fortes Pés que seguiam, seguiam após mim.
Mas com desapressada perseguição,
E com inabalável ritmo,
Deliberada velocidade, majestosa urgência,
Eles marcavam os passos - e uma Voz insistia
Mais urgente que os Pés -
"Todas as coisas traem a ti, que traíste a Mim”.

Como Barclay observou, nenhum fariseu tinha jamais sonhado com um Deus como esse. Um que talvez fosse misericordioso para os bons que vinham implorar caminhos merecidos, mas certamente não alguém que fosse em busca dos indignos patifes da sociedade. Mas não havia nada nos modos de Jesus que os fariseus não pudessem ter antecipado se eles jamais tivessem verdadeiramente entendido o Deus do Velho Testamento, sobre o qual eles tinham durante tanto tempo caducado. Do jardim do Éden ao último apelo lamentoso dos profetas, ele tinha estado em incessante procura de seu povo perdido, ainda que triste seja seu estado, ainda que indiferente sua resposta. Diferente da mulher da parábola, Jesus nunca recuperará todos os que estão perdidos para ele, mas nunca será por falta de busca e procura.

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Fonte:http://estudosdabiblia.net/2005117.htm