Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador vida com Deus. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vida com Deus. Mostrar todas as postagens

domingo, 13 de abril de 2014

Todo Dia Com Jesus

13.04.2014
Do portal CONHEÇA A JESUS

Mateus 1:1-17

A voz dos profetas não tinha sido ouvida durante quatrocentos anos. Mas agora chegara para Deus "a plenitude do tempo" (Gálatas 4:4). Ele falará "pelo Filho" e revelará ao Seu povo, ao mundo, bem como a cada um de nós pessoalmente, a boa nova do evangelho (Hebreus 1:1-2). Esta se resume em poucas palavras: a dádiva desse Seu Filho.

Mas como podemos, com nossa mente limitada, chegar ao conhecimento de tal Pessoa? Para que isso se tornasse possível, Deus nos proveu quatro evangelhos, os quais nos permitem considerar, sob diferentes aspectos, a glória de Seu Filho. É como realçar um objeto de valor, iluminando-o de perspectivas diferentes.

Mateus é o evangelho do Rei. Aqui uma genealogia é necessária para situar o Messias dentro do cenário das promessas feitas a Abraão e comprovar de maneira irrefutável Seu título de Herdeiro do trono de Davi (Gálatas 3:16; João 7:42). Desta longa lista, há alguns nomes mal afamados (Acaz, Manassés, Amon...), que não foram apagados. Antes de revelar o Salvador, Deus mostra uma vez mais que em todas as gerações, quer se trate de um patriarca (Abraão), de um rei (Davi, Salomão), etc) ou de uma mulher pouco recomendável (Raabe), todos necessitam da mesma salvação e do mesmo evangelho. Você também, querido leitor.
****
Fonte:http://www.ajesus.com.br/todo_dia_com_jesus/novotestamento001.html

segunda-feira, 31 de março de 2014

Loucura da fé? Ou a loucura de não ter Deus?

31.03.2014
Do portal GOSPEL PRIME
ARTIGOS
Por Victor dos Santos*

A loucura da fé? Ou a loucura de não ter Deus?Efésios 5:17 “Não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade de Deus”

A pessoa insensata que Paulo esta falando nesse versículo é aquela que não usa o bom senso, aquela pessoa sem juízo. No capítulo 5 de sua carta, Paulo tenta mostrar ao seus leitores que todos devem andar em amor, assim como Cristo nos amou, pois todos fazem parte do reino de Deus, todos eles eram um povo do Senhor. 

Sendo assim, Paulo aconselha as pessoas a não viverem como insensatos, de qualquer maneira e sem juízo, mas deveriam procurar compreender qual era a vontade de Deus.

Muitos de nós temos a característica do insensato, pois o insensato se preocupa com o seu “eu” tentando levar a vida de sua maneira, ele tem uma característica egoísta, chega a fazer loucuras e perder o juízo pelo fato de querer que as coisas aconteçam da forma que ele deseja ou acredita ser certa. A pessoa insensata não consegue ver Deus, pois quando focamos nossa olhar em um único ponto, não percebemos as coisas que estão ao nosso redor, o insensato olha tanto para ele e para a sua opinião, que não consegue ver Deus.

Em Provérbios 12:15 diz “O caminho do insensato parece-lhe justo”. Paulo pediu para as pessoas não serem insensatas por temer que elas deixassem a razão e o egoísmo falar mais do que a fé, levando as pessoas a confiar mais em si mesmas do que acreditar em Deus.

Muitos podem pensar que “loucos” são os que tem fé, pois acreditam mesmo sem ver, mas foi essa “loucura da fé” que Deus escolheu para salvar as pessoas. Em 1 Corintios 1:21 e 27 diz “Deus escolheu salvar os que creem por meio da loucura do evangelho… Para envergonhar os sábios, Deus escolheu aquilo que o mundo acha loucura”

Para alguns a fé é loucura! Para outros, viver sem Deus é loucura! Qual a loucura você irá escolher? Tenho que dizer, se você escolher a insensatez de viver sem Deus, você estará pondo a confiança em si mesmo, uma pessoa falha e limitada, estará escolhendo a própria razão que não sabe explicar nem o porque existimos nessa terra, é uma loucura “bem tola” acreditar em nós mesmos, eu não confiaria em mim, você sabe tanto para confiar em você? 

Temos a outra opção de aceitar viver a loucura da fé, essa te dará o caminho aberto para os planos de Deus. O insensato não consegue compreender a vontade do Senhor, apenas a sua própria vontade, mas o que aceita a loucura da fé consegue ter um relacionamento com seu criador, consegue entender a vontade de Deus.

A fé te levará a entender os planos do Senhor, Ele é criador e só quem cria sabe o propósito de sua criação, somente em Deus você entenderá o porque está nessa terra, qual é o propósito de sua vida, porque as vezes ganhou e as vezes perdeu, tudo começou com Deus e irá terminar com Deus, sendo assim, a loucura da fé, por mais que pareça estranha, é a forma que Deus escolheu para quebrar nosso ego e nossa razão, nos fazer voltar para um Deus que nos criou, realizando um propósito em nós e através de nós. A loucura da fé é a sabedoria de Deus!

Eclesiastes 12:1 “Lembra-te do teu criador” / Efésios 5:17 “Não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade de Deus”

Deus abençoe.

Victor dos SantosVictor dos Santos, 19 anos, mora em Santo André-SP. Bacharel em Logística e cursando teologia na Universidade da Bíblia.

1 João 2:14 "Jovens, eu lhes escrevi, porque vocês são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o Maligno. "



*****
Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/loucura-fe-loucura-nao-deus/

Autoridade do crente

31.03.2014
Do portal VERBO DA VIDA, 27.03.14
Por Jannayna Albuquerque
O título desta matéria do Rhema Brasil, “Autoridade do crente”, já fala muito por si mesmo. É uma matéria que vem em oito dias de aulas explicar o que significa a autoridade que o Senhor deu a igreja, o que Jesus deixou para nós.
Se Jesus só tivesse vindo nos salvar, levar os pecados e as enfermidades já estava bom demais, só que, quando Ele foi embora, a igreja ficou na terra e Ele sabe que há um adversário que quer machucar a igreja, já que não pode machucar Deus. E ele sabe que machucando a igreja ele ofende Deus diretamente.
Por isso, seria muito injusto Jesus ter realizado toda essa obra e depois não ter deixado armas para lutarmos aqui embaixo, para nos manter firmes e para mantermos o que Ele conquistou na cruz. Então, é exatamente aí que entra a autoridade. Ele não somente salvou o homem, levando seus pecados e doenças, mas deixou o homem aqui embaixo resguardado para ficar firme contra o inimigo.
Ele nos deixou o Seu Nome. A Bíblia diz que o Nome de Jesus está acima de todo nome e que ao Nome de Jesus se dobrará todo o joelho no céu, na terra e debaixo da terra.
Então, quando você e eu crente usamos o nome de Jesus é como se fosse o próprio Jesus falando com Satanás. Você vê nos Evangelhos que Jesus nunca repreendeu Satanás pelo nome dele mesmo. Ele nunca precisou dizer: Eu lhe repreendo em nome de mim mesmo, porque Ele era o próprio. Jesus apenas dizia: Saia. E ele saia.
Então, quando nós falamos: “Eu lhe repreendo em nome de Jesus”, é como se fosse o próprio Jesus dizendo: Sai Satanás. Aí ele tem que ceder.
A “Autoridade do crente” vem mostrar para você que satanás realmente tem medo desse nome. Nessa matéria, você vai conhecer os critérios para usar o nome. Não é apenas ser nascido de novo, tem que ter um coração limpo, tem que conhecer a autoridade que tem, precisa ter conhecimento sobre o assunto, enfim, tem que ter uma vida condizente, senão o nome não vai funcionar.
Em “Autoridade do crente”, nós conhecemos o que realmente aconteceu conosco, entendemos realmente o que significa uma “batalha espiritual”. Às vezes, as pessoas querem batalhar contra satanás como se elas tivessem mais autoridade do que Deus, mas existem coisas que o próprio Jesus já fez, precisamos entender que, se a humanidade pudesse fazer, Jesus não teria vindo. Jesus já fez, exatamente porque nenhum ser humano poderia fazer. A nossa questão agora é só manter o que Jesus conquistou na cruz.
Essa é a verdadeira “batalha espiritual”, ou como está registrado na Bíblia: o bom combate da fé.
Eu aconselho que cada um descubra, se interesse, deseje, mantenha seu coração ardendo para entender o que foi dado a você gratuitamente além de ser salvo, de morrer e não ir mais para o inferno, há mais benefícios, bênçãos que lhe pertencem neste “pacote da salvação”. Nós precisamos conhecer isso. Por isso, eu encorajo cada pessoa a estudar no Centro de Treinamento Bíblico Rhema Brasil mais próximo. O conhecimento da Palavra de Deus irá transformar a sua vida.
* Jannayna Albuquerque é diretora do Rhema Brasil em Campina Grande-PB
*****
Fonte:http://noticias.gospelprime.com.br/50-personagens-biblicos-arqueologia/

domingo, 30 de março de 2014

É enorme a força da oração!

01.04.2014
Do portal ULTIMATO ON LINE, 30.03.14
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por ELBEN CÉSAR

 domingo
 A oração de uma pessoa obediente a Deus tem muito poder. (Tg 5.16c)

É perfeitamente possível sentir-se relaxado durante a oração e depois dela, mas a oração é muito mais do que um exercício mental. Ela tem um valor enorme em muitos aspectos da vida cristã. Tiago afirma que a oração tem muito poder. Muitos crentes têm na lembrança a versão mais conhecida: “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”.

Foi por causa da oração de Abraão que Deus se dispôs a poupar Sodoma e Gomorra caso houvesse pelo menos dez pessoas arrependidas (Gn 18.30). Foi por causa da oração de Isaque que Rebeca engravidou e deu à luz os gêmeos (Gn 25.21). Foi por causa da oração de Jacó que Esaú e seus quatrocentos homens armados não tocaram nem num fio de cabelo dele, de suas quatro esposas e de seus doze filhos (Gn 33.4). Foi por causa da oração que Ana obteve a mesma bênção de Sara, Rebeca, Raquel e a mulher de Manoé (1Sm 1.17). Foi por causa da oração que o rei Ezequias escapou da morte avisada e viveu mais quinze anos (2Rs 20.5). Foi por causa da oração da igreja que as correntes que mantinham Pedro preso se soltaram e ele pôde sair da prisão (At 12.5-8). E assim por diante: ontem, hoje e amanhã.

A oração tem muito poder, muita força, muita eficácia, mas não é uma coisa tão fácil como pode parecer. Tiago toma todo cuidado para não baratear a oração. Ele não diz simplesmente: “A oração tem muito poder” omitindo as palavras “de uma pessoa obediente a Deus” ou “de um justo”. O segredo da oração que Deus ouve não é mencionado apenas por Tiago. O salmista recorda: “Se eu tivesse guardado meus pensamentos no coração, o Senhor não me teria ouvido” (Sl 66.18). A oração bem-sucedida depende de uma estreita comunhão com Cristo: “Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês, vocês receberão tudo o que pedirem” (Jo 15.7). Tiago destaca ainda outros elementos da oração: ela precisa ser assídua, fervorosa, insistente e perseverante.

– A oração força o exercício da piedade e da disciplina pessoal!

>> Retirado de Refeições Diárias com os Discípulos. Editora Ultimato.
******
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2014/03/30/autor/elben-cesar/e-enorme-a-forca-da-oracao/

sábado, 15 de março de 2014

Para obter o apoio de Deus

15.03.2014
Do portal ULTIMATO ON LINE
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por Elben César

sábado

Deus é contra os orgulhosos, mas é bondoso com os humildes. (Tg 4.6)
Tiago recorre ao livro de Provérbios para condenar a soberba. A escolha não podia ser mais apropriada. Não há outro livro mais taxativo quando o assunto é a soberba. Entre as quase trinta referências à soberba encontradas nos Provérbios de Salomão, destacam-se:
“Eu odeio o orgulho e a falta de modéstia” (8.13).
“O orgulhoso será logo humilhado; mas com os humildes está a sabedoria” (11.2).
“A pessoa prudente esconde a sua sabedoria” (12.23).
“O orgulho só traz brigas” (13.10).
“O tolo orgulhoso sofre por causa das coisas que diz” (14.3).
“O Senhor Deus derruba a casa dos orgulhosos” (15.25).
“O Senhor detesta todos os orgulhosos; eles não escaparão do castigo, de jeito nenhum” (16.5).
“O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça” (16.18).
“A pessoa orgulhosa está a caminho da desgraça, mas a humilde é respeitada” (18.12).
“Os maus são dominados pelo orgulho e pela vaidade, e isso é pecado” (21.4).
“Mande embora a pessoa orgulhosa, e acabarão os desentendimentos, as discussões e os xingamentos” (22.10).
“Quando você estiver diante das autoridades, não se faça de importante” (25.6).
“Ninguém se elogie a si mesmo; se houver elogios, que venham dos outros” (27.2).
“O orgulhoso acaba sendo humilhado, mas quem é humilde será respeitado” (29.23).
“Há pessoas que são tão orgulhosas, que olham os outros com desprezo” (30.13).
–O que vale é o elogio alheio e não o elogio próprio!
>> Retirado de Refeições Diárias com os Discípulos. Editora Ultimato.
****
Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2014/03/15/autor/elben-cesar/para-obter-o-apoio-de-deus/

quarta-feira, 5 de março de 2014

A lei da semeadura

05.03.2014
Do portal GOSPEL PRIME
Por Sidnei Osvaldo Ferreira

A lei da semeaduraA lei da semeadura

A lei da semeadura

Introdução: A lei da semeadura segue a uma ordem natural da vida que foi estabelecida por Deus para todo o sempre: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão”. (Gn 8.22). Precisamos entender essa lei e observar atentamente a seus princípios, baseando-nos sempre no fato, de que podemos até escolher o que semeamos, mas sempre seremos obrigados a colher dos mesmos frutos.
                  I.            O princípio da atitude:
A – Semear exige iniciativa:
“Quem observa o vento, não semeará e o que atenta para as nuvens não colherá”. (Ec 11.4).
 B – Semear exige dedicação:
 “Pela manhã semeia a tua semente e à tarde não retenhas a tua mão, pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas”. (Ec 11.6).
 C - Semear exige perseverança:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” (Gl 6.9).
              II.            O princípio do tempo:
 A – Existe um tempo de investimento:
“Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer produz muito fruto”. (Jo 12.24).
 B - Existe um tempo de sacrifício:
“Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão, quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo seus feixes”. (Sl 126.5,6).
 C - Existe um tempo de recompensa:
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu… tempo de semear e ceifar”. (Ec 3.1-2).
           III.            O princípio da compensação:

 A – A compensação depende da qualidade do terreno.
“… eis que o semeador saiu a semear. E outra caiu em boa terra, e deu fruto…”. (Mt 13. 3b;8a).
 B – A compensação depende da qualidade da semente:
“… aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna”. (Gl 6.9).
 C - A compensação depende da proporcionalidade das sementes:
“Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará” (II Co 9.6).
 Conclusão: O Reino de Deus é um reino de legalidades, regido por princípios vigentes e irrevogáveis. De modo, que os frutos que ceifaremos no futuro dependem tão somente das sementes que estamos lançando no presente.
*****
Fonte:http://estudos.gospelprime.com.br/lei-semeadura/

Baldes cheios de lágrimas

05.03.2014
Do portal ULTIMATO ON LINE
Por Elben César

quarta-feira

Agora, ricos, escutem! Chorem e gritem pelas desgraças que vocês vão sofrer. (Tg 5.1)
Tiago se sente na obrigação de avisar: uma carga enorme de angústias, calamidades, desgraças, desventuras e misérias está para chegar aos ricos. Naturalmente, não é para todos os ricos. Esse pacote vem para os ricos que enriqueceram de maneira duvidosa, criminosa ou injusta. Para os ricos que não pagam salários justos nem no dia certo. Para os ricos que mentem, brigam e matam. Para os ricos que deixam os Lázaros da vida tirando restos de comida de suas latas de lixo. Para os ricos que exploram a terra e danificam a criação de Deus. Para os ricos latifundiários e acumuladores de dinheiro (Is 5.8). Para os ricos sovinas do tipo de Nabal, incapazes de socorrer um grupo de errantes que está passando necessidade (1Sm 25.10-11). Para os ricos corruptos do tipo do rei Acabe, que calunia e manda matar o vizinho de seu palácio só para ficar com a plantação de uvas dele (1Rs 21.14).
Para os ricos do tipo daquele rico da parábola de Natã, que tomou a ovelha de estimação do vizinho pobre para dar de comer ao seu próprio hóspede (2Sm 12.2-4). Para os ricos que não têm a menor consciência social e que dizem em seu íntimo que os pobres não são problema deles. Para os ricos que se ajoelham diante do cifrão e prestam culto a ele.
Especialmente a estes, Tiago recomenda: chorem em altos brados, gemam, gritem, lamentem, rompam em prantos. Não depois, mas agora. Esse choro seria apenas uma antecipação do choro escatológico. Na paráfrase de Eugene Peterson, a fraseologia é mais provocativa: “Preparem baldes para as lágrimas que irão derramar”.
A palavra de Tiago não é original. Poucos anos antes dele, o próprio Jesus Cristo mandou chorar: “Ai de vocês que agora são ricos, pois já tiveram a sua vida boa. Ai de vocês que agora têm tudo, pois vão passar fome. Ai de vocês que agora estão rindo, pois vão chorar e se lamentar” (Lc 6.24-25).
– Se sou rico, esta é a hora de me autoexaminar e chorar, se preciso for!

>> Retirado de Refeições Diárias com os Discípulos. Editora Ultimato.
*****
Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2014/03/05/autor/elben-cesar/baldes-cheios-de-lagrimas/

Por que ler os clássicos da espiritualidade

05.03.2014
Do portal ULTIMATO ON LINE, 06.02.14
Por Eduardo Rosa Pedreira


Existem livros comuns -- aqueles capazes de nos causar certo impacto, mas não estão na categoria de inesquecíveis. Existem ainda aqueles os quais podemos chamar de clássicos -- são considerados assim por conseguirem, de alguma maneira, marcar profundamente os leitores. Não apenas os lemos, somos lidos por eles. Parecem nos conhecer a fundo. Traduzem pensamentos, sentimentos e crises humanas universais. Passa-se o tempo, mas continuam atuais e a “mágica” deles ainda nos seduz. É como se a nossa memória coletiva fosse uma estante na qual sempre existisse um lugar para eles, escolhidos por diferentes gerações.

A espiritualidade cristã tem seus clássicos. Lê-los não deveria ser uma opção, e sim uma prazerosa “obrigação”. Se a aceitarmos e mergulharmos decididamente no mundo que os livros nos abrem, certamente viveremos uma fascinante experiência. Não há alguém que passe por suas linhas sem ser mexido de algum modo e, até mesmo, transformado.

Os clássicos são, sobretudo e cada um a seu modo, um diário de viagem. Uma jornada rumo a uma experiência e um conhecimento mais profundo de Deus. Alguns relatam numa linguagem simbólica e até mesmo afetiva os encontros fascinantes com a presença do Eterno. Em outros, encontra-se a construção de um saber mais teológico, porém sempre enraizado na experiência contemplativa do mistério divino. É teologia sim, mas feita com o coração. Por meio desses escritos tão especiais, os homens e mulheres que fizeram esse itinerário espiritual deixaram pegadas para todos aqueles que se dispuserem a fazer a mesma rota. Os clássicos são rastros que, se seguidos, nos levam para mais perto do coração de Deus. Um aviso nunca é demais: quem se aproxima desses textos somente com interesse na informação vai se perder no caminho. Eles parecem nos exigir uma entrega mais integral; requerem razão e sensibilidade, mente e coração. Eis por que usar óculos dogmáticos pode nos cegar para a riqueza e a profundidade deles.

Além de engajar a nossa alma numa conversa mais íntima com Deus, os clássicos naturalmente nos levam a olhar para dentro de nós mesmos, revelando-nos sombras e luzes do nosso próprio ser. São ressonâncias da interioridade daqueles e daquelas que, ao ousarem olhar para Deus, também foram impelidos a enxergar a si mesmos. Por isso, tornam-se meios pelos quais podemos cultivar uma espiritualidade que nos ajuda a lidar com nossa vida interior. A sabedoria espiritual contida neles é fruto desse conhecimento de Deus, a partir do qual nosso interior é também iluminado. São livros que, por serem tão humanos, carregam em si mesmos o toque maravilhoso do divino.

Visto que um livro é considerado um clássico não como o resultado de uma votação formal, mas eleito a partir da experiência dos seus leitores, é natural existirem listas diferentes. A Editora Ultimato brinda o público brasileiro com uma delas. 25 Livros que Todo Cristão Deveria Ler é um livro que traz uma das mais ricas e completas indicações de leitura dos clássicos. Sua singularidade reside no fato de que os livros foram sugeridos por pessoas de diferentes perspectivas e tradições cristãs. O ponto em comum entre elas é que, de alguma maneira, esses 25 livros marcaram a todas de um modo tão especial que os elegeram como clássicos e indicam a leitura a você. Certamente são livros que todo cristão deveria ler!

• Eduardo Rosa Pedreira é pastor da Comunidade Presbiteriana da Barra da Tijuca (RJ) e um dos líderes de um movimento de formação espiritual. eduardo@renovare.org.br


Nota:

Artigo publicado na seção Vamos ler da revista Ultimato 346 (janeiro-fevereiro/2014).


Leia também



*****
Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/por-que-ler-os-classicos-da-espiritualidade

domingo, 23 de fevereiro de 2014

O PECADO DO ADULTÉRIO: Davi e Bate-Seba

23.02.2014
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Denis Allan

O pecado de adultério  (pdf)


Qualquer desobediência da palavra de Deus é pecado. Jamais devemos sugerir que há pecadinho e pecadão. Mas, nesta vida, alguns pecados levam a conseqüências maiores. Alguns pecados machucam outras pessoas mais profundamente do que outros. Alguns causam seqüelas desastrosas e irreversíveis. Não é por acaso que o adultério sempre se encontra entre os piores dos pecados, tanto nos olhos de Deus como entre os homens. 
Deus não nos deixa sem defesa contra este pecado destruidor de vidas. Além de várias advertências bíblicas, há diversos exemplos de como o adultério complicou a vida de pessoas que o praticaram, e de suas vítimas inocentes. Um exemplo clássico é Davi, o segundo rei de Israel. Vamos aprender as lições valiosas deste tropeço triste na vida dele. 

Erros que levaram Davi ao pecado 

Quando uma pessoa se entrega à tentação, pode se encontrar numa situação praticamente impossível, onde não tem força para resistir. É essencial aprender  como evitar essas situações difíceis. O exemplo de Davi sugere algumas coisas que vão nos ajudar. 

(1) Devemos nos dedicar ao papel que Deus nos deu. Davi não se ocupou com seus próprios deveres. 2 Samuel 8 e 10 mostram que Davi era um guerreiro bem-sucedido. De fato, seu papel como um dos primeiros reis era de comandante do exército de Israel. Ele corajosamente conduziu suas tropas a vitória após vitória. Mas, num determinado ano, Davi ficou para trás e mandou Joabe e seus servos à batalha (2 Samuel 11:1). Enquanto muitos dos homens de Israel arriscaram a vida na guerra, ele ficou na casa do rei em Jerusalém. Hoje, um dos fatores que contribui ao pecado é falta de ocupação e dedicação em nosso trabalho. Homens desempregados mostram uma tendência maior de se envolver numa série de pecados, incluindo adultério, abuso de álcool e outras drogas, etc. Jovens ociosos tendem a se envolver em coisas erradas, por ter muito tempo livre. Mulheres sem responsabilidade participam mais das coisas do Adversário (1 Timóteo 5:13-15). 

(2) Não devemos alimentar pensamentos errados. Uma vez que Davi se colocou no lugar errado, ele foi tentado. Ele viu Bate-Seba, uma mulher bonita, tomando banho (2 Samuel 11:2). Neste momento, ele deveria ter virado os olhos para outra coisa, procurando não pensar mais na imagem do corpo da mulher de outro. Nós não devemos hospedar pensamentos maus, porque levam às consequências graves (Jeremias 4:14; 6:19). O domínio próprio, uma das características fundamentais do servo de Deus, inclui a disciplina para controlar nossos próprios pensamentos (Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:6; Filipenses 4:8-9; 2 Coríntios 10:4-6). É bom lembrar que um passarinho pode passar por cima da nossa cabeça, mas não temos que o convidar a fazer ninho em nossos cabelos. 

(3) Devemos respeitar as advertências sobre o pecado. Davi ignorou, pelo menos, três advertências contra seu pecado, antes de ter relações com Bate-Seba. Primeiro, como conhecedor da palavra de Deus, ele sabia que sua cobiça e o ato de adultério são pecados contra Deus. Mesmo entre dois solteiros, tais relações são erradas. Segundo, ele já era casado, e o compromisso de casamento deveria ter sido mais um impedimento. Quantos homens têm evitado o pecado de adultério por causa de uma aliança ou fotografia da esposa, os lembrando do compromisso matrimonial na hora de tentação? Terceiro, ele sabia, antes de a convidar para casa, que Bate-Seba era mulher casada (2 Samuel 11:3). Nós devemos sempre respeitar as advertências sobre o pecado e suas conseqüências, antes de cometê-lo. 

(4) Não devemos procurar circunstâncias que facilitam o pecado. Davi estava no lugar errado e pensou nas coisas erradas. Cada passo o levou mais perto do relacionamento pecaminoso que ia piorar a vida dele e de outras pessoas. Quando ele perguntou sobre Bate-Seba e a convidou para a casa dele, ele se colocou numa situação onde a tentação seria mais forte ainda. Ele já sentiu atração de longe, como resistiria quando estava a sós com ela? Há muitas lições aqui. A pessoa que sente a tentação de usar drogas deve ficar longe dos lugares onde as tem, e das pessoas que as usam. A pessoa tentada a beber deve evitar bares e festas onde servem bebidas alcoólicas. Um casal de namorados deve evitar lugares escuros e isolados, e jamais deve usar roupas sensuais ou participar de atividades que enfatizam o sexo. 

Como Davi multiplicou o seu pecado 

Uma série de erros e pecados mentais levou Davi ao ato de adultério. A Bíblia não oferece nenhuma cena romântica para justificar o erro. Simplesmente diz: “Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com ela” (2 Samuel 11:4). 

Muitos filmes e novelas de hoje procuram colocar o pecado no contexto de romantismo e “amor” inegável. Procuram fazer do pecado alguma coisa bonita e agradável. Mas, as Escrituras relatam os fatos. Ela veio, e eles pecaram. Neste momento, Davi deveria ter sentido remorso profundo e tristeza sincera. Mas, ele não virou para Deus naquela hora. 

Achou que o pecado poderia ser escondido, e as conseqüências evitadas. Foi o começo de uma série de pecados que parecem tão estranhos na vida de um homem escolhido por Deus. 

Ao adultério, Davi acrescentou mentiras. Quando soube que Bate-Seba estava grávida, ele chamou Urias para descansar em casa com a esposa. Ele achou possível esconder seu pecado, enganando o próprio marido traído. Mas Urias não facilitou o plano de Davi. Um soldado dedicado, ele recusou tirar férias quando os colegas estavam na batalha. Frustrado, Davi avançou das mentiras ao homicídio. O próprio Urias levou a carta que selou a morte dele e de mais alguns soldados. Neste plano sinistro, o rei envolveu mais uma pessoa. Joabe, o comandante do exército, serviu de cúmplice sem saber os motivos de Davi. As tentativas de esconder o pecado geralmente levam o pecador ao fundo do poço. Davi, cujo coração costumava ser dedicado ao Senhor, se entregou ao pecado e à vontade do diabo. 

Não escondeu nada de Deus 

Talvez Davi conseguiu enganar os vizinhos, e até o próprio coração. Mas, ninguém é capaz de esconder de Deus. “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hebreus 4:13). Deus mandou Natã, um profeta, para confrontar Davi com seu pecado (2 Samuel 12:1-14). Ele contou a história de um homem pobre que perdeu sua única ovelha por causa da maldade do vizinho rico. Davi ficou bravo, e demandou o castigo duro do ladrão. Falou que este homem teria que pagar quatro vezes o valor da ovelha, e que seria morto pelo crime. Natã disse a Davi: “Tu és o homem.” Ele o acusou de pecados contra Deus, contra Urias, e contra Bate-Seba. Davi confessou o pecado, e Deus lhe poupou a vida. 

O arrependimento sincero 

Há algumas diferenças notáveis quando comparamos a confissão de Davi com outras famosas confissões na Bíblia. Adão e Eva procuraram culpar outras pessoas para justificar sua desobediência (Gênesis 3:12-13). Caim mentiu para Deus, tentando negar sua culpa (Gênesis 4:9). Arão apontou o dedo para o povo, e fingiu que o bezerro de ouro tinha aparecido praticamente sozinho (Êxodo 32:21-24). Saul disse que tinha obedecido a palavra de Deus. Depois, quando reconheceu sua culpa, ele se preocupou em manter sua posição de honra perante o povo, em vez de mostrar um espírito quebrantado (1 Samuel 15:13,24,30). Judas sentiu remorso e confessou sua traição, mas fugiu da presença de Jesus e se suicidou (Mateus 27:3-5). Mas o arrependimento e a confissão de Davi foram diferentes. Davi não ofereceu desculpas. Ele não perguntou sobre as conseqüências. Ele se entregou nas mãos do Deus justo, e simplesmente confessou a culpa do pecado cometido: “Pequei contra o Senhor (2 Samuel 12:13). O Salmo 51 mostra a profundidade do remorso de Davi. Ele assumiu plena responsabilidade pelo pecado, e pediu a ajuda de Deus para renovar seu coração. É este arrependimento que Deus quer. O pecador que volta para Deus precisa reconhecer seu pecado, e não retornar fingidamente (Jeremias 3:10,13). 

Consequências do pecado perdoado

Deus não tirou a vida de Davi. Ele foi perdoado, mas ainda tinha que sofrer muitas consequências graves. Ele foi humilhado quando um dos próprios filhos tomou algumas de suas mulheres. E, como Davi falou que o ladrão do cordeirinho deve pagar quatro vezes, ele mesmo pagou quatro vezes. Tirou a vida de Urias, e pagou com a vida de quatro de seus filhos. O filho de Bate-Seba nasceu, e morreu logo depois (2 Samuel 12:15-25). Depois, Amnom foi morto pela espada de Absalão (2 Samuel 13:23-36). Joabe matou o rebelde Absalão (2 Samuel 18:9-18). Depois da morte de Davi, Salomão mandou que Adonias fosse morto (1 Reis 2:13-25). 

As consequências do pecado de Davi mostram um fato importante. Deus pode perdoar o pecador, sem tirar todas as consequências do pecado. Há muitas pessoas arrependidas de seus pecados que ainda vão ficar muitos anos encarceradas. Há famílias destruídas por causa de pecados já confessados e perdoados por Deus. Deus pode perdoar um assassino, mas este perdão não ressuscita a vítima. Ele pode perdoar a mãe que abusou álcool ou outras drogas durante sua gravidez, mas a criança que nasceu com defeitos físicos ou mentais por causa desses vícios continua sofrendo. Deus é capaz de perdoar as mulheres e médicos que fazem abortos, mas as crianças já mortas nunca nascerão vivas. Muitos outros exemplos provam que o pecador perdoado, ou suas vítimas, podem continuar sofrendo depois do perdão. Através da fé, arrependimento e batismo, Deus lava os pecados e nos purifica. Assim, escapamos das consequências eternas do pecado. Mas, às vezes, continuamos sofrendo as consequências temporâneas dos erros do passado. 

Como Deus vê o adultério 

O adultério tem se tornado um pecado comum e até glorificado em novelas, filmes, livros e revistas. Mas, desde a criação do primeiro par de seres humanos, Deus sempre tem ensinado a mesma coisa. As relações sexuais pertencem exclusivamente ao casamento lícito. Ele sempre condena a fornicação e o adultério. A vontade de Deus para os dias de hoje é bem clara: um homem pode casar com uma mulher, e os dois terão relações normais até a morte. Estude bem as seguintes passagens: Mateus 19:4-6; Romanos 7:2; 1 Coríntios 7:1-9; Hebreus 13:4. Enfrentamos tentações, como Davi as enfrentou. O próprio Deus considerou Davi “homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade” (Atos 13:22). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Coríntios 10:12). Quando respeitamos a vontade de Deus, receberemos as grandes bênçãos de felicidade nesta vida, e por toda a eternidade.
*****
Fonte:http://estudosdabiblia.net/d69.htm

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Tempo e Felicidade: contra o presentismo ateu de André Comte-Sponville

11.02.2014
Do portal ULTIMATO ONLINE, 07.02.14

O artigo abaixo é o texto da palestra apresentada na Fnac-BH na noite de 22 de Janeiro deste ano; prometi à audiência e aos amigos de L’Abri que disponibilizaria o texto inteiro; daí o formato “paper”; mas, enfim, sendo caridoso comigo mesmo, meu blog sempre teve um formato muito pessoal. Bom proveito!
*******************************
Segundo o filósofo francês Gilles Lipovetsky, “a felicidade é o valor central, o grande ideal celebrado sem tréguas pela civilização consumista” [1]. É certo que se trata de um grande tema contemporâneo: temos filmes, livros de autoajuda, programas de TV, teorias administrativas, projetos partidários e até políticas publicas destinadas a aumentar a felicidade geral. Há toda uma esfera da sociedade contemporânea, descrita pela socióloga Eva Illouz como o “campo afetivo”, interessada na criação e manutenção do bem estar; e dentro dela temos até mesmo uma “ciência da felicidade”, promovida pelo movimento da “psicologia positiva”.
E muito embora Lipovetsky associe essa grande celebração atual da felicidade a uma fixação consumista – e creio que ele está basicamente correto nisso – a busca da felicidade não é coisa nova. Freud, que não era um sujeito particularmente feliz, já havia apontado a busca da felicidade como a coisa central para interpretar o homem:
“o que revela a própria conduta dos homens acerca da felicidade e intenção de sua vida, o que pedem eles da vida e desejam nela alcançar? É difícil não acertar a resposta: eles buscam a felicidade, querem se tornar e permanecer felizes”[2]
Freud não relaciona a busca da felicidade à condição da sociedade moderna, mas à própria natureza humana. E ainda que a sociedade de hiperconsumo seja uma forma particular de organizar essa busca, ela esteve sempre aí; foi tema das chamadas revoluções burguesas; antes delas Pascal observava que todos os homens querem ser felizes, e que tudo o que fazem visa a felicidade, até mesmo o homem que vai se enforcar; na antiguidade Cristã teólogos como Santo Agostinho escreviam sobre “A Vida Feliz” e, bem antes dele os gregos já conheciam os detalhes do assunto; Platão reconhecia que todos querem ser felizes.

A Felicidade dos Filósofos
Digo isso para deixar claro que a “busca da felicidade” não é assunto criado pela literatura de “autoajuda”; é assunto sério. Identifiquei-me profundamente com a abordagem de André Comte-Sponville, um filósofo francês atual, bastante popular, de persuasão ateísta: para ele a felicidade não é somente um assunto da filosofia, mas o que define a própria filosofia. Sua inspiração veio do seguinte fragmento de Epicuro:
“A filosofia é uma atividade que, por discursos e raciocínios, nos proporciona uma vida feliz”.[3]
E a partir dela Sponville cunha a sua própria definição:
“A filosofia é uma prática discursiva [...] que tem a vida por objeto, a razão por meio, e a felicidade por fim”[4]
Essa forma de relacionar a filosofia com a vida, ao invés de mantê-la como uma discussão abstrata, heurística, limitada ao universo acadêmico, me encanta bastante. É a forma antiga de fazer filosofia. E lembro aqui que na tradição judaica a sabedoria também estava ligada à felicidade. Dizem os provérbios de Salomão:
“Feliz é quem encontra a sabedoria, e quem adquire o entendimento, pois o lucro da sabedoria é melhor que o da prata; sua renda é melhor do que o ouro [...] É árvore de vida para os que a alcançam, e todo aquele que a conserva é feliz.” (Pv 3.13-18)
Pelo menos nessa parte da jornada nós, Cristãos e ateus, podemos andar juntos; mas desde já divergimos também: a sabedoria grega era basicamente o fruto de uma visão intelectual, enquanto a sabedoria hebraica fundava-se na audição e na interpretação. Isso é outro assunto, no entanto.
Felicidade, então, não é só assunto de “autoajuda”; é assunto filosófico, e também assunto religioso; e também assunto ateísta. Para Sponville é certamente um tema ateísta. Sponville é um dentre vários filósofos ateus contemporâneos ocupados em desenvolver uma ou outra forma de espiritualidade ateísta, tal qual Alain de Bottom ou Luc Ferry.
E para desenvolvê-la, ele precisa enfrentar o tema da felicidade. É possível ser feliz sem Deus, afinal? O debate o leva a conversar com Blaise Pascal, o matemático e filósofo Cristão do século XVII. Sponville concorda com Pascal, em que
“o homem não pode ficar face a face consigo mesmo sem cair no tédio, no desgosto e no desespero, porque descobre então o pouco que é e o pouco que o espera. O que sou eu? Quase nada. O que me espera? Nada: o nada, a morte. Donde o ‘divertimento’, no sentido pascaliano do termo, ou seja, essa vaga de ocupações que impomos a nós próprios, as quais parecem visar a felicidade, embora só sirvam, na realidade, para nos fazer evitar pensar em nós mesmo e na nossa morte.”[5]
Concorda no diagnóstico, mas recusa o remédio pascaliano. Pois para Pascal só a esperança de uma outra vida pode trazer alguma felicidade nessa vida – e simultaneamente nos livrar da ilusão do entretenimento. Sobre isso nosso filósofo comenta:
Se Pascal tiver razão, um ateu não pode escapar ao desespero e, logo, à infelicidade. É precisamente esse ‘e, logo’ que tentei, pela minha parte, questionar. Creio, concordando com Pascal, que um ateu lúcido e coerente não pode escapar ao desespero, já que nada o espera, afinal de contas, senão a morte. Porém, recuso-me a pensar com ele que o desespero seja necessariamente uma infelicidade.[6]
Como assim? Sponville propõe o “alegre desespero”. Ele observa que só esperamos o que não temos. “Se esperamos a felicidade, é porque não somos felizes [...] Portanto, felicidade e desespero podem – e devem, para um ateu – andar juntas: enquanto espero a felicidade, não sou feliz; quando sou feliz, já não tenho mais nada a esperar”.[7] É necessário abandonar a esperança e desejar tão somente o que há, agora, e o que se faz, agora: amor no lugar da esperança. E cita um tratado budista para reforçar seu ponto:
“Só o desesperado é feliz, porque a esperança é a maior tortura que existe, e o desespero, a maior beatitude”.[8]
Então Sponville precisa lidar com a esperança, e não só com ela: com o que nos tira do presente e não nos deixa reconhecer que ele é pleno, e não há nada além dele. E isso o levará, naturalmente, à filosofia do tempo. O que é o tempo, afinal de contas? Qual é o status de passado, presente e futuro?

O Tempo da Felicidade
A filosofia do tempo é um assunto controversíssimo e reconhecidamente difícil. Os estudiosos se dividem em cada uma das questões importantes, como se o tempo é estático ou dinâmico, sua extensão, se a linguagem do tempo verbal é verdadeira ou ilusória, sobre a natureza da mudança, e por aí vai…
André Comte-Sponville escreveu uma obra muito rica sobre tempo, intitulada “O Ser-Tempo”. Nessa obra ele defende uma versão do que é chamado de “presentismo”: tudo o que existe, existe “agora”:
“o tempo é o presente [...]. O passado não existe, já que não existe mais; o futuro não existe, já que ainda não existe: só há o presente, que é o único tempo real. [...]
Nada existe, senão o presente; nada subsiste (do passado ou do futuro), senão no presente. O presente contém, portanto, tudo o que existe ou subsiste; o presente contém tudo”.[9]
Sponville admite que sua visão tem certa origem em Agostinho, que trata do assunto em um trecho clássico, no capítulo 11 das Confissões:
“Agora está claro e evidente para mim que o futuro e o passado não existem, e que não é exato falar de três tempos – passado, presente e futuro. Seria talvez mais justo dizer que os tempos são três, isto é, o presente dos fatos passados, o presente dos fatos presentes, e o presente dos fatos futuros. E estes três tempos estão na mente e não os vejo em outro lugar. O presente do passado é a memória. O presente do presente é a visão. O presente do futuro é a espera. Se me é permitido falar assim, direi que vejo e admito três tempos, e três tempos existem.”[10]
Pedindo desculpas por usar essa linguagem imprecisa, Agostinho se rende e fala em três tempos; poderíamos falar em três presentes, já que não os experimentamos da mesma forma. E quanto ao presente “presente”, até este estaria em processo de passar e se desfazer, para Agostinho. Então o tempo seria um mistério: um “quase nada” entre dois nadas.
Mas Sponville não reconhece os três como tempos reais, objetivos, externos, como tempos “do mundo”. Para ele, são apenas coisas da alma. O tempo do mundo seria presente, e ponto. A divisão em três seria coisa da subjetividade humana, e por isso ele prefere dar outro nome:“temporalidade”.[11] Tempo é o presente, que dura e está sempre aí; é o ser, pleno, eterno, que nunca passa. O tempo não passa, já que é o presente; nós é que passamos por ele. Portanto, passado e futuro não existiriam.
É compreensível que Sponville tenha essa visão presentista, já que em sua visão da felicidade o presente é tudo, e a esperança é uma tortura. O futuro é irreal, e o desejo do que está no futuro se dirige para o irreal. Tudo deve se voltar para o presente, para a vontade de viver agora, para o que se pode ter agora. Portanto o tempo da felicidade é o tempo do presente eterno e pleno. Mas será isso viável?

Será Viável?
Um exemplo interessante do que Sponville diz é um fenômeno antropológico singular, em terras brasileiras. Em 1977 o Dr. Daniel Everett veio ao Brasil com sua família, como missionário enviado à tribo amazônica de caçadores-coletores denominada Pirahã, com o propósito de traduzir a Bíblia e evangelizar a tribo. Alguns anos depois ele perdeu a fé e se tornou ateu, em parte pelo que testemunhou lá.[12] Segundo ele os pirahã seriam um povo contente e feliz, extremamente consciente do presente e de sua experiência imediata, sem qualquer crença em deuses ou mitos (embora acreditassem em espíritos). Eles não acreditaram na mensagem de Everett sobre Jesus, quando descobriram que ele mesmo nunca havia visto Deus ou Jesus. E ele sentiu que não tinha como pregar aos Pirahã que eles estavam perdidos, em pecado, e necessitados de Deus.
Mas não foi por isso que Everett se tornou famoso; ele descobriu que a língua dos pirahã não funciona de acordo com as previsões da teoria linguística de Noam Chomsky, dominante na atualidade. Além de não ter tempos verbais para o passado e o futuro, nem palavras para números, a linguagem aparentemente carece da “recursividade”, que é a capacidade da linguagem de acrescentar e conectar ideias, o que permite a formação de conceitos complexos. Se ele estiver correto, a principal teoria linguística na atualidade pode ser refutada.
Agora o mais importante: Everett sugeriu que haveria uma conexão entre a ausência da recursividade e dos tempos verbais, e o “presentismo” da cultura Pirahã. Eles teriam uma “gramática da felicidade”, voltada unicamente para o presente, e por isso não tem história, nem genealogia, nem mitos, nem esperanças futuras, nem desejo de aprender novidades. Tudo, para eles, é imutável e constante; e só importa o aqui e agora. Eles apenas habitam, contentes, o presente, num “carpe diem” literalmente pré-histórico.
As histórias de Sponville e Everett parecem se encaixar muito bem: a felicidade como a vivência serena do presente, a crença na plenitude do presente, sem transcendência nem esperança. Mas será esse presentismo espiritual viável para nós, que já conhecemos a história, e já sofremos tanto com o nosso passado quanto com as incertezas do futuro?

A Inevitável Temporalidade
Comte-Sponville chama de “temporalidade” a nossa consciência tríplice do tempo, que chamei antes de “os três presentes”. Devido à ênfase no presente, ele não discute muito o lugar do presente-futuro e do presente-passado na constituição da consciência; na verdade ele quer superar a preocupação com a temporalidade e instaurar em seu lugar o presentismo. Mas considero isso uma falha importante.
Meu ponto: consciência é temporalidade. A consciência é feita da fusão de três faculdades da alma: a memória, a percepção e a imaginação. A memória é o que torna presente, para a consciência, o que se passou e já não é mais. A imaginação antecipa o que ainda virá, tornando possível desejar, ou não desejar, e principalmente, planejar. E a percepção nos coloca em contato direto com o presente. O sentimento de termos um “eu” que permanece e que é capaz de agir intencionalmente só existe porque, além da percepção, temos memória e imaginação. Assim é possível suprimir, mas não eliminar, a temporalidade.
Meu ponto: consciência é temporalidade. A consciência é feita da fusão de três faculdades da alma: a memória, a percepção e a imaginação.
Por isso mesmo, não podemos diminuir a importância da memória e da expectativa na constituição do que somos como indivíduos e como membros da cultura ocidental moderna. A memória tornou possível a tradição, o acúmulo de conhecimentos, o registro, e a posse racional de uma identidade cultural. E a Esperança deu ao homem um horizonte para sair em jornada, para encarar o desconhecido e, por isso, o que está além do presente. Sem ela, tudo o que existe é o círculo da fertilidade:
“Tudo o que o índio faz é em um círculo, e isso porque o poder do mundo sempre age em círculos, e todas as coisas tentam ser redondas [...]. Até mesmo as estações formam um grande círculo em sua mudança, e sempre retornam para onde estavam. A vida de um homem é um círculo desde a infância até a infância, e assim é em tudo onde há energia.”[13]
A esperança – goste Sponville disso ou não – é o que levou o patriarca Abraão a romper com o ciclo repetitivo da fertilidade, refletido no calendário Caldeu antigo, e a caminhar em direção a uma promessa divina que não era a repetição eterna do mito – e assim o povo hebreu, por assim dizer, “inventou o futuro”, como mostra habilmente o Dr. David Cahill na obra “A Dádiva dos Judeus”:
“Então, ‘wayyelekh Avram (‘Avrão foi’) – duas das palavras mais ousadas de toda a literatura. Assinalam uma sepração total de tudo o que aconteceu antes, na longa evolução da cultura e da sensibilidade. Da Suméria, repositório civilizado do previsível, parte um homem que não sabe aonde está indo, mas que segue para o ermo desconhecido sob a inspiração do seu deus [...]. Da humanidade antiga, que desde as origens obscuras de sua consciência, leu suas verdades eternas nas estrelas, parte um grupo que se orienta por uma bússola desconhecida. Da raça humana, que conhece na própria pele que todo esforço acaba na morte, parte um líder que diz ter recebido uma promessa impossível. Da imaginação mortal, parte o sonho de algo novo, algo melhor, algo ainda por acontecer, algo… no futuro.”[14]
Dessa esperança surgiu a civilização Cristã, e com ela os ideais modernos de progresso, utopia e transformação social.
O que quero dizer é que, sem um sistema de crenças – e uma cultura espiritual – que não enfatizasse exatamente a potência da memória e a esperança, viveríamos um estado de paralisia cultural. Pois, como Everett observou, o presentismo dos Pirahã não apenas os mantém felizes, mas também impede que seu universo se alargue ou muito menos se transforme.
Em nosso caso, inspirar-se nesse presentismo seria um ato de fuga também por outra razão: é que, retornando a Pascal, a abertura do passado e do futuro nos fez descobrir a nossa miséria e as nossas possibilidades. Descobrimos que estamos caídos, expulsos do paraíso; descobrimos que, caminhando, chegamos perto da terra prometida; e descobrimos que o nosso destino é a morte. Isso traz culpa e remorso, por um lado, e ansiedade e infelicidade, por outro. Mas será honesto forçar um espírito presentista quando a nossa consciência de temporalidade nos diz que estamos moralmente implicados com a memória do passado e a intuição do futuro?
A bem da verdade, Sponville se esforça por responder a essa crítica. Ele nega explicitamente “que se deva amputar toda a relação com o futuro”[15], mas afirma que ela deve ser limitada ao que podemos garantir por nós mesmos: pelo saber e pela vontade. Devemos nos relacionar com o futuro tão somente enquanto o futuro depender de nós; como o homem que escolhe fazer sexo e que, segue “feliz, confiante, como que já gozando, fantasmaticamente, o prazer anunciado”.[16]Mas não é este, sem dúvida nenhuma, um futuro minúsculo, restrito ao que eu posso fazer ou tentar fazer? Onde está o outro nesse futuro? Onde está o nós – se só posso garantir a mim? Se assim for, acabou-se todo o futuro.
Citamos Sponville, lá atrás, aprovando sua visão da natureza da filosofia: uma investigação com vistas à felicidade. Agora cito um filósofo bem mais próximo de nós, que descreveria sua atividade filosófica de um modo quase oposto:
“A maior impostura moderna não é sua utopia racionalista, mas sim sua denegação sistemática da infelicidade [...].O ser humano [...] obviamente é um ‘ser-para-a-infelicidade’. O fundamental seria identificar qual é a relação específica entre modernidade e (in)felicidade. Essa relação caracteriza-se, dentre outros modos de descrevê-la, pela técnica denegativa dessa condição íntima humana (o ser-para-a-infelicidade), técnica esta que, em muitos casos, constituiu-se num repertório variado de pseudoteorias a serviço do fetiche da felicidade”.[17]
E, mais à frente, acrescenta:
“Um dos traços mais bregas de nossa época é supor que se pode ter vida moral sendo feliz [...]. Dependemos da graça para sermos virtuosos, nossa natureza vaidosa e orgulhosa por si mesma nunca sairá do seu pântano pessoal. A ideia de que nossa natureza humana seja um tormento me parece a mais verdadeira de todas as descrições de nossa vida. Sei que muita gente julga essa visão ultrapassada, mas sinto um prazer todo especial em ser ultrapassado num mundo superficial como o nosso. Por que superficial? Porque parasitado por engenharias para a felicidade. Somos escravos da felicidade, mas é a infelicidade que nos torna humanos.”[18]
O que separa tanto Sponville e Luiz Filipe Pondé, no tocante à nossa discussão sobre felicidade? Claramente, a consciência da miséria humana. É sabido que, entre as doutrinas Cristãs que os filósofos iluministas mais detestavam, figurava a doutrina da Queda do homem no pecado. Ocorre que a modernidade nunca produziu uma descrição da experiência humana do mal capaz de rivalizar com ela e, no mais das vezes, não está nem um pouco interessada nisso: continua firme na crença de que o homem não é tão mau assim. Pondé quer desenterrar o defunto; Sponville quer esquece-lo para sempre:
“O que é existir, para a maioria dos filósofos contemporâneos? É ser fora de si, sempre adiante-de-si, como diz Heidegger, sempre jogado (no mundo) e se projetando (no futuro), sempre transcendendo seu próprio ser [...] sempre livre, sempre preocupado, sempre ansioso, sempre atormentado pelo nada, sempre voltado para a morte, sempre teleologicamente voltado para o futuro.”[19]
“É preciso suspender aqui o interdito heideggeriano, libertar-se da preocupação e da angústia, para voltar enfim aos gregos, à ousia como presença e à parousia do mundo: ser é presente, e não há outra coisa. Primado do tempo e não da temporalidade, primado da insistência e não da existência, primado do desejo e não da angústia, primado do mundo e não do nada – ser-para-a-vida e não ser-para-a-morte!”[20]
É claro que num presentismo consistente, não pode haver pecado nem esperança de libertação do pecado. Então é melhor não pensar nisso: vamos esquecer a temporalidade, com passado, presente e futuro, e ficar no “Carpe Diem” presentista. Mas como retornar à condição infantil e pré-histórica dos Pirahã agora que conhecemos a liberdade, o pecado e o futuro?
Creio que a questão vai além de uma diferença entre estilos filosóficos, do “existencialismo” em oposição ao “essencialismo” ou “insistencialismo” (Sponville). Uma filosofia que deseja contornar as dores que a memória causa e os frutos que a esperança traz não pode ser uma filosofia honesta, mesmo que nos deixe contentes. E quem nos ensina isso não é o próprio Sponville?
“a felicidade que queremos, a felicidade que os gregos chamavam de sabedoria, aquela que é a meta da filosofia, é uma felicidade que não se obtém por meio de drogas, mentiras, ilusões, diversão, no sentido pascaliano do termo; é uma felicidade que se obteria em certa relação com a verdade: uma verdadeira felicidade ou uma felicidade verdadeira.”[21]
Sponville quer se livrar da temporalidade ou, ao menos, reduzir sua importância, porque ela está evidentemente alienada; é fonte de dor e se interpõe entre o self e o presente, que é sua vida; é um obstáculo para a felicidade. Mas esse obstáculo não pode ser contornado.

A Felicidade Ferida
Na verdade não considero Pondé uma alternativa viável, diante do projeto de felicidade de Sponville; apenas um corretivo. Se há uma dificuldade para viver o presente diante do fato inevitável da temporalidade, que se agarra à consciência, mas o presente é indiscutivelmente o lugar do contentamento, então é preciso admitir, com Agostinho, que a felicidade completa é impossível.
Esse é o realismo Cristão; não é meramente uma utopia, como o ateísmo deseja colocar, mas em parte uma aceitação do fato de que a filosofia não pode vencer o mal, e portanto não pode produzir a felicidade. E aqui nos separamos radicalmente de Sponville. Não é que não temos a filosofia certa; é que o mundo está errado, e a única filosofia capaz de me fazer feliz, neste mundo, é a filosofia que me fizer aceita-lo completamente. Mas a filosofia que me fizer aceitar este mundo destruirá a minha humanidade ou me fará amputar partes de mim, como Sponville faz com a Esperança.
Mas não é que não haja uma felicidade ou bem-aventurança; é que ela é quebrada como o mundo é quebrado, incompleta. Na verdade Sponville afirma essa incompletude, embora atribua isso mais à finitude que à malignidade humana; mas isso é tão terrivelmente incompleto que não se pode nem mesmo considerar parcialmente válido. É simplesmente nulo de significado.
O que a “felicidade ferida” precisará encarar, então? A aceitação da temporalidade. Mas como viver a temporalidade inteira e ainda ser feliz?

A Temporalidade Reconciliada
O Cristianismo ensina que a raiz profunda da infelicidade humana é a sua alienação de Deus. Pecado é isso, disse Kierkegaard: “em incredulidade, diante de Deus ou do conceito de Deus, querer ser você mesmo ou não querer ser você mesmo”. Pecado é essa alienação radical, a tentativa de subsistir de si mesmo, como se o existir não fosse uma dádiva contínua. Pecado é a vida “sem a graça” e, por isso, “sem graça”.
Então não podemos ir diretamente ao contentamento e voltar à infância, retornar à condição ahistórica dos pirahãs. Precisamos de reconciliação, de retomar e superar as doenças do passado, do presente e do futuro. E que doenças são essas?
Grosso modo, são as seguintes: a culpa, a vergonha e a dúvida corrompem a memória; a ansiedade corrompe a imaginação; o hedonismo e o tédio corrompem o presente.
Como isso acontece é um assunto longo; tratamos dele em uma palestra de L’Abri intitulada “o sacramento do momento presente”. Mas basta saber, aqui, que a alienação de Deus e sua substituição por ídolos, que são deuses falsos, é a raiz dessa corrupção da temporalidade. Os ídolos nos fazem ser inautênticos e a falhar com o próximo, e por isso experimentamos a culpa e a vergonha; os ídolos falham em cumprir suas promessas, e nos tornam escravos da ansiedade; os ídolos nos deixam insatisfeitos, e por isso tentamos abusar dos prazeres presentes, no hedonismo. E o abuso do prazer leva ao tédio, o esgotamento da percepção, a insensibilidade e o desengajamento do presente.
Essa experiência temporal do mal – a culpa, a concupiscência, o tédio e a ansiedade – não pode ser contornada pelo expediente presentista. Este cálice precisa ser tomado até o fim.
Mas a fé Cristã não termina no realismo radical; no seu centro está o testemunho de Jesus Cristo bebeu o cálice, inteiro. Por sua identificação com os pecadores, Deus tornou sua a nossa história e tornou nossa a sua vida. Na cruz ele suportou conosco a vergonha e nela Deus perdoou os nossos pecados; pela ressurreição de Jesus Cristo deu nos deu um futuro que é mais do que uma aspiração ou um desejo, mas uma certeza; e sua amizade eterna tira a obsessão presentista, de viver “tudo, ao mesmo tempo, agora”.
Que palavras descrevem essa reconciliação da temporalidade? Se olhamos para o passado, encontramos a aceitação, e por isso podemos ser completamente realistas sobre o que vivemos; e podemos começar a integrar esse passado em uma história significativa. Se olhamos para o futuro, encontramos Esperança; não otimismo, utopia, ou a tortura do desejo, mas a expectativa; expectativa baseada no saber, no antever, na antecipação do alimento que já reconhecemos pelo aroma. E se olhamos para o presente? Encontramos um sacramento.

O Sacramento do Momento Presente
De um ponto de vista Cristão ou Bíblico, o mundo não é um evento sem significado. O mundo tem sentido, e esse sentido é a trindade, a comunidade de amor divino que une Pai, Filho e Espírito Santo. O mundo, na tradição Cristã, é um grande evento desse amor, mas um evento em processo, ainda incompleto para nós.
Mas essa fé não teria um impacto tão grande em nossa vida se não fosse outra doutrina muito importante do Cristianismo, que é a doutrina da adoção. Para os Cristãos, Deus nos abraça por meio de Jesus Cristo, e inclui todos os amigos de Jesus Cristo em sua família divina. Isso tem um efeito muito importante na espiritualidade Cristã: aos olhos do Cristão, o mundo inteiro passa a ser um evento de graça; uma dádiva.
O termo “sacramento” descreve bem essa experiência. Um sacramento é um símbolo de algo divino, mas que não apenas representa conceitualmente o seu referente; ele torna o referente disponível. Pense na face humana: a alma não é o rosto, mas aparece tão claramente no rosto que ao tocá-lo podemos tocar a alma de alguém.
O filósofo inglês Roger Scruton descreve a experiência de Deus dessa forma: a face de Deus surge na Criação para o fiel. Isso é o que acontece ao Cristão: ao reconhecer a presença divina em Jesus Cristo, ele passa a reconhecer a mesma face no mundo, que se torna para ele um sacramento de graça: cada instante, cada pedaço de matéria, cada ser torna-se translúcido, sem desaparecer na transparência. É disso que o Salmista falava quando dizia, no Salmo 19:
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia declara isso a outro dia, e uma noite revela conhecimento à outra noite. Sem discurso, nem palavras; não se ouve a sua voz. Mas sua voz se faz ouvir por toda a terra, e suas palavras, até os confins do mundo.” (Salmo 19.1-4)
Nesse sentido, o Cristão poderia concordar substancialmente com o presentismo de Sponville; o presente é uma dádiva, e cada experiência de prazer presente é uma dádiva. Na verdade, o “Carpe Diem” Cristão tem um elemento singular que é completamente ignorado por Sponville: a gratidão.
Normalmente não conseguimos dar atenção a duas coisas ao mesmo tempo. Mas sob certas condições, podemos percebê-las simultaneamente. Podemos, por exemplo, contemplar o que está além de uma vidraça, através da janela, ou olhar para a própria vidraça; não podemos focar as duas coisas ao mesmo tempo, mas podemos manter a consciência de uma enquanto vemos a outra. Mesmo assim, não podemos “desfrutar” das duas coisas simultaneamente.
o “Carpe Diem” Cristão tem um elemento singular que é completamente ignorado por Sponville: a gratidão.
Podemos receber um copo d’água e aliviar com ele a nossa sede; e isso é muito bom. Esse é o presentismo ateísta: simplesmente viver o momento, entregar-se a ele; se é alguém virtuoso, viva o momento sem abuso e sem tédio. Essa é a meta.
Mas a gratidão transforma essa experiência radicalmente. O prazer de aliviar a sede é um prazer exterior, físico, epidérmico. Mas o prazer de ser amado é um prazer interno, que não é uma sensação que nos acontece, um fluxo que passa por nós, mas um estado, uma condição do ser, uma duração. E se os dois acontecem juntos? O prazer da percepção, e o prazer do amor?
A gratidão é uma disciplina central do Cristianismo. É a disciplina de ver o universo translúcido; de reconhecer a vida e o presente como dádivas e, por isso mesmo, se alegrar no reconhecimento do doador. A gratidão nos capacita a desfrutar da dádiva e do doador simultaneamente, e desse modo o presente se torna realmente eterno.
Nisso discordo de Sponville: a transcendência não elimina nem reduz a intensidade do presente; seu brilho a acende como a luz solar em um vitral; se de elimina o presente e a imanência, é maniqueísmo ou gnosticismo, ou outra blasfêmia confundida com a fé. E discordo de Daniel Everett; se ele perdeu a fé, é porque a transcendência que ele servia estava ausente do mundo. O que não deixa de ser compreensível, já que seu Cristianismo refletia muito da piedade negacionista do fundamentalismo evangélico americano.
E discordo de Sponville também nisso: o tempo não é eternidade; o tempo é o tempo, e nós somos passageiros. O Eterno é o amor eterno vivido dentro do tempo, e por isso só a graça pode tornar eterno o tempo; pois só a graça pode produzir a alegria que se chama gratidão.
A gratidão é uma disciplina central do Cristianismo. É a disciplina de ver o universo translúcido; de reconhecer a vida e o presente como dádivas e, por isso mesmo, se alegrar no reconhecimento do doador. A gratidão nos capacita a desfrutar da dádiva e do doador simultaneamente, e desse modo o presente se torna realmente eterno.
Mas há uma objeção importante: como viver em constante gratidão, diante do mal? Não é isso uma nova e até pior forma de negacionismo? De forma alguma; a temporalidade do Cristão é vivida no interior de uma narrativa maior, que começa com a celebração de uma Criação boa e com a sua redenção final. A narrativa Cristã é exatamente a narrativa de como o mal é vencido, e de como Deus é capaz de dar sentido ao que não tem sentido. Não é isso a Cruz? Um mal grotesco e irracional que se revela, no tempo certo, a vitória absoluta do bem divino? Expor o tema exigiria outro artigo, mas por agora é suficiente ter em mente isso: que na temporalidade Cristã, até mesmo a terrível prova pode ser encarada com alegria: “Meus irmãos, considerai motivo de grande alegria o fato de passardes por várias provações” (Tg 1.2) – isso é o que ensina o apóstolo Tiago.
O Cristianismo é, essencialmente, uma celebração da realidade na presença do Senhor Jesus, e por isso ele recebe também a realidade da nossa temporalidade. Mas ela é inacessível sem reconciliação. Não podemos força-la por uma amputação cultural, por um estreitamento linguístico reacionário, nem por uma disciplina negacionista para eliminar a dor.
Essa é a felicidade ferida do Cristianismo; uma segunda felicidade, que se ganha quando se perde. Parodiando a Jesus: quem quiser ser feliz, perderá a sua vida; mas abrir mão da sua felicidade por amor de mim ganhará a felicidade e algo ainda maior: a alegria eterna.

REFERÊNCIAS:
COMTE-SPONVILLE, André. O Ser-Tempo. Algumas Reflexões sobre o Tempo da Consciência. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
COMTE-SPONVILLE, André. Nas Origens da Sabedoria. Em: Comte-Sponville, André; Delumeau, Jean; Farge, Arlette. A Mais Bela História da Felicidade. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2009.
COMTE-SPONVILLE, André. A Felicidade, Desesperadamente. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Civilização. São Paulo: Penguin/Companhia das Letras, 2011.
LIPOVETSKY, Gilles. A Felicidade Paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
SANTO AGOSTINHO. Confissões. Coleção Patrística. São Paulo: Paulus, 1997.
PASCAL, Blaise. Pensées and Other Writings. Oxford: Oxford University Press, 1995.
PONDÉ, Luiz Felipe. Contra um Mundo Melhor: ensaios do afeto. São Paulo: Leya, 2010.
CAHILL, Thomas. A Dádiva dos Judeus: como uma tribo do deserto moldou nosso modo de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.


[1] Lipovetsky 2008, p. 348
[2] Freud, 2011 [1930], p. 19.
[3] Comte-Sponville, 2001 [1999], p.7.
[4] Ibid, p. 9.
[5] Comte-Sponville, 2009 [2008], p. 44.
[6] Ibid, p. 45.
[7] Ibid, p. 45-6.
[8] Ibid, p. 46.
[9] Comte-Sponville, 2000 [1999], 50-51.
[10] Santo Agostinho, Livro XI, 20 (1997, 348-9).
[11] Comte-Sponville, 2000, 32-33.
[12] Cf. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u497009.shtml
[13] Black Elk. Epígrafe Introdutória em: Cahill, 1999.
[14] Ibid, p. 75.
[15] Comte-Sponville, 2001, 96.
[16] Ibid, p. 99.
[17] Pondé, 2010, 53.
[18] Ibid, p. 64-5.
[19] Comte-Sponville, 2000, 92.
[20] Ibid, p. 95.
[21] Comte-Sponville, 2001, 10.
*****
Fonte:http://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2014/02/07/tempo-e-felicidade-contra-o-presentismo-ateu-de-andre-comte-sponville/