Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador portal ULTIMATO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador portal ULTIMATO. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mais que luzes e adereços

05.12.2012
Do portal ULTIMATOONLINE, 03.12.13


As lojas já prenunciam e famílias e igrejas se preparam para festejar a data. É impossível não perceber que o Natal está próximo. Mas como celebrar, com profundidade e significado, o milagre da encarnação de Cristo?

O Portal Ultimato oferece reflexões bíblicas e devocionais para que você aproveite, de verdade, a data. Ao longo do mês, todos os dias, você terá em nossos canais material próprio sobre o assunto. Confira.

1. E-book gratuito. Para Celebrar o Natal – Meditação e Liturgia é o nome do e-book, escrito pelo Pr. Ricardo Barbosa, que você pode baixar de graça aqui. Este livro é mais do que um devocionário com meditações diárias. É também um instrumento litúrgico para celebração pessoal, familiar e comunitária do Natal. Traz 25 liturgias para celebrar o advento de Cristo.

2. Devocionais da Ultimato. Fizemos uma seleção especial para o blog Devocional Diária. Escolhemos a dedo os melhores textos sobre Natal dos nossos devocionários. Coisa boa de John Stott, C. S. Lewis e Elben César.

3. Devocional e música. Gladir Cabral e João Leonel publicam diariamente textos devocionais inéditos sobre o advento, que misturam devoção e poesia, além de sempre terminar com uma boa dica musical. Acesse o blog do Gladir.

4. Artigos. O que o Natal (ainda) nos ensina sobre o mundo? Confira ao longo do mês artigos de nossos colunistas, além de textos antigos da revista que revigoramos. O primeiro deles é Advento: esperança num mundo endurecido, de Derval Dasilio.

5. Natal nas redes sociais. Acompanhe nossas redes sociais (Facebook e Twitter) e compartilhe nossa seleção de frases e versículos sobre o Natal.

O Natal não é meramente uma festa em nossos calendários. Pode ser uma grande oportunidade para revigorarmos nossa fé em Jesus Cristo e nosso amor uns pelos outros. Que assim seja!

Leia mais


*****

A conspiração da manjedoura

05.12.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 04.12.13
Por Carlos Bezerra Jr.


Há uns dois anos, um grande amigo chamado Shane Claiborne escreveu sobre uma experiência inusitada que haviam vivido em um Natal, na Filadélfia (EUA). Cansados do frenesi consumista que toma conta da festa, ele e seus amigos buscavam outra forma de celebrar o nascimento de Jesus – que, nas palavras de Shane, parecia ser comemorado com uma competição para ver quem mais gastava e comprava coisas desnecessárias para quem já tinha o que precisava.

Como a lógica do Reino é sempre a de subverter os valores desse mundo, aqueles irmãos oraram pedindo criatividade ao Pai. E passaram, então, a colocar em prática uma “santa conspiração”. Aquele Natal tinha de ser comemorado de outro jeito, diferente desse das empresas que doam cestas básicas em massa ou dos atos de puro voluntarismo. De uma forma que reforçasse o que há de mais precioso nessa data: o espírito de doação, de entrega, de generosidade, de amor.

Shane e seus amigos se reuniram e fizeram uma lista de vizinhos, conhecidos, conhecidos de conhecidos... gente que havia passado por uma dificuldade específica naquele ano, como: perda da casa num incêndio, a morte prematura de um filho, desemprego etc. Então, avisaram a cada uma das famílias listadas que elas receberiam uma visita especial na noite de Natal.

Quando chegou o dia, eles se espalharam pela vizinhança, visitando cada casa selecionada, entregando um assado especial, uma comida caprichada feita por eles e cantando uma música natalina. Junto com isso, um pequeno envelope que deveria ser aberto depois que saíssem. Dentro do envelope, uma boa quantia em dinheiro e um bilhete que dizia: “saibam que vocês são amados.”

Enquanto redijo esse artigo, imagino: e se cada igreja de nossas cidades fosse uma “célula revolucionária” do amor, fomentadora dessas conspirações? Se cada templo fosse um lugar de inspirar gente a espalhar amor pela cidade, proporcionando abraços aos mais pobres e aos que estão vivendo momentos de dor, solidão, tristeza e privações?

Por isso, faço uma sugestão: pare, pense, reflita. Faça uma ação anônima de generosidade. Peça a Deus criatividade. Estimule outros irmãos a fazerem o mesmo. Natal é tempo de conspiração, de subversão, de anúncio da chegada do Reino. É tempo de dizer que o mundo será governado por uma criança. É tempo de dizer que é possível ser gente de um jeito diferente, porque Ele nasceu e viveu entre nós pra nos mostrar como é ser gente do jeito que Ele planejou. É tempo de dizer que outro mundo é possível. 

Que o Espírito Santo nos livre do Natal do papai noel e nos mova à conspiração da manjedoura!

Feliz Natal!

______________
*Carlos Bezerra Jr., 45, pastor, médico, deputado estadual em São Paulo.


Conte você também sua história do verdadeiro Natal. Deixe seu comentário aqui.


Leia mais


*****

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Busca Pela Verdadeira Religião

04.12.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 29.11.13
Por Wellington Melo

“A Busca Pela Verdadeira Religião” é o tema do meu próximo livro, contudo muitos dizem que religião é algo relativo! 

A lei da relatividade surgiu ao longo da história da filosofia e da ciência; isso, como consequência da compreensão progressiva de que, dois referenciais diferentes oferecem visões perfeitamente plausíveis, ainda que diferentes, de um mesmo efeito. Einstein propôs que, “As leis da física devem ser escritas da mesma forma em qualquer sistema de coordenadas, em movimento uniforme ou não.” A partir dessa filosofia, tudo pode ter valor, levando em conta o ângulo mirado, o que parece muito bom, uma vez que temos a possibilidade de ter conhecimento dos fatos considerando um ponto específico. Contudo, em relação a conceito alusivo a religião, não seria um risco acreditar que o alcance a Deus é relativo? Quem garante que as religiões, inseridas em tribos, povos, raças e culturas distintas, estão se referindo ao mesmo Deus (considerando que esta divindade é o Deus Criador)? Em nenhuma relação entre Senhor e súdito, esse propõe algo em primeira mão; mas, aquele que dita às regras. Sendo assim, qual será o caminho que Deus propôs para que Ele fosse alcançado? Quando se fala em Religião deve se ter bastante atenção em qual das tantas existentes no mundo está se referindo

A vida de cada ser humano é uma verdadeira história, e estamos certos de que toda narrativa tem seu começo, meio e fim; contudo, onde de fato começou esta história? E onde ela irá terminar? É justamente na religião que muitos buscam uma explicação para vida, quando não encontra na ciência uma resposta lógica a respeito do invisível; ou seja, a vida espiritual.

Geograficamente falando, os povos da terra dividem-se em quatro: Orientais, Ocidentais, os do Norte, e os do Sul. Encontramos nesse mundo muita controvérsia no que diz respeito à vida religiosa. No Oriente, muitos países adotaram a lei de que, se alguém muda de religião, esse sofre sanções como: o desprezo da família, perda do emprego, perda da liberdade e até da vida. Ou seja, a religião separa os melhores amigos. Todavia, segundo Augusto Cury no seu livro ele escreveu: “ninguém deve ser condenado por rever sua posição intelectual (CURY, O Mestre dos Mestres pg:86,2006)” . 

Quanto ao Ocidente, a exemplo do Brasil, onde há certa tolerância religiosa, é permitido mudar de religião; sem, contudo, sofrer retaliações dos poderes públicos, ou dos familiares, ou da sociedade em geral. O direito de escolher uma religião concorre a todos, não há dúvidas nisso. A indagação é, “todos os caminhos levam a Deus?” É exatamente a liberdade para optar por uma determinada doutrina religiosa que pressupõe a resposta sim. Seria isto verdade? Conforme a etimologia, o vocábulo Religião é de origem latim que quer dizer religare, em nossa língua significa religar, uni-se a Deus. Se você conhece de fato a sua religião, pode afirmar com certeza se ela te religa a Deus. Se não, a partir das análises dos rituais e liturgias de um credo podemos concluir se estamos seguindo sim ou não em direção ao Criador. Assim, pretendo aqui tratar a respeito da viabilidade religiosa, para isso eu partir de algumas experiências minhas e de outros, além de estudos sobre o tema em diversas fontes. 

A Bíblia tem sido o Best Seller por muito tempo no mundo, porém no Brasil mesmo com a enorme demanda ainda há pessoas que ainda que, tendo um contato direto apresentam dificuldade na compreensão e entendimento desse tão valioso livro que muitos tem como “ Excelência literária” . 

O católico, o testemunha de Jeová, como o crente evangélico, defendem de comum acordo o pensamento a respeito das Escrituras Sagradas; ou seja, todas estas religiões entendem que a Bíblia é de fato uma (Excelência literária) e que comunica a Palavra de YHWH, Ainda que; o Judaísmo creia apenas na Torá que constitui os primeiros livros da Bíblia, e o Islamismo por sua vez, crê em alguns trechos nela escrito. Só o protestante defende a tese de que: Apenas a Bíblia é o Livro Inspirado por Deus, e é útil para ensinar, para redargüir, para corrigir, para a educação na justiça. 

“Todos nós bramamos como ursos e gememos como pombas; esperamos o juízo, e não o há; a salvação, e ela está longe de nós. Porque as nossas transgressões se multiplicam perante ti, e os nossos pecados testificam contra nós; porque as nossas transgressões estão conosco, e conhecemos as nossas iniqüidades, como o prevaricar, o mentir contra o Senhor o retirarmo-nos do nosso Deus, o pregar opressão e rebeldia, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade. Pelo que o direito se retirou, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas praças, e a retidão não pode entrar. Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O Senhor viu isso e desaprovou o não haver justiça. Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve. Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto. 

Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus inimigos; às terras do mar, dar-lhes-ás a paga. Temerão, pois, o nome do Senhor desde o poente e a sua glória, desde o nascente do sol; pois virá como torrente impetuosa, impelida pelo Espírito do Senhor. Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o Senhor. Quanto a mim, este é o meu pacto com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca dos teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, diz o Senhor desde agora e para sempre.” (Isaias 59:11-21)
 ****

Não se esqueça da manjedoura

04.12.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 03.12.13
Por Elben César

terça-feira

[Maria] envolveu a criança em panos e a colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. [Lucas 2.7, AS21]

Quando o Filho de Deus se tornou visivelmente Filho do Homem, onde o colocaram? Quando o Filho do Homem estava morrendo de sono, em que cama dormiu? Quando o Filho de Deus precisou de um transporte para acabar de entrar em Jerusalém, qual foi a providência tomada? Quando o Filho do Homem foi coroado rei, que coroa foi colocada em sua cabeça? Quando o Filho de Deus completou o trabalho que tinha a fazer, o que o poder religioso e o poder político lhe ofereceram?

Responda a essas perguntas e me diga mais uma coisa: o que eu fiz logo no início do encontro com meus discípulos no Cenáculo, em Jerusalém, antes de celebrar a Páscoa e antes de instituir a Ceia?

Se eu, o Filho de Deus, o Senhor e Mestre, lavei os pés dos discípulos, então você deve fazer o mesmo. Eu dei o exemplo, para que você faça o que eu fiz (Jo 13.14-15). Tenha uma vida modesta, discreta, sem pompa, sem regalias. Não se esqueça da manjedoura.

— Não me esquecerei da manjedoura, do jumentinho, da coroa de espinhos nem da cruz!

>> Retirado de Refeições Diárias com Jesus. Editora Ultimato.

****

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

SEGUNDA VINDA DE CRISTO: Advento, esperança num mundo endurecido

02.12.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 29.11.13


Primeiro domingo do Advento – Ano “A”

Que podem significar os sinais apocalípticos que o evangelho sobre a “vinda do Senhor” aponta? Não são sinais de resistência ao tempo presente que nos apresenta um “futuro sem futuro”? Advento quer dizer “vinda”, “chegada”, e isso é o que nós preparamos para celebrar: a primeira vinda do Logos, a Palavra de Deus, revestida da carne dos homens e das mulheres deste mundo. Sua primeira vinda em humildade, também elegendo os humildes, os pobres, os sem-poder, sem-teto, sem-cidadania e sem-direitos, nos impressiona?

Como ficam as previsões sobre o futuro, quando a realidade imediata apresenta-nos a destruição da vida no planeta Terra em tempo real bem menor, se permanece o ritmo atual de destruição ambiental, do aumento da pobreza, das desigualdades, da fome em toda parte? Carl Sagan via no intento humano de demandar à Lua e enviar naves espaciais no mundo sideral uma manifestação do inconsciente coletivo que pressente o risco da extinção próxima. Como necessidade de sobreviver, cogitamos formas de viver para além da Terra. Para chegar a outros sistemas planetários, no entanto, teríamos que percorrer bilhões e bilhões de quilômetros no espaço sideral, necessitando pelo menos de um século de tempo para tanto. Qualquer astronauta adulto teria que viver pelo menos 130 anos, para deixar algum sinal de sua presença em qualquer dos lugares escolhidos na distância espacial.

Ocorre que somos prisioneiros da luz, cuja velocidade de trezentos mil quilômetros por segundo, é até hoje insuperável. Isso é esperança ou algo que conhecemos de sobra, desde os tempos imemoriais, enquanto examinamos a história humana sobre a face da Terra? O astrofísico Stephen Hawking fala da possível colonização extrasolar com naves, impulsionadas por raios laser que lhes confeririam uma velocidade de 30 mil quilômetros por segundo. Mesmo assim só para chegar à estrela mais próxima – a Alfa do Centauro – precisaríamos de quarenta e três anos, sem ainda saber como frear essa nave a esta altíssima velocidade quando ela chegar ao seu destino.

As advertências de Jesus põem uma nota de gravidade no tempo do Advento que hoje começamos a celebrar: não se trata somente dos enfeites natalinos dos quais já estão cheios os supermercados, as lojas, a mídia de marketing. Não se trata de uma falsa alegria, induzida artificialmente por musiquinhas gospel meladas, nem da falsa aparência de bem-estar ao se esbanjar dinheiro em compras desnecessárias e injustificáveis. 

Que sinais de esperança e de desesperança a sociedade atual “realista”, “pragmática”, sem utopias, desencantada, desesperançada, anestesiada pela proclamação do “final da história”, apresenta sobre o sinal do final desses tempos? Que papel os cristãos teriam nesta hora de endurecimento da esperança? Somos testemunhas da esperança ou do desespero, ou da fatalidade ou acomodação (Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos porque amanhã morreremos: 1Co 15.32)? O Advento está às portas, é tempo para refletir sobre nossas escolhas: "O mandamento que hoje te dou não está acima de tuas forças, nem fora de teu alcance" (Dt 30.11).

"Diante de ti coloco à disposição dois caminhos..." "... ponho diante de ti a vida com o bem, e a morte com o mal (Dt 30.15); "Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem apavorados por causa delas, pois o Senhor, o seu Deus, vai com vocês; nunca os deixará, nunca os abandonará" (Dt 31.6).

Leituras:

Isaías 2.1-5 – O Senhor reúne todas as nações para a paz do Reino.
Salmo 122 – Que alegria: “Vamos à casa do Senhor!”
Romanos 13.11-14 – A salvação está mais perto do que imaginamos
Mateus 24.37-44 – Fiquem atentos, preparem-se…

Leia mais


 Derval Dasilio. É pastor da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).


****

domingo, 1 de dezembro de 2013

Antes do tempo

02.12.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 01.12.13
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por Elben César

domingo
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.[João 1.1]
A Bíblia fala do início do tempo, da humanidade e da história. É a primeira história que se conta às crianças e a última que os velhos entendem. Nada havia — mas Deus era; seu dedo tudo tocava.

Quando perguntaram a Santo Agostinho: “O que Deus fazia antes de criar o universo?”, ele respondeu que estava preparando o inferno para pessoas que fazem tais perguntas… Agostinho disse que o tempo era uma propriedade do universo criado por Deus e não existia antes do início do universo.

O que existia com o Pai no princípio do tempo? Jesus Cristo, Verbo Vivo e autor da vida. Paulo diz que ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas, para em todas as coisas ter a primazia (Cl 1.15-18). Se Jesus é Criador, o princípio e o fim de nossas vidas são significativos e de valor eterno. O temor do Senhor é este princípio da sabedoria (Pv 1.7). Foi com sabedoria que o Senhor fundou a terra e estabeleceu os céus (Pv 3.19).

Antigamente, no primeiro dia do ano, meninos pobres mendigavam uns trocados desejando bom princípio. Para os dias atuais e para os desconhecidos dias do futuro, precisamos do bom princípio de que Jesus estava com Deus na criação e estará com ele no fim de nosso tempo.

Aquele que já estava no princípio de tudo fez o tempo para o nosso mundo e a eternidade para os que nele confiam.

>> Retirado de Devocionais Para Todas as Estações. Editora Ultimato.

*****

sábado, 30 de novembro de 2013

MÁS COMPANHIAS — BARREIRAS PARA O CRISTÃO

30.11.2013
Do portal ULTIMATOONLINE
Por  Pr. Wilson Nunes*

Texto Básico: Provérbios 6.12-19
Texto devocional:  Salmo 51.1-19
Versículo-chave:  1Pedro 1.14
“Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância”

Alvo da Lição: Fazer uma advertência contra os criadores de encrenca e quanto ao perigo de se relacionar com pessoas dessa índole.
Leia a Bíblia diariamente
Seg Pv 6.12-19
Ter Rm 3.9-18
Qua Rm 5.12-21
Qui Pv 4.23-27
Sex Tg 3.1-12
Sáb Pv 4.14-15
Dom 2Co 6.14-18

Introdução
Os estudiosos modernos da área da educação costumam nos lembrar que tanto a formação do nosso caráter quanto da nossa personalidade ocorrem por meio da socialização. Eles ensinam que uma pessoa aprende atitudes, emoções e valores sendo socializada em uma cultura.
Porém, muito antes dos estudiosos, a Bíblia já ensinava que a aprendizagem se dá por meio de contato e convivência com os outros“andando pelo caminho” (Dt 6.7; Pv 4.3-4). Mas ela vai além, quando afirma que a influência das pessoas umas sobre as outras é uma força poderosa, que atinge a todos. Uma mente forte pode tornar-se impotente diante dessa pressão. Até mesmo o individualista mais convicto, em alguns casos, ajusta-se ao estilo de vida dos outros. Essa influência é mais forte do que qualquer um de nós gostaria de admitir. Queremos agir individual e Independentemente, mas, na realidade, ajustamos nosso comportamento, em grande parte, àqueles com quem convivemos. É claro que nem toda pressão que provém dos outros será errada. Entretanto, é preciso cuidado, pois muita pressão que enfrentamos está intrinsecamente ligada ao mal e todos os nossos valores e princípios se desvanecerão se não soubermos como resisti-la.
O texto de hoje quer nos advertir acerca de uma das maiores barreiras da vida cristã: as más companhias. Vejamos a seguir como esse tipo de má influência pode ocorrer.
I. O coração maldoso (Pv 6.12-15)
A palavra Belial (do hebraico: beli = ”sem” e ya’al = ”proveito”) descreve um tipo de caráter maligno; uma pessoa malvada, que não tem valor (1Sm 2.12; 1Rs 21.10). Mas esse caráter maligno não diz respeito apenas a indivíduos ou a pequenos grupos de amigos, pois ele pode permear toda a cultura de uma sociedade.
Basicamente, o nosso ambiente social hoje é eticamente pernicioso. A degeneração moral de nossa sociedade tem-se acelerado grandemente nas últimas décadas. Duas causas básicas respondem por essa degeneração: o aumento de nossa riqueza e o crescente impacto da televisão. Jerry White, destacando essas duas causas, faz o seguinte comentário: “Quando nos tornamos mais ricos, nosso foco muda-se do trabalho pela sobrevivência para o prazer pessoal e autoindulgência.
Porém, o real ‘modificador da mente’ é indubitavelmente a TV. Nos últimos anos, a televisão tem tido pelo menos tanta influência na educação dos jovens quanto a escola. E, enquanto as escolas públicas deixam de ensinar os valores morais, os programas de televisão refletem a aceitação ampla, pela sociedade, da nova ideologia moral – que reflete padrões cada vez mais baixos. Muitos dos programas mais populares são aqueles que mostram problemas de desvios morais. Com a pressão enorme dos fatores citados, muitos deles diretamente contrários aos ensinos das Escrituras, logo começamos a aceitar os padrões da sociedade. É como se nos tivessem feito uma lavagem cerebral”.
Como a Bíblia nos ensina a enfrentar essa pressão?
1. Não conformação (Rm 12.2)
É isso o que as Escrituras nos dizem. Ou como J.B.Philips parafraseia: “Não deixe o mundo à sua volta moldá-lo, e, sim, que Deus transforme você de tal modo que toda a sua atitude mental seja modificada”.
2. Resistência (1Pe 1.14)
“Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância.” Note-se que estes dois enunciados bíblicos são uma ordem direta – não apenas uma sugestão. É-nos ordenado sermos diferentes do mundo.
II. O amigo da onça (Pv 6.16-19)
Este termo popularizou-se na descrição daqueles tipos de “amigos” que tramam o mal contra  nós ou nos envolvem em situações desagradáveis. Além do prejuízo material, físico, emocional e social que tais influências produzem, há também o prejuízo espiritual, que é o pior, pois Deus detesta gente que induz outros ao pecado. Em Provérbios 6.16-19, sete coisas detestáveis são expressas referindo-se ao tal Belial. Só uma pessoa igual a ele pode usar olhos, língua, mãos, coração e pés para o mal. Examinemos todas essas características maléficas, sejam de um Belial ou de outro igual.
1. Olhos orgulhosos (Pv 6.16)
São olhos altivos, arrogantes, como de alguém que se acha superior às outras pessoas. Há gente assim: olha para nós como se fosse senhor de tudo. Essas pessoas têm um sério defeito de caráter. São criaturas más, que no fim não demorarão a serem quebradas, sem que haja cura. A intervenção de Cristo é a única ação capaz de transformar um caráter como esse.
2. Língua mentirosa (Pv 6.17)
Os mentirosos são capazes de grandes invenções malignas, inoculando veneno contra outras pessoas. A igreja sofre muito com tais pessoas, maledicentes, boateiras. O apóstolo Tiago tem um capítulo clássico sobre a língua, que vale a pena ser examinado (leia Tiago 3.1-12).
3. Mãos que ferem o inocente (Pv 6.17)
Quantos pistoleiros e assassinos agem hoje por todo o país. Que se pode dizer de tais indivíduos? Pode-se encher salas e mais salas com notícias sobre assassinatos. Já estamos fartos
de tantas notícias de morte e violência veiculadas pela imprensa. Ver mãos que derramam sangue é um quadro que se converteu em cena comum do nosso cotidiano.
4. Mente que trama perversidade (Pv 6.18)
Veja também Provérbios 4.23, que diz que é do coração que provém o mal. O assassino, aquele que tira a vida de outrem, concebeu antes o crime no coração. O coração que trama projetos iníquos é um coração que Deus aborrece e abomina. Somente Cristo pode reverter essa tendência maligna, criando no homem um novo coração.
5. Pés que correm para fazer o mal (Pv 6.18)
Quantos andam à cata do mal, usam seus pés dando passos para arruinar outras vidas? Mesmo aceitando que os pés dos crentes não correm para o mal, ainda assim quantas passadas se dão de casa em casa, levantando mexericos e intrigas? São pés que correm para fazer o mal.
6. Lábios que proferem falso testemunho (Pv 6.19)
Mentir num tribunal, onde se espera averiguar a verdade, é o procedimento mais abominável que uma criatura pode praticar. Nunca aconteça que cheguemos a tal condição. Foi esse tipo de pessoa que aceitou suborno para levantar falsas acusações contra Jesus (Mt 26.59-60; Lc 22.3-6). Jesus foi a maior vítima desse pecado.
7. Pessoa que provoca brigas na igreja e na família (Pv 6.19)
Seis coisas Deus aborrece, e a sétima Ele abomina. O que semeia contenda entre os irmãos, ou fica jogando um contra o outro, aparece aqui como o pior de todos. Não se trata de uma escala de pecados que vai aumentando. Todavia, o que semeia contenda entre os irmãos, o que desune a família de Deus deve ser mesmo um abominável, porque do embate de um contra outro nasce tudo que há de pior. Esse tipo de pecado precisa ser seriamente combatido na igreja. Quantas contendas e brigas entre irmãos na igreja resultam do trabalho de um semeador de intrigas!
Este texto de Provérbios deveria ser uma espécie de cartilha, um manual que todo crente deveria saber de cor. Todos deveríamos ter ciência dos nossos defeitos e da destruição que eles acarretam.
Conclusão
A despeito da intensidade da pressão que enfrentamos há coisas que podemos fazer para lidar com ela.
1. Seja honesto. Reconheça a tendência de sucumbir. Isto significa redobrar o cuidado na escolha dos seus amigos.
2. Examine sua vida espiritual. Há algum pecado com que você esteja tendo problemas?
3. Desenvolva convicções espirituais. Tem você desenvolvido convicções pessoais quanto ao que pensar, à linguagem e aos estilos de vida? Siga o conselho de Filipenses 4.8-9.
4. Seja uma influência boa. Aprenda a influenciar positivamente as pessoas, em vez de ser influenciado pelos maus. Algumas pessoas podem estar esperando que você se oponha à maioria e as encoraje a resistirem também.
5. Bata em retirada. Quando tudo o mais falhar, fuja. Quando não puder resistir ou  influenciar os outros, você tem de se retirar da situação. “Não entres na vereda dos perversos, nem sigas pelo caminho dos maus. Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo” (Pv 4.14-15).
*Autor da lição: Pr. Wilson Nunes

Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista “Um Guia para Viver Bem”. Usado com permissão.

*****

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A beleza de Deus

29.11.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 26.11.113

“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1.26).

Michelangelo definiu a beleza como a purificação do supérfluo, ou seja, a beleza é a realização do essencial, nos remete à essência do ser, daquilo que é. A beleza é a base unificadora do ser. Sem a beleza, não existe bondade nem verdade. Algo para ser bom, além de verdadeiro, tem de ser belo. Algo que seja verdade tem de ser bom e só pode ser belo. Como diria Dionísio o areopagita no séc. v: “A verdade, o bem e a beleza são três lâmpadas ardentes de fogo e uma não vive sem a outra.” 

Vivemos numa sociedade em crise em relação ao lugar da beleza em nosso mundo. Confunde-se esteticismo com beleza. Por isso, a nossa sociedade conseguiu divorciar a estética da ética, procurando assim maquiar a própria existência. Este divórcio entre ética e estética, entre beleza e verdade, beleza e bondade, se verifica desde a Queda de Adão e Eva e só fez aumentar o fosso entre as realidades. O pecado é a suprema fealdade. O pecado desestrutura, desorganiza, cria caos e confusão, nos aprisiona, e avilta a nossa dignidade. A sociedade de consumo é também a sociedade do supérfluo e do descartável, nada mais resiste à ditadura da estética; quando passa a moda, o que era belo não é mais. Logo, a verdade e a bondade também se derretem sob a bandeira do relativismo. É assim com a noção de direitos e deveres. 

Os homens e mulheres em situação de rua são ícones que dão forma a esta realidade esquizofrênica que separa beleza, verdade e bondade. A “feiura” de seus rostos sofridos e ameaçadores. O odor quase insuportável de seus corpos submetidos às múltiplas violências do tempo, das privações, das drogas, do desprezo e das próprias opções equivocadas na vida. A perturbadora presença deles ameaçando a nossa paz revela o quanto estamos alienados. 

Jamais teremos verdadeira paz, nunca nos encontraremos em real segurança, jamais desfrutaremos de maneira libertadora e gozosa dos legítimos bens desta vida, enquanto continuarmos gerando pela superfluidade homens e mulheres que fiquem à margem da sociedade e da vida, como massa sobrante. Levantar muros, colocar cercas elétricas, construir condomínios fechados, criar grupos que reivindiquem direitos e etc. não resolvem muita coisa. Na verdade, apenas maquiam a realidade, não atingem o âmago do problema. A solução de Deus já existe. Apesar da Queda de Adão e sua expulsão do jardim de delícias e belezas no Éden, a imagem e semelhança de Deus continuou sendo plasmada em cada homem e mulher nascidos neste mundo. Esta imagem e semelhança, por si só, configuram o altíssimo valor e dignidade da pessoa humana. Esta “Imago Dei” é o reflexo da indefectível e da esplendorosa beleza de Deus. Esta dignidade é tão espetacular, tão estupenda, tão maravilhosa, que o próprio Filho de Deus não recusou assumi-la. Jesus Cristo veio a este mundo como verdadeiro homem, imagem Deus. Então, que coisas como cristãos autênticos podemos então fazer?

1. Reconhecer esta beleza de Deus escondida nos rostos sofridos de cada homem e mulher, sem exceção, preferencialmente nos pobres, nos mais vulneráveis, nos que estão privados inclusive de sua cidadania plena, como os moradores de rua. 

2. Abrir mão do supérfluo, das maquiagens sociais, das “palavras de ordem” vazias de significado, dos discursos falaciosos, do bom mocismo do homem cordial que desde o império emperram o desenvolvimento do Brasil. 

3. Engajar-se. Esta é a palavra. Como cristãos nosso engajamento passa pelo amor fraterno, pela solidariedade generosa, pelo voluntariado abnegado, pelo compromisso com a justiça do Reino e pelo desejo do “Belo”, da beleza que eleva os nossos corações. Beleza, que como a verdade, liberta. 

4. Respeitar os que divergem de nossas convicções e de nossa leitura da realidade e do mundo. Estar disponíveis e generosos para o diálogo franco, aberto, construtivo, deixando-nos interpelar e questionar. Afinal de contas, temos mesmo que “estar preparados para dar as razões de nossa esperança” (1 Pe. 3.15). 

5. Buscar construir juntos, pois, para fazer o bem, todos são bem vindos. 

Concluindo, em sua obra “O Idiota”, de maneira magistral, Fiodor Dostoiévski escreve: “A beleza salvará o mundo. E não há nem pode haver nada de mais belo que Cristo. Ele identifica a beleza e Deus.”

Leia mais

A beleza salvará o mundo (Alderi Matos de Sousa) 
Jesus e a terra (James Jones) 
******

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Salomão e o excesso de bagagem

28.11.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 25.11.13


“E a todo o homem, a quem Deus deu riquezas, bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar a sua porção, gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus.” “Um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto deseja, e Deus não lhe dá poder para daí comer, antes o estranho lho come; também isto é vaidade e má enfermidade.” Ecl 5; 19 e 6; 2

Salomão expõe duas situações semelhantes; pessoas abastadas. Porém, com predicados diferentes. Uma pode usufruir suas posses, outra, não. Ora, se o direito à propriedade é sagrado em qualquer regime democrático, por que alguém não pode usufruir o que possui? Acontece que essa restrição não reside nas leis humanas, antes, na alma de tal “rico”. Para o que pode, o dinheiro é um meio; para o outro, um fim. Aquele, do que possui faz sua vida regalada; esse, do que ainda não tem, o alvo de sua cobiça.

Assim foi com Acabe, por exemplo; mesmo com as regalias do palácio real, sofria por não ter a vinha de Nabote. A megera rainha Jezabel maquinou como possuí-la a preço de fraude e sangue; isso lhe custou a vida.

Então, quando Deus “dá poder” para usufruir, devemos entender com isso uma alma iluminada quanto ao papel dos bens e um coração liberal, altruísta. “Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isto é vaidade e aflição de espírito.” 6; 9 

Muitos católicos que se dão às peregrinação como a de Santiago de Compostela, na Espanha, por exemplo, dizem que o primeiro aprendizado é que devem descartar tudo o que for supérfluo para que a bagagem seja um socorro essencial, não, um peso.

Se sabemos que a vida terrena é mera peregrinação, posto que mais extensa, por que nos sobrecarregarmos de bagagens mui pesadas que não poderemos levar além? “Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.” 5; 12 Salomão ensinando parte do “não poder” desse materialmente apegado.

Desgraçadamente, muitos sedizentes evangélicos ao invés de ensinar o vero sentido de nossa peregrinação, cujo alvo é ser sal e luz aos semelhantes, e ajuntar Tesouros no Céu para si, ensinam a cobiça mundana, como se âncora e asas fossem sinônimos.

Ora, o Salvador denunciou que do que o coração está pleno a boca fala. Lógico e natural que seja assim. Como apresentaria eu, a outrem, como desejável, aquilo que não for desejável a mim? Assim foi o pecado original. Satanás propôs como alvo ao primeiro casal algo que era seu sonho; ser como Deus.

Então, quando um pilantra qualquer acena ainda que pisoteando textos bíblicos, com a busca de mais bagagem, obscenamente expõe seu avarento coração; e sua mensagem só ecoa noutro igual. Assim, tais igrejas vivem sua “simbiose”; mercenário e incauto completam-se, como otário e vigarista.

Claro que em casos de privação extrema os bens são a primeira “oração” que devemos fazer em socorro de um necessitado qualquer, não se trata de omitir o óbvio. A ideia é uma profilaxia para evitar que a mosca dourada da cobiça nos possa inocular seu vírus. “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” 5; 10

Não alude o pensador aos bens em si, antes, a um sentimento deslocado que faz amar coisas, bens, quando deveria fazê-lo em relação a pessoas. Paulo amplia: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6; 10

O livro de Atos, aliás, traz o exemplo de Ananias e Safira que, por amor ao dinheiro mentiram solenemente perante Deus, e isso lhes custou mais que dores, mas, a vida.

Conheço pessoas de bem poucos bens que vivem felizes; e outras de muitas posses, que sofrem; todos conhecem! Certo que é saudável certa emulação ao vermos a prosperidade de nossos semelhantes, que nos faz trabalharmos mais em busca de melhorias de nossas condições de vida. Entretanto, é insano e destrutivo dar asas à cobiça desenfreada, pois, além de não apreciarmos devidamente o que temos, podemos incorrer em ilícitos almejando o que sequer carecemos.

“Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, … ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão.” Prov 30; 8 e 9

*****

Nossa contribuição para o equilíbrio cósmico

28.11.2013
Do portal ULTIMATO ONLINE
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por C.S.LEWIS

quinta-feira

Quando nós oramos pelo resultado de uma batalha ou de uma consulta médica, o pensamento que geralmente passa por nossa mente (se pelo menos nós soubéssemos) é de que a situação já está decidida de um jeito ou de outro.
Creio que isso não é razão para interrompermos nossas orações. A situação certamente está decidida — em certo sentido, ela foi decidida “antes de tudo existir”. Porém, uma das coisas levadas em conta para decidi-la e, portanto, uma das coisas que a ocasionou, pode ser a própria oração que estamos fazendo. Então, apesar de isso parecer chocante, concluo que podemos, ao meio-dia, fazer parte das causas de um acontecimento das 10 horas da manhã. (Alguns cientistas entenderiam isso com mais facilidade do que os leigos.) A imaginação, sem dúvida, tentará nos impor todos os tipos de truque nesse ponto. Ela questionará: “Então, se eu parar de orar, Deus pode voltar atrás e modificar o que já aconteceu?”.
Não. O evento já aconteceu e uma das causas foi o fato de você estar fazendo perguntas em vez de orar. Ou, pode perguntar: “Se eu começar a orar, Deus pode voltar atrás e modificar o que já aconteceu?”. Não. O evento já aconteceu e uma das causas foi sua presente oração. 
Assim, algo realmente depende das minhas escolhas. Meu livre-arbítrio contribui para o equilíbrio cósmico. Essa contribuição é feita na eternidade ou “antes de tudo existir”; mas a minha consciência de contribuição me alcança em um ponto específico do período de tempo.
>> Retirado de Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato.
*****

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fé, emoções e imaginação

27.11.2013
Do portal ULTIMATOONLINE, 25.11.13
Por Ricardo Barbosa de Souza


C. S. Lewis foi um dos mais influentes pensadores do cristianismo moderno. 50 anos após sua morte, Ricardo Barbosa discorre sobre uma das consequências positivas da obra de Lewis: a valorização da imaginação na vivência da fé cristã. Este artigo foi publicado na atual edição da revista Ultimato, e estava restrito aos assinantes. A partir de agora, está disponível a todos os leitores do portal Ultimato.

****

Fé, emoções e imaginação: 50 anos sem C. S. Lewis

Um dos escritores que mais influenciaram o cristianismo no século 20 não foi um teólogo, nem um pastor ou missionário, não ocupou grandes púlpitos, não viajou pelo mundo afora pregando em grandes catedrais. Foi um professor universitário de literatura, tímido e que, até a sua conversão, aos 31 anos, fora um ateu convicto. Clive Staples Lewis (1898–1963), conhecido como C. S. Lewis, tornou-se um dos maiores pensadores do cristianismo moderno.

Uma pesquisa realizada há alguns anos entre os leitores da revista americana “Christianity Today” mostrou que, depois da Bíblia, o livro que mais influenciou suas vidas foi “Cristianismo Puro e Simples”, de C. S. Lewis. Uma das razões para a influência contínua dos seus livros entre os cristãos, na minha opinião, é a forma como ele relaciona a razão com a emoção e a imaginação na experiência da fé.

Para Lewis, se a razão era o meio natural para se compreender a verdade, a “imaginação era o meio que dava o seu significado”. A melhor forma de dar significado a conceitos ou palavras é estabelecer uma imagem clara para nos conectar com a verdade. Ele acreditava que a aceitação das coisas como elas se apresentam ao nosso intelecto revela uma fraqueza e um empobrecimento da compreensão da realidade.

Esse tema é retratado em “Surpreendido pela Alegria”, no qual ele narra sua experiência de conversão e descreve o crescente conflito entre a razão e a imaginação em sua formação: “Assim, tal era o estado da minha vida imaginativa; em contraste com ela, erguia-se a vida do intelecto. Os dois hemisférios da minha mente formavam acutíssimo contraste. De um lado, o mar salpicado de ilhas da poesia e do mito; de outro, um ‘racionalismo’ volúvel e raso. Praticamente tudo o que eu amava, cria ser imaginário; praticamente tudo o que eu cria ser real, julgava desagradável e inexpressivo…”. De um lado, “o mar salpicado de ilhas da poesia e do mito”; de outro, “um racionalismo volúvel e raso”. Foi sua impressionante capacidade de reconhecer o valor de ambos que contribuiu para a riqueza de sua obra.

Em seu livro “Cristianismo Puro e Simples”, ao falar sobre a relação entre a fé e as emoções, ele aborda o tema criando o seguinte cenário: “Um homem tem provas concretas de que aquela moça bonita é uma mentirosa, não sabe guardar segredos e, portanto, é alguém em quem não se deve confiar. Entretanto, no momento em que se vê a sós com ela, sua mente perde a fé no conhecimento que possui e ele pensa: ‘Quem sabe desta vez ela seja diferente’, e mais uma vez faz papel de bobo com ela, contando-lhe segredos que deveria guardar para si. Seus sentidos e emoções destruíram-lhe a fé em algo que ele sabia ser verdadeiro”.

O problema da fé não está na razão como meio para se compreender a verdade, mas na forma como respondemos a essa verdade emocionalmente. Para que a fé seja consistente, ela precisa conectar a razão com as emoções, e isso se faz por meio da imaginação. Ele reconhece que “não é a razão que me faz perder a fé: pelo contrário, minha fé é baseada na razão… A batalha se dá entre a fé e a razão, de um lado, e as emoções e a imaginação, de outro”.

A fé como expressão lógica da razão atrofia a alma num cristianismo árido. Contudo, a fé como expressão de sentimentos e emoções envolve a alma numa espécie de balão, levado por qualquer vento, para qualquer lugar. O uso da imaginação integra a razão com os sentimentos e oferece à fé um significado real, para um mundo real.

Leia mais: 


*****