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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Fé, emoções e imaginação

29.12.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 12.2013
Por Ricardo Barbosa de Sousa

 50 anos sem C. S. Lewis

Um dos escritores que mais influenciaram o cristianismo no século 20 não foi um teólogo, nem um pastor ou missionário, não ocupou grandes púlpitos, não viajou pelo mundo afora pregando em grandes catedrais. Foi um professor universitário de literatura, tímido e que, até a sua conversão, aos 31 anos, fora um ateu convicto. Clive Staples Lewis (1898–1963), conhecido como C. S. Lewis, tornou-se um dos maiores pensadores do cristianismo moderno.

Uma pesquisa realizada há alguns anos entre os leitores da revista americana “Christianity Today” mostrou que, depois da Bíblia, o livro que mais influenciou suas vidas foi “Cristianismo Puro e Simples”, de C. S. Lewis. Uma das razões para a influência contínua dos seus livros entre os cristãos, na minha opinião, é a forma como ele relaciona a razão com a emoção e a imaginação na experiência da fé.

Para Lewis, se a razão era o meio natural para se compreender a verdade, a “imaginação era o meio que dava o seu significado”. A melhor forma de dar significado a conceitos ou palavras é estabelecer uma imagem clara para nos conectar com a verdade. Ele acreditava que a aceitação das coisas como elas se apresentam ao nosso intelecto revela uma fraqueza e um empobrecimento da compreensão da realidade.

Esse tema é retratado em “Surpreendido pela Alegria”, no qual ele narra sua experiência de conversão e descreve o crescente conflito entre a razão e a imaginação em sua formação: “Assim, tal era o estado da minha vida imaginativa; em contraste com ela, erguia-se a vida do intelecto. Os dois hemisférios da minha mente formavam acutíssimo contraste. De um lado, o mar salpicado de ilhas da poesia e do mito; de outro, um ‘racionalismo’ volúvel e raso. 

Praticamente tudo o que eu amava, cria ser imaginário; praticamente tudo o que eu cria ser real, julgava desagradável e inexpressivo…”. De um lado, “o mar salpicado de ilhas da poesia e do mito”; de outro, “um racionalismo volúvel e raso”. Foi sua impressionante capacidade de reconhecer o valor de ambos que contribuiu para a riqueza de sua obra.

Em seu livro “Cristianismo Puro e Simples”, ao falar sobre a relação entre a fé e as emoções, ele aborda o tema criando o seguinte cenário: “Um homem tem provas concretas de que aquela moça bonita é uma mentirosa, não sabe guardar segredos e, portanto, é alguém em quem não se deve confiar. Entretanto, no momento em que se vê a sós com ela, sua mente perde a fé no conhecimento que possui e ele pensa: ‘Quem sabe desta vez ela seja diferente’, e mais uma vez faz papel de bobo com ela, contando-lhe segredos que deveria guardar para si. Seus sentidos e emoções destruíram-lhe a fé em algo que ele sabia ser verdadeiro”.

O problema da fé não está na razão como meio para se compreender a verdade, mas na forma como respondemos a essa verdade emocionalmente. Para que a fé seja consistente, ela precisa conectar a razão com as emoções, e isso se faz por meio da imaginação. Ele reconhece que “não é a razão que me faz perder a fé: pelo contrário, minha fé é baseada na razão… A batalha se dá entre a fé e a razão, de um lado, e as emoções e a imaginação, de outro”.

A fé como expressão lógica da razão atrofia a alma num cristianismo árido. Contudo, a fé como expressão de sentimentos e emoções envolve a alma numa espécie de balão, levado por qualquer vento, para qualquer lugar. O uso da imaginação integra a razão com os sentimentos e oferece à fé um significado real, para um mundo real.

• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de, entre outros, “A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja”.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/345/fe-emocoes-e-imaginacao

NÃO SOU TOTALMENTE CONTRA O NATAL

29.12.2015
Do blog MATÉRIAS DE TEOLOGIA
Por  AUGUSTUS NICODEMUS LOPES   

augustus nicodemus

Como todos os cristãos em geral, eu sou contra a secularização do Natal, o comércio que se faz em torno da data, as festas e bebedeiras que ocorrem na época. Todos sabemos que Papai Noel, árvores de Natal, guirlandas, bolinhas brilhantes e coloridas, bengalinhas de açúcar e anjinhos pendurados nas árvores, nada disso faz parte do Natal. São acréscimos culturais e pagãos feitos ao longo dos séculos e certamente não pelos verdadeiros cristãos.

Por isto, acho que não deveríamos ter nos cultos de Natal qualquer desses símbolos, desde Papai Noel até a árvore. Há quem pense diferente. Ellen White, profetiza mor do Adventismo, ensinava que se deveria ter uma árvore de Natal no culto e que a mesma poderia ser enfeitada durante a celebração.

"Deus muito Se alegraria se no Natal cada igreja tivesse uma árvore de Natal sobre a qual pendurar ofertas, grandes e pequenas, para essas casas de culto”. [1] 

Sou veementemente contra essa ideia.


Também sou contra fazer de 25 de dezembro uma espécie de dia “santo”. Para nós, há somente um dia “santo”, por assim dizer, que é o dia do Senhor, o domingo. A maioria dos cristãos esclarecidos sabe que a data 25 de dezembro foi escolhida depois do período dos apóstolos, por três razões: para substituir as celebrações pagãs da Saturnália, substituir as celebrações do solstício do inverno, quando era adorado o Sol Invicto e por ser a data de aniversário do imperador Constantino. Todos estão conscientes de que Jesus pode não ter nascido – e provavelmente não nasceu – nessa data. Ela é uma convenção apenas, aceita pela Cristandade desde tempos antigos.

Por causa dos abusos, dos acréscimos pagãos e do desvirtuamento do sentido, muitos têm se posicionado contra as celebrações natalinas no decorrer dos séculos. Posso entender perfeitamente seus argumentos. Um bom número de seitas, por exemplo, insiste que o Natal é uma festa pagã e que todos os verdadeiros cristãos deveriam afastar-se dela.

As Testemunhas de Jeová estão entre as que atacam de maneira mais ferrenha as festividades natalinas. Num artigo intitulado "Crenças e Costumes que Desagradam a Deus" as Testemunhas de Jeová argumentam:


"Jesus não nasceu em 25 de dezembro. Ele nasceu por volta de 1° de outubro, época do ano em que os pastores mantinham seus rebanhos ao ar livre, à noite (Lucas 2:8-12). Jesus nunca ordenou que os cristãos celebrassem seu nascimento. Antes, mandou que comemorassem ou recordassem sua morte (Lucas 22.19,20)".[2] 

Todavia, considerando a rejeição aberta e agressiva que as Testemunhas de Jeová mantém contra a Encarnação e a divindade de Jesus Cristo, não se poderia esperar outra atitude deles.

Mais recentemente, igrejas e pregadores neopentecostais passaram a atacar duramente os cultos natalinos. Os argumentos são similares aos das seitas contra o Natal, só que com mais ênfase no caráter pagão-satânico do "bom velhinho". O ataque é resultado da visão dicotomizada de mundo que caracteriza muitos neopentecostais (não a todos, obviamente) e faz parte das críticas que fazem aos programas de Disney, às cartas de baralho, às mensagens satânicas subliminares em músicas de rock, etc., o que enfraquece bastante a força dos seus ataques ao Natal.

Os abusos e distorções também têm provocado reação contrária ao Natal de pastores e estudiosos reformados. Os argumentos são basicamente os mesmos empregados pelas seitas e pelos neopentecostais, sem que com isso queiramos comparar ou assemelhar esses grupos: falta de prescrição bíblica, incerteza da data exata do nascimento, origem pagã da festa e introdução de elementos pagãos ao longo do tempo.

Estou de acordo com as críticas feitas aos abusos e distorções. Todavia, acredito que precisamos jogar fora somente a água suja da banheirinha, e não o bebê. Penso que a realização de um culto a Deus em gratidão pelo nascimento de Jesus Cristo nessa época do ano, como parte do calendário de ocasiões especiais da Cristandade, se encaixa no espírito cristão reformado.

Além do que, alguns dos argumentos usados para a cessação total da realização de cultos dessa ordem não me parecem persuasivos.
        
Por exemplo, o argumento do silêncio da Bíblia, usado quanto às prescrições de comemorar o nascimento de Jesus, para mim não é definitivo. A Bíblia silencia quanto a muita coisa que é praticada nos cultos das seitas, dos neopentecostais e mesmo dos reformados. Eu sei que a celebração dos anjos e pastores na noite do nascimento de Jesus, bem como a atitude dos magos posteriormente, não são argumentos suficientes para estabelecermos cultos natalinos, mas pelo menos mostra que não é errado nos alegrarmos com o nascimento do Salvador.

Os argumentos de que os Reformadores, puritanos e presbiterianos antigos eram contra o Natal também não é final. A começar pela falibilidade das opiniões deles, especialmente em áreas onde as Escrituras não tinham muita coisa a dizer. Há muita manipulação das opiniões desses antigos heróis da fé pelos seus seguidores hoje (entre os quais me incluo, mas não na categoria de seguidor cego). Quando eles concordam, são citados. Quando discordam, são esquecidos. Aliás, não tenho certeza que Calvino era contra cultos em ocasiões especiais do calendário cristão. Ao que parece, ele era favorável.

A questão toda, ao final, é quanto ao calendário litúrgico, isto é, a validade ou não das igrejas reformadas realizarem cultos temáticos alusivos às datas tradicionais da Cristandade, como o nascimento de Jesus, sua paixão, morte e ressurreição, Pentecostes, etc. Nenhum Reformado realmente coloca 25 de dezembro como um dia santo, em mesmo pé de igualdade com o domingo. Trata-se de uma data do calendário litúrgico cristão, que pode ou não ser usado como uma ocasião propícia.

As grandes confissões reformadas consentem com o uso dessas datas. A Confissão de Fé de Westminster diz que

"... são partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso." [3] 

A Segunda Confissão Helvética de 1566, produzida sob supervisão de Bullinger, discípulo de Calvino, declara (XXIV): "Ademais, se na liberdade cristã, as igrejas celebram de modo religioso a lembrança do nascimento do Senhor, a circuncisão, a paixão, a ressurreição e Sua ascensão ao céu, bem como o envio do Espírito Santo sobre os discípulos, damos-lhes plena aprovação".

A velha Igreja Reformada Holandesa, no famoso Sínodo de Dort (1618-1619), adotou uma ordem para a igreja que incluía a observância de vários dias do calendário cristão, inclusive o nascimento de Jesus (art. 67). Isso mostra que, no mínimo, muitos Reformados eram favoráveis à celebração de datas especiais do calendário litúrgico cristão.

Por fim, creio, também, que a celebração do Natal no calendário cristão encaixa-se perfeitamente com a celebração dos grandes eventos da redenção pela oportunidade de esclarecer a doutrina da Encarnação (João 1.1-4,14). Afinal, o que deve ser celebrado não é simplesmente o nascimento de Jesus, mas a encarnação do Verbo de Deus, a vinda do Emanuel para a libertação do seu povo. Pode-se argumentar que esta doutrina (e outras quaisquer), podem ser ensinadas e celebradas regularmente pelo povo Deus, em qualquer domingo. Mas o argumento contrário também poderia ser usado: deveríamos parar de celebrar qualquer culto que não seja no domingo?

NOTAS

[1] Review and Herald, 11 de dezembro de 1879. Citado em http://www.cacp.org.br/Natal_e_os_adventistas.htm

[2] http://www.watchtower.org/t/rq/article_11.htm

[3] Confissão de Fé de Westminster, XXI, 5.




LEIA MAIS SOBRE O NATAL

[O NOME DE JESUS E O NATAL - MAURO MEISTER]

[O NOME DE JESUS E O NATAL - AUGUSTUS NICODEMUS (ÁUDIO)]

[O QUE VOCÊ FARÁ DE JESUS NESTE NATAL? - HERNANDES D. LOPES]

[OS CRISTÃOS DEVEM CELEBRAR O NATAL? - JOHN MACARTHUR]

[NATAL E CALVINISMO - JONATHAN MASTER]

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Fonte:http://www.materiasdeteologia.com/2013/12/nao-sou-totalmente-contra-o-natal-augustus-nicodemus.html

Introdução à Teologia Sistemática -1/13- Antonio Neto

29.12.2015
Do  canal do Youtube da Escola Charles Spurgeon
Por Antônio Neto

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Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=OThB9BDhvmM&list=PLllLejb59ly0EedUghXgUr-4Ziq2ivu-a

Repousará sobre ele o espírito do Senhor

29.12.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE
DEVOÇÕES DIÁRIAS
Por Ricardo Barbosa de Sousa

sábado

“Vem, Espírito Santo, vem, Mestre dos humildes e juiz dos altivos.

Vem, esperança dos pobres, conforto dos cansados. Vem, estrela

sobre o mar, salvação no naufrágio. Vem, glorioso adorno de todos

os viventes, de todos os mortais única salvação. Vem, Espírito Santo,

comisera-te de nós. Prepara-nos para tua obra. Preenche nossa

pobreza com o teu poder, vem de encontro à nossa fraqueza com a

plenitude de tua graça.”

Anselmo de Cantuária, 1033-1109, (teólogo e bispo inglês).

Meditação

“Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e fortaleza, o Espírito de conhecimento e temor do Senhor” (Isaías 11:2).

O Espírito do Senhor também tem nome, ele é o Espírito de: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento e temor do Senhor. São estes adjetivos que nos ajudam a conhecê-lo, que formam o conjunto de sua revelação. Ele é o Espírito da verdade que nos conduz a toda a verdade.

Jesus inaugura seu ministério público em Nazaré lendo as Escrituras que afirmam: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres…”. Seu ministério encontra-se em perfeita sintonia com a profecia de Isaías. O Espírito do Senhor que repousa sobre ele é Espírito de vida, de discernimento, de compreensão da vontade e propósito de Deus. O menino da manjedoura de Belém sempre trouxe grande admiração pela sua sabedoria, e autoridade de quem sabe o que ensina. O evangelista Lucas nos diz que ele “crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens“.

Você tem crescido em sabedoria, maturidade e discernimento?

Intercessão

Clame por uma vida mais plena do Espírito de Deus, que ele te torne sábio para a compreensão e discernimento da vontade do Senhor. Peça a ele que te dê coragem e temor para viver uma vida santa, justa e reta.

Hino

Enche-me Espírito, mais que cheio quero estar,

Eu o menor dos teus vasos, posso muito, transbordar

Ó dá-me falar cada dia, com salmos hinos de amor

Ó dá-me viver cada dia, com gratidão e louvor.

Ó dá-me falar cada dia, com salmos hinos de amor,

Em sujeição uns aos outros, com gratidão e temor.

Oração

Senhor, que teu Espírito repouse sobre mim e me dê a sabedoria que necessito para viver de forma mais real e verdadeira. Reconheço que facilmente sou seduzido pelas fantasias irreais de um mundo falso e mentiroso, estou continuamente fugindo da verdade. Me conduza, por meio do teu Espírito, a temer somente a ti e a viver somente para o teu louvor.

Amém

Retirado do e-book  Para Celebrar o Natal de Ricardo Barbosa de Sousa. Baixe o seu gratuitamente.

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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2015/12/26/autor/ricardo-barbosa-de-sousa/repousara-sobre-ele-o-espirito-do-senhor/

Fé? Só na palavra de Deus

29.12.2015
Do portal GOSPEL PRIME
Por Reinaldo Domingos

 “A riqueza que é fácil de ganhar é fácil de perder; quanto mais difícil for para ganhar, mais você terá”.  

Fé? Só na palavra de DeusCaros irmãos, hoje gostaria de falar sobre os jogos de azar e loteria, que levam dinheiro de milhões de brasileiros, que gastam com a desculpa de que: ‘fazer uma fézinha não tem problema’. Não que estejamos proibidos por Deus de tentar a sorte uma vez ou outra, mas o que vejo hoje em dia me preocupa.
Primeiramente, por mais que seja uma termologia popular, o termo ‘fézinha”, já nos remete a uma conotação errada do termo, cito Hebreus 11: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem. Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”. Assim, associar uma questão tão forte às chances de ganhar ou não em um jogo de azar é o primeiro grande erro.
Contudo, existe outro ponto por trás, que é essa ganância louca por obter ganhos rápidos e com o mínimo esforço. Como já dito anteriormente, o dinheiro deve ser uma ferramenta para nossos objetivos e não o próprio objetivo. Assim, não há pecado em trabalharmos e conquistarmos nossos bens físicos e também a estabilidade financeira que nos permite uma dedicação maior ao nosso espírito. Contudo, privilegiar o dinheiro a tudo é viver no pecado.
Assim, não acredito que os jogos de azar sejam por si só um pecado, as pessoas podem tentar, contudo, o que me preocupa é o peso que elas jogam na esperança de ganhar esse dinheiro. Lembro o Provérbio 13:11 que diz: “A riqueza que é fácil de ganhar é fácil de perder; quanto mais difícil for para ganhar, mais você terá”.
E aí entra a questão da educação financeira, vejo muitos fiéis pensando que uma boa condição financeira depende da sorte, o que é um grande erro. O real caminho é tomar uma atitude buscando se educar financeiramente e atingir esse objetivo.

Em uma aposta da Mega Sena da Virada, por exemplo, a chance de acertar os seis números é de uma em 50.063.860, segundo os dados oficiais da Caixa Econômica Federal. Se uma pessoa decidir se tornar sustentável financeiramente, as chances dependem só dela.

Assim, reforço, não vejo problema em as pessoas, vez por outra, realizarem uma pequena aposta, mas o que me preocupa são aquelas que mensalmente gastam uma considerável quantia com jogos, sem perceber que as probabilidades estão contra ele e sem ver que esse dinheiro poderia ser poupado para um objetivo maior.
E pior, já observei absurdos de pessoas que jogam e, ao não ganharem, jogam a culpa em Deus. Meu irmão, pode ter certeza que nosso Senhor não tem nada a ver com esta questão. Quando observo gente com esse pensamento, sempre peço para que parem e pensem se realmente estão agindo com fé ou apenas com ganância.
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Fonte:https://artigos.gospelprime.com.br/fe-so-na-palavra-de-deus/

Igreja Batista promove ação contra Aedes aegypti

29.12.2015
Do portal GOSPEL PRIME, 28.12.15
Por Leiliane Roberta Lopes

O mosquito transmite doenças como a dengue e o zica vírus 

Igreja Batista promove ação contra Aedes aegypti
Igreja Batista promove ação contra Aedes aegypti

A Convenção Batista do Espírito Santo resolveu criar uma ação no estado para conscientizar a população sobre os cuidados para combater o mosquito Aedes aegypti. O mosquito transmite a dengue, a febre chikungunya e o Zika vírus.

Membros da Igreja Batista em Vitória realizaram no dia 18 de dezembro um mutirão próximo à praça de pedágio da Terceira Ponte, distribuindo panfletos e orientando quem passava no local sobre a importância de evitar a proliferação do mosquito.

“Estamos nas comunidades e devemos nos unir nesse propósito. Promover a saúde e o bem-estar também é um compromisso cristão. Convido a todos a apoiarem essa causa e vamos combater, juntos, esse grave problema de saúde pública”, destacou o presidente da Convenção, pastor Doronésio Pedro.

O mutirão foi apenas uma das etapas dessa campanha, nos dias que se seguiram os membros das igrejas que fazem parte da convenção se uniram para limpar as igrejas e assim evitar o acúmulo de água que pode servir como base para a proliferação do mosquito.

Em todo o estado há 682 igrejas filiadas a Convenção Batista do Espírito Santo, somando mais de 80 mil membros divididos em 78 municípios, segundo dados do jornal Folha Vitória. A metade dos membros estão na capital capixaba.

As denúncias sobre possíveis focos de Aedes aegypti em Vitória subiram 2.650% em dezembro. Em novembro o Fala Vitória 156 registrou 28 ligações relacionadas a denúncias contra focos do mosquito da dengue, já neste mês o número subiu para 742.

Algumas dicas para combater o Aedes aegypti

Mantenha a caixa d’água sempre fechada com tampa adequada;

Não deixe água da chuva acumulada na laje;

Mantenha bem tampados os tonéis, barris d’água;

Pratinhos dos vasos de plantas devem ser preenchidos com areia até a borda;

Guarde garrafas sempre de cabeça para baixo;

Pneus velhos devem ser entregues aos serviços de limpeza urbana ou guardados sem água e um local coberto.
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Fonte:https://noticias.gospelprime.com.br/igreja-batista-acao-contra-aedes-aegypti/

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

SEITAS PSEUDO-CRISTÃS: Ex-fieis revelam o 'mundo de delírios' das Testemunhas de Jeová

22.12.2015
Do blog PRAGMATISMO POLÍTICO, 10.12.12
Por Isabel Lacerda*

testemunhas jeová delírios
 Testemunhas de Jeová vivem sob a angústia de um iminente fim do mundo e a esperança de serem conduzidos ao céu. (Foto: reprodução) 
Mais de 600 pessoas juntaram-se para denunciar a sua antiga religião. Oito delas contam como, durante anos, as suas vidas foram dominadas pelo medo de pecar. E pecar podia ser, simplesmente, soprar uma vela

“Lembro-me de ser ainda pequeno, olhar para um estádio de futebol cheio e pensar angustiado que aquelas pessoas seriam todas destruídas caso nenhuma delas fosse Testemunha de Jeová”, relata Vítor Máximo.
“As Testemunhas de Jeová acreditam que o mundo de Satanás vai acabar e que só elas sobreviverão ao Apocalipse, passando com vida para o Paraíso”, explica M. M., ex-ancião (um dos mais altos cargos na hierarquia da organização), que pede anonimato com receio de represálias para a família, que continua na religião.
Todos os crentes são habituados a esperar pelo fim do mundo desde crianças. A essa permanente angústia, as crianças também estão impedidas de fazer várias coisas na escola e têm pavor de ofender Jeová. Entre as proibições (como aos adultos), estão a celebração de aniversário, Carnaval, Páscoa, Natal, fim de ano e todas as outras datas de origem pagã que a religião despreza porque, conforme explica Pedro Candeias, um dos representantes da organização em Portugal, não são mencionadas nas Escrituras.
P.T. lembra-se que na escola primária precisava fingir que cantava os parabéns aos colegas, mexendo os lábios e esquivando-se e batendo palmas timidamente. Mesmo assim, só por estar presente, temia “ser destruída”. César Rodrigues fazia o mesmo e, para evitar perguntas sobre a sua festa e presentes, não dizia quando aniversariava.

Ambos contam como agora, respectivamente, celebram todos os aniversários com o maior entusiasmo: “Faço questão de ter sempre um grande bolo. São 30 anos? Sopro 30 velas!”, diz P.T. César festeja com igual euforia, mas ainda hoje não consegue cantar os parabéns. “É como se eu estivesse fazendo algo errado. Sei que não estou, mas não consigo evitar este sentimento de culpa. Nunca cantei os parabéns na vida.”
O maior terror das crianças Testemunhas de Jeová é o Natal, antecedido de atividades como pinturas, composições, festas ou teatros. Não podem participar em nada.
“Lembro-me como se fosse hoje dos meninos todos em grupos fazendo enfeites para colar nas janelas da sala de aula e eu sozinha de lado, fazendo outra coisa qualquer”, conta P.T.
Por se considerarem politicamente neutras, as Testemunhas de Jeová não votam em partidos políticos — nos países em que ir às urnas é obrigatório, são incentivados a votar nulo ou em branco. Também não saúdam a bandeira nem cantam o hino. “Lembro-me bem: no 3º ano, todos de pé aprendendo o hino nacional, e eu bastante nervosa, mexendo apenas a boca”, recorda P.T. A organização não vê motivos para o desconforto das crianças: “Sendo esses valores baseados na Bíblia, que razões teriam para sentir vergonha?”, questiona Pedro Candeias.
As artes marciais são evitadas por serem consideradas uma apologia à violência. E, com base numa passagem bíblica interpretada como Deus não gostando que os homens concorram entre si, a prática de esportes de competição também é desencorajada. É das coisas que César Rodrigues mais lamenta: “Era sempre escolhido para a seleção de futebol da escola, mas era impensável treinar num clube”, conta César, que é co-fundador do fórum Testemunhas de Jeová.
Já com mais de 600 usuários, o fórum surgiu para denunciar todas essas situações e apoiar antigos membros. Em Portugal, onde há 52 mil Testemunhas de Jeová, é o primeiro, mas em outros países da Europa, no Brasil e nos Estados Unidos, o fórum existe há vários anos.
Também há livros e documentários reveladores do funcionamento da religião. É o que este grupo que recentemente se organizou pretende em Portugal: “Queremos que as pessoas percebam que as Testemunhas de Jeová não são tão inofensivas como parecem as senhoras que distribuem revistas na rua”, explica um dos fundadores do fórum.
Todos os conteúdos místicos e esotéricos são considerados um perigo para a espiritualidade. Livros como “O Senhor dos Anéis” ou “Harry Potter” não são para abrir.
Quando a família de P.T. entrou para a religião, os anciões foram abençoar a casa contra a presença de Satanás. Entre o vestido da noiva que a mãe usara no casamento católico, todas as fotografias desse dia e qualquer outra em que aparecesse um crucifixo (para os fiéis a Jeová, Cristo morreu numa estaca), nada escapou: foi tudo queimado, até a sua coleção de livros da Anita. “Daí para a frente, só lia a Bíblia e as revistas da religião”.
As Testemunhas de Jeová acreditam que “A Sentinela”, “Despertai!” e todas as publicações da organização transmitem a palavra de Deus com a mesma validade que a Bíblia. “Quanto mais cedo começarem o estudo, melhor para já irem ensinadas e preparadas para a escola. Há grávidas que leem o “Meu Livro de Históricas Bíblicas” em voz alta para os bebês que têm na barriga”, revela R.M., outra desistente.
Vítor Máximo, crente durante mais de 35 anos, recorda-se das tardes de quarta-feira lendo as revistas; P.T. estudava-as com o pai aos sábados à tarde, depois da pregação.
Entrega
A pregação porta a porta é uma atividade fundamental e incontornável para qualquer Testemunha de Jeová, pois é a única maneira de levar a “Verdade” a mais pessoas, poupando-as no dia do Juízo Final.
Acreditando nisso, aos 12 anos G.C. desatou a estudar a Bíblia fervorosamente. A mãe convertera-se e ele também. Acatou os fortes incentivos da organização para se distanciar das pessoas do Mundo (as que não são Testemunhas) e afastou-se de todos os amigos. De um momento para o outro, recorda hoje, deixou de brincar na rua e passou a vestir paletó e gravata para ir às reuniões e a andar de pasta na mão para bater às portas.
Em menos de um ano estava entrando, de fato e de camiseta branca, na piscina de Algés, em Lisboa. Com uma mão em cima da outra e as duas tapando o nariz, submergiu totalmente, deitando-se para trás dentro da água. Quando emergiu estava batizado — acabara de se tornar ministro do reino de Jeová. “É uma dedicação incondicional para toda a vida: ser um escravo de Jeová e fazer de tudo em favor Dele”, lembra, mais de 30 anos depois daquele momento.
No verão seguinte, dedicou-se exclusivamente à pregação. “Eu levava as coisas muito a sério porque estávamos perto do fim do mundo. Pensava: ‘É preciso sacrifícios, vamos fazê-los”’, conta G.C., que foi ancião durante quase 20 anos.
Desde que a religião foi fundada, em 1879, as Testemunhas já esperaram que o mundo acabasse em vários anos. Sempre que as datas passaram sem que alguma coisa acontecesse, o Corpo Governante (entidade atualmente composta por oito homens, que é o núcleo administrativo da religião nos Estados Unidos) emitiu um novo “entendimento”, inquestionável. “Estão sempre repetindo que a dúvida é um dos laços do Diabo”, explica R.M. Invariavelmente, mas sempre a posteriori, a cúpula da organização nega ter feito qualquer previsão concreta e, apesar de os textos das revistas oficiais da religião terem sempre mencionado os sucessivos anos em que o mundo acabaria, diz-se que a expectativa decorreu da má interpretação dos fiéis. A última data mundialmente difundida para o Apocalipse, com muitas famílias vendendo tudo que tinham para se dedicarem exclusivamente à pregação e garantirem a passagem para o novo mundo, foi 1975. Depois nunca mais se referiu a um ano em específico.
Com o mundo podendo acabar a qualquer momento, as Testemunhas de Jeová vivem ao mesmo tempo na expectativa do recomeço de uma nova vida e apavoradas com esse momento. Porque, mesmo para o povo eleito, o acontecimento implicará grande sofrimento.
Uma revista “Despertai!”, de 2005, avisa: “O arsenal de Deus inclui neve, saraiva, terremotos, doenças infecciosas, aguaceiro inundante, chuva de fogo e enxofre, confusões mortíferas, relâmpagos e uma maldição que causará o apodrecimento de partes do corpo.”
Além disso, o Paraíso só está ao alcance de quem não tiver “culpa de sangue”, ou seja, quem não estiver falhando nos preceitos da religião.
“Eu perdi a minha vida! Não fazia nada com medo de ofender Jeová e ser destruída”, afirma P.T.
Vítor Máximo conta que, desde criança, e mesmo já adulto, acordou várias vezes no meio da noite “chorando, com pesadelos com o Armagedom” – a última batalha do Apocalipse.
Afronta
A grande prioridade das Testemunhas de Jeová é estudar e divulgar os mandamentos de Deus de maneira a salvar o maior número de pessoas possível. Por isso, são altamente desincentivadas a investir em atividades que, para a organização, apenas servem para roubar tempo ao testemunho porta a porta e de nada valem perante o fim de tudo. Quem vai para a faculdade mostra que está fraco na fé e passa a ser olhado com desconfiança.
Quando Vítor Jacinto decidiu licenciar-se em Engenharia Química, passou a receber visitas de anciãos e superintendentes de circuito (que supervisionam várias congregações) quase semanalmente. Condenaram todos os livros que eu precisava para a faculdade. “Diziam que aqueles livros continham ensinamentos não cristãos e queriam que me desfizesse deles. Foi aí que começou a minha grande guerra contra eles.” Os livros ficaram, concluiu o curso e deixou de ir à reuniões.
Investir na carreira é encarada como outra afronta a Jeová. “Das coisas que mais me impressionavam era ver pessoas subir à tribuna e contarem, cheias de orgulho, que tinham recusado uma promoção para não prejudicar a sua vida espiritual”. Revela R.M.
Outro exemplo de dedicação à religião incutido nas reuniões e nas revistas é o desincentivo que a organização faz para que casais tenham filhos: por um lado, são grandes consumidores de tempo, por outro, não é aconselhável pôr crianças num mundo que vai acabar. Para G.C., isso ficou claro no dia do casamento. Depois de uma adolescência em que não podia beijar nenhuma menina e de um namoro com alguém da mesma congregação, sempre na presença dos pais e sem um único beijo na boca, casou-se num Salão do Reino. “O ancião que fez o discurso disse que de forma nenhuma deveríamos ter filhos, porque estamos no tempo do fim e era uma atitude pouco sábia, pouco espiritual.”
Só contrariou a instrução mais de 10 anos depois, quando a mulher começou a ficar clinicamente deprimida com receio de já não conseguir engravidar por causa da idade. “Os casais que decidem ter filhos são criticados pelos outros que optam por não ter em virtude das orientações da organização”, revela M.M., outro ex-ancião. “Conheço casais que não têm filho e que agora já não podem e outros que continuam na expectativa de vir o fim para depois poderem ter um filho. É horrível”, afirma G.C.
Este antigo ancião deixou o cargo e as reuniões há cinco anos. Tecnicamente, está inativo, situação de que não entrega há seis meses relatórios com o número de publicações que distribuiu e de horas que pregou. O seu mal-estar com a religião começou quando, numa formação para cerca de 200 anciãos, lhes foi ordenado que escrevessem na página do manual sobre o abuso sexual de menores: “Sempre que surja um caso de pedofilia, contatem de imediato a filial [a sede, em Alcabideche, Cascais]. “Perguntou: “Mas a pedofilia é crime, não deveria ser denunciada à polícia?” Responderam-lhe peremptoriamente: “Nós não denunciamos os nossos irmãos. As ordens são estas, escreva isso aí.”
No manual dos anciãos a que esta reportagem teve acesso está impresso: “Se o acusador ou o acusado não estiverem dispostos a reunir-se com os anciãos, ou se o acusado continuar a negar a acusação de uma única testemunha e a transgressão não tiver sido comprovada, os anciãos devem deixar o caso nas mãos de Jeová”.
Desconforto
Esta política de não divulgação valeu recentemente às Testemunhas de Jeová a condenação à maior indenização alguma vez já paga nos Estados Unidos a uma vítima de pedofilia: 28 milhões de euros. O tribunal considerou que a estrutura da organização tinha sabido e abafado o caso.
Esta é das mais desconfortáveis questões no interior da Religião. Outra é a da desassociação, ou expulsão — o pior que pode acontecer a uma Testemunha e aos seus familiares, O contato com desassociados é simplesmente proibido, mesmo que seja da família.
De possuída pelo demônio, a prostituta, P.T., com cerca de 40 anos, ouviu os piores insultos da boca dos pais quando foi desassociada, em 2006. Proibiram-na de voltar para casa. “Fiquei desnorteada, pensava que seria destruída, perdi a minha família e todos os meus amigos, que nem sequer me cumprimentavam. Como todas as pessoas que são desassociadas, fiquei sem ninguém.”
“Jeová nos observará para ver se acatamos, ou não, seu mandamento de não ter contato com nenhum desassociado”, lê-se na revista “A Sentinela”, de abril de 2012.
“Um simples ‘oi’ dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar esse primeiro passo com alguém desassociado?”, questionava a mesma publicação já em 1981 (as Testemunhas de Jeová guardam todas as revistas que consultam). “Tomem sua posição contra o Diabo (…). Não procure desculpas para se associar com um membro da família desassociada, como, por exemplo, trocando e-mails”, diz “A Sentinela” de janeiro de 2013 já disponível no site da organização.
O esquecimento e o ostracismo pelos quais passam os desassociados pode originar problemas extremos. Dos oito antigos fiéis que a reportagem entrevistou (dois dos quais ex-anciãos), quatro tiveram de procurar ajuda médica para depressões e estado de ansiedade grave — alguns fizeram terapia, todos foram medicados. Dois pensaram no suicídio.
Vítor Máximo julgou que os pais se reaproximariam quando comunicasse o seu segundo casamento. Afinal, deixaria de ser um “fornicador”, um dos maiores pecados para a religião. Mas, como a mulher era uma mundana e ele um apóstata (abandonou a religião há cinco anos), os pais nem foram à cerimônia.
“Nesse dia, quando cheguei em casa, em vez de relembrar os bons momentos da festa, sentei-me na beira da cama e comecei a chorar”, lembra.
Embora o expulsem, insiste em aparecer de vez em quando na casa deles, nos arredores do Porto, mas na última vez que falou com o pai ele chamou-lhe de adorador do Diabo e ameaçou ligar para a polícia caso voltasse. Durante muitos meses, a conversa ao jantar com a mulher terminava invariavelmente em lágrimas. Teve de ir ao psiquiatra e só superou a depressão com a ajuda de medicamentos.
Quem se relacionar com um desassociado arrisca-se a ser expulso. Por medo do que pode acontecer aos familiares, algumas pessoas falaram para este artigo sob anonimato; outras não revelaram a identidade porque estão afastadas, mas não se querem dissociar (voluntariamente) nem ser desassociadas, sabendo que nesse momento terão de cortar relações com os que lhes são mais próximos.
César Rodrigues, 38 anos, foi Testemunha de Jeová desde que nasceu e as suas dúvidas só surgiram há quatro anos, quando fez uma coisa que a organização desaconselha insistentemente: meteu-se num fórum de dissidentes brasileiros na internet. “Para mim, aquilo era tudo mentira. Pensei: ‘Vou mostrar-lhes o que é uma verdadeira Testemunha de Jeová’”. Mas foi ele que acabou convencido. Uma das coisas que mais o chocaram foi perceber as contradições na proibição de transfusões de sangue, que já provocou a morte a um número incalculável de crentes.
“As Testemunhas acreditam que a transfusão de sangue lhes é proibida por passagens bíblicas como estas: “Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer”, explica o representante da organização, Pedro Candeias. Plasma, plaquetas, glóbulos brancos e vermelhos também são rejeitados. Mas o recurso a fracções desses componentes é permitido. “É extremamente incoerente condenar o uso de determinadas fracções e permitir o de outras e não existe base bíblica nem científica para tal distinção. Por exemplo, se se pode aceitar hemoglobina, que é 97% de um glóbulo vermelho, por que não se pode aceitar glóbulos vermelhos? “É como se eu dissesse que você pode comer uma uva sem pele, mas com pele não pode”, afirma M.M., que foi ancião durante mais de uma década.
Quando César começou a fazer perguntas aos amigos (“Sabias que era assim?”), foi denunciado. Fizeram-lhe quatro comissões judicativas (tribunais eclesiásticos). Já sem acreditar em nada do que tomara por certo durante anos, negou todas as acusações de falta de fé. Recusa-se a ter de deixar de falar com os pais. Quando conheceu uma antiga Testemunha de Jeová, perguntou: “É possível ter amigos do Mundo?” Descobriu que sim. Deixou de aparecer nas reuniões.
R.M. demorou a fazê-lo, mesmo depois de, no ano passado, ter lido o proibidíssimo livro “Crise de Consciência”, de um antigo membro do Corpo Governante, e de perceber que “toda a vida tinha sido enganada”. “Sinto que é mesmo uma lavagem cerebral, da qual é muito difícil nos libertar”, explica. Só conseguiu afastar-se quando descobriu o fórum Testemunha de Jeová. Diz que só passar à frente de um Salão do Reino a deixa “agoniada”. Mas não está preparada para deixar de falar com a família.
Para M.B., o momento está para breve. Aos 18 anos, aproveitou o fato de sair de casa e mudar de cidade para confessar aos anciãos que fumava, o que é proibido. Já sabia o que o esperava: uma semana depois lhe comunicaram a expulsão. De regresso a Lisboa, foi assaltado e ficou sem dinheiro nenhum. Ninguém da família lhe atendeu o telefone nem respondeu às mensagens — nem nessa altura nem em todo o ano que se seguiu. “Sentia-me perdido, culpado, abandonado. Passava noites inteiras sem dormir.”
Desenvolveu um transtorno de ansiedade incapacitante. A família continuava a não lhe atender o telefone. Pensou no suicídio. “Mas depois achei que ninguém iria ao meu funeral”.
Um dia em que insistiu mais uma vez, inesperadamente, a mãe atendeu. Como o motivo era doença, os anciãos, aos quais ela pediu autorização, permitiram que o recebesse em casa. Mas agora que está mais estável, M.B. sabe que vai ter de voltar a sair. E que vai ter de se despedir para sempre.
*Isabel Lacerda para a revista Sábado, de PortugalCom Paulopes
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Fonte:http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/12/ex-fieis-revelam-mundo-de-delirios-das-testemunhas-de-jeova.html