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segunda-feira, 10 de junho de 2024

FILOSOFIA CRISTÃ: Patrística

10.06.2024

Do blog RESUMOS, 07.07.2020

patrística pode ser entendida tanto como uma filosofia ou uma escola que representou um momento importante de transição entre a filosofia antiga para a filosofia da idade média, a mesma pode ser vista como uma filosofia de pensamento que surgiu entre os séculos I e IV d.C.

A patrística era formada pelos chamados pais da igreja, esses representantes estavam desenvolvendo os primeiros ensinamentos da doutrina, por esse fato se deu o nome “Patrística”, esses pais foram os primeiros a conduzir a retificação doutrinaria cristã com os seus escritos conciliando a fé com a razão e a teologia com a filosofia. Clemente Romano (97 d.C) é considerado o primeiro pai da igreja, pois foi o mesmo que trouxe os primeiros escritos teológicos.

Em linhas gerais, a patrística foi um momento de grandes trabalhos filosóficos para a fundamentação da doutrina cristã, e o combate as heresias que iam surgindo com o tempo, uma vez que a bíblia por si só não comporta todas as respostas doutrinarias, e nesse caminho foi necessário o esforço de alguns pensadores da época para combater tais erros de interpretação.

CONTEXTO HISTÓRICO

A patrística surgiu juntamente com a fundação da igreja cristã que representou o primeiro momento filosófico dentro da concepção cristã. No início da era cristã houve-se a necessidade de fazer apologias do cristianismo, pois o mesmo só se torna uma religião oficial no império romano no século II d.C mesmo assim não era uma doutrina tão popular.

Nesse contexto, os primeiros pensadores precisavam defender os ideais cristãos e convencer as pessoas a aderir à doutrina popularizando o seu pensamento, essa função ficou a cargo dos chamados “Pais Apologistas” e podemos citar dois principais nomes, Tertuliano (160- 220 d.C) e Justino (100-165 d.C).

Cada um dos padres citados acima tinha uma concepção diferente, por exemplo, Tertuliano era considerado um crítico ferrenho da racionalização da fé, ou seja, ele era contra a utilização da filosofia grega para se justificar a fé e os dogmas cristãos que estava surgindo.

Já Justino seguia uma linha diferente de pensamento, o mesmo era adepto a filosofia grega, principalmente voltada aos escritos de Platão e através disso difundir o pensamento cristão ao maior número de pessoas, não se esquecendo de citar que Justino também acreditava na racionalização da fé.

E é nesse início de apologia cristã que surgiram as primeiras doutrinas da igreja (inicio da teologia cristã) fundamentados sob a influência de Platão e o seu Neoplatonismo com os primeiros pensadores neoplatônicos (Plotino e Porfírio) dando uma roupagem mais cristã ao pensamento e que se encaixasse nos moldes do cristianismo.

Fases da Patrística

A patrística pode ser entendida em três fases principais para o melhor compreendimento da história da Igreja:

  • Período Ante-Niceno (até 325 d.C): Nessa primeira geração de pais da igreja surgiram os primeiros pais apostólicos que orientaram o começo do caminho da igreja na história e compreendem também os escritos entre o século I e IV d.C, os principais nomes são:  Policarpo, Inácio de Antioquia, Justino Mártir, Irineu de Lyon.
  • Período Anti-Niceno (até 325 d.C -451 d.C): É nesse período que surge os primeiros grandes sistemas filosóficos do cristianismo e as principais sistematizações filosóficas, tanto que é considerado o século de ouro da patrística, pois a perseguição do império romano a doutrina havia cessado, e os grandes teólogos cristãos puderem se dedicar fielmente a composição de obras que dispõem de um grande valor nos dias atuais. É nesse período que os padres da igreja fizeram valiosas descobertas acerca da fé crista e constituíram as primeiras doutrinas da igreja.
  • Período Pós- Niceno (451 d.C):Terceiro período e fase final da patrística é visto a decadência da parte ocidental do império romano e o surgimento e crescimento do islamismo, a partir desse contexto, toda obra patrística começou a diminuir até o século VII. 

Principais pensadores

No período surgiram diversos pensadores importantes para o desenvolvimento da patrística, mas não podemos deixar de citar  Agostinho de Hipona (354-430 d.C) Boécio (480-524 d.C).

Como sabemos Agostinho não teve uma formação cristã desde pequeno, por mais que a sua mãe tivesse grande influência para a sua conversão, mas Agostinho só foi converte-se a religião na idade adulta por volta dos 31-32 anos, é nesse período que  Agostinho narra sua trajetória dentro de outras vertentes religiosas e utiliza-se disso para explicar em seu livro “Confissões” como deveria ser esse período de transição e aceitação da fé em cristo.

Ambos os pensadores fundamentaram a questão do livre arbítrio, questão essa muito relevante dentro da concepção cristã, pois é uma marca que se apresenta entre a relação do pecado e o agir bem, ou seja, já nos tempos antigos havia o dilema “Se Deus é bom e todo-poderoso, por qual fato ele deixa a pessoa cair no pecado?” Agostinho e Boécio então colocam a questão do livre arbítrio, Deus deixa as criaturas livres para seguirem o seu caminho, ou seja, se a pessoa busca o caminho de Deus, ele está buscando o caminho do bem, se ele se afasta do caminho que leva a deus, ele está mais longe do bem e chegando ao mal, levando a outra questão teológica: “Se Deus é todo-poderoso, por qual fato existe o mal?” E Agostinho reafirma, o mal é ausência de Deus.

Quanto mais perto de Deus há a presença do bem, quanto mais longe a presença do mal.

Além disso, podemos citar outros pensadores divididos conforme a localização da igreja:

Igreja Ocidental

  • Ambrósio de Milão
  • Jerônimo de Estridão
  • Gregório Magno

Igreja Oriental

  • Basílio Magno
  • Atanásio
  • Gregório Nazianzeno
  • João Crisóstomo

HEREGES

  • Os arianos negavam a divindade de Cristo contrapondo-se a divindade plena colocada pela patrística, e tal heresia acabou sendo condenada.

  • Os pais da igreja também lidaram com heresias contra as duas naturezas de Jesus Cristo, ou seja, a natureza divina e humana, que causava grandes debates na época.

  • E também lideram com diversas outras heresias combatidas: monofisismo, Nestorianismo e Apolinarismo, que, entre outros aspectos, negavam a natureza de Cristo e concebiam a ideia que a mãe de Jesus, Maria, não deu à luz a Jesus.

  • Além disso, deturpavam conceitos como a necessidade universal da graça, santíssima trindade, sacramentos, dentre outros.

PATRÍSTICA X ESCOLÁSTICA

Durante todo pensamento construído na história, duas escolas de pensamentos de suma importância surgiram em um período importante para a construção dos ideais doutrinários da igreja. A patrística surgiu em um período de grandes transformações e permaneceu precisadamente até o século VIII na chamada filosofia medieval.

Assim, por longos sete séculos a filosofia patrística foi à principal forma de pensamento no campo religioso, nesse caminho, o pensamento concebeu assuntos importantes acerca da igreja e os seus ensinamentos concebidos por padres, teólogos, bispos, chamados de “Homens da Igreja”.

No campo da escolástica a principal figura sem sombras de dúvida foi “São Tomás de Aquino” (1225-1274) tanto que ficou reconhecido como “Príncipe da Escolástica”, os seus principais estudos foram acerca do tomismo e devido a sua grande importância foi nomeado doutor da igreja em 1567.

 O ponto em comum entre as duas formas de pensamento, é que a escolástica também concebeu as suas principais concepções acerca da filosofia grega e na religião cristã, não deixando de citar a conciliação entre fé e a razão com o objetivo de proporcionar o crescimento do ser.

Foi na filosofia aristotélica que a escolástica encontrou meios de construção da sua filosofia cristã, diferentemente da patrística que sofreu grande influência do idealismo platônico.

Em linhas gerais, a patrística teve como objetivo principal difundir o pensamento cristão e derrubar qualquer forma de heresias, já a escolástica com a concepção do racionalismo objetivou explicar a existência de um ser divino relacionado com os princípios do homem, da fé e a razão.

LIVROS DA PATRÍSTICA

A patrística juntamente com o segmento escolástico produziu diversos livros de grande destaque para a história, veja abaixo alguns deles:

  • Enéadas
  • Isagoge
  • Confissões
  • Cidade de Deus

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Fonte:https://resumos.soescola.com/filosofia/patristica/

sábado, 5 de abril de 2014

IRINEU DE LYON, O APOLOGISTA CRISTÃO CONTRA O AGNOSTICISMO

05.04.2014
Do blog Sepoangol World Ministries
Por  Vania DaSilva


Introdução 


Bispo de Lyon e Polemista Anti-Gnóstico - Diferentemente dos Apologistas do segundo século que procuraram fazer uma explanação e uma justificação racional do Cristianismo para as autoridades, os Polemistas empenharam-se por responder ao desafio dos falsos ensinos dos heréticos, condenando veemente esses ensinos e seus mestres. Apesar da maioria dos Apologistas viverem no Oriente, os grandes Polemistas vieram do Ocidente, sendo Irineu um dos primeiros. 

Enquanto os do Oriente usavam uma teologia especulativa dando mais atenção aos problemas metafísicos, os do Ocidente preocupavam-se mais com os desvios administrativos da Igreja, empenhando-se em formular uma resposta para os problemas desta esfera. 

Os apologistas convertidos do paganismo, preocupavam-se com a ameaça à segurança da Igreja, especialmente com a perseguição. Os polemistas que tinham uma formação cultural cristã, preocupavam-se com a heresia e suas ameaças no seio da Igreja. 


Seu Crescimento e Influência 


Nascido em Esmirna, na Ásia Menor (Turquia), no ano 130, em uma família cristã, Irineu era grego e foi influenciado pela pregação de Policarpo, bispo de Esmirna. Anos depois, Irineu mudou-se para Gália (atual sul da França), para a cidade de Lyon, onde foi um presbítero em substituição do bispo que havia sido martirizado em 177. 

Irineu também recebeu influência de Justino. Ele foi uma ponte entre a teologia grega e a latina, a qual iniciou com um de seus conteporâneos, Tertuliano. Enquanto Justino era primariamente um apologista, Irineu contribuiu na refutação contra heresias e exposição do Cristianismo Apostólico. Sua obra maior se desenvolveu no campo da literatura polêmica contra o gnosticismo. 


Os Ensinos Heréticos do Gnosticismo

O gnosticismo, a maior das ameaças filosóficas, chegou ao máximo de sua influência ao redor do ano 150. Suas raízes estão fincadas nos tempos do Novo Testamento. Paulo parece ter enfrentado uma forma incipiente de gnosticismo em sua carta aos Colossenses. A tradição cristã associou a origem do gnosticismo com Simão, o mago, a quem Pedro teve que repreender duramente (At 8.9-24). 


Irineu tornou-se o mais expoente escritor e defensor das Escrituras contra as Heresias Gnósticas na sua era. A palavra gnosticismo é um termo moderno que cobre uma variedade de seitas do segundo século que propagavam alguns erros em comum. O Gnosticismo era radicalmente diferente e contrário ao Cristianismo Ortodóxo. Cada grupo tinha seus próprios escritos. Alguns desses ensinamentos falsos eram: 

Crença em um Deus supremo o qual era totalmente remoto deste mundo.


Crença que o Deus supremo não tinha parte na criação, mas que este trabalho imperfeito foi realizado por uma deidade inferior à ele, identificando como o Deus do Velho Testamento.

Crença que a matéria era má, por isso o Deus supremo sendo espiritual e bom, não poderia criá-la.

Crença que entre o reino das trevas e o Deus supremo, existe uma hierarquia de seres divinos.Crença que o nosso corpo, sendo físico, é parte deste mundo, ele é mal; nossa alma é uma faísca divina que está presa ao corpo, ela é divina.

Crença que a salvação é o escape da alma deste corpo para o reino celestial.

Crença que para alcançar o Deus supremo é necessário que a alma ultrapasse o reino acima de nós, o qual é controlado pelas estrelas e pelos planetas.

Crença que a salvação vinha pelo conhecimento; gnosis (conhecimento).

A Grande Defesa do Teólogo Irineu


Em sua primeira obra, Adversus Haereses (Contra Heresias) escrita entre os anos 182 e 188, em Lyon, ele descreve a teologia da fé cristã em refutação aos ensinos heréticos gnósticos de Valentino e Marcion através das Escrituras. De muitos argumentos feitos por Irineu, três importantes podem ser ressaltadas: 

A diferença do sistema gnóstico. Ele descreve a natureza burlesca de muitas de suas crenças.


Os ensinamentos que os gnósticos diziam ter recebido secretamente dos apóstolos, Irineu os desafiava argumentando que se os apóstolos tivessem um ensinamento especial a declarar, eles o teriam confiado às suas próprias igrejas, as quais fundaram. Ele mostrava como as igrejas estabelecidas pelos apóstolos, e seus dirigentes, os quais eram apontados pelos mesmos e seus sucessores, cresciam em todo o império, e permaneciam até a data, ensinando a mesma doutrina.

Defesa do Novo Testamento como canônico, em vista que o gnosticismo não cria nele, e possuía outras escrituras. No tempo de Irineu, o Novo Testamento era aceito cerca de como temos agora: os Evangelhos, Atos, Cartas de Paulo e outras epístolas. A carta aos Hebreus, Apocalipse e algumas epístolas compuseram o Novo Testamento alguns anos na frente.
A sua obra é composta de cinco volumes é são assim caracterizadas: 


Livro I: Esboço histórico da seita gnóstica, apresentada em conjunto com uma declaração da fé cristã. Este volume é a melhor fonte de informação sobre os ensinos dos gnósticos. Era uma polêmica filosófica contra Valentino, o líder da corrente romana do gnosticismo.


Livro II: Crítica filosófica sobre o Gnosticismo. Nele, Irineu insiste na unidade de Deus em oposição a idéia herética da existência de um demiurgo distinto de Deus.

Livro III: Crítica bíblica sobre o Gnosticismo. Ele mostra como o Gnosticismo é rejeitado pela Bíblia e pela tradição mais significativa. Neste livro, Irineu dá ênfase à unidade da Igreja através da sucessão apostólica de líderes desde Cristo e de uma regra de fé.

Livro IV: Respostas ao Gnosticismo através das palavras de Cristo. Neste, Marcion, outro líder gnóstico, é condenado pela citação das palavras de Cristo que se opõem às suas propostas.

Livro V: Vindicação da ressurreição contra os argumentos gnósticos, os quais, segundo as idéias deles, reunia o corpo material mau com o espírito.

A Contribuição de Irineu à Igreja 

Foi necessário a habilidade intelectual, a força espiritual deste polemista e o desenvolvimento de uma regra de fé e um cânon da Bíblia pela Igreja para superar a ameaça desse movimento ao Cristianismo. Irineu através da sua defesa do Evangelho, foi o primeiro a declarar os quatro Evangelhos como canônicos, ensinar acerca do reino milenial de Cristo na terra, defender o episcopado (pastorado) e as tradições teológicas da verdadeira Igreja Ortodóxa. Ele também é chamado de “Pai dos Dógmas da Igreja”, por formular os princípios da teologia cristã e exposição do credo da Igreja. 


Não só Irineu, mas Polemistas como Tertuliano e Hipólito engajaram-se na controvérsia literária para refutar idéias gnósticas. Estes ensinos heréticos reapareceram, parcialmente, em doutrinas dos Paulicianos do século VII, dos Bogomilos dos séculos XI e XII, e dos Albingenses posteriores, no sul da França. 

Irineu em comparação com outros pais da igreja grega que lhe prescederam, era mais bíblico que filosófico. Ele foi o primeiro a escrever em sentido teológico para a Igreja. Segundo a história, ele foi martirizado em Lyon por volta do ano 200.

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Fonte:http://www.sepoangol.org/irineu.htm