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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O sofrimento que dá frutos

21.01.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE
Por Victor dos Santos

"Os que semeiam com lágrimas colherão com alegria"

O sofrimento que dá frutosNinguém quer passar por tristezas, elas representam para nós o empecilho da nossa felicidade, mas não nos atentamos para quantos prazeres da vida são frutos de nossas tristezas. Por isso, a dor de hoje pode te conduzir a real alegria de amanhã.

Uma pessoa cheia de sonhos, desejosa em contar para os irmãos um futuro brilhante que lhe aconteceria, acaba se frustrando, ainda jovem ele enfrenta a dor da inveja causada pelos próprios irmãos que o jogam no nada, longe do seu pai e levado para o trabalho escravo por pessoas desconhecidas. Agora, esse jovem está longe da família, com a lembrança de seus irmãos trapaceiros, sem conhecer ninguém; escravo, sem afeto e com um futuro indefinido.

E o sonho dele aonde fica? Eu diria que a frustração – ou posso chamar de desprezo, dor, tristeza da vida – destruiu o sonho do jovem. Ele desejava ser o maior entre os irmãos, não de forma egoísta mas como exemplo de superação. A dor devastou isso, agora nem família ele tinha e trabalhava para sobreviver. Essa história é a de José, adiantando os fatos temos cenas de muito trabalho e, Deus o abençoava, diante de toda essa crise temos em José esperança em Deus que lhe entregará seu sonho. Terminando, José acabou se tornando o governador do Egito, tinha liberdade para liderar o maior país da época, além disso, foi quem salvou sua própria família da fome graças ao seu posto de liderança, perdoando os irmãos e os garantindo a vida e sobrevivência sem rancor (Cf. Gn 37-46).

E se José não fosse desprezado pelos irmãos? Se ele não fosse jogado no nada? Se ele não fosse escravo no Egito? Será que se tornaria o governador do Egito? O que sabemos é que toda a dor de José o conduziu a um caminho.

Foi difícil, caminho de choros, de NÃO, de solidão, tristezas, mas todo esse trajeto o levou a alegria completa. Ora, José se tornou o líder do governo, realizou seu sonho, ajudou sua família, foi justo e honesto, servia o Deus Pai que o guiava. Ele conseguiu a superação, tinha paz consigo mesmo, tanto que não condenou quem o maltratou, isso é a verdadeira alegria dentro de si! A história de José é um exemplo de que o inicio difícil não significa um final frustrado e que o sofrimento pode ser uma porta para o sucesso!

Sendo assim, podemos aprender que as tristezas de hoje não simbolizam o fim, não pense que as dores que você enfrenta agora é sua morte, por mais que doa, enfrente a dor, não pare de viver no sofrimento, porque isso te levará para alegria.

Se entregamos a nossa vida nas mãos de Deus, podemos confiar nele, por mais que erramos e a vida seja inconstante, nossa dependência no Pai e busca em fazer a sua vontade nos levará a um lugar de felicidade. Não deixe de sonhar, nem se entregue as dores, viva a cada dia na presença do Senhor, obedecendo a sua palavra e Ele irá ajudar em tudo que sua mão fizer.

“José foi para o Egito e sofreu horrivelmente. Sem dúvida, pediu para Deus que o ajudasse a fugir, mas não obteve ajuda alguma e permaneceu na escravidão. Apesar de todo o sofrimento, o caráter de José se aperfeiçoou e se fortaleceu através das provações, e ele acabou alcançando ao posto de primeiro ministro do Egito, salvando milhares de vidas. Se Deus não houvesse permitido que José sofresse tantos anos, talvez ele não se transformasse em um agente tão poderoso de justiça e cura espiritual” (Timothy Keller)

“Os que semeiam com lágrimas colherão com alegria” (Salmos 126.5)
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Fonte:https://artigos.gospelprime.com.br/o-sofrimento-que-da-frutos/

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Victor Frankenstein

20.01.2016

Do portal ULTIMATO ON LINE, 18.01.16
Por Carlos R. Caldas Filho*

“Frankenstein, ou o Prometeu moderno”, publicado em 1818, da autora britânica Mary Shelley, é considerado o primeiro livro de ficção científica da história. Alguém já disse, parafraseando Alfred Whitehead, que todas as demais obras de ficção científica não passam de notas de rodapé ao livro de Mary Shelley. Pode ser que haja um exagero – perdoável – nesta afirmação. 

A história tornou-se conhecida por demais: um cientista, por nome Victor Frankenstein, faz com que uma criatura construída a partir de pedaços de cadáveres ganhe vida. Só que a invenção perde o controle, e a criatura se volta contra o criador. A obra já foi adaptada várias vezes para a tela grande. O Frankenstein clássico do cinema é interpretado por Boris Karloff, em 1931. A imagem de Frankenstein que muita gente tem até hoje é de Karloff, a de um “homem” muito alto com a cabeça quadrada, presa ao pescoço por um parafuso. O muito bom Mel Brooks dirigiu em 1974 “O Jovem Frankenstein”, uma comédia deliciosa que esculhambou com a seriedade e a dramaticidade da obra original. O ótimo Gene Wilder é o Dr. Frederick Frankenstein, neto do Dr. Victor, que, a seu modo, tenta refazer a experiência do avô. Mas os críticos dizem que a adaptação mais fiel ao livro de Shelley é a de Kenneth Branagh, de 1993, com o próprio Branagh no papel do Dr. Frankenstein, e Robert De Niro como a criatura. O filme é denso e tenso, sinistro de tudo. A criatura vivida por De Niro é trágica, pensante, tem plena consciência de seus atos. Detalhe: popularmente, a criatura é conhecida como “Frankenstein”, mas no livro de Mary Shelley ela não tem nome, sendo chamada simplesmente de “demônio”, “criatura” ou “monstro”.

E eis que no final de 2015 surge mais uma adaptação da fantástica obra de Shelley: “Victor Frankenstein”, do diretor escocês Paul McGuigan, tendo o também escocês James McAvoy como o personagem título, e Daniel Redcliff (o Harry Potter) como Igor, seu assistente. McAvoy é tão belo quanto talentoso: fez um adorável Sr. Tumnus em “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa”, saiu-se muito bem como o Dr. Nicholas Garrigan em “O Último Rei da Escócia” e está brilhando como o jovem Professor Charles Xavier na franquia “X Men”. Ele trabalha maravilhosamente bem no filme de McGuigan. Talvez esta tenha sido a melhor intepretação de McAvoy até agora. O Dr. Frankenstein de McAvoy é o estereótipo perfeito do cientista louco, brilhante, genial, completamente pirado, todavia, sem ser ridículo.

O filme é contado na perspectiva de Igor, bem interpretado por Radcliff. A trama mostra o que aconteceu até a criação da criatura, que, em duas horas de filme, aparece por cinco, no máximo dez minutos. Todo mundo no filme é obcecado: Frankenstein, obcecado em criar vida a partir da morte; Igor, em ajudar seu benfeitor; o policial Turpin, agente da Scotland Yard, obcecado em deter o que entende ser um grande sacrilégio; o milionário Finnegan, obcecado em obter poder a partir da utilização da criação de Frankenstein. A única personagem com a cabeça no lugar, por assim dizer, é Lorelei, a bela trapezista do circo onde também trabalhava o infeliz corcunda sem nome, que será chamado de Igor pelo Dr. Frankenstein, que o sequestra, resgatando-o das condições humilhantes e subumanas às quais esteve sujeito durante toda sua vida.

A obra de Shelley tem sido extremamente influente na cultura pop. Não apenas pela quantidade de adaptações para o cinema que já teve. A mencionada adaptação para o cinema de 1931 transforma o livro de Shelley em uma história de terror, e é assim que desde então Frankenstein tem sido entendido. Todavia, creio que não é por aí que se deva fazer a leitura desta obra1, pois Frankenstein fala do sonho do homem de criar a humanidade à sua imagem e semelhança. 

É ficção científica, com perdão do trocadilho, em estado quimicamente puro, mas que provoca questionamentos éticos e teológicos sérios. Robôs e androides, de certa forma, são extensões ou aplicações do sonho de Frankenstein. No caso, não evidentemente com matéria orgânica, mas sintética. Mas em ambos os casos, é o sonho do homem criar um ser semelhante a si. No caso do androide, um velho sonho humano, o exemplar mais perfeito na ficção científica é o Tenente Data, o “androide sensciente” da Federação de Planetas Unidos, da tripulação da Enterprise em “Jornada nas Estrelas: A nova geração”. Outra variação do tema de Frankenstein está nos seres humanos geneticamente modificados. Neste caso, não seria criação de vida a partir da morte, como na história de Shelley, mas a tentativa de melhorar a vida já existente. O mais famoso exemplo da ficção de seres humanos geneticamente modificados, conhecido por todos os nerds e geeks do planeta, é Steve Rogers, o Capitão América da Marvel. Ele é mais rápido, mais ágil, mais forte que os seres humanos comuns. 

Um filme como “Victor Frankenstein” permite discussões bioéticas, filosóficas e teológicas complexas e cada vez mais pertinentes, haja vista o avanço da engenharia genética. Até que ponto é lícito avançar em pesquisas científicas que envolvem a vida? Esta pergunta, e outras dela derivadas, precisam ser encaradas, à medida que o tempo passa e o que parece ser “coisa de filme” se torna parte do dia a dia. Recentes reportagens já divulgaram que há pesquisas em andamento para modificar embriões humanos, o que poderá, em um futuro não muito distante, possibilitar o nascimento de bebês com características físicas escolhidas por seus pais. Ou, tal como o Capitão América, bebês que, crescidos, serão mais rápidos, mais fortes e mais ágeis que os demais. Não estamos falando de enredo de filme, inspirado em menor ou maior grau, pela ficção de Mary Shelley, mas sim de algo que tem tudo para acontecer, e em pouco tempo. Neste caso, estes “super humanos” poderiam participar de competições esportivas, disputando contra os humanos “normais”? 

Há quem defenda manipulação genética com fins nobres, como por exemplo, evitar manifestação de alguns tipos de câncer ou de doenças degenerativas. Se (ou quando) isto acontecer, quem teria acesso a este tipo de medicina? Só quem puder pagar? Ainda mais importante: quem controlaria este tipo de pesquisa? E se algo desta natureza for usado com fins militares? Que resposta a ética teológica cristã poderia dar a perguntas como estas? Sei que para muitos estas questões poderão soar como distantes da realidade. Mas quanta coisa que parecia tão distante da realidade hoje faz parte do nosso dia a dia. Por isso os cristãos conscientes devem se preparar para responder perguntas complexas do campo da bioética, tais como as suscitadas por Victor Frankenstein. 

Prometeu, o do mito grego, roubou o segredo do fogo dos deuses e o deu aos humanos, possibilitando assim o avanço da tecnologia e da própria civilização humana. O Prometeu moderno, Frankenstein, fala de roubar de Deus o segredo da própria vida, e dá-lo ao homem. A que preço? Com que consequências? E o que os cristãos dirão quando estas coisas começarem a acontecer (se é que já não começaram)?

Nota:

1. Para um estudo de manifestações da cultura pop estilo “terror” em perspectiva da teologia cristã, a obra definitiva é “Sacred Terror: Religion and Horror on the Silver Screen”, de Douglas Cowan(Waco: Baylor University Press, 2008).

Carlos R. Caldas Filho É doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e bolsista do PNPD-CAPES na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte (MG).

Leia também

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/victor-frankenstein

Infinitamente mais do que pedimos

19.01.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por Martinho Lutero

terça-feira
Os meninos se empurravam dentro dela, pelo que disse: “Por que está me acontecendo isso?” Foi então consultar o Senhor. — Gênesis 25.22
A oração de Rebeca era para a sua própria vida e a dos seus bebês. Mesmo assim, sua oração resultou no nascimento de dois grandes líderes e de todos os seus descendentes. Ela pediu a Deus apenas um centavo, mas obteve uma montanha de ouro – algo que ela não havia esperado nem ousado acreditar. Ela fez uma oração modesta e razoável, e estava disposta a ficar satisfeita com pequenos benefícios.
Nós também temos o hábito de orar por coisas triviais e insignificantes. Quando oramos, não levamos em consideração a grande majestade de Deus. Se Deus quisesse nos dar somente coisas mesquinhas e superficiais, ele não teria nos dado tal modelo magnificente de oração: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino”. Deus tem abundância de recursos e ele não é avarento. Ele nos oferece generosamente os melhores presentes disponíveis no céu e na terra. Ele espera que nós peçamos a ele muitas coisas e que acreditemos sinceramente que obteremos o que pedimos. Quando recebemos o que pedimos na oração do Pai-Nosso, estamos, na verdade, recebendo céu e terra, e tudo o que eles contêm. Pois, quando pedimos que o seu nome seja santificado, que o seu reino venha, e que sua vontade seja feita, estamos esmagando inúmeros demônios e envolvendo o mundo todo em uma única oração.
Por sermos tão limitados e termos uma fé tão fraca, devemos observar cuidadosamente como Deus respondeu à oração de Rebeca. Deus não fica contente em nos proporcionar uma pequena quantidade daquilo que pedimos, mesmo se pedimos somente um pouco. Ele prefere nos dar “infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos” (Ef 3.20).
>> Retirado de Somente a Fé – Um Ano com Lutero. Editora Ultimato.
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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2016/01/19/autor/martinho-lutero/infinitamente-mais-do-que-pedimos/

A definição bíblica de casamentoo

19.01.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE, 16.01.16
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por John Sttot


sábado


Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. [Gênesis 2.24]
O casamento tem sofrido tantas ameaças no mundo ocidental de hoje que é bom relembrarmos sua base bíblica. Em Gênesis 2.24 encontramos a definição bíblica para casamento; ela é ainda mais importante porque foi endossada pelo Senhor Jesus Cristo (cf. Mc 10.7). Este é um relacionamento com cinco características especiais:

  • Heterossexual. O casamento é a união entre um homem e uma mulher. Uma parceria homossexual jamais poderá ser vista como uma alternativa legítima.
  • Monogâmico. “Um homem” e “uma mulher”, ambos no singular. A poligamia pode ter sido tolerada por algum tempo, na época do Antigo Testamento, mas a monogamia sempre foi o propósito de Deus, desde o princípio.
  • Compromisso. Quando um homem deixa a casa de seus pais para se casar, ele deve “unir-se” à sua mulher, juntar-se a ela como cola (como sugere o texto equivalente no Novo Testamento). O divórcio deve ser permitido apenas em uma ou duas situações definidas. “Mas não foi assim desde o princípio”, Jesus insistiu (Mt 19.8). Além disso, o que se perde com o divórcio é precisamente o compromisso, que é fundamental para o casamento.
  • Público. Antes de partir para o casamento é preciso “deixar” os pais, e esse “deixar” indica que esta é uma ocasião social pública. A família, os amigos e a sociedade têm o direito de saber o que está acontecendo.
  • Físico. “Eles se tornarão uma só carne”. Se por um lado, o casamento heterossexual é o único contexto dado por Deus para a união sexual e a procriação, por outro, a união sexual é um elemento tão importante no casamento que a sua não consumação deliberada é, em muitas sociedades, motivo para a sua anulação. Adão e Eva certamente não experimentaram nenhum constrangimento com relação ao sexo. “O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha” (Gn 2.25).

Assim, o casamento de acordo com o propósito de Deus quando de sua instituição é uma união heterossexual e monogâmica que envolve um compromisso amoroso mútuo, por toda a vida; deve ser firmado depois do deixar público dos pais e consumado na união sexual.
Para saber mais: Efésios 5.21-33
>> Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora Ultimato.
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Fonte:
http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2016/01/16/autor/john-stott/a-definicao-biblica-de-casamento/

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Espiritualidade Bumerangue

15.01.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE, 07.01.16


O dicionário define o bumerangue, de forma simples, como um objeto de arremesso, objeto esse que após ser lançado ele volta à mão da pessoa. O bumerangue já foi usado até como arma, mas agora é usado como brinquedo, onde as pessoas jogam o bumerangue e ele volta. As manobras são interessantes e há várias formas de jogar e de fazer o bumerangue girar com efeitos e com mais velocidade. A ideia do bumerangue, como o objeto que vai e volta, pode ser uma usada como uma metáfora para explicação dessa espiritualidade evangélica brasileira que cada vez fica descaracterizada e distante do evangelho apresentado na Bíblia. A espiritualidade evangélica sofre de uma deformidade racional, lógica e prática, pois se distancia dos fundamentos bíblicos básicos e assim está se tornando cada vez mais esquizofrênica. É uma espiritualidade no estilo colha de retalhos, que se soma um pouco de cada prática religiosa, que aceita o sincretismo religioso, e assim as práticas públicas de celebrações públicas, passam a ser vista com desrespeito e irreverência para aqueles que conhecem um pouco das Escrituras sagradas. Essa espiritualidade evangélica ajuda a sociedade fomentar um estereótipo do evangélico como aquele que é sem estudo, desprovido da racionalizada, que gosta de coisas de mau gosto, e que aceita tudo sem reflexão.

Essa espiritualidade bumerangue é pautada pelas leis do mercado e do consumo e tem suas raízes nas bases seculares e não na Bíblia, que é para os cristãos a única regra de fé e prática. Essa espiritualidade foca no conceito de sucesso financeiro e no sucesso profissional como elementos de comprovação da presença de Deus na vida das pessoas. O referencial de sucesso, nada tem a ver com os heróis da Bíblia ou com os grandes homens de Deus, e sim com os padrões de sucesso que a sociedade secular tem como padrão. Na realidade, a espiritualidade cristã na sua maioria, pensa e faz propaganda das “bênçãos” materiais, seguindo o mesmo padrão secular. A prática evangélica no Brasil não é de engajamento evangelical, no sentido de levar pessoas a serem cristãs, mas é um ensinamento de formas e métodos para solucionar problemas terrenos e fugazes. 

A espiritualidade cristã nos leva a sermos pessoas melhores, a sermos transformados pelo evangelho e a vivermos com a viva esperança da eternidade, e não para sanarmos as vicissitudes dessa vida. A espiritualidade evangélica é tão disfuncional que ensina os fiéis, e só são fiéis enquanto “as coisas estão acontecendo naquele ministério”, a fazerem coisas que vão fazer com que Deus os abençoe. Em nenhum momento essas espiritualidade bumerangue fala, prega ou ensina os fiéis amarem a Deus acima de todas as coisas, e/ou a priorizar o reino de Deus e sua justiça; pelo contrário, eles ensinam códigos, mandingas gospel, métodos, campanhas, fórmulas, orações específicas, venda de produtos, promessas e cobram muito dinheiro para que as coisas aconteçam. Essa espiritualidade bumerangue é quando o fiel não faz algo ao Senhor por amá-LO e sim por querer algo em troca. Ele entrega dinheiro na igreja não para sustentar a obra missionária, mas ara que Deus veja a sua fidelidade e assim o recompense. Que lastimável. Ele vai a igreja não para cultuar a Deus e sim para aprender como fazer a nova campanha que abrirá a comporta dos céus que derramará curas e dinheiro para que ele volte na próxima semana para contar o “testemunho”. É uma espiritualidade onde o homem continua no centro, e ele faz as coisas para Deus, mas o foco é ele mesmo. Faz pensando em si. Faz pensando em receber. Faz porque foi ensinado a fazer e não por amor a Deus e a sua obra. 

Essa espiritualidade bumerangue é mesquinha, egoísta, maligna e sem fundamento bíblico. A espiritualidade cristã nos ensina a descansarmos em Deus e no Seu cuidado. A espiritualidade cristã nos leva a priorizarmos o reino de Deus e a sua justiça sabendo que as Ele acrescentará tudo oque precisamos. É a espiritualidade que agradece pela alvação como maior dádiva do Senhor, é a espiritualidade que tira nosso olhar do brilho das coisas desse mundo e nos leva a contemplarmos a glória de Deus. Que a espiritualidade bumerangue não contamine o povo de Deus e que possamos aprender mais e mais com Jesus, o Filho amado.


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Fonte:http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/espiritualidade-bumerangue

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A encarnação de Cristo, por C. S. Lewis

07.01.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE, 18.12.15
Por C.S.Lewis


Chegamos à época do Natal em que celebramos a encarnação de Deus em forma de homem. Mas será que em meio a tanta festa, temos consciência do significado mais profundo desse evento histórico, particularmente para a vida cristã?

C.S. Lewis sistematizou as implicações do fato de Deus ter nascido em forma de homem em seu capítulo de “Cristianismo Puro e Simples” que fala dos “obstinados” (tradução antiga que eu prefiro) ou “teimosos” (tradução atual) soldadinhos de chumbo. Para início de conversa, ele pede para lembrarmos de nossas fantasias de infância em que imaginamos nossos brinquedos ganharem vida, como no Toy Story. É essa a implicação da encarnação na vida do cristão: ela faz com que, de soldadinhos de chumbo, nos tornemos seres de carne e osso, mesmo à nossa revelia. A vida cristã é toda uma história de pinóquios, que sofrem das dores da encarnação ou mutação decorrente da vivificação.

Esse processo já foi iniciado em nosso favor. Não temos nada a fazer pela nossa salvação, ela é dada pela graça. Nosso papel é permitir o processo se dar, como no caso da transformação do Eustáquio- dragão de volta em menino (“A Viagem do Peregrino da Alvorada”).

A limitação da imagem do soldadinho de chumbo é a abrangência e alcance do evento único que ocorreu no nascimento virginal, que contagiou toda a massa da humanidade e do universo. Por meio da encarnação, da morte e da ressurreição veio a salvação para toda a humanidade. Ser cristão é deixar-se contagiar por esse processo de libertação e santificação.

Em “Perelandra”, a segunda obra da trilogia espacial de Lewis (que começa com “Longe do Planeta Silencioso” e termina com “Uma Força Medonha”), o nascimento de Maleldil em forma humana foi um evento que repercutiu em todo o universo e seus planetas.

Ou seja, um ser absoluto desceu ou se tornou em um ser inferior para lançar nele a centelha da vida divina, reacendendo o seu lado espiritual que estava morto desde a queda. E esse processo permitiu que nós, cristãos, nos tornássemos, por imitação, “pequenos cristos”, ou seja, que participássemos da natureza divina de Cristo, inclusive de sua missão redentora.

Não há lugar em que Lewis expressa essa ideia de forma mais clara do que nas “Crônicas de Nárnia”, em que usou do recurso da suposição para imaginar como seria a encarnação em um mundo como Nárnia. E inventou que ela se daria na forma de um leão, um ser ainda mais elementar do que o ser humano.

Não é por acaso que Aslam faz questão de se apresentar em toda a sua materialidade às crianças e personagens de Nárnia. Nós sentimos o seu bafo, seu pelo macio, suas patas - ora macias, ora ferozes - e a força de seu rugido. Não se trata de nenhum ser meramente espiritual, mas material e corpóreo.

Ele não é uma divindade distante que resolve tudo na base da “patada” e do rugido, embora tivesse o poder para isso e eventualmente também usasse a sua ferocidade, mas dá a sua vida voluntariamente para pagar a dívida da traição, vence a morte e decide fazer as crianças e os animais falantes participarem do seu plano de resgate de Nárnia.

Vale nesse sentido citar a fala do leão que foi convidado a liderar uma batalha ao lado de Aslam em “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”:

– Ouviu o que ele disse? Nós, os leões! Ele e eu! Nós, os leões! Por aí você vê por que eu gosto tanto de Aslam. Não se põe lá em cima, não é de bancar o importante. Nós, os leões! Ele e eu!

Esse é também o sentido da polêmica vinda do Papai Noel na terra onde é sempre inverno e nunca Natal desde a chegada da Feiticeira Branca, que coincide com a vinda de Aslam. Ele traz presentes, que são ferramentas e não brinquedos, que ajudarão as crianças a participarem das batalhas em defesa de Nárnia.

Desejo que esse seja o espírito que contagie as comemorações de Natal desse ano de 2015: o da imitação de Cristo e da participação, no sentido da comunhão amorosa que é a marca da igreja em meio a um mundo em que é cada vez mais inverno e menos Natal.


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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-encarnacao-de-cristo-por-c-s-lewis

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O Deus que nos cativou!

28.10.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por Elben César

quarta-feira
Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho. (1Jo 4.10)
Paulo diz que somos mais do que vencedores (Rm 8.37), mas somos também mais do que vencidos. Vencidos no bom sentido – vencidos pelo amor – pelo amor de Deus. Esse amor nos desmanchou, quebrou nossa cerviz dura, dobrou nossos joelhos, acabou com a nossa resistência, fez desaparecer misteriosamente nossa indiferença para com ele. Às vezes, Deus nos vence pela dor, pelo vendaval, pela tempestade. Outras vezes, por um vento suave, pelo dedilhar de uma lira, pelo canto de um passarinho. O que João está afirmando é que, se hoje amamos a Deus, é porque ele nos amou antes. Nosso amor é uma resposta positiva ao amor de Deus.
Essa figura tem correspondente no Antigo Testamento. Quando Israel (o reino do norte) estava numa situação muito ruim, pouco antes da conquista da cidade de Samaria pelos assírios em 721 antes de Cristo, Deus fez de tudo para trazer o povo de volta para si por meio do amor. Por boca do profeta Oseias, o Senhor disse ao povo de Israel: “Vou seduzir minha amada e levá-la de novo para o deserto onde lhe falarei do meu amor” (Os 2.14). Deus tenta comover Israel como que mostrando-lhe um álbum de fotografias: “Quando Israel era criança, eu já o amava e chamei o meu filho, que estava na terra do Egito. Porém, quanto mais o chamava, mais ele se afastava de mim […]. Mas fui eu que ensinei o meu povo a andar; eu o segurei nos meus braços, porém eles não sabiam que era eu que cuidava deles. Com laços de amor e de carinho, eu os trouxe para perto de mim. Eu os segurei nos braços como quem pega uma criança no colo. Eu me inclinei e lhe dei de comer” (Os 11.1-4).
O Senhor não somente nos corteja, nos traz flores, nos atrai, cuida de nós, nos fala carinhosamente, mas também mandou o seu Filho, “para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados!”. Hoje, vencidos pelas cordas de amor de Deus, somos crentes!
A verdade é que nós o amamos porque ele nos cativou primeiro!
>> Retirado de Refeições Diárias com os Discípulos. Editora Ultimato.
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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2015/10/28/autor/elben-cesar/o-deus-que-nos-cativou/

O que é Missão Integral?

28.10.2015
Do portal  ULTIMATO ON LINE, 15.10.15


A “Missão Integral” é mais velha e menos complicada do que imaginam alguns leitores.

É o que o leitor vai perceber na edição de novembro-dezembro da revista Ultimato, que entra em circulação no próximo dia 30, quando ler a entrevista com os pioneiros ou "pais" da Missão Integral. 

Reunimos e conversamos com Samuel Escobar, René Padilla, Pedro Arana e Tito Paredes. Valdir Steuernagel foi o entrevistador.

Aliás, em entrevista ao portal, o colunista da revista Ultimato e teólogo René Padilla, não poderia ser mais simples: “Ela é, na verdade, uma aproximação à fé cristã que tenta relacionar a revelação do Deus trino com a totalidade da criação e com todo aspecto da vida humana, e tem como propósito a obediência da fé para a glória de Deus”. Para ler a entrevista na íntegra, acesse abaixo "10 perguntas fundamentais sobre Missão Integral".

Veja um "gostinho" do que vem por aí:

 

Confira também o vídeo com os colunistas da revista Ultimato Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz e Valdir Steuernagel no “Missão na Íntegra”.

O que é Missão Integral? (René Padilla)

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-que-e-missao-integral-1

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Os refugiados, as migrações e o propósito do Criador

29.09.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 24.09.15


Compreendamos a experiência dos movimentos populacionais e migratórios na história, a partir do discurso de Paulo em Atenas:


... de um só fez a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós .... (At 17.26,27). 

A raça (etnia) humana é uma só e originou-se de um só (Eva e Adão), mas diferenciou-se em milhares de etnias sujeitas às épocas (oportunidades, tempos, estações) e aos espaços geográficos (limites, fronteiras) de sua ocupação (habitação, formas sociais e construções culturais). As mudanças de lugar nos tempos e nas épocas serviram e servem ao propósito último de buscarem e encontrarem ao Criador, pois Ele não está longe de ninguém.

Foram inúmeras e distintas as experiências da humanidade em termos de migrações e deslocamentos, até chegarmos aos refugiados de nossos dias. Como demonstração disso, apresentamos nesse artigo algumas migrações na história a fim de mostrar o quanto esse fenômeno foi contínuo. 

Comecemos pelo Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, que reúne centenas de registros arqueológicos da presença humana que remonta entre 10 a 20 mil anos a. C., ou mais, uma das regiões mais antigas da morada do homem americano. Grupos humanos em levas oriundas no norte ou no sul do continente atravessaram florestas, cânions, serras e paredões a fim de encontrarem um lugar com abrigo, alimento, caça e fontes de água. 

O resfriamento da região deu origem a uma floresta tropical com um clima favorável à fixação humana. Nos seus boqueirões são encontrados traços da cultura forjada durante milênios como os restos de fogueiras, as pedras esculpidas, os artefatos de uso cotidiano, os esqueletos de enterramentos em rituais religiosos, as pinturas rupestres nas paredes das cavernas, os vestígios de alimentos como grãos secos e fósseis de animais. 

Nossos ancestrais desenvolveram formas de vida complexas a procura de condições de vida. Construíram, até a chegada dos espanhóis e portugueses, povoados, cidades e civilizações com graus de sofisticação superiores ao dos europeus no século XV, a exemplo dos maias, astecas e incas. E é fascinante conhecer essas vivências dos povos antigos com seus modos rudimentares de sobrevivência e expressões criativas de arte, de cultura e de religião. A humanidade sempre foi plural.

Desde as populações mais simples, em termos de organização social, até às civilizações mais complexas, migrações e deslocamentos foram permanentes provocadas por variados fatores, não somente pelo nomadismo em busca de regiões férteis: pilhagens, saques, invasões, capturas, fugas e diásporas. Sobre os povos indo-europeus, Mircea Eliade afirmou que “o nomadismo pastoril, a estrutura patriarcal da família, o gosto pelas razias e a organização militar com vistas à conquistas [foram seus] traços característicos”. 1

Os contatos interculturais e transculturais, de trocas constantes de valores e de práticas culturais, sempre marcaram a raça humana. Sob o imperativo da conquista ou das relações políticas e comerciais, culturas se hibridizaram gerando desde as sociedades singulares até aos grandes impérios. As visões de mundo, os imaginários e as ideologias foram forças conjuntas que sustentaram essas ações pelas mediações culturais, também definidas pela desigualdade entre conquistadores e conquistados.

Grandes impérios foram responsáveis pelo deslocamento de populações com objetivos comerciais, expansionistas e civilizadores. Os assírios misturavam pessoas de diferentes lugares, tal como aconteceu com o Israel do norte em 722 a. C.. Os babilônios se apropriavam das elites e as transportavam para as suas cidades, a exemplo do reino do Sul, Judá, em 587 a. C. Os persas interligaram os povos sob os seus domínios respeitando as culturais locais, mas impondo suas práticas comerciais e administrativas. Os gregos conquistavam cidades impondo o comércio e escravizando os derrotados. Os macedônios expandiram a cultura helênica com seus avanços territoriais, unindo o ocidente ao oriente.

Uma variedade de povos veio, nos séculos I-VI d. C., desde o extremo oriente e varreu os limites de um já fragilizado império romano erigido em torno do mar mediterrâneo. Aqueles bárbaros refizeram as fronteiras culturais, linguísticas e físicas do que viria ser a Europa moderna. Tribos e clãs árabes islamizadas engendraram conquistas na Ásia menor até a capital bizantina e rumaram pelo norte da África adentrando a península ibérica nos séculos VII-IX. Inicialmente, as dinastias muçulmanas respeitaram os costumes, as religiões e as práticas locais, mas impuseram gradativamente a sua religião. 

A Europa central no medievo barrou esse avanço e cristianizou suas cidades e feudos, partindo, nos sécs. XI-XIII para o oriente em cruzadas de reconquista da terra santa, acirrando o ódio histórico. No alvorecer da modernidade, essa civilização dita cristã partiu para as índias em reação à ameaça turca e à ruptura da cristandade causada pela Reforma Protestante, impulsionada pelos interesses comerciais. Indígenas e africanos foram explorados e escravizados, aqueles domesticados em nome da religião e esses arrancados da África dos séculos XVII a XIX. Diásporas africanas. 

Uma nova expansão imperialista europeia se deu no século XIX, tendo o cristianismo como força religiosa identificada com a civilização tomada como superior, resultando em duas grandes guerras europeias e mundiais. Após a segunda guerra, o fenômeno dos refugiados se agravou no contexto da guerra fria, da descolonização e dos conflitos locais étnicos e religiosos, acirrados pela dominação europeia e norte-americana. 

-- Este é o primeiro artigo de uma série de três sobre o assunto.

Nota:

1. ELIADE, Mircea. História das crenças e das Ideias Religiosas: Da Idade da Pedra aos mistérios de Elêusis. Trad. Roberto Cortes de Lacerda. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

Foto: Portas Abertas.

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Lyndon de Araújo Santos é historiador, professor universitário e pastor da Igreja Evangélica Congregacional em São Luiz, MA. É o atual presidente da Fraternidade Teológica Latino-americana - Setor Brasil (FTL-Br).

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/os-refugiados-as-migracoes-e-o-proposito-do-criador

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Entregando tudo a Deus

28.09.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 26.09.15
DEVOCIONAL DIÁRIA
Por C.S.Lewis

sábado

Não temos como descobrir que somos falhos em manter a lei de Deus, a não ser que tentemos com todos os nossos esforços (para depois falhar). Se não tentarmos realmente, não importa o que digamos, sempre teremos em nosso inconsciente a ideia de que, se tentarmos com mais força da próxima vez, talvez sucederemos em nos tornar perfeitamente bons. Assim, nesse sentido, a estrada de volta para Deus é a do empenho moral, de tentativas cada vez mais duras. Porém, em outro sentido, não são as nossas tentativas que nos levarão de volta para casa. 
Todas essas tentativas só podem nos levar àquele ponto vital em que você se volta para Deus e confessa: “Eu não sou capaz de fazer isso. Você precisa fazê-lo por mim”. Mas eu lhe imploro, não comece a se perguntar: “Será que eu já atingi esse ponto?”. Não fique sentado observando a sua própria mente para ver se está acontecendo. Isso coloca a pessoa em um barco furado. 
Quando as coisas mais importantes da nossa vida acontecem, geralmente não sabemos, no momento, o que está acontecendo. Uma pessoa nem sempre é capaz de dizer a si mesma: “Vejam! Eu estou crescendo”. Muitas vezes é só quando ela olha para trás que se dá conta do que aconteceu e identifica o que as pessoas chamam de “crescimento”. Você pode observar isso até nas coisas mais simples. 
É bem provável que uma pessoa que fica ansiosamente se vigiando para ver se vai conseguir dormir permaneça bem acordada. É claro que essa coisa a que estou me referindo agora pode não acontecer a todos de forma repentina — como aconteceu com o apóstolo Paulo ou Bunyan; ela pode se dar de forma tão gradativa, que será impossível a qualquer um apontar uma hora ou mesmo um ano específico. 
O que importa é a natureza da mudança, e não como nos sentimos enquanto ela se processa. Trata-se da mudança do estado de confiança em nossos próprios esforços para aquele estado em que já desistimos de tentar fazer as coisas por nós mesmos, entregando-as completamente a Deus.
>> Retirado de Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato
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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2015/09/26/autor/c-s-lewis/entregando-tudo-a-deus-3/

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Eu creio no perdão dos pecados

31.08.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 26.08.15
Por C.S. Lewis

quarta-feira

Falamos muita coisa na igreja (e também fora dela) sem pensar no que estamos falando. 
Por exemplo, dizemos no credo: “Eu creio no perdão dos pecados”. Fiquei repetindo isso por muitos anos antes de me perguntar por que isso estava no credo. À primeira vista, parece difícil valer a pena explicar. “Quando alguém é cristão”, pensei comigo, “é claro que acredita no perdão dos pecados. É uma evidência gritante.” Porém, parece que quem escreveu e compilou os credos achou que essa era uma parte da nossa crença que precisávamos lembrar toda vez que fôssemos à igreja. Depois que me dei conta disso, se me perguntassem hoje, eu diria que eles estavam certos. Acreditar no perdão dos pecados não é tão simples quanto eu pensava. A crença real nesse tipo de coisa facilmente nos escapa se não tivermos a disciplina de continuar alimentando-a.
Acreditamos que Deus perdoa os nossos pecados, mas também que ele não o fará a menos que nós perdoemos os pecados que as outras pessoas cometem contra nós. Não há dúvida sobre a segunda parte dessa declaração. Está escrito no Pai-Nosso e foi fortemente enfatizado pelo nosso Senhor. Se você não perdoar, não será perdoado. Não há parte mais clara no ensinamento de Jesus, e ela não dá margem a exceções. Deus não diz que devemos perdoar os pecados dos outros se eles não forem tão assustadores ou desde que existam circunstâncias atenuantes ou algo desse tipo. Devemos perdoá-los todos, não importa o quanto eles sejam malignos, miseráveis e frequentes. Se não o fizermos, também não seremos perdoados de nenhum dos nossos.
>> Retirado de Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato.
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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2015/08/26/autor/c-s-lewis/eu-creio-no-perdao-dos-pecados-2/

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O que o Cristianismo tem a ver com a eternidade?

19.08.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE

"Porque a nossa leve e momentânea tribulação 
produz para nós eterno peso de glória, 
acima de toda comparação" (2 Co 4.17)

Uma vantagem da língua inglesa é que quando se fala no céu espacial, na abóboda celeste, tem-se uma palavra (sky); e para os céus, como lugar para onde vão os salvos depois da morte, há outra (Heaven). Nós, usuários da língua portuguesa, usamos o mesmo nome, e o céu como “Heaven” tem muitas vezes essa conotação de ser um lugar distante, lá no alto, um lugar que nega tudo o que vivemos aqui embaixo.

No imaginário popular, trata-se de um lugar onde flutuam as almas desencarnadas e os anjos, de um lugar em que Deus reina. Há essa ideia maniqueísta de que tudo o que é corpóreo, material será negado ou anulado ou extinguido no céu. Se é que se crê em céu.

Pude constatar numa enquete nos arredores de uma universidade confessional, que os entrevistados, mesmo quando perguntados se acreditavam em Deus e se eram cristãos, responderam que sim. Por outro lado, quando perguntados sobre o que acontece depois da morte, responderam que nada acontece, que é o fim da linha e que nossos corpos vão se desintegrar simplesmente.

Então, temos dois problemas entre os que se dizem cristãos: primeiro, o de realmente crer e compreender que o cristianismo tem algo que ver com a eternidade; segundo, o de que o céu, quando se crê nele, é considerado o avesso da Terra.

Assisti recentemente a uma palestra na internet - infelizmente ainda não traduzida para o português - de um congresso de língua inglesa, dedicada a C.S. Lewis em que um dos palestrantes falou sobre os céus. Sua palestra foi intitulada C.S. Lewis on Heaven and the New Earth [C.S. Lewis sobre o Céu e a Nova Terra] e fez parte do Congresso chamado “Desiring God” [Desejando a Deus], de 2013. Apesar de ter sido um evento em torno de C.S. Lewis, todos os palestrantes frisaram que o superstar, o personagem central, era Jesus Cristo.

O palestrante, Randy Alcorn, começa, dando o seu testemunho de que ele vivia uma vida sem Deus, sem a mínima noção do Evangelho, mas uma paixão por astrologia. Ele tinha um telescópio e quando conseguiu ver o sistema solar de Andrômeda, chorou de emoção.

Depois de se converter, Alcorn achava que tinha que deixar de lado toda a sua paixão, mas, graças a Deus, topou com algumas obras de C.S. Lewis que aprofundaram o seu conhecimento das Escrituras. Primeiro, ele leu “O Problema do Sofrimento”, de C.S. Lewis, cuja leitura ele recomenda efusivamente a todo jovem cristão ingressante no ensino superior, pois deixa ateus como Richard Dawkins, e seu eterno argumento de que “se Deus existisse não haveria sofrimento no mundo”, no chinelo. Depois ele leu a trilogia espacial (“Longe do Planeta Silencioso”, “Perelandra” e “Uma Força Medonha”), a ficção científica de pano de fundo cristão, que considera o universo em toda a sua extensão.

Esses livros fizeram com que ele tivesse uma visão mais bíblica do mundo e do além de modo que, depois dessas leituras, ele teve coragem de olhar pelo telescópio e se emocionar novamente. Dessa vez, porém, não diante da pequenez do ser humano em relação à imensidão inimaginável do cosmo, mas diante da infinita grandeza do Criador do universo.

Ao longo da palestra toda, ele vai lendo a Bíblia e citando partes da trilogia e das “Crônicas de Nárnia”, em que fica claro que o Céu não é uma negação da Terra, mas uma renovação da mesma em uma Nova Terra, fazendo-a voltar aos moldes do que era, quando foi originalmente projetada por Deus.

Ele vai mostrando que nós teremos um novo corpo e que teremos todos os prazeres que hoje temos através dos sentidos, mas de uma forma reconciliada, regenerada e purgada de todo resquício ou sombra de mal.

E cita um dos trechos que eu também aprecio muito em C. S. Lewis que é do livro “O Peso da Glória”. Ele diz que não fomos criados para nos tornarmos espíritos desencarnados, mas que teremos um corpo novo. Diz ainda que o Cristianismo é a única religião em que o corpo é valorizado, que não é contra a matéria, pois ela em si não é má, mesmo porque foi Deus quem a criou.

Então eu me lembrei das minhas primeiras discussões teológicas da adolescência em que eu não conseguia me conformar com o poder que era atribuído ao Satanás, a ponto de ele ter conseguido destruir tudo de bom que havia no mundo e nas pessoas. Não há nada de bom no ser humano. Não se trata apenas de uma condição depravada, mas de um estado que faz com que o autoconceito de qualquer um vá para o pé. É esse tipo de coisa que nos incutem, em muitas dessas escolas dominicais, mas, pela graça do Senhor, eu pude me libertar dessas ideias. E o maniqueísmo, essa heresia monstruosa, está à solta nas nossas igrejas, quando não é de púlpito, nos pequenos grupos, classes infantis, de jovens e de adolescentes, e até na letra de músicas. E ele entra de forma livre também nas nossas famílias, por meio das novelas, filmes, desenhos animados, jogos, etc (não que se tenha que proibi-los, mas considerar tudo e reter o que é bom).

Ora, se não havia um pingo de bem nas coisas e em mim mesma, Satanás tinha que ser no mínimo tão poderoso quanto Deus, a ponto de aniquilar o bem. Nada contra a doutrina da depravação total, no sentido de que não há como o ser humano se salvar sozinho do seu pecado, mas tudo contra a ideia de que o mau se mede com iguais forças com o bem.

Então compreendi que Deus é infinitamente superior ao mal, tão infinitamente superior quanto a quantidade de espaço existente fora do mundo é superior à quantidade de dentro. E isso muda toda a nossa cosmovisão das coisas e do sofrimento, que passa a ser (por pior que realmente seja aos olhos de quem sofre) nada mais do que um pontinho perto da grandeza da glória que Deus tem preparado para nós no porvir.


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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-que-o-cristianismo-tem-a-ver-com-a-eternidade