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sábado, 28 de dezembro de 2013

Ebook: Reencarnação e Cristianismo: água e óleo

28.12.2013
Do portal NAPEC - APOLOGÉTICA CRISTÃ
 Apresentamos mais um trabalho em nossa área de de Ebooks.
O material publicado nesta área do site é inteiramente gratuito e de livre divulgação, bastando respeitar a fonte e o autor.
Visando facilitar a vida de nossos leitores, os Ebooks estão em formato pdf, para que possam ser salvos no computar ou mesmo para impressão.
A obra em questão aborda o choque entre a teoria da reencarnação com a doutrina cristã. Em Reencarnação e Cristianismo: água e óleo, o leitor irá encontrar respostas para este conflito.
Acesse, leia e divulgue. Para efetuar o download, clique na capa do livro ou aqui.

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Feito à imagem do homem

27.12.2013
Do  portal NAPEC - APOLOGÉTICA CRISTÃ
imagem do homem
Há a falsa premissa de que todos os caminhos levam a Deus; e de que Deus pode ser tocado e alcançado pelo esforço humano, seja qual for, desde que haja sinceridade e empenho e alguma dose de sacrifício no homem para se achegar, pois ele ama a diversidade e os esforços de união da humanidade [ecumenismo]. Ainda outro diz ser Deus amor, a tal ponto que nenhuma das suas criaturas, mesmo o diabo e seus anjos, perecerá, pois Deus não pode negar a si mesmo, logo, todos, sem exceção, serão salvos [universalismo]. Temos outra mentira: a de que Deus amou o homem a tal ponto que se colocou em seu próprio nível, descendo de sua condição de Deus para a de um “deus”, de tal forma que não pode intervir em nada na criação, estando tão impotente como um espectador diante de um filme [teísmo aberto].
Não citarei outras premissas equivocadas e falsas, pois estas são suficientes para exemplificar o meu argumento. Vejamos o que elas têm em comum: um “Deus” amoroso mas permissivo com o pecado e o erro.
Aos que são pais, ficará claro que os argumentos das três doutrinas são um absurdo [e não é necessário sê-lo para perceber o equívoco]. Por exemplo, qual de nós, em sã consciência, não puniria o filho que, furtiva e sorrateiramente, tomou dinheiro da nossa carteira? Alguns, talvez, não fizessem nada na primeira vez, seja lá o temor que tivessem para não puni-lo. Acontece que o filho, livre do castigo, iria uma segunda, terceira, quarta, quinta vez até a carteira, sempre surrupiando valores maiores, num crescente grau de delinquência. Por mais negligentes que sejam os pais, chegará um momento que o abuso passará de todos os limites, e ele dará um basta à situação [ainda que os motivos não sejam morais, mas meramente financeiros]. Portanto, mesmo que o pai seja irresponsável e não ame o filho, chegará um momento em que tomará a atitude de não sofrer mais o dano, denunciá-lo e puni-lo. Ainda que a pena seja a própria impossibilidade do filho continuar o seu crime [por exemplo, colocando o dinheiro em um cofre-forte]. Em certo sentido, não permitir que ele continue a praticá-lo é, em si mesmo, uma atitude ativa de penalizar-lhe a não desenvolver e satisfazer o seu desejo perverso.
E no caso de Deus?
Há de se considerar alguns pontos: primeiro, não se pode tirar nada de Deus. Segundo, Deus é autoridade, e por ele todas as coisas foram criadas e sustentadas. Logo, alegar passividade ou omissão da sua parte é ilegítimo e uma injúria. Terceiro, Deus é santo, e convir com o pecado ou o mal afetaria a sua santidade, o que faria dele um ser mutável. Se um pai, por mais relapso e fraco, chegaria ao ponto de não permitir mais os abusos do filho, o que levaria os adeptos dessas três doutrinas [entre outras] a acreditar que o Deus Todo-Poderoso o permitiria?
Mas alguém pode dizer: “O pai pode, simplesmente,  conviver com os furtos do filho sem se importar ou tomar alguma providência que o impeça de continuá-los. Sendo conivente com eles…”. Realmente, seria uma hipótese, que o tornaria no homem frouxo, amoral, omisso, negligente e cúmplice do filho. Ele seria o co-autor da subtração, o estranho caso de alguém colaborar e participar do crime contra si mesmo. E aí está a questão: alguém, que se diz cristão, e em sã consciência, pode alegar que Deus agiria assim?
Este é o ponto: para Deus ser o que os ecumênicos, universalistas e teístas-abertos reivindicam, teria de ser imoral, fraco, negligente, permissivo, participante do pecado e do mal; a transgredir sua própria lei; a infringir danos a si mesmo. O problema é fazer de Deus um formador de quadrilhas, a se associar ao crime. Por não punir o infrator, ele se tornaria em partícipe, que colaboraria de alguma forma na conduta típica do filho, o furto. Isso o faria ainda mais criminoso do que este; um criminoso qualificado, visto ter uma atuação pessoal e própria na qualificação do delito, ou seja, ele seria o fator estimulador, que incitaria os homens a cometê-lo, visto não puni-los, tendo o poder de fazê-lo. Assim Deus violaria sua própria lei, fazendo-se réu de si mesmo. É claro que o juiz não pode ser réu no mesmo processo, então, quem o seria?
Além de quebrar a sua própria lei, ele criaria um código moral inútil, que seria rasgado a cada delito cometido, ao ponto do pecado ser um delírio, uma divagação, uma intolerável e inadmissível possibilidade dentro da impossibilidade. Fazendo de “Deus” um artesão imperfeito, injusto, cínico… mas além disso o mantenedor do caos, ao se aproximar dele sem impedi-lo, ou ao se aproximar dele sem os meios suficientes para impedi-lo. No primeiro caso, ele seria dissoluto, no segundo, incapaz.
Quando ecumênicos, universalistas, teístas-abertos e outros, mesmo que se digam cristãos, dizem que o Cristianismo bíblico faz de Deus o autor do pecado, podemos replicar-lhes que os seus conceitos tornam-no o praticante do pecado. A Bíblia diz que Deus é o criador de todas as coisas, materiais e imateriais, boas e más, de sorte que nada, absolutamente nada, escapa-lhe do controle e da criação. Deus idealizou o pecado e o mal dentro de um plano perfeito, sábio e santo: o decreto eterno. Porém, ele não faz o mal, por simplesmente não poder fazê-lo, sendo bom. Ele não pode criar o caos, porque é o Deus ordeiro. Nem cometer o pecado, porque é santo. Em sua perfeição, não há imperfeição. Em sua imutabilidade, não há sombra de variação. Em seu poder, não há fraqueza. Em sua sabedoria, não há tolice. Quem pratica o mal e o pecado são suas criaturas, anjos e homens, segundo o seu poder e autoridade, mas não por sua ação direta. O fato de Deus ser efetivo e atuante em tudo não o torna no sujeito ativo de tudo [com isso não quero dizer que Deus seja passivo, mas ele não é o agente ativo do acontecimento, ainda que esteja a agir ativamente para que ele ocorra segundo o seu plano]. Com isso, estou a dizer que o homem nunca é passivo em seu pecado. Mesmo quando negligente ou omisso, o homem é ativo em pecar ou em concordar com o pecado. O grau de culpabilidade não o exime do dano. Dependerá sempre de sua decisão. E sua escolha o tornará réu do crime ou não.
Porém as doutrinas não-bíblicas fazem de Deus, em algum aspecto, o autor do crime, ainda que seja na condição de um espectador, uma testemunha de vista, um voyeur sádico.
Assim, só há duas religiões: a divina e a humana. Uma se contrapõe à outra. Infelizmente, alguns crentes e denominações cristãs têm se apegado a parte da verdade e não à sua totalidade, unindo-a ao paganismo e ao sincretismo para construir uma cosmovisão demoníaca e anticristã, onde Deus é um mero espectador, um observador lânguido a dar longos bocejos, ou a assentir tacitamente os desvios das suas criaturas.
Esse padrão é muito parecido com o da mitologia geral, em que deuses se misturam entre os homens como se fossem iguais, igualmente errando sem que possam mudar em nada o seu destino ou das suas criaturas. Em suas fraquezas, incertezas e confusões como poderiam julgar ou punir? Esse conjunto de ideias é como erguer casas no pântano ou na areia… desmoronarão irrevogáveis à menor investida, sem qualquer resistência.
Dentro da cosmovisão bíblica é impossível conservarem-se harmoniosas, racionais e lógicas. Pois elas partem do pressuposto de que o mundo pode ser entendido a partir dele mesmo, como se fosse auto-explicável, e de que não é necessário Deus para torná-lo inteligível e aplicável, mas de que o seu significado está muito além dele… de maneira que nem mesmo ele pode compreendê-lo.
O objetivo é um só: criar um conjunto uniforme de ideais que se oponha ao Cristianismo bíblico; operando a partir do ponto de vista relativista, pragmático e imanentista, colocando o homem como o ser supremo, o centro do universo; ou quando não, ele se encarregará de colocar outro em seu “trono”, de forma que será escravo de si pelos meios mais sórdidos e nefastos de se auto-subjugar: a rebeldia contra Deus e o amor pelo pecado.
Desta forma, a religião humanista [e nela, de certa forma, está contido o arminianismo] subverte algo do Cristianismo para moldar a síntese de que todas as concepções são legítimas, de que todos os caminhos são aceitáveis, vistos que eles ensinam e se preocupam apenas com o bem-estar do homem ou a liberdade de desejar e operar a autodestruição sem as consequências advindas dela: a condenação e o sofrimento eternos.
A cosmovisão que declara o verdadeiro estado de depravação e iniquidade do homem tem de ser combatida a fim de se resguardar a integridade humana e a sua absolvição diante de um tribunal que não julga e de um juiz comprometido com a injustiça. A cosmovisão a declarar que somente Cristo é a única possibilidade de reconciliação do homem com Deus, sendo ele o Verbo encarnado, pelo qual os pecados não nos são imputados, é exclusivista, e tem de ser erradicada. Um deus desobrigado consigo mesmo; ainda mais irresponsável que suas criaturas, as quais abusam da sua tolerância de consentir com aquilo que deveria impedir, é o arquétipo correspondente às muitas formas de auto-idolatria humana.
Não há lugar para a biblicidade, nem para Deus como o ser supremo, justo e santo, que irá julgar esse mesmo homem. Por isso, criou-se a imagem de um “Deus” paspalhão, um sentimentalóide tosco e tolo, que acaba por se sujeitar ao padrão estabelecido pelo homem e que o próprio homem desconhece quais serão as suas consequências. Esse “Deus” não é reconhecido na Escritura, nem em momento algum é visto ou descrito por ela; o que os levará, primeiramente,  à necessidade de relativizar e desqualificar o texto bíblico como a fiel palavra de Deus; colocando-o somente como mais um manual ético-moral entre tantos outros criados pela mente humana, e que nem mesmo deve ser observado, tendo-se em vista a sua contextualização cultural e temporal; cujo prazo de validade expirou.
Com isso, estão a dizer que a Escritura está ultrapassada, de que não há mais contato entre a verdade e o mundo atual… a verdade não tem mais lugar no presente século; tornou-se obsoleta, em um código que não exprime nenhuma sintonia com os nossos dias, não sendo mais do que a alternativa pífia para as mentes mais conservadoras, tacanhas e sub-desenvolvidas. E inclui-se também e, urgentemente, a necessidade de se destruir qualquer aspecto sobrenatural e histórico em suas páginas.
Num mundo subjetivo, onde as “verdades” são mutáveis e adaptáveis a todas as formas de corrupção, qualquer defesa da Bíblia, como a palavra fiel e inspirada de Deus, deve ser combatida. E o Estado, com a falsa premissa de ser laico, acaba por ser antireligioso, mas não o suficiente para impedir que “técnicas religiosas” se convertam em métodos “científicos” aplicados à satisfação humana. A prova está na aceitação pacífica do yoga, da acupultura e da ecologia [o culto secular da deusa "Gaia"... olha a mitologia aí, novamente] como o padrão aceitável de espiritualidade e civilidade humana. Qualquer referência ao Absoluto deve ser substituído por conceitos paliativos, que, quando muito, entretêm e prolongam os desejos e esperanças inalcansáveis. Eles sustentam a expectativa de que são possíveis, quando sua realização é improvável, e não passam de vãs promessas.
Assim todas as formas que possam se fundir ao humanismo são aceitas, exceto o Cristianismo Bíblico, ortodoxo e histórico, o qual não é antropocêntrico, mas teocêntrico, e por isso, tem de ser destruído.
Presenciamos a união entre o secular e o religioso com o único objetivo de erradicar o Deus biblico; e, para isso, têm de criar uma forma diluída ou descaracterizada da verdade; iludindo os incautos de que a mentira pode, em último caso, substituí-la eficientemente. Formas aparentemente cristãs são criadas como sabotadores, intrusos que invadirão a seara do Senhor e disseminarão o veneno da incredulidade e da dúvida; ou da incerteza como única convicção a se defender.
Custe o que custar, a esperança tem de morrer. Nem que para isso tenha-se de criar um “Deus” covarde. Feito à imagem e semelhança do homem.
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Não creio em ateus. Ateus não existem.

28.12.2013
Do portal NAPEC - APOLOGÉTICA CRISTÃ
Já faz um tempo que tenho refletido sobre a questão do ateísmo. Claro, todos pensamos nisso em algum momento. Como pode alguém “chegar à conclusão” de que não há Deus? (Sl 42.3,10) Isso, sim, é que não existe, ou seja, a conclusão de que Ele não existe. Até Antony Flew, um dos pais do moderno “ateísmo”, concluiu, pouco antes de sua morte, que a pesquisa sobre o DNA “mostrou, em vista da complexidade quase inacreditável dos arranjos necessários para a produção de vida, que inteligência foi envolvida no processo” (Um ateu garante: Deus existe, Ediouro, ênfase acrescentada). E como ele, sabemos de muitos outros “ex-ateus” que à beira do precipício, renderam-se.
Mas a minha descrença no ateísmo não parte da religiosidade inata – nos humanos também. Não parte das minhas reflexões e racionalizações. Já publiquei um livro que lida com a questão “religião versus” ou “religião & ciência” (Ciência e Fatos Bíblicos, Dynamus, 2ª ed., 2004), onde demonstro as leis, os fatos e as descobertas da própria ciência que atestam, com as ferramentas da ciência, a veracidade do relato bíblico. Ditos ateus e religiosos, ambos têm fortes argumentos “irrefutáveis” em causa própria.
Mas o caso não é esse, já que a questão não são os fatos e as narrativas primordialmente, mas o próprio Deus. O dito ateu não deve ter dificuldade em crer no Jesus histórico, ou no movimento dos hebreus rumo à palestina, nem na existência da arca da aliança. O dito ateu é aquele que não crê na existência de Deus, mas pode admitir que relatos bíblicos são verificáveis. Do contrário, seria irracionalidade sua, pois a Bíblia lida com lugares, nomes, posições geográficas, datas históricas, além da documentação arqueológica, histórica, linguística, antropológica e muitas outras. Há ditos ateus escavando sítios arqueológicos orientados pelos relatos das Escrituras judaico cristãs. Ponto.
A questão do ateísmo é outra. Ele refuta a existência de Deus. Mas não há provas da existência de Deus, como igualmente não há provas da sua inexistência! Todo dito ateu que seja razoável concorda aqui como nós religiosos também. Verificam-se, então, as evidências. A discussão toda se mantém no campo das evidências e na refutação das mesmas, de ambos os lados.
Uma campanha da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA), que seria veiculada em ônibus de Porto Alegre e Salvador – e que foi suspensa – traria a discussão para o campo errado. Os cartazes continham frases como “Religião não define caráter” e “A fé não dá respostas. Ela só impede perguntas”. Note que as próprias frases não são um ataque a Deus e sua existência, mas claramente uma manifestação preconceituosa e discriminatória contra a religião e a fé. Essa campanha existe em países da Europa, como Inglaterra e Espanha, e também nos Estados Unidos.
As frases, a meu ver, são medíocres, não têm sentido lógico. Do ponto de vista dito ateu, ou mesmo da perspectiva científica, não são passíveis de comprovação. Do ponto de vista teológico elas são uma farsa. Religião não define caráter, mas Deus define; e mais, a fé faz perguntas, sim, por um sujeito com o qual dialoga por meio de sua Palavra. Qualquer cristão com conhecimento básico em teologia poderia refutá-las.
Além do mais, as frases demonstrariam, caso viessem à público, um imperdoável desconhecimento da história. Dizer que Johannes Kepler não fazia perguntas porque tinha fé! Foi ele quem disse que o cientista que estuda a natureza “está pensando os pensamentos de Deus depois dele”. Blaise Pascal não fazia perguntas porque tinha fé! Ele afirmou que “a fé nos diz o que os sentidos não percebem, mas em contradizer suas percepções. Ela apenas transcende, sem contradizer”. E Isaac Newton? Sobre a incredulidade, saiu-se com essa: “O ateísmo é completamente sem sentido. Quando olho para o sistema solar, vejo a terra na distância correta do sol para receber a quantidade de luz e calor apropriadas. Isso não aconteceu por acaso.” Sorte dos ditos ateus que a campanha foi rejeitada a tempo.
Então, não preciso discorrer sobre o conteúdo das frases, mas quero evocar o texto de Eclesiastes, que diz: “Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade…” (Ec 3.11). Esse texto da versão NVI traz “eternidade”, tradução de um termo hebraico que significa “para sempre”. Algumas versões trazem “mundo”, mas literalmente a tradução é “para sempre”. O texto diz que há, inato no ser humano, o desejo, o anseio, a vocação para o tempo futuro, eterno, para sempre.
O homem é um ser que vive o presente, movido pelas experiências do passado procurando resolver os enigmas do futuro. Sempre foi assim. Nossa preocupação tem sido o amanhã. A ansiedade, patologia que afeta a milhões no mundo, resulta incerteza sobre o amanhã, sobre o futuro. O passado, tendo sido bom ou mal, influencia as nossas decisões hoje, quando procuramos a melhoria nas próximas ações e decisões a serem tomadas – no futuro. O homem é um ser voltado para o futuro. Assim, negar a existência de Deus pode ser reflexo de um trauma ou frustração passada que desemboca em uma rejeição e negação do futuro e de tudo o que ele reserva. E, se o futuro é estar com Deus (ou separado dele), o reflexo do passado implica na rejeição de qualquer compromisso com o “estar com Ele” (ou “para sempre” separado dele).
Sartre, Camus e outros ateístas humanistas ensinavam que somos fruto do acaso, diziam que a humanidade foi empurrada para dentro da existência sem qualquer conhecimento de suas origens: empurrados por quem? Diziam viver a tragédia humana, o absurdo, e que o suicídio como solução final era a questão a ser considerada. Assim, penso, o suicídio para eles e seus seguidores era uma tentativa de rompimento com um futuro admitidamente “sem Deus”, uma manobra para driblar Deus vindo ao seu encontro no futuro. Era um atalho para não entrar no Caminho.
Se, como escreveu o sábio Salomão, Deus colocou “no coração do homem o anseio pela eternidade”, então como fugir dessa condição e destino? A eternidade é, então, uma metonímia que pode ser substituída por Deus. O homem veio de Deus e Deus colocou em seu coração o desejo de retornar para Ele. Se “fomos empurrados” para dentro da existência – como queria Sartre – ao sairmos dela voltamos para a origem, voltamos para Deus. Como livrar-se dessa condição inata? Não há como! Rejeitar a existência de Deus – diga-se de passagem, um Deus eterno e que Ele mesmo se encontra na eternidade – é um paliativo simplista demais, equivocado certamente, reducionismo.
Dizer “não creio em Deus” é puro discurso, palavrório de quem anda na contramão porque quer chamar a atenção. Não creio nisso. É polemização, tão somente, que leva a pessoa a construir um estilo de vida e uma maneira de pensar que com o tempo aparenta – a ela e aos outros – que realmente crê naquilo que prega. Em psicologia isso é chamado sublimação.
Não posso crer em ateus dessa forma. Ateus não existem.
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Introdução ao estudo do Espiritismo

27.12.2013
Do portal NAPEC - APOLOGÉTICA CRISTÃ

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Segundo o Pequeno Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra “espiritismo” tem sua origem no vocábulo francês espiritisme. É uma doutrina filosófico-religiosa baseada na “comunicação entre os vivos e os mortos”. Ainda segundo o mesmo dicionário, é uma “doutrina baseada na crença da sobrevivência da alma e da existência de comunicações, por meio da mediunidade, entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados”.
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Origem

O espiritismo, enquanto tentativa de contato com os mortos, faz parte da tradição de vários povos, como os egípcios, caldeus, hindus, assírios etc. De acordo com o escritor Jefferson Magno Costa, em seu livro “Porque Deus Condena o Espiritismo”, pág. 20, “o espiritismo que hoje se expande pelo Brasil e no mundo nada mais é do que a continuação da necromancia e do ocultismo praticados pelos povos antigos”.
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A origem do espiritismo moderno ocorreu em dois períodos distintos, começando por 1848 e estendendo-se até 1857, com a publicação do Livro dos Espíritos, por Allan Kardec. Vejamos os dois períodos separadamente.
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A família Fox

Embora o espiritismo seja uma das heresias mais antigas já surgidas no mundo, o seu ressurgimento se deve a duas jovens norte-americanas, Kate e Margaret Fox, que nasceram em Hydesville, uma aldeia perto da cidade de Rochester, Nova Iorque. Era um lugar muito pobre, com casas de aspecto humilde, geralmente de madeira. Seus pais eram metodistas e tinham mais filhos.
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A família Foz passou a residir nessa casa em 11 de dezembro de 1847, e tudo transcorria bem até meados de março de 1848, quando começaram a ouvir pancadas em diferentes pontos da casa onde moravam. A princípio julgaram que esses ruídos fossem produzidos por ratos e camundongos que infestavam a casa. Porém, quando os lençóis começaram a ser arrancados das camas por mãos invisíveis, cadeiras e mesas tiradas dos seus lugares, e uma mão fria tocou no rosto duma das meninas, percebeu-se que o que estava acontecendo eram fenômenos sobrenaturais. Certa noite, John Fox, sua esposa e as duas filhas, estavam a conversar sobre estranhos fenômenos de assombração. Catarina, então, produziu estalos com os dedos; notaram todos que alguém os repetia. Por sua vez, Margaret produziu estalos e encontrou eco.
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Apavorada, a sra. Fox perguntou: “é homem ou mulher que esta batendo?”, mas não obteve resposta. Insistiu então: “É espírito? Se é espírito, bata duas vezes”. Produziram-se duas breves pancadas. Concluiu, assim, que um espírito “desencarnado” estava em comunicação com a família.
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Segundo se diz, os próprios espíritos indicaram às irmãs Fox, em 1848, nova forma de comunicação: que os interessados se colocassem em torno de uma mesa, em cima da qual poriam as mãos; às interrogações que fizessem aos espíritos, a mesa responderia com golpes e movimentos de letras do alfabeto e de palavras.
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Essas meninas tornaram-se médiuns e durante trinta anos entregaram-se à produção defenômenos que passaram a ser conhecidos praticamente em todo o mundo.
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Uma fraude

As duas irmãs Fox, tidas como “médiuns”, confessaram posteriormente que recorreram a truques e fraudes para produzir as pancadas que a mãe, muito crédula, atribuiu a um espírito do além. No dia 21 de outubro de 1888, a sra. Margaret Fox Kane, realizou pela primeira vez seu intento de, com os próprios lábios, denunciar publicamente o espiritismo e seu séqüito de truques. Apresentou-se à Academia de Música de Nova Iorque perante uma numerosa e distinta assembléia e, sem reservas, demonstrou a falsidade de tudo quanto no passado fizeram – ela e a irmã – sob o disfarce da “mediunidade espírita”.
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“A sra. Kane (Margaret) manteve-se de pé sobre o palco; tremendo e possuída de intensos sentimentos, fez uma aberta e extremamente solene abjuração do espiritismo, enquanto a sra. Catharine Fox (Kate) Jenchensen assistia de um camarote vizinho, dando, por sua presença, inteiro assentimento a tudo que a irmã dizia”.
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O texto dessas confissões e retratações de Margaret e Kate Fox foi publicado pela imprensa norte-americana – no New York Herald de 27/5/1888 e 10/9/1888, assim como no The World de 22/10/1888. Acha-se tal texto reproduzido em fac-símile inglês e em uma tradução portuguesa no livro de frei Boaventura Kloppenburg, O Espiritismo no Brasil, Ed. Vozes, págs. 426-447.
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Kardecismo

Apesar da confissão e retratação das irmãs Fox, o estrago já estava feito: propagaram-se sessões espíritas por toda a América do Norte e Europa. Na Inglaterra, porém, a consulta aos mortos já era muito popular entre as camadas sociais mais elevadas. Por consequinte, os médiuns norte-americanos encontraram ali solo fértil onde a semente do supersticionismo espiritista haveria de ser semeada.
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Na França, a figura de Allan Kardec é a principal dos arraiais espiritistas. Ele passaria para a História sob o pseudônimo de Allan Kardec – que seria o nome de um druida, supostamente sua “encarnação” anterior. Kardec nasceu às 19h00 do dia 3 de outubro de 1804, na cidade de Lião (França), e era filho de um advogado. Em 1854, interessou-se pelo fenômeno então conhecido como “Mesa Giratória”. Nos salões elegantes, após os sarus, gente da alta sociedade costumava se sentar em torno dessas mesas para, segundo acreditavam, dialogar com os espíritos.
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Utilizando recursos supostamente mediúnicos dos presentes, as entidades desencarnadas se manifestariam. Segundo os historiadores, o fenômeno foi a coqueluche da sociedade francesa de 1853 a 1855. Os eventos das mesas giratórias ganharam dezenas de reportagens nos jornais europeus.
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Kardec mergulhou nesse universo por três anos, até estruturar uma doutrina que, segundo ele, unia os conhecimentos cientifico, filosófico e religioso. Ele escreveu sua obra básica, O Livro dos Espíritos, em 1857. O livro é resultado dos diálogos que Kardec supostamente dizia ter estabelecido com espíritos desencarnados nas diversas reuniões mediúnicas de que participou.
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Ele dizia ouvir a voz de diferentes espíritos por meio de diferentes médiuns, para cotejar as versões. A obra se estrutura em 1.019 tópicos, no estilo pergunta e resposta. O Livro dos Espíritos serviu de base para mais oito obras de Kardec.
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1 ) O Que é o Espiritismo (1859)
2 ) O Livro dos Médiuns (1861)
3 ) O Espiritismo em sua mais Simples Expressão (1862)
4 ) Refutação de Críticas ao Espiritismo (1862)
5 ) O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)
6 ) O Céu e o Inferno (1865)
7 ) A Gênese (1868)
8 ) Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo (1868)
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Kardec também fundou A Revista Espírita, periódico mensal editado em vários idiomas. Ele mesmo assentou as bases da “Sociedade Continuadora da Missão de Allan Kardec”. Ele faleceu em 1869, aos 64 anos.
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Subdivisões do Espiritismo

Embora consideremos o espiritismo igual em toda a sua maneira de ser, os próprios espíritas preferem admitir haver diferentes formas de espiritismo. Para efeito didático, o espiritismo pode ser classificado da seguinte maneira.
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a) Espiritismo Comum
  • Quiromancia
  • Cartomancia
  • Grafologia
  • Hidromancia
  • Astrologia

b) Baixo Espiritismo ou Religiões de Possessão
  • Umbanda
  • Candomblé
  • Quimbanda

c) Movimentos Dissidentes
  • Racionalismo Cristão
  • Cultura Racional
  • Legião da Boa Vontade (LBV)
  • Renovação Cristã (também conhecida como Grupo Bezerra de Menezes)
  • Protestantismo de Oswaldo Polidoro
  • Ubaldistas

d) Espiritismo Histórico
  • Kardecismo
  • Roustainguistas
  • Científicos
  • Armondistas
  • Emmanuelistas
  • Ramatistas
  • Paganizantes
  • Dialéticos
  • Transcomunicadores
  • Espiritualistas
Principais crenças do espiritismo
Independente da existência de várias tendências no espiritismo existe uma doutrina básica (fundamental) presente em quase todos os grupos espíritas.
a) A ideia da evolução dos espíritos através de sucessivas reencarnações;

b) O progresso cósmico é regido pela Lei do Carma, segundo a qual toda ação, boa ou má, recebe

c) devida retribuição; o jogo da vida é tido como um jogo de dádivas em que se recebe na proporção que se dá;

d) Os médiuns são os intermediários entre os vivos e os espíritos desencarnados; a mediunidade pode se manifestar através de visões, incorporações, poder de cura, psicografia;

e) Crença na pluralidade dos mundos habitados, em que cada mundo constituiria uma etapa específica do progresso espiritual; a Terra é tida como um lugar de expiação;

f) O progresso depende de méritos pessoais, acumulados em várias encarnações;

g) Não há distinção entre o natural e o sobrenatural, entre a religião e a ciência.
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O perigo do evolucionismo teísta e “O Teste da Fé”

27.12.2013
Do portal NAPEC - APOLOGÉTICA CRISTÃ
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NOTA DO EDITOR
Caro leitor,
Postamos nesta oportunidade o estudo do articulista do NAPEC, pr. Robson Fernandes. O texto aborda uma análise crítica da obra “O Teste da Fé”, de Ruth Bancewicz.
Como o NAPEC preza pelo debate teológico sadio, bem como recentemente promoveu um sorteio/campanha sobre o referido livro, divulgamos também através desta nota o texto “Dez questões sobre o “Teste da Fé”: uma resposta inicial aos críticos” do pr. Guilherme de Carvalho [Leia aqui]. 
Como instituição, incentivamos a discussão teológica, promovendo um “debate” sadio entre as ideias destes autores cristãos e comprometidos com as Escrituras. Incentivamos o leitor a manter a postura bereana, sempre examinando nas Escrituras como as coisas realmente são (Atos 17.11).
Boa leitura!
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INTRODUÇÃO
O debate entre fé e ciência sempre foi acirrado e cheio de momentos acalorados, e nem sempre positivos ou construtivos. Na verdade, o início do debate envolvia a questão entre criacionismo e evolucionismo. Com o passar do tempo a questão foi ampliada e surgiu o evolucionismo teísta, ou teísmo evolucionista.
Na história recente da Igreja esse tem sido um tema recorrente e cada vez mais corriqueiro e popular, especialmente com a frequência cada vez maior de cristãos na Academia. Na verdade, Cristianismo e Academia sempre foram aliados e suas histórias sempre estiveram interligadas, especialmente quando nos damos conta que o surgimento das universidades no Ocidente ocorreu no seio da igreja, a exemplo de Oxford, Cambridge, Yale, Harvard, Princeton, Salerno, Bolonha, Universidade de Paris, Salamanca, Universidade de Genebra etc. Na época da Reforma Protestante haviam trinta e três universidades no seio da igreja.
No Brasil, este debate nunca foi muito popular, especialmente porque criou-se uma dicotomia entre ambos. Se na Universidade o assunto Deus é algo referente ao metafísico e se encontra no âmbito da religião tão somente, sendo uma questão de especulação e fé, na igreja o assunto ciência foi tratado durante muito tempo como sinônimo de apostasia e secularização. Mas, ambos os pensamentos estão equivocados, e se por um lado esse pensamento distorcido que busca retirar Deus do debate científico tem suas raízes no Iluminismo do século XVIII, a retirada da ciência do seio do cristianismo é resultado da apatia da igreja e da falta de manutenção de seu mandato cultural e social.
Temos visto, portanto, um desequilíbrio no desenrolar dessa história.
Por outro lado, com o crescimento cada vez mais constante de cristãos no meio científico o debate tem se tornado cada vez mais comum, e com a facilidade de expansão da informação pela informática esse tema, Fé e Ciência, se torna quase que global ao mesmo tempo. Porém, o debate atual não envolve apenas Criacionismo e Evolucionismo, mas foi acrescido do Intelligent Design (Design Inteligente). Também, o meio termo entre Criacionismo e Evolucionismo tem ressurgido com maior frequência, e este é denominado de Evolucionismo Teísta.
O QUE É O EVOLUCIONISMO TEÍSTA?
O apologista católico Roberto Cavalcanti dá a seguinte definição:
Os alunos são ensinados que “o ser vivo é o resultado de evolução, em certas condições, do ser inanimado” e que “vida é um passo superior respeito da qualidade na evolução das formas de movimento”. Ensinam que a vida apareceu espontaneamente, no meio aquático, por combinações químicas acidentais, na presença da luz do sol, muito embora a abiogênese tenha malogrado com os experimentos de Pasteur.
É notório que a tese do evolucionismo teísta provém de uma mistura de antigas teses filosóficas e teológicas pagãs, e que voltou a ser acreditada na Era Contemporânea em razão do triunfo do racionalismo ateu, que contesta milagres e acha possível fazer ciência sem Deus. (CAVALCANTI, 2011, online)
Ainda, Wellington Rodrigues e Rosilene Motta afirmam o seguinte:
Um quarto dos professores 24% adotaram a idéia predominante hoje nos meios religiosos e científicos, isto é, o teísmo evolucionista, pois entendem que “a Bíblia pode ser interpretada de forma compatível com a idéia de que, biologicamente, o homem é o resultado de um processo evolutivo, desde que se creia que em algum momento Deus lhe conferiu atributos espirituais especiais.” Esse posicionamento exige uma leitura simbólica para os relatos da criação em Gênesis, aceita a evolução insistindo na necessidade de uma criação especial para a alma humana. Foi fazendo coro à essa opinião que o papa João Paulo II afirmou em 1996 que “a teoria da evolução é mais que apenas uma hipótese. [...] a evolução é compatível com a fé cristã”. (RODRIGUES; MOTTA, 2011, p. 11)
Contudo, o Dr. Marcos Eberlin (apud BORGES, 2013) afirma que “a evolução é péssima ciência. O evolucionismo teísta é péssima ciência somada com péssima teologia e filosofia. O criacionismo é ótima teologia com ótima filosofia, que se apoia hoje em ótima Ciência, Ciência com C maiúsculo; a que é livre das amarras do materialismo”.
Também, o Dr. Wayne Grudem, no prefácio do livro Should Christians Embrace Evolution aponta oito razões pelas quais o cristianismo bíblico é contrário a evolução teísta.
O ULTIMATO DO EVOLUCIONISMO TEÍSTA NO TESTE DA FÉ
Dentro desse contexto de debates e diálogos entre Fé e Ciência, a Editora Ultimato tem patrocinado o lançamento do Projeto Teste da Fé no Brasil, com a presença da Dra. Ruth Bancewicz, PhD em genética pela Universidade de Edimburgo, pesquisadora associada ao Instituto Faraday para Ciência e Religião e que trabalha na interação entre ciência e fé. A propaganda feita na divulgação desse projeto gira em torno da comprovação da existência de Deus no meio acadêmico e como a fé pode ser mantida por cientistas. Contudo, o que pouco tem sido dito é que tal projeto visa implantar tanto na igreja quanto na universidade o conceito de Evolucionismo Teísta.
O que muitos não sabem, ou fazem questão de ocultar, é a íntima relação entre o evolucionismo e o liberalismo teológico. Sobre essa relação o Dr. Augustus Nicodemus faz a seguinte afirmação:
Os liberais acreditam que a Igreja Cristã se perdeu completamente na interpretação da Bíblia através dos séculos e que somente com o advento do Iluminismo, do racionalismo e das filosofias resultantes é que se começou a analisar criticamente a Bíblia e a teologia cristã, expurgando-as dos alegados mitos, fábulas, lendas, acréscimos, como, por exemplo, os mitos da criação e do dilúvio e de personagens inventados como Adão e Moisés, etc. Por considerar os relatos da criação, da formação de Adão e sua queda como mitos, os liberais tratam o livro de Gênesis como uma produção da fé de Israel escrita com o propósito de legitimar a posse e a permanência de Israel na terra. Acreditam que Gênesis foi redigido em sua forma final no período do exílio babilônico, por um editor que colecionou e colou juntos relatos díspares sobre a criação, a história do dilúvio, etc. Por não considerarem histórico o relato da criação, os liberais são, por via de regra, evolucionistas. Alguns acreditam que Deus criou o mundo mediante o processo da evolução. Mas, no geral, descartam completamente a idéia de uma criação do mundo e do homem ex nihilo, do nada, pela palavra do seu poder. (apud PORTELA, 2007, Online)
Essa foi, em outras palavras, exatamente a defesa feita pela Dra. Ruth Bancewicz no lançamento do livro Teste da Fé no Recife, no dia 12 de setembro de 2013, no auditório da Livraria Cultura no Shopping Riomar. Então, algumas de suas afirmações, na palestra de lançamento, merecem ser comentadas para “clarear” mais o nosso diálogo sobre o tema.
Ao falar sobre os cientistas e a comunidade acadêmica, Ruth Bancewicz afirmou que:
Talvez eles tenham sido ensinados que o Gênesis e a Evolução não são compatíveis. Então, eles rejeitam o cristianismo. Ou talvez hajam várias outras razões, e a mídia adora essa imagem de conflito, e eles não dão nenhum tempo, nenhum espaço, para outras vozes. Então, o Teste da Fé é sobre cientistas que preparam muito cuidadosamente sobre a fé e que consideraram coisas de diferentes aspectos.
Ou seja, o Projeto Teste da Fé diz respeito a tentativa de conciliação entre o Evolucionismo e o Cristianismo. Mas como disse o Dr. Augustus, isso conduz ao liberalismo teológico, que é caracterizado pela negação do caráter histórico da criação apresentado na narrativa de Gênesis.
Ainda, o Dr. Augustus Nicodemus explica a relação existente entre o Teísmo Aberto (Teologia Relacional) e o Evolucionismo Teísta:
Eu nunca havia atentado para o fato de que o teísmo aberto oferece o tipo de deus que alguns evolucionistas teístas tanto precisavam para ser coerentes em sua teoria. A idéia me estalou nesta segunda, conversando com os cientistas cristãos do Discovery Institute em Seattle, que acabam de lançar um livro “God and Evolution” que promete ser uma das críticas mais pertinentes e sérias ao evolucionismo teísta.
Explico.
O evolucionismo teísta acredita que Deus existe e que “criou” a vida na terra através daquilo que a teoria evolucionista chama de processo não dirigido ou intencional, em que mutações acidentais e aleatórias levaram gradativamente à seleção natural e à sobrevivência das espécies mais aptas.
O grande problema aqui com esta teoria são as palavras “não dirigido”, “aleatório” e “acidental”. Este conceito é fundamental na teoria darwinista. Na verdade, é um de seus pilares. O conceito da evolução repousa neste princípio de que as mutações ocorreram de forma randômica, ao acaso. Como, então, integrar o conceito de mudanças aleatórias com a supervisão do Deus cristão, que é onisciente, onipresente e onipotente? Se Deus é onisciente, como poderia ter inventado um processo natural que se desenrolaria de maneira totalmente imprevisível, acidental e randômica, totalmente fora de seu controle ou conhecimento?
A solução é o deus do teísmo aberto. Esta “divindade”, de acordo com os teólogos relacionais, desconhece o futuro e não sabe o que vai acontecer no universo nos próximos minutos. Ou seja, ela serve perfeitamente como o deus do evolucionismo teísta. (apud PORTELA, 2007, Idem)
A percepção que o Dr. Augustus teve sobre a relação existente entre o Evolucionismo Teísta e o Teísmo Aberto explica claramente a direção da linha teológica seguida pela Editora Ultimato, que continua publicando os livros de Ricardo Gondim, que ensina o Teísmo Aberto; de Ed Rene Kivitz que afirmou que Adão e Eva eram um mito, que a alma morre quando o ser humano morre e que defende abertamente o universalismo[1]; Luiz Longuini, autor do livro Novo Rosto da Missão, em que propõe uma aproximação do Conselho Latinoamericano de Igrejas e da Fraternidade Teológica Latino Americana, que promovem a Teologia da Libertação e o ecumenismo, entre outros.
Portanto, não é de admirar que ao seguir essa linha de distorções teológicas, o resultado da Ultimato fosse o apoio e patrocínio do Evolucionismo Teísta dentro e fora da igreja.
Por tudo isso, o Dr. Augustus afirma que “os evolucionistas teístas deveriam mudar o nome para evolucionistas “deístas”, uma vez que estes tais acreditam numa divindade remota que criou o mundo como um relógio, deu corda e simplesmente afastou-se”, e continua ao afirmar que “O deus do evolucionismo-deísta-aberto não tem a menor idéia onde tudo isto vai parar” (apud PORTELA, 2007, idem).
Então, exatamente como já havia sido dito, essa é a conclusão natural do pensamento daqueles que fazem parte do Teste da Fé. Devemos observar o que a Dra. Ruth falou no lançamento do livro em Recife (12 set 2013):
Gênesis é um livro antigo, mas os cristãos acreditam que ele é verdade. Que é sobre eventos que realmente aconteceram. Mas, como uma estória sobre seis dias de criação pode ser verdade quando a ciência moderna mostra para nós que o universo na verdade tem bilhões de anos? Certamente essas duas estórias são incompatíveis. Então, a questão resumida da resposta de Francis Collins à essa pergunta é que a Bíblia não é um livro de ciências. É possível que uma obra seja verdadeira e figurativa ao mesmo tempo. Os poemas de amor expressam coisas que são profundamente importantes, mas usam uma linguagem simbólica. Por exemplo, meu amor é como uma rosa vermelha, ou como o poema que diz que eu vaguei como uma nuvem. É importante saber qual o estilo da literatura está sendo usado e como lê-lo. Se você nunca leu nada além de prosa e viesse aqui na livraria e comprasse um livro de poesia acharia bastante confuso. Mas se aprendesse um pouco mais sobre o autor, escritor, sobre o estilo usado na escrita e quais as simbologias e símbolos que o autor usou na época em que escreveu esses poemas você poderia começar a entender o significado. Você estaria respeitando a intenção do autor para aquele texto. Naturalmente o Gênesis é mais importante que um poema de amor, mas o princípio em questão é similar.
E mais, ao final de sua palestra a Dra. Ruth ainda afirmou:
Há algumas maneiras significativas de escrever na linguagem hebraica. Elas mostram que Deus é um Deus e estas construções marcam o Gênesis como sendo algo bastante único, diferente de vários outros relatos sobre mitos da criação. Também é importante manter o Gênesis no contexto da Bíblia como um todo. Existem outras histórias sobre criação na Bíblia. Você tem que olhar para os Salmos, para o livro de Jó também.
Em primeiro lugar, já fica claro que a interpretação bíblica da Dra. Ruth é guiada não por princípios hermenêuticos ou exegéticos, mas por elementos externos, e esses são os elementos evolucionistas. Ela mesma disse: “como uma estória sobre seis dias de criação pode ser verdade quando a ciência moderna mostra para nós que o universo na verdade tem bilhões de anos?”. Isto é, se a Bíblia diz algo e a ciência mostra outra conclusão, a opinião cientifica deve prevalecer e guiar a interpretação bíblica. Portanto, vemos claramente que não há uma seriedade teológica na interpretação da Escritura.
Em segundo lugar, o Teste da Fé já parte do pressuposto da confiabilidade da datação evolucionista, que atribui bilhões de anos ao universo. Mas como dar credibilidade a uma opinião científica que apesar de ser apresentada como confiável muda constantemente? Dizemos isto porque na época em que Darwin escreveu Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural (Origem das Espécies), em 24 nov 1859, a idade da Terra era “cientificamente” determinada em 100 milhões de anos; Setenta e seis anos depois, em 1932, passou a ser estimada “cientificamente” em 1.6 bilhões de anos; Quinze anos depois, em 1947, passou a ser estimada “cientificamente” em 3.4 bilhões de anos; E vinte e nove anos depois, em 1976, passou a ser estimada “cientificamente” em 4.6 bilhões de anos até hoje. Para piorar, já sabemos que alguns cientistas estão, atualmente, estipulando outra idade para a Terra e o Universo.
Em terceiro lugar, o estilo literário do Gênesis é negado, esquecido e ignorado, para que o texto seja identificado como um escrito “figurativo”, a exemplo de um poema. Então, a classificação do gênero literário de Gênesis 1 é mudado de narrativa para poético.
Para tratar da interpretação, segundo o gênero literário, Gordon Fee, em seu livro “Entendes o que lês”, faz a seguinte afirmação:
A Bíblia contém mais do tipo de literatura chamado “narrativa” do que qualquer outro tipo literário. Por exemplo, mais de 40 por cento do Antigo Testamento é narrativa [...] Os seguintes livros do Antigo Testamento são compostos, em grande medida ou inteiramente, de matéria narrativa: Gênesis, Josué, Juízes, Rute [...] (FEE, 2008, p.63)
Portanto, o livro de Gênesis não faz parte do gênero poesia, e sim narrativa, e “as narrativas são histórias” (FEE, 2008, p.63). Por isso, a argumentação da Dra. Ruth é falha, especialmente ao tratar o Gênesis como poesia para lhe dar outra interpretação que não aquela que está clara e implícita no próprio texto. Porém, a defesa dos Evolucionistas Teístas está em afirmar que apesar de Gênesis ser uma “narrativa”, o capítulo 1 apresenta elementos distintos que o assemelham à poesia. Contudo, isto não é verdade, especialmente diante daquilo que Betty Bacon propõe em seu livro Estudos na Bíblia Hebraica, sobre Gênesis 1:
Os motivos de lermos este relato magnífico em hebraico são vários e de peso.
Primeiro, é modelo de narrativa clássica, cheio de dignidade e beleza, sem enfeites desnecessários ou repetições sem propósito. Aqui a grandiosidade dos fatos – aparece num estilo e numa linguagem adequada, que se encontram à altura do tema majestoso.
Além disso, é registro que veio a ser a base de muita meditação posterior de profetas e apóstolos, que nele iriam basear doutrinas importantes. Haja vista como Isaías, Amós e Jonas se referem ao fato chave da criação, para demonstrar a superioridade de Deus aos ídolos e Sua soberania total no mundo que Ele criou. Veja Is 40.18-28; Am 4.13 e 5.8; Jn 1.9. Observe também os reflexos dos primeiros capítulos de Gênesis nos escritos de Paulo, onde os fatos da criação são o alicerce essencial de teologia chave. (BACON, 1997, p.59)
Bacon afirma, portanto, após estudo do texto em seu idioma original, que o capítulo 1 de Gênesis não é do gênero poesia, e sim narrativa do tipo clássica. Também, é observado que a literalidade de Gênesis serviu de base para a formulação de “doutrinas importantes”, tanto por parte dos profetas como dos apóstolos. Isso quer dizer que a distorção do texto de Gênesis ou a sua interpretação de outra forma que não seja a literal (histórico-gramatical) levará à modificação de diversas outras passagens e doutrinas da Escritura. Ou seja, a aceitação do evolucionismo teísta, que rouba a literalidade do texto bíblico, não é algo simples e sem consequências, mas uma ação que desencadeará em uma série de desdobramentos na forma como a Escritura será vista e aceita.
Ainda, ao comentar Gênesis 1:2, Betty Bacon afirma que “alguns têm sugerido aqui a influência de mitos de criação de fontes pagãs, mas o ato divino da criação aconteceu antes de existirem os mitos” (idem, p.62).
Nesse mesmo sentido Walker Kaiser afirma que o gênero literário de Gênesis, do capítulo 1 até o capítulo 11, indica a natureza intencional literal da narrativa (KAISER, 1970, p.48-65); Franklin Ferreira e Alan Myatt afirmam claramente que “A doutrina da criação ajuda a distinguir o cristianismo de outras religiões e cosmovisões não-cristãs. Concordamos com Horrell, que diz que: Genesis 1 é plenamente histórico, mas também é forte na sua polêmica contra as religiões daquela época” (FERREIRA; MYATT, 2007, p.276). P. J. Wiseman afirmou que muitos erros são cometidos por se ignorar o fato óbvio de que Gênesis 1 é uma narrativa (WISEMAN, 1977, p.144). Os escritores do Novo Testamento entendiam Gênesis 1-11 como um texto narrativo e literal: Mt 19:4-5; 24:37-39; Mc 10:6; Lc 3:38; 17:26-27; Rm 5:12; 1Co 6:16; 11:8-9,12; 15:21-22,45; 2Co 11:3; Ef 5:31; 1Tm 2:13,14; Hb 11:7; Tg 3:9; 1Pe 3:20; 2Pe 2:5; 3:4-6; 1Jo 3:12; Jd 11,14; Ap 14:7.
Mesmo assim alguns veem o Gênesis como uma poesia – simplesmente. Mesmo que esse seja o caso, e mesmo que a estrutura de Gênesis 1:1 à 2:4 estejam estruturados em uma forma semelhante à poesia hebraica, denominada de paralelismo sintético, isso em hipótese alguma nega a historicidade do texto, como também pode ser observado em Êxodo 15 e Daniel 7, bem como em cerca de 40% do Antigo Testamento. Um fato histórico, preciso e literal pode ser escrito em forma de poesia e ainda assim ser histórico e preciso, a exemplo do Salmo 22 que é uma poesia, e ao mesmo tempo preciso em sua descrição messiânica.
Mas, ainda assim os Evolucionistas Teístas insistem na leitura alegórica do Gênesis porque só assim poderão dar-lhe o sentido que desejam, e este sentido é guiado pelo evolucionismo. Grant Osborne, em seu livro A Espiral Hermenêutica, comenta o seguinte:
A questão do gênero é um importante elemento no debate sobre a possibilidade de recuperar o significado pretendido pelo autor (Hirsch chama isso de “gênero intrínseco”). Todos os escritores expressam sua mensagem dentro de um determinado gênero, para que os leitores tenham regras suficientes pelas quais possam decodificá-la. (OSBORNE, 2009, p.32).
O método alegórico de interpretação da Escritura, segundo Pentecost (1998, p.33), é repleto de perigos que o tornam inaceitável. O seu primeiro grande perigo é que ele não interpreta a Escritura, pois despreza o significado comum das palavras para dar asas a todo tipo de especulação fantasiosa. Por isso Pentecost afirma:
[...] os grandes perigos inerentes a esse sistema são a eliminação da autoridade das Escrituras, a falta de bases pelas quais averiguar as interpretações, a redução das Escrituras ao que parece razoável ao intérprete e, por conseguinte, a impossibilidade de uma interpretação verdadeira das Escrituras.
Ainda, Fritsch ao falar sobre a interpretação alegórica da Escritura afirma que “de acordo com esse método, o sentido literal e histórico das Escrituras é completamente desprezado, e cada palavra e acontecimento é transformado em alegoria de algum tipo, já para escapar de dificuldades teológicas, já para sustentar certas crenças religiosas estranhas” (apud PENTECOST, 1998, p.32).
Por isso, ao pretender mudar o gênero literário do livro, ou pelo menos do capítulo 1 de Gênesis, o que os evolucionistas teístas querem na verdade é mudar as regras de interpretação daquela passagem para que ela diga aquilo que eles desejam, aquilo que lhes é conveniente. Querem alegorizar o que não é alegórico.
Em quarto lugar, o argumento para a interpretação alegórica do Gênesis repousa na ideia do Sensus Plenior[2]. Com isso, o que importa para tais pessoas não é o que o autor escreveu em si, mas qual a sua intenção ao escrever aquilo. Então, a interpretação sai da análise histórico-gramatical do próprio texto e vai para o campo da especulação, ao tentar descobrir o que o autor queria realmente dizer e não disse. Para os evolucionistas teístas o Gênesis seria uma espécie de mensagem codificada, e que não está clara. Um dos problemas com esta defesa da busca por um sentido mais profundo, pela intenção do autor ao escrever determinada passagem, na verdade, é que foi um ensino criado no catolicismo do século XX, e que não existia do século I ao século XIX. A ideia de Sensus Plenior não afirma tão somente que o autor tinha o entendimento do significado completo de sua escrita, mas que há a possibilidade de uma passagem do Antigo Testamento ter mais de um significado que era conscientemente entendido pelo autor. Por isso, a ideia de Sensus Plenior, apesar de defendida por autores evangélicos conceituados, não possui base bíblica e sua origem é questionável por ter sido desenvolvida com o intuito de conduzir o público ao pensamento de que o magistério católico pode atribuir outro significado a passagem por serem, hipoteticamente, inspirados por Deus, a exemplo da autoalegação do papa que se denomina o sucessor de Pedro, o líder da igreja e infalível. Portanto, esses mesmos requisitos são pretendidos por aqueles que buscam não o sentido do texto, mas o sentido oculto e mais profundo que não se encontra na escrita do texto mas na intenção do autor.
Sobre o Sensus Plenior, Grant Osborne afirma que “o sentido mais profundo está relacionado ao sentido literal, que proporciona uma extensão ou desenvolvimento desse sentido, em vez de um significado completamente novo” (OSBORNE, 2009, p.420). Ou seja, aquele sentido mais profundo, ou intenção do autor ao escrever o texto, só será encontrado a partir do próprio texto em seu sentido literal, que é visto por meio da análise histórico-gramatical do próprio texto. Não existe um sentido oculto no texto que não seja o seu sentido literal.
Vanhoozer (2005, p.322) também afirma que “os estudiosos modernos da Bíblia continuam a se digladiar com a tensão entre “o que queria dizer” para o autor original e “o que quer dizer” para a igreja de hoje”, e continua:
Minha tese é a de que o “significado mais completo” das Escrituras – o significado associado à autoria divina – emerge apenas no nível do cânone inteiro. Como argumentou Wolfhart Pannenberg, o significado em geral – seja de palavras ou de eventos – depende em grande medida da relação entre a parte e o todo. (VANHOOZER, 2005, p.323)
Portanto, para Vanhoozer, o texto deve ser analisado em seu contexto geral. Por isso, então, Gênesis 1 não deve ser visto à parte de Gênesis 2, ou desconectado deste. Não estamos vendo nesses dois capítulos visões diferentes ou divergentes, mas complementares, e ambas devem ser lidas e entendidas em seu sentido literal.
Nesse sentido, a grande advertência que Kaiser e Silva (2009, p.198) fazem é a de que “nenhuma doutrina deve ser fundamentada em uma única passagem das Escrituras, parábola, alegoria, tipo, sensus plenior ou numa leitura incerta do texto”. Mas é exatamente esse o segundo erro dos evolucionistas teístas. Se seu primeiro erro é partir de uma fonte externa para o entendimento da Escritura (evolucionismo), o seu segundo erro é buscar fundamentar o ensino de dias-eras, bilhões de anos, evolucionismo etc a partir do uso da alegoria, sensus plenior e passagens isoladas da Escritura que têm sido vistas fora de seu contexto e com a descaracterização de seu gênero literário. Por tudo isso a ideia de evolucionismo teísta é uma agressão ao texto bíblico.
Christopher Hall, em seu livro Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja, ao citar Deodoro, mesmo se referindo ao livro poético de Salmos, afirma:
Quando encerra seu prólogo aos salmos, Deodoro estabelece distinção entre história (a substância histórica de um texto), lexis (o sentido literal puro), theoria (o sentido elevado de um texto obtido mediante cuidadosa exegese do sentido literal) e alegoria. Ele desejava evitar a alegoria, porque ela está divorciada do sentido literal, histórico da Bíblia. Ela viola substância histórica do texto, à medida que o exegeta inventa significado do nada. Aqueles que introduzem a alegoria como instrumento hermenêutico, pois, “são descuidados acerca da substância histórica ou simplesmente abusam dela”. Eles possuem uma “imaginação vã, forçando o leitor a tomar uma coisa por outra”. (HALL, 2007, p. 181)
Ao citar Teodoro de Mopsuéstia, Christopher Hall relembra que o fundamento da narrativa bíblica é muito importante, especialmente para Teodoro, pois os alegoristas[3] agem “como se toda a narração histórica da Escritura divina de nenhum modo diferisse de sonhos à noite”. Hall ainda afirma:
Por exemplo, quando eles começam a interpretar a Escritura “espiritualmente”, como tratarão uma figura como Adão? A realidade histórica, declara Teodoro, desaparece totalmente quando Adão repentinamente “não é Adão, o paraíso não é paraíso e a serpente não é serpente”.
Gostaria de dizer-lhes isto: se eles fazem a história servir a seus próprios fins, eles não terão deixado nenhuma história. Mas, se é isto o que fazem, deixemo-los responder estas perguntas: Quem foi o primeiro ser humano a ser criado? Como aconteceu sua desobediência? Como nossa sentença de morte foi introduzida? Se a afirmativa deles é verdadeira, se os escritos bíblicos não preservam a narrativa de eventos atuais, mas apontam para alguma outra coisa, algo profundo que requeira compreensão especial – alguma coisa “espiritual”, como eles gostariam de dizer, que eles descobriram por que eles próprios são tão espirituais, então qual é a fonte do seu conhecimento?  (HALL, idem, p.186,187)
Teodoro acertou no ponto. Parece que, mesmo vivendo em 428 aD, estava prevendo o futuro debate que haveria 16 séculos depois. Isso porque é exatamente essa a questão aqui tratada. Se artifícios são utilizados para fazer parecer que o texto bíblico de Gênesis não é literal, o que acontecerá com o restante da Escritura já que esta está interligada e já que doutrinas fundamentais estão estabelecidas nessa narrativa? E mais, se o texto não diz o que aparenta dizer, mas alegoricamente quer dizer outra coisa, de onde vem, então, a fonte de informação para decodificar esse texto alegórico do Gênesis? É exatamente esse o ponto tratado aqui: A hipótese evolucionista tem sido utilizada como a chave decodificadora da Bíblia. Ou seja, a Bíblia só irá significar aquilo que o evolucionismo determinar. Por isso, os evolucionistas teístas não são intérpretes da Escritura, muito menos exegetas, mas sim aqueles que distorcem o seu real sentido. Não são intérpretes, mas falsificadores. Não fazem exegese[4], mas eisegese [5]. Não estão comprometidos com o real sentido do texto, mas com os seus interesses evolucionistas.
Curiosamente a própria Ultimato foi quem publicou o excelente livro de Christopher Hall (Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja). Então, nos colocamos a perguntar: O que está havendo com os responsáveis pela revisão dos textos dessa editora, que ora publica um material de tão boa qualidade e ora publicam material que refuta as suas próprias publicações?
Seria a ausência de uma linha editorial confessional, ortodoxa e doutrinária clara a responsável por essa mudança brusca e contraditória na Ultimato, ou haveria alguma outra razão para isso?
Ao tratar sobre a história do embate entre Fé e Ciência, a Dra. Ruth utiliza um argumento teológico para a defesa do evolucionismo teísta, afirmando:
Havia essa ideia de que Deus havia estabelecido leis para os Israelitas. Então, nós esperávamos que o universo, assim como Deus o criou, também operasse por meio de leis que podiam ser descobertas por meios de experimentos e observação. Porque Deus é um Deus de ordem. Também havia essa outra ideia de que Deus era um criador independente, que criou o universo da maneira como Ele quis. Então você não poderia predizer como as coisas aconteceriam.
A questão da Dra. Ruth, e de todos aqueles que se fundamentam na visão evolucionista teísta, mais uma vez, está centralizada no agente externo: a ciência. A ciência para tais pessoas tem sido tratada como o “espírito santo” que guia à toda a verdade. Por isso afirmamos que para eles a ciência tem sido divinizada, pois é o meio capaz de conduzir à uma suposta correta compreensão do texto bíblico. O elemento de interpretação é externo, e por isso – mais uma vez – fazem eisegese e não exegese.
Por isso as conclusões teológicas dos evolucionistas teístas são baseadas nos pressupostos evolucionistas e não no entendimento Bíblico-textual da própria Escritura. Para eles, as alianças e as leis estabelecidas por Deus são entendidas à luz do evolucionismo. Aquilo que a teologia chama de Revelação Geral é alcançada e compreendida por meio da deusa ciência, que é tida como o instrumento para a correta compreensão bíblica.
Na verdade, na verdade, como diz Jesus, a ciência não é a senhora da razão, e muito menos uma deusa. Também não é a lente hermenêutica. Nesse momento lembro-me do Dr. Robert Jastrow, diretor do Observatório Mount Wilson e membro fundador do Instituto para Estudos Espaciais Goddard da NASA, que em seu livro God and the Astronomers afirmou:
Neste momento parece que a ciência nunca poderá levantar a cortina que cobre o mistério da criação. Para o cientista que teria vivido por sua fé no poder da razão, a história termina como um pesadelo. Ele escalou as montanhas da ignorância; está a ponto de conquistar o pico mais alto; ao alcançar finalmente a última rocha, é saudado por um grupo de teólogos que aí se assentavam havia séculos. (JASTROW, 1992)
Ruth Bancewicz afirmou que “os cientistas relatados no livro Teste da Fé são extremamente bem sucedidos. Então eles são ótimos modelos e exemplos para mim”. Na verdade a própria Dra. Ruth afirmou que Francis Collins é um dos principais responsáveis pela forma como o seu pensamento é direcionado. Sobre o Dr. Francis Collins e o Evolucionismo Teísta, o pastor Hernandes Dias Lopes disse o seguinte:
Francis Collins, o pai do projeto Genoma, um dos mais ilustres geneticistas da atualidade, no seu livro LINGUAGEM DE DEUS, professa ser um cristão. Porém, tenta conjugar o Cristianismo com o Darwinismo. O caminho que encontrou para essa aliança espúria foi afirmar que Deus criou o universo através da evolução.
Consequentemente, o relato bíblico de Gênesis 1 e 2 não pode ser aceito como um registro histórico literal. Sendo assim, Adão e Eva não existiram como relata a Bíblia. O relato da criação deve ser entendido como uma passagem pictórica e metafórica. O problema é que não podemos negar a literalidade de Gênesis 1 e 2 sem negar o restante das Escrituras.
Não podemos aceitar a tese do “evolucionismo teísta” sem desconstruirmos toda a Bíblia. O relato da criação está presente em todos os livros da Bíblia: lei, históricos, poéticos, proféticos, evangelhos, epístolas e Apocalipse.
Para subscrevermos a tese de Francis Collins precisaríamos negar a inerrância das Escrituras. Com quem vamos ficar? Seja Deus verdadeiro e mentiroso todo homem! Ficamos com Jesus, que disse: “E a Escritura não pode falhar”. Ficamos com o apóstolo Paulo que disse: “Toda Escritura é inspirada por Deus”. (LOPES, 2013)
Ainda, em entrevista à revista Veja (24 jan 2008), Francis Collins fez as seguintes afirmações:
Agostinho já dizia que não há como saber exatamente o que significam os seis dias da criação. Um exemplo de que uma interpretação unilateral da Bíblia é equivocada é que há duas histórias sobre a criação no livro do Gênesis 1 e 2 – e elas são discordantes. Isso deixa claro que esses textos não foram concebidos como um livro científico, mas para nos ensinar sobre a natureza divina e nossa relação com Ele. Muitas pessoas que crêem em Deus foram levadas a acreditar que, se não levarmos ao pé da letra todas as passagens da Bíblia, perderemos nossa fé e deixaremos de acreditar que Cristo morreu e ressuscitou. Mas ninguém pode afirmar que a Terra tem menos de 10000 anos a não ser que se rejeitem todas as descobertas fundamentais da geologia, da cosmologia, da física, da química e da biologia.
Essas declarações do Dr. Collins demonstram o seu desconhecimento exegético e hermenêutico do texto bíblico, demonstram que o mesmo desconhece que Gênesis 1 e 2 são complementares e não contraditórios, demonstram que a sua interpretação bíblica é realizada por influência dos fatores externos – como ciência – ao invés de serem guiados pelas informações contidas no próprio texto. Por isso, o Dr. Francis Collins sacrifica a exegese do texto de Gênesis para abrir espaço para o evolucionismo, como já pudemos ver anteriormente. Além do mais, apesar de ser cientista, o Dr. Collins ignora, consciente ou inconscientemente – não sabemos – as pesquisas sobre as datações que apontam para uma idade mais jovem da Terra, a exemplo dos experimentos do Dr. Russell Humpreys (pesquisa oceanográfica), Dr. Robert V. Gentry (pesquisa em radiohalos), Dr. Thomas G. Barnes (pesquisa do campo magnético da Terra), Dr. John Whitcomb e Dr. Donald B. DeYoung (pesquisa sobre a lua), Dr. Louis B. Slichter (pesquisa em geofísica), Dr. Keith L. McDonald e Dr. Robert H. Gunst (pesquisa do campo magnético da Terra). Isso tudo sem falar que mais recentemente já têm afirmado que uma nova “pesquisa indica que Terra é 70 milhões de anos mais jovem” (VEJA, Online, 17.07.2010).
É importante observar o que outros cientistas conceituados também têm afirmado. O Dr. Hannes Alfven[6] afirmou: “o que é “geralmente aceito” na teoria de formação estelar pode ser uma centena de dogmas insustentáveis que constituem uma grande parte da astrofísica atual” (2004. p.480). O Dr. Joseph Silk, professor de astronomia em Oxford, afirmou: “Ainda não podem ser determinados muitos aspectos da evolução de galáxias com qualquer certeza” (2001, p. 195). O Dr. Donald DeYoung, Ph.D em Física, afirmou: “A presença de cometas pode ser evidência que o sistema solar não é tão velho quanto é assumido frequentemente” (2000, p.49,50).
Acreditamos que toda a criação foi prejudicada pelo pecado e que por isso, uma busca pela observação de Deus através de meios simplesmente naturalistas conduzirá à erros de conclusões. Por isso o evolucionismo teísta tem falhado, porque os seus pressupostos são naturalistas por essência e por natureza. Por outro lado, a observação da natureza através da “lente” bíblica fará com que enxerguemos com mais clareza e nitidez e cheguemos à uma compreensão e entendimento de Deus mais corretos por meio da Revelação Geral, expressa mediante as coisas que foram criadas.
Portanto, não é a ciência que conduzirá à uma melhor compreensão da Escritura, mas é a Escritura quem conduz à uma melhor compreensão da ciência.
No lançamento do Projeto Teste da Fé em Recife, a Dra. Ruth teceu críticas ao Movimento do Design Intelligent (DI):
No centro do Movimento do Design Intelligent eu me preocupo que haja a questão do Deus das lacunas. Claro que não é o que eles estão visando fazer, mas isto é o que eu tenho visto acontecer. Eu já tive várias discussões com pessoas envolvidas nesse movimento, e agente não concorda simplesmente sobre ser algo que diz respeito a essas lacunas.
Para Ruth Bancewicz, e os demais seguidores do evolucionismo teísta, aquilo que eles chamam de “deus das lacunas” é visto como uma desculpa dos seguidores do DI para aquilo que não pode ser explicado. Então, essa evidência de design na natureza exposta através da complexidade irredutível[7], por exemplo, seria apenas um pretexto para dizerem que houve um projetista que criou aquele ser ou mecanismo.
Esse argumento da Dra. Ruth só reforça aquilo que o Dr. Augustus Nicodemus já havia falado: “os evolucionistas teístas deveriam mudar o nome para evolucionistas “deístas”, uma vez que estes tais acreditam numa divindade remota que criou o mundo como um relógio, deu corda e simplesmente afastou-se” (apud PORTELA, 2007, idem).
O DI afirma que os mecanismos, ou sistemas, existentes possuem uma complexidade tal que é impossível (improvável) que tenha surgido através de um processo evolutivo. Já para os evolucionistas teístas, isso seria apenas uma desculpa utilizada para não explicar o processo evolutivo. Dessa forma, esse processo evolutivo seria aquilo que o Dr. Augustus afirmou, quando Deus teria dado início ao processo e depois se afastado dele. Essa é uma consequência natural do pensamento evolucionista teísta: o Deísmo.
O Deísmo é uma postura filosófica e religiosa que admite a existência do Deus criador, mas que rejeita a Sua revelação. Exatamente como os proponentes do evolucionismo teísta têm feito ao descaracterizar a Revelação Geral, afirmando que esta Revelação Geral não é de todo clara e que só pode ser alcançada por meio do conhecimento científico. O Deísmo, ainda, considera a razão como a única via capaz de nos assegurar a existência de Deus, e por isso, rejeita a formulação de um pensamento teológico preconcebido que contradiga seus dogmas naturalistas. Isso é exatamente o que o evolucionismo teísta faz, pois manipula a teologia através de suas ideias naturalistas.
Por essa razão, identificamos o evolucionismo teísta como uma espécie de “Neoiluminismo”[8].
Ruth Bancewicz ainda afirmou:
Se você ainda não sabe ou não escutou falar sobre o que significa esse movimento do Design Intelligent, eu acho que a maior ideia central por trás desse movimento é de que há evidências de que o mundo foi projetado. Não da maneira mais geral em que agente chega e vê uma montanha e seus arredores e pensa: Caramba! Alguém criou isso aqui tudo! Mas no sentido em que há coisas específicas, como por exemplo: componentes de células que não poderiam existir decorrentes de uma evolução. Teriam que ser criados ou projetados. E aí, eles usam isso como evidência para esse Design Intelligent. E pela razão que EU ACREDITO QUE ESSAS COISAS NÃO PODERIAM EXISTIR FORA DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO eu discordo deles e eu fico achando que é algo realmente pra preencher essas lacunas. O que eu quero dizer com esse “Deus das lacunas” é que se em algum momento você encontra evidências de que esses componentes poderiam ter surgido decorrentes da evolução você perde toda a base para acreditar em Deus. E se você usa essa falta de conhecimento, de evidência, sobre o por que que algo existe como razão e evidência para acreditar em Deus você coloca Deus somente preenchendo essas lacunas que você não consegue entender. E se você está usando Deus apenas para preencher essas lacunas você O vai tornando menor.
Portanto, sob o pretexto de piedade e devoção à Deus, os evolucionistas teístas, digo “deístas”, na verdade subtraem Deus do processo, ou pelo menos o entendimento de Deus por meio de uma teologia ortodoxa. Com o pretexto de não diminuir Deus, os evolucionistas teístas O retiram do processo, substituindo o ensino ortodoxo de Deus na Escritura pelos pressupostos naturalistas.
No final de sua preleção, ao ser perguntada sobre a sua posição, se era criacionista ou evolucionista, a Dr. Ruth Bancewicz respondeu:
Eu acredito que Deus pode ter criado o mundo da maneira como ele quis. E seja qual for o seu ponto de vista, nós temos que nos certificar de que nós não moldamos Deus à nossa própria imagem. Nós precisamos nos aproximar do livro de Gênesis de maneira humilde e reverente. E eu não posso chegar aqui e fingir que eu entendo todas as nuances e os ricos ensinamentos que estão ali naquele livro. Mas o meu pensamento tem sido guiado por um número de teólogos e acadêmicos da Bíblia como John Stott e Alister McGrath, e um professor de um seminário batista que também é um bioquímico e que escreveu um livro que está publicado em português, Ernest Lucas, Gênesis Hoje. Eu acredito que todos os cristãos concordam sobre a principal mensagem que o livro de Genesis traz: que há um Deus que criou tudo por contra própria, que não haveria limitação e o que Ele criou era bom. Ele criou os seres humanos à sua imagem, e lhes deu responsabilidade e nós nem sempre correspondemos a essas responsabilidades e que o nosso egoísmo nos separa de Deus e afeta o nosso relacionamento, uns com os outros e com o restante da criação. E eu acredito que essas são as questões centrais do livro de Gênesis, e eu acho que essa é a coisa mais importante pra gente pensar. O resto começa a ficar um pouco mais complicado.
Então, após não responder a pergunta que lhe foi feita, por uma razão óbvia!, a Dra. Ruth busca respaldar o seu pensamento em nomes conhecidos na Igreja, como John Stott e Alister McGrath.
Bem, o amado e saudoso irmão John Stott deixou um legado precioso para a igreja, especialmente no que diz respeito ao Discipulado, porém, não era perfeito em sua teologia, como certamente ninguém é. Diante do legado do “bom velhinho” acreditamos que muitos ficaram surpresos ao saber que o mesmo defendeu o aniquilacionismo e o evolucionismo teísta.
Da mesma forma o Alister McGrath, que surpreendeu alguns ao declarar que “Na minha opinião, as duas coisas são compatíveis” (ÉPOCA, Online, 09.05.2008), ao se referir à existência de Deus e o evolucionismo. Também, surpreendeu ao declarar não crer na inerrância bíblica (MCGRATH, 2007, p.21), afirmando que a defesa da inerrância bíblica e da autoridade da Escritura, de acordo com a Velha Princeton, do período dos Hodges e de Benjamin Warfield, têm origem no Iluminismo. Por isso, o verdadeiro conceito de inerrância bíblica é diferente. Portanto, afirma McGrath, esse conceito de inerrância bíblica “deveria ser colocado de lado” desde que se mantivesse a ideia de autoridade da Escritura Sagrada.
Tudo isso deveria nos servir de lição, ao atentarmos para o fato que não devemos alinhar nossos pensamentos completamente por aquilo que os teólogos dizem, já que não cremos no dogma da infalibilidade humana, como os católicos acerca do papa. Por outro lado, não deveríamos rejeitá-los tão rapidamente. Deveríamos alinhar nosso pensamento por aquilo que a Escritura determina, e se algum teólogo está de acordo com a Escritura, que seja bem vindo. Por isso, o Dr. Augustus Nicodemus afirma enfaticamente:
O fundamentalismo histórico nasceu em defesa da fé cristã, ameaçada, na época, pelo liberalismo teológico. Portanto, o fudamentalismo foi um movimento apologético de defesa da fé, porque entendia que a tarefa da Igreja cristã era defender a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Nesse aspecto, é positiva a disposição de se lutar em favor da fé bíblica, identificando inimigos potenciais do cristianismo, como o liberalismo teológico, o humanismo, o evolucionismo e o “evangelicalismo”, que tem, gradualmente, abandonado a doutrina da infalibilidade da Escritura e adotado o ecumenismo e o evolucionismo teísta. (apud PORTELA, 2007, Online)
Dessa forma, podemos ver claramente que o evolucionismo teísta nada mais é que – nas palavras do Dr. Augustus – um “inimigo potencial do cristianismo”. Pudemos perceber que a sua consequência natural, com o tempo, é simplesmente a adoção da negação da inerrância bíblica, adoção do deísmo, influência iluminista, aceitação do método alegórico de interpretação e por tudo isso é um dos meios que pode facilmente conduzir a Igreja ao Liberalismo Teológico.
Portanto, por todas essas razões o Dr. Marcos Eberlin afirmou que “Há duas coisas que detesto e combato, mas com respeito: o naturalismo e a evolução: uma que eu abomino, o evolucionismo teísta! E os lobos disfarçados de cordeiros” (apud FERNANDES, Online, 19 set 2013). Ainda, Enézio Almeida, coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente, afirmou:
Darwin disse que se precisasse de ajuda externa (leia-se Deus) sua teoria da evolução seria bullshit. Estou denunciando aqui como heresia o evento Teste da Fé por promover justamente o que Darwin abominou – teísmo evolucionista. Péssima teologia porque Deus não é Todo-poderoso neste processo estocástico. Péssima ciência porque injeta o Deus das lacunas numa teoria científica. Cristãos liberais estão chocados com a minha denúncia deste Cavalo de Tróia. (FILHO, Facebook, 9 set 2013)
CONCLUSÃO
Diante de tudo o que foi exposto, precisamos entender que a solução não está no abandono do estudo da ciência. Muito pelo contrário. Muitos cientistas têm prestado um grande serviço à humanidade com suas descobertas. Ainda, o estudo da Teologia não pode ser visto como algo irrelevante ou secundário, já que a Teologia é o estudo de Deus e de Sua Revelação e como aplicar tal conhecimento à vida humana.
Já que nós, ortodoxos, cremos que a Escritura Sagrada é Inspirada, Inerrante, Infalível e Suficiente, devemos mantê-La como guia de nossas vidas. Dessa forma, não é a ciência quem deve guiar a interpretação bíblica, pois isso seria eisegese, mas a Bíblia quem deve apontar a direção na qual devemos seguir e a forma como devemos interpretar o mundo e a ciência. E se em algum momento a ciência diz algo e a Escritura Sagrada diz outra coisa diferente, que fiquemos com a Escritura, pois é Ela quem jamais passará (Mc 13:31).
Por último, precisamos entender que muitos teólogos foram, e ainda são, grandemente usados por Deus para nos orientar, mas isso não lhes condiciona à posição de infalíveis nem inerrantes. A história mostra que muitos grandes homens de Deus falharam e se equivocaram em certos momentos. Portanto, sabemos dos benefícios legados à Igreja por B. B. Warfield, Augustus Hopkins Strong, C. S. Lewis, Alister McGrath, John Stott e tantos outros, mas isso não quer dizer que seus ensinos devam ser recebidos como inquestionáveis ou infalíveis, assim como os de Agostinho de Hipona e outros Pais da Igreja também não.
A grande chave de toda essa questão é que devemos ser como os bereanos, que mesmo diante da pregação do apóstolo Paulo verificavam se o seu ensino estava em conformidade com a Escritura, pois como disseram Franklin Ferreira e Alan Myatt: “qualquer tentativa de decidir entre as várias opções deve dar prioridade ao texto bíblico e não se deixar guiar pelo que está na moda entre os cientistas” (FERREIRA;MYATT, 2007, p.283).
A nossa oração é para que o Senhor Deus abra os olhos daqueles que têm abraçado o teísmo evolucionista para que enxerguem o mundo e a ciência através da lente da Escritura, e não o contrário, e para que a Editora Ultimato se lembre de onde e de como caiu, se arrependa, e volte a praticar as primeiras obras, antes que o seu castiçal seja tirado do lugar.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Que o Senhor Deus, Criador Soberano de todas as coisas, nos ajude e guie nossos passos!
NOTAS
[1]. Universalismo é uma heresia que afirma que ao final de tudo todos serão salvos.
[2]. Em exegese bíblica, a expressão SENSUS PLENIOR (do latim “sentido mais pleno”) é usada para descrever “um sentido mais profundo do texto”.
[3]. Alegoristas são aqueles que utilizam o método alegórico de interpretação da Escritura, para que Ela não seja vista de forma literal.
[4]. Exegese é um termo grego (exegeomai, exegesis) e significa: retirar, derivar, extrair, expor. É o ato de extrair o real significado do texto através da análise do próprio texto, por meio de uma interpretação que leve em conta a história da passagem e seus aspectos gramaticais. Daí o termo histórico-gramatical.
[5]. Eisegese é o ato de introduzir, injetar, no texto alguma coisa que o interprete deseja que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Por isso, quem faz eisegese força o texto, através de manipulações, para que ele diga o que na verdade não está lá.
[6]. O Dr. Hannes Alfven foi laureado com o prêmio Nobel de Física em 1970, por trabalhos fundamentais e descobertas na magnetohidrodinâmica e suas várias aplicações na física de plasma.
[7]. Complexidade irredutível é um conceito usado pelos proponentes do Design Inteligente segundo o qual certos sistemas biológicos possuem uma complexidade segundo a qual é altamente improvável que tenha surgido de forma evolutiva a partir de predecessores mais simples, ou “menos completos”, através de mutações aleatórias vantajosas e seleção natural ocorridas naturalmente, i.e. sem a interferência de inteligência, pois tais sistemas biológicos só poderiam ser funcionais se todas as suas partes estivessem presentes e montadas na ordem certa.
[8]. Neoiluminismo é um termo cunhado por este autor para se referir a pensadores modernos que mantém as bases do Iluminismo em seu pensamento.
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