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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Lutero e o pavor do pecado

01.11.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO, 31.01.13
Extraído do livro Conversas com Lutero*

“Não haverá justiça em nós se antes nossa justiça própria não sucumbir e perecer” (Martinho Lutero)

Repórter – Atribuem ao doutor este desabafo: “Que Deus terrível! Oxalá não existisse!”. O doutor teria mesmo dito tal coisa?1

Lutero – Não me lembro quando, não me lembro onde, mas é provável que tenha falado algo assim em uma das minhas crises de pavor, provocada pela noção da santidade absoluta de Deus e pela noção da minha própria pecaminosidade.

Repórter – Seria mais confortável para o doutor se não houvesse Deus?

Lutero – Deus é tão necessário que, se não existisse, teríamos de inventar um.

Repórter – Inventar um Deus menos santo do que o tal “Deus terrível” do seu desabafo?

Lutero – Um Deus semelhante a nós, atraído pelo pecado, sujeito ao pecado, conivente com o pecado, embaçado pelo pecado, vencido pelo pecado e propagandista do pecado, não nos interessaria.

Repórter – Parece-me que o doutor tem uma ideia fixa de pecado. Só agora fez uso dessa palavra seis vezes...

Lutero – Não, eu não tenho nem tive mania de pecado. Exceto naquele tempo em que eu enxergava apenas o pecado e não a graça, considerava somente a severidade e não a bondade de Deus, como São Paulo escreve aos Romanos (11.22).

Repórter – Esse pavor do pecado tem algo a ver com a educação recebida no lar?

Lutero – Talvez. Apanhei muito em casa e na escola. Meus pais trataram-me com dureza, implantando em mim a timidez. Ambos acreditavam que faziam isso com acerto, mas não souberam colocar uma fruta gostosa ao lado da vara.2 Uma vez eu peguei uma simples noz que não era minha e apanhei de minha mãe até sangrar. Em outra ocasião meu pai me castigou fisicamente de maneira tão rude, que fugi dele. Meus pais e meus professores seguiam ao pé da letra o conselho de Salomão: “Castiga o teu filho enquanto há esperança” (Pv 19.18). Mas não equilibravam a pancadaria com o conselho de São Paulo: “Pais, não irritem seus filhos, para que eles não desanimem” (Cl 3.21). Apesar de tudo, desde cedo, eles geraram em mim o tal temor do Senhor, que é “o
princípio da sabedoria” (Pv 9.10) e o instrumento pelo qual “o homem evita o mal” (Pv 16.6).

Repórter – Pavor do pecado e temor do Senhor são a mesma coisa?

Lutero – O temor do Senhor é mais sadio e benéfico do que o pavor do pecado.

Repórter – O pavor do pecado diminuiu no convento agostiniano de Erfurt?

Lutero – Aumentou, e muito! A começar pelo ambiente religioso da cidade. Entre igrejas, conventos, hospitais e outras obras do gênero, havia mais de cem edifícios religiosos. Erfurt era chamada de “a pequena Roma”. Antes de eu me mudar para lá, houve uma reforma nos conventos da Saxônia, liderada por um tal de André Prolês, que não cheguei a conhecer. Nem todos aceitaram a nova disciplina, bem mais severa. Os eremitas “observantes” eram mais comprometidos do que os “conventuais”, mais soltos e numerosos. Meu convento pertencia ao primeiro grupo e tinha como vigário geral o professor João von Staupitz, sucessor de Prolês.

Repórter – O doutor se submeteu à austera disciplina dos “observantes”?

Lutero – Se jamais houve frade que entrasse no céu por seu espírito fradesco, eu de certo, seria um deles.3

Repórter – Sempre a custo do pavor do pecado?

Lutero – Nem sempre. Depois de muitas lutas, orações, lágrimas, buscas e repetidas leituras da Sagrada Escritura, especialmente das Epístolas de São Paulo, o temor do Senhor desalojou o pavor do pecado, ocupando seu lugar.

Repórter – Deve ter sido uma experiência maravilhosa!

Lutero – Foi sublime demais para descrever. Todo o pavor, o poder, a culpa e a feiura do pecado saíram de sobre os meus ombros e caíram sobre o nosso amado Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Repórter – Como assim?

Lutero – Talvez você não consiga compreender — eu mesmo gastei muito tempo para entender —, mas as boas-novas do evangelho (perdoe-me a redundância, pois evangelho significa boas-novas em grego) dizem que Jesus tomou o nosso lugar para que nós pudéssemos tomar o lugar dele. Em outras palavras, ele, o justo, tornou-se pecador, e nós, os pecadores, tornamo-nos justos. Ele morreu, nós vivemos.

Repórter – O doutor está afirmando que Jesus é pecador? Parece-me uma blasfêmia!

Lutero – Eu não falei que ele é. Afirmei que Cristo tornou-se o supremo e único pecador; ele que era e ainda é a eterna e inexcedível justiça. Todo o pecado do mundo se abateu, com toda a ira e virulência, contra a sua justiça. Foi, literalmente, uma luta de vida ou morte. O pecado lançou-se contra a justiça, a maldição contra a bênção, a morte contra a vida. Tudo caiu sobre Jesus. Nosso amado Senhor e Salvador tornou-se simultaneamente maldito e bendito, vivo e morto, padecente e exultante.4 Jesus ocupou o lugar daqueles tiranos e carcereiros que me atormentavam: o pavor do Deus santo, da lei, do pecado, da morte, do inferno. Antes, eu só enxergava o pecado e a severidade de Deus; hoje eu enxergo a graça e a bondade de Deus. Antes, fixava os meus olhos só no “alto e sublime trono” (Is 6.1); agora fixo os meus olhos na rude cruz e no túmulo vazio. Antes, olhava para dentro de mim e encontrava um homem encurvado ou encarquilhado sobre si mesmo; agora, “olho para os céus e vejo o Filho do Homem em pé, à direita de Deus” (At 7.56).

Repórter – Essa mudança radical aconteceu de uma hora para outra?

Lutero – Foi um processo ora consciente, ora inconsciente. Fui subindo os degraus, um por um, até chegar ao topo, de fé em fé.

Repórter – Há mais degraus para subir?

Lutero – Quanto ao alívio que a redenção produz, quanto à certeza da salvação, quanto ao pavor do pecado e da morte, não há mais degraus para subir. Mas, quanto à santidade interior e exterior, quanto à mortificação do pecado, quanto às três virtudes teologais (fé, esperança e amor), há muitos degraus pela frente. Neste corpo e neste mundo nunca chegarei ao topo do mais alto monte. Fui justificado e estou sendo santificado, porém ainda não fui glorificado. Só com a ressurreição do corpo chegarei ao cume do mais alto monte, e não sozinho, mas na companhia de todos aqueles de cujos ombros Deus tirou, em Cristo, o peso do pecado.

Repórter – Se foi um processo, então o doutor não tem como localizar e datar a experiência redentora...

Lutero – Um dos meus alunos da Universidade de Wittenberg, que participava de nossas refeições e conversas à mesa, divulgou a informação de que eu teria descoberto a justificação pela fé no banheiro, isto é, “in cloaca”. Chegou a fantasiar dizendo que, enquanto eu aliviava o ventre, estaria aliviando também a consciência do pavor do pecado. Usei aqui a expressão “in cloaca” no sentido folclórico, no jargão dos monastérios, que quer dizer “na pior”. A verdade é que a descoberta da obra vicária de Cristo em sua profundidade ocorreu quando eu estava triste e deprimido.5 Outros têm dito por aí que a experiência aconteceu na torre do mosteiro agostiniano em Erfurt. Devemos encerrar de uma vez por todas as diferentes conjecturas. Nada disso é importante. Pouco a pouco, na minha cela, na torre do mosteiro, na minha sala de aula em Wittenberg, no meu quarto, na sacristia da Igreja do Castelo ou em minhas andanças de um lugar a outro, a luz do evangelho luziu em meu coração e Cristo foi gerado em mim. Portanto, é impossível datar a bem-aventura da passagem do esforço próprio para o esforço do meu graciosíssimo Deus, que deu o seu Filho unigênito para minha salvação.

Repórter – Alguém o ajudou a caminhar até o topo?

Lutero – Por volta dos meus 22 anos, quando eu era monge em Erfurt, morria de medo de ter esquecido de confessar algum pecado mortal. Então, alguém me recomendou a leitura de um manual escrito pelo teólogo francês João Gérson, morto em 1429. Ali, encontrei que não se deve considerar cada falta da vida monástica como um pecado mortal. Esse e outros livros me fizeram muito bem. Entre os autores que li, cito Agostinho, São Bernardo e João Tauler. O já citado vigário geral da ordem, João von Staupitz, mais tarde meu colega em Wittenberg, me ajudou bastante. Ele me aconselhou a não me preocupar com a predestinação, mas a me apegar às feridas de Cristo e colocar Jesus diante dos meus olhos. A facada final da graça, no entanto, aconteceu quando eu li na Epístola aos Romanos que Deus nos aceita pela fé, porque, como está escrito, “o justo viverá por fé” (Hc 2.4 ; Rm 1.17). Entendi que não haverá justiça em nós se antes nossa justiça própria não sucumbir e perecer. Cheguei à conclusão de que não ressurgiremos se antes não morrermos. Para mim ficou claro que quanto mais alguém se condenar profundamente e engrandecer seus pecados, tanto mais estará apto para a misericórdia e a graça de Deus.6

Repórter – Como o doutor define a justificação pela fé?

Lutero – Quando Deus nos imputa a justiça de Cristo, esta age como um guarda-sol contra o calor da ira divina. A justificação é, antes de tudo, o decreto de absolvição que Deus pronuncia sobre nós, declarando--nos justificados, a despeito de nossa pecaminosidade. Digo mais, a justificação não é a resposta de Deus à nossa justiça, mas a amorosa e perdoadora declaração de Deus de que nós, a despeito do nosso pecado, somos agora absolvidos — quer dizer, declarados justos.7

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*Trecho retirado do livro Conversas com Lutero. Trata-se de uma série de trinta conversas fictícias com o reformador alemão Martinho Lutero (1483-1546). Embora fictício, todo o texto é rigorosamente baseado em fatos históricos.

Notas

1. GREINER, Albert. Lutero. São Leopoldo: Sinodal, 1983. p. 29.
2 LESSA, Vicente Themudo. Lutero. 4 ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1960. p. 9. 3. Id. Ibid. p. 32.
4. ALTMANN, Walter. Lutero e libertação. São Paulo: Ática, 1994. p. 68-69.
5. KITTELSON, James M. The breakthrough. Christian History, Minneapolis, MN,
Estados Unidos, v. XI, n. 2, p. 15, 1992.
6. LIENHARD, Marc. Martin Lutero — tempo, vida e mensagem. São Leopoldo: Sinodal,
1998. p. 45-46.
7. GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã,
2004. v. 3. p. 57.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/lutero-e-o-pavor-do-pecado

Deus pode usar pessoas com falhas para cumprir seus planos?

01.11.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Dennis Alllan

Se é bem-sucedido, obviamente vem de Deus. Certo? Se traz benefício espiritual, não resta dúvida! É assim que muitas pessoas julgam pessoas e obras dos homens, imaginando que o fim justifique o meio, e até prove a aprovação de Deus das pessoas usadas para o bem dos outros. Deus pode usar pessoas com falhas para cumprir seus planos? Ele pode permitir que alguém sirva para ajudar outros, e ainda reprovar aquele mensageiro?

As aplicações deste raciocínio são muitas. Alguns justificam o adultério porque Davi era homem segundo o coração de Deus (Atos 13:22). Outros defendem práticas erradas nas igrejas (mulheres pregando, todo tipo de show musical, atividades de entretenimento, apelos materialistas, etc.) porque servem para encaminhar algumas pessoas para Cristo. Num mundo de marketing e comércio, não deve nos surpreender que o “lucro” no final da folha de balanço se torne o único medidor importante.

Mas o estudo da palavra deixa bem claro que o julgamento de Deus é outro. Ele frequentemente usa pessoas com falhas, e até atos errados destas pessoas, para cumprir seus planos. Jamais devemos distorcer este fato para justificar o erro. Considere:

Perez era filho de Judá e Tamar, e se tornou antepassado de Jesus (Mateus 1:3). Mas a relação deles envolvia promessas quebradas, engano e prostituição (veja Gênesis 38). Deus usou estas pessoas, mas não aprovou os pecados delas. A genealogia de Deus inclui adúlteros, assassinos, idólatras, etc. Deus usou pessoas com falhas para trazer Jesus ao mundo!

Deus pode usar o pecado do homem para cumprir seus planos, mas isso não justifica o erro. Os irmãos de José pecaram nas suas más intenções, mas Deus usou o erro deles para salvar uma nação (Gênesis 50:20). Judas pecou, mas Deus usou sua traição para um fim proveitoso (Mateus 26:24).Os judeus mataram Jesus, mas Deus usou este pecado para cumprir seus planos (Atos 3:13-19).

Se refletir um pouco, perceberá que Deus constantemente usa pessoas com falhas para cumprir seus propósitos, porque ele trabalha por meio de pessoas imperfeitas – como você e eu! Ele escolheu sacerdotes imperfeitos (Hebreus 7:23,27), apóstolos imperfeitos (2 Coríntios 4:7; Gálatas 2:11; Filipenses 3:12), etc.

O fato de alguém servir para pregar a verdade aos outros não significa que a própria pessoa necessariamente chegará ao céu (1 Coríntios 9:27). Cada um será julgado pelo reto Juiz (2 Coríntios 5:10; João 12:48).
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Fonte:http://www.estudosdabiblia.net/bd15_06.htm

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

DEUS, O MESMO SEMPRE

30.10.2013
Do portal ENCONTRE A PAZ, 27.10.13
 
E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU
(Êxodo 3:14).
 

 
“Eu sou o que sou” foi como Deus Se apresentou a Moisés. Esse estranho nome nos faz começar a refletir. Deus não precisa explicar para ninguém, não mesmo para os mais exigentes, como ou porque Ele é o que é. Tampouco Deus tem de Se adaptar aos conceitos ou requisitos humanos. Não tem de mudar para agradar os homens ou ganhar seus favores. Ele é o que é, o eterno Deus, o qual era e será para sempre. Em sua epístola, Tiago expressa isso da seguinte forma: o “Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (1:17). Se não fosse assim, Deus não seria Deus.
 
Deus é extraordinariamente infinito para caber na minúscula caixinha do pensamento humano! E, apesar disso, cada crente pode chamar esse Deus de ‘Pai’ por meio de Jesus Cristo. Os filhos de Deus podem confiar suas vidas a Ele, dia a dia, minuto a minuto. Ele é o que é, grande em poder e bondade, imutável em todas as coisas.
“Tu permanecerás” (Hebreus 1:11).
 
Tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão” (Hebreus 1:12).
 
“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8).
 
Que verdades encorajadoras para todos os que O conhecem!
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Fonte:http://www.apaz.com.br/todo_dia/2013/Outubro27.html

Estúpidos Como o Povo de Sodoma

30.10.2013
Do portal ENCONTRE A PAZ, 28.10.13
 
Publicam seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos
(Isaías 3:9).
 
A observação que o profeta Isaías fez em relação aos seus contemporâneos tem se tornado algo comum atualmente. Quanto mais pervertido e ofensivo mais sucesso alcança nos meios de comunicação. A opinião pública se acostumou com a imoralidade e a aceita de bom grado. E Deus?
 
Essa é a declaração divina sobre as pessoas desta era: “Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos; povo que de contínuo me irrita abertamente… povo que diz: Fica onde estás, não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. És no meu nariz como fumaça de fogo que arde o dia todo” (Isaías 65:2-5).
 
É estupidez agir como se Deus tolerasse o que já deixou bem claro que não tolera apenas porque, aparentemente, Ele não intervém.
 
A razão para o silêncio de Deus é bem diferente. Ainda vivemos no tempo da graça, e o caminho para Deus está aberto a todos, sem distinção. Mas é preciso que não dissimulemos nem escondamos nossos pecados, confessando cada um deles a Deus. “Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor” (2 Pedro 3:9-10).
 
A maneira com que o povo de Sodoma falava de seus pecados demonstrava que Deus estava fora dos pensamentos deles. Hoje muitos creem, consciente ou inconscientemente, que Deus está morto, e isso fica bem evidente na forma com que se comportam. A reação de Deus é: “Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos”. Entretanto, como Deus de amor, Ele ordena: “Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2:40).
 
E o destino dos habitantes de Sodoma é um alerta para nós, pois coisa pior está reservada aos que amam o pecado e as abominações que cometem!
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Fonte:http://www.apaz.com.br/todo_dia/2013/Outubro28.html

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

De misericórdia em misericórdia

23.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO

“A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração”. (Lc 1.50)

A vida cristã é uma experiência de pura misericórdia. Misericórdia que podemos alargar a sua compreensão quase que exponencialmente. Não se trata apenas daquela bênção de Deus em lidar com os nossos pecados, com os sofrimentos que deles decorrem, de tratar com brandura a nossa rebeldia e derramar perdão sobre as nossas vidas. Misericórdia tem a ver com todos os recursos dados por Deus para fazermos a travessia desta vida em meio às muitas contradições, paradoxos e contingências de nossa experiência humana que escapam por completo de nosso controle. Gostaria de apresentar nesta pastoral pelo menos quatro grandes aspectos da presença da misericórdia em nossas vidas que podemos e devemos desfrutar e repousar confiantemente nela.

1. Ansiedade e medo do futuro. A misericórdia de Deus nos ensina que as necessidades de hoje serão supridas com as respostas para hoje. Que devemos ocupar-nos com um dia de cada vez: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal" (Mt 6.36). Misericórdia aqui significa que podemos contar com o auxílio de Deus assim como os israelitas contaram com o maná no deserto para sua porção diária de suprimentos numa terra inóspita: Lv 19.6; Dt 8.16.

2. Medo de sucumbir às provações. Aprendemos da misericórdia do Senhor que Ele mesmo não tenta, não induz a nossa ruína: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: ‘Estou sendo tentado por Deus’. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tg 1.13), mas Deus nos prova e permite a provação, a citação de Deuteronômio acima fala disso: “para humilhá-los e prová-los, a fim de que tudo fosse bem com vocês” (Dt 8.16). Contudo, a misericórdia diz que o mesmo Deus que prova ou permite a provação, providencia a força para a suportarmos e o livramento dela: “Não sobreveio a vocês provação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam provados além do que podem suportar. Mas, quando forem provados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1Co 10.13).

3. Tempos de necessidades espirituais. A misericórdia nos ensina que em tempos de sequidão da alma, frieza espiritual ou de qualquer outra necessidade, ela estará sempre à disposição para suprir nossas carências com a Graça: “Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4.16).

4. Há misericórdia suficiente e para sempre. Esta é uma notícia maravilhosa. A misericórdia de hoje é para os fardos de hoje, para as tentações de hoje, para as necessidades espirituais de hoje. Todavia, elas não se esgotam. Quanto mais nos recorremos a ela, quanto mais dela confessamos ter necessidade, quanto mais nela depositamos a nossa confiança, tanto mais ela abunda sobre as nossas vidas. E mais, colecionar misericórdias, tê-las todas na memória agradecida do coração é grande fonte de paz e consolação: “Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança” (Lm 3.21). Esta sentença foi proferida por um homem que conheceu abundância de tormentos, decepções e tristezas: o profeta Jeremias. Contudo, ele não se deixou consumir por suas tristezas e aflições. Antes, trazia na memória as misericórdias do passado, se fiava nelas, cria inarredavelmente que Deus não muda, não sofre variações, é imutável em seu amor, logo, suas misericórdias também não mudam, não diminuem, não desaparecem, eis o que ele nos ensina: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se a cada manhã” (Lm 3.22,23). Misericórdia nova para um novo dia. Misericórdia adequada para cada circunstância. Misericórdia em tempo, sem demora, para cada estação da vida.

Quero convidá-lo a tornar-se conscientemente um dependente visceral da misericórdia de Deus. Busque-a, deseje-a, conte com ela e também use em suas relações, afinal de contas o Senhor Jesus a requer também de nós: “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores" (Mt 9.13).

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Por amor (Rubem Amorese) 


*Luiz Fernando Dos Santos. É pastor-mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP)

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domingo, 20 de outubro de 2013

Oséias e o Arrependimento

20.10.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Dennis Allan

Oséias pregou no oitavo século a.C., durante os últimos anos do reino de Israel (o reino do norte no período do reino dividido). Ele usou a figura da própria família como pano de fundo para as mensagens de Deus. A mulher de Oséias se tornou adúltera, e teve filhos com seus amantes. Apesar de tudo que Oséias fez para mostrar o seu amor, ela o traiu repetidas vezes.

Oséias, representando Deus, fez de tudo para trazer a sua esposa de volta. Mas, somente depois de estragar a vida e perder basicamente tudo que tinha, ela chegou a se reconciliar com o marido fiel. Ela se envolveu tanto no pecado que achou quase impossível abandoná-lo para voltar ao marido.

No livro de Oséias, Deus fala ao coração de sua amada mas infiel Israel (2:14). Como um jovem tentando conquistar o coração de uma moça, Deus atrai a sua esposa traidora e tenta ganhar o amor dela. Ele mostra seu desejo de casar de novo com ela, prometendo cuidar dela como um marido dedicado.

Esta reconciliação não seria fácil. Mesmo depois de voltar para casa, Israel ficaria um bom tempo sem alguns dos privilégios de comunhão com o Senhor (3:3-5). Deus exigia o arrependimento e seus frutos para poder entrar em plena comunhão com o seu povo. Quando se trata de arrependimento e reconciliação, o livro de Oséias é de grande valor. Usando o capítulo 14, observaremos alguns pontos importantes sobre o arrependimento do homem e a reconciliação com Deus.

O arrependimento que Deus pede:

Voltar para Deus (14:1). Às vezes, pessoas reconhecem problemas e até erros na vida, mas ainda não voltam ao Senhor. Judas Iscariotes tentou fugir de Deus, cometendo suicídio, quando deveria ter voltado para Jesus, pedindo perdão (Mateus 27:3-5).

Reconhecer o próprio pecado (14:1). A tendência de muitas pessoas é jogar a culpa em outros ("eles me fizeram...") ou nas próprias circunstâncias ("aconteceu..."). A volta ao Senhor exige que a pessoa assuma o que fez, reconhecendo o seu pecado.

Falar palavras de arrependimento (14:2). Obviamente, o pecador que volta ao Senhor deve mostrar frutos do arrependimento (Mateus 3:8). Mas, também, deve falar palavras de arrependimento, confessando o seu pecado (veja 1 João 1:9; Tiago 5:16).

Pedir perdão (14:2). O pecado ofende. Todos os pecados são ofensas contra Deus. Alguns magoam outras pessoas (familiares, irmãos em Cristo, vizinhos, colegas, etc). Precisamos pedir perdão as pessoas ofendidas (Atos 8:21-23; Lucas 17:3-4).

Oferecer serviço e sacrifício ao Senhor (14:2). O pecador purificado deve exaltar o nome do Senhor (veja Salmo 51:13-17).

Abandonar outras "soluções" (14:3). Israel precisava deixar a sua confiança em: (a) Alianças com outros povos (Assíria, Egito, etc.); (b) Força militar (cavalos); (c) Falsos deuses (obra das nossas mãos). Nós, também, temos de recusar qualquer solução aos problemas espirituais que não seja de Deus.

Confiar exclusivamente em Deus (14:3). Ele é o único Deus e aquele que mostra misericórdia ao órfão.

Se Israel se arrependesse da maneira descrita nesses primeiros três versículos, Deus perdoaria da forma apresentada nos versículos 4 a 8:

Curar a infidelidade de Israel (14:4). A traição traz conseqüências e seqüelas. Como um marido que perdoa e aceita de volta a sua esposa infiel, Deus age para curar Israel.

Ele ama o arrependido (14:4). O amor de Deus é incompreensível aos homens. Depois de tudo que Israel fez, ele tomou a nação de novo como a sua esposa e mostrou o seu amor para com ela (veja 2:14-20; 11:8-11; Ezequiel 16; João 3:16).

Ele ajuda o arrependido a crescer e a produzir fruto (14:5). Jesus perdoou e aceitou Pedro depois deste o negar e lhe deu grandes responsabilidades no reino (João 21:15-17). Paulo pediu a ajuda de Marcos depois de tê-lo rejeitado (2 Timóteo 4:11; Atos 15:37-39). Deus prepara o servo arrependido para o seu papel no reino do Senhor.

Ele aperfeiçoa o arrependido para que este possa mostrar a sua beleza espiritual e ajudar outros (14:6-7).

Ele não trata o arrependido como os ídolos o fariam (14:8). Os ídolos são impotentes e não trazem nenhum benefício real à pessoa. Deus acolhe o arrependido e cuida dele!
Oséias nos instrui sobre o arrependimento e a reconciliação.
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Fonte:http://www.estudosdabiblia.net/200131.htm