Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador CONDUTA CRISTÃ. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador CONDUTA CRISTÃ. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 16 de julho de 2019

CONDUTA CRISTÃ:Quando se perde o senso de humanidade, nada adianta dizer-se cristão

16.07.2019
Do portal BRASIL247


Uma das perplexidades de nosso Brasil atual é a quantidade de pessoas que se dizem cristãs com práticas absolutamente avessas ao que significa ser cristão. Afinal, a síntese última da pertença ao Reino de Deus - ou não - é o que a pessoa faz para quem mais tem necessidades ao longo da vida. O capítulo 25 de São Mateus resume muito bem o que Jesus estabelece para seus seguidores: tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, andava nu e me vestistes, etc.
Oras, se eu devo um copo de água a quem tem sede, como vou ser contra uma política pública que abastece milhões de pessoas com água? Como posso ser contra uma política pública que coloca alimentos na mesa de milhões de pessoas? Se devo cuidar dos doentes, como vou ser contra uma política pública de saúde que cuida de milhões de pessoas que não tem como pagar um médico particular? 
Agora, na reforma trabalhista e previdenciária se deu o mesmo fenômeno. Os jornais informam que de 104 deputados da chamada Bancada da Bíblia no Congresso, 100 votaram a favor da reforma da previdência. Acontece que ela retira da mesa dos mais vulneráveis até a migalha que eles precisam para sobreviver, como é o caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Aqueles que estão totalmente incapacitados de ganhar seu próprio pão, terão seu benefício reduzido de mil reais para quatrocentos reais.  É como se retirassem de Lázaro e do cachorro as migalhas que caiam da mesa dos poderosos. Até isso, até as migalhas disputadas pelos cães...Assim acontece com todos aqueles que se dizem cristãos e votam contra os mais necessitados. Ou não entendem nada de política, ou não entendem nada do Evangelho.
O Evangelho é o amor de Deus para cada criatura, exige amor e solidariedade de cada um de nós para com os outros, particularmente quem está mais vulnerável, o cuidado com todas as criaturas e com nossa Casa Comum, a Terra. Essa espiritualidade exige abertura, solidariedade, fraternidade, justiça, e tantas outras virtudes identificadas como sendo autenticamente cristãs. 
Por isso, quando se perde o senso de humanidade, de nada adianta dizer-se cristão. 

*Roberto Malvezzi

Graduado em Estudos Sociais e em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, em São Paulo. Também é graduado em Teologia pelo Instituto Teológico de São Paulo. Atualmente, integra Equipe CPP/CPT do São Francisco
****

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Sua alegria obstinada derrubou a escravidão (William Wilberforce)

21.06.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 20.06.19
Por John Piper

Sua-alegria-obstinada-derrubou-a-escravidão-(William-Wilberforce)

Contra grandes obstáculos, William Wilberforce, um membro evangélico do Parlamento, lutou pela abolição do comércio de escravos africanos e contra a escravidão em si até que ambos fossem ilegais no Império Britânico.
A batalha consumiu quase quarenta e seis anos de sua vida (de 1787 a 1833). As derrotas e retrocessos ao longo do caminho teriam levado um político comum a abraçar uma causa mais popular. Embora nunca tenha perdido uma eleição parlamentar dos vinte e um aos setenta e quatro anos, a causa da abolição do tráfico de escravos foi derrotada onze vezes antes de sua aprovação em 1807. E a batalha pela abolição da escravidão não obteve a vitória decisiva até três dias antes dele morrer em 1833. Quais eram as raízes da perseverança deste homem na causa da justiça pública?

POLÍTICO AMANTE DE FESTAS

Wilberforce nasceu em 24 de agosto de 1759, em Hull, na Inglaterra. Quando criança ele admirava George Whitefield, John Wesley e John Newton. Mas logo ele deixou toda a influência dos evangélicos para trás. A respeito de seus últimos anos de escola, ele disse: “Eu não realizei nada”. Esse estilo de vida continuou ao longo de seus anos no St. John’s College, em Cambridge. Ele pode viver da riqueza de seus pais e sobreviver com pouco trabalho. Perdeu qualquer interesse pela religião bíblica e amava circular entre a elite social.
Por diversão, Wilberforce disputou um assento na Câmara dos Comuns de sua cidade natal, Hull, em 1780, quando ele tinha vinte e um anos. Ele gastou £ 8.000 (mais ou menos 38 mil reais) na eleição. O dinheiro e seu incrível talento para falar triunfaram sobre seus oponentes. Wilberforce começou sua carreira política de cinquenta anos como um incrédulo de classe alta que amava festas que iam até tarde da noite.

“A GRANDE MUDANÇA”

Nas longas férias em que o Parlamento não estava em sessão, Wilberforce às vezes viajava com amigos ou familiares. No inverno de 1784, aos vinte e cinco anos, por impulso, convidou Isaac Milner, ex-professor, e amigo da escola de gramática – que agora era professor particular no Queens College, em Cambridge – para ir com ele, sua mãe e irmã à Riviera Francesa. Para sua surpresa, Milner havia se tornado um cristão convicto, sem nenhum dos estereótipos que Wilberforce concebera contra os evangélicos. Eles conversaram por horas sobre a fé cristã.
No verão seguinte, Wilberforce viajou novamente com Milner e eles discutiram o Novo Testamento grego por horas. Lentamente, seu “assentimento intelectual tornou-se uma profunda convicção” (William Wilberforce, p. 37). Uma das primeiras manifestações do que ele chamou de “a grande mudança” – a conversão – foi o desprezo que sentia por sua riqueza e pelo luxo em que vivia, especialmente nessas viagens entre as sessões parlamentares. Ao que parece, sementes foram plantadas, quase imediatamente, no início de sua vida cristã, do que viria a ser sua paixão posterior em ajudar os pobres e transformar todas as suas riquezas herdadas e sua posição naturalmente alta em um meio de abençoar os oprimidos.

ESCRAVIDÃO E COSTUMES

Um ano após sua conversão, o aparente chamado de Deus em sua vida tornou-se claro para ele. Em 28 de outubro de 1787, ele escreveu em seu diário: “O Deus Todo-Poderoso colocou diante de mim dois grandes objetivos, a supressão do tráfico de escravos e a reforma dos costumes [a moral]” (The Life of William Wilberforce, p. 69).
Logo depois do Natal de 1787, alguns dias antes do recesso parlamentar, Wilberforce notificou na Câmara dos Comuns que no início da nova sessão ele apresentaria uma moção para a abolição do tráfico de escravos. Levaria vinte anos até que ele pudesse levar a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes a colocar a abolição como lei. Mas quanto mais ele estudava o assunto e quanto mais ele ouvia falar das atrocidades, mais decidido ele se tornava.
Em maio de 1789, ele falou à Câmara sobre como ele chegou à sua convicção: “Confesso a vocês, tão enorme, tão terrível, tão irremediável é a maldade desse comércio que minha mente ficou inteiramente tomada em favor da abolição….sem importar as consequências, a partir desse momento estou determinado a não descansar até efetivar essa abolição”.  (The Life of William Wilberforce, p. 56).

283 AYES

Claro, a oposição que durou vinte anos foi por causa dos benefícios financeiros da escravidão para os comerciantes e para a economia britânica. Eles não podiam conceber qualquer outra forma de produzir sem trabalho escravo. Isso significa que a vida de Wilberforce foi ameaçada mais de uma vez. Mesmo não sofrendo dano físico, houve a dolorosa perda de amigos. Alguns simplesmente não discutiam mais com ele e se mantinham alienados. Depois houve a enorme pressão política para recuar por causa dos desdobramentos políticos internacionais. Esses tipos de argumentos financeiros e políticos mantiveram o Parlamento cativo por décadas.
Mas a vitória veio em 1807. A visão moral e o impulso político para a abolição finalmente se tornaram irresistíveis. A certa altura, “praticamente toda a casa levantou-se e virou-se para Wilberforce em uma explosão de aplausos parlamentares. De repente, acima do rugido de “ouçam, ouçam” e completamente fora de ordem, três “hurras” ecoaram enquanto ele permanecia sentado, a cabeça baixa, lágrimas escorrendo pelo rosto” (The Life of William Wilberforce, p. 211).
Às quatro horas da manhã de 24 de fevereiro de 1807, a casa se dividiu – 283 Ayes (sim), 16 Noes (não). Maioria de 267 votos pela abolição do tráfico. E em 25 de março de 1807, o assentimento real foi declarado. Um dos amigos de Wilberforce escreveu: “[Wilberforce] atribui isso à interposição imediata da Providência. Naquela hora da madrugada, Wilberforce procurou seu melhor amigo e colega, Henry Thornton, e disse: “Bem, Henry, o que aboliremos em seguida”? (The Life of William Wilberforce, p. 212).

NUNCA EM SILÊNCIO

Claro que a batalha não acabou. E Wilberforce lutou até a sua morte vinte e seis anos depois, em 1833. A implementação da lei da abolição não somente era controversa e difícil, como tudo o que ela fez foi abolir o tráfico de escravos, não a escravidão em si. E essa se tornou a próxima grande causa.
Em 1821 Wilberforce recrutou Thomas Fowell Buxton para continuar a luta, mas mesmo à margem, envelhecido e frágil, ele o apoiava. Três meses antes de sua morte, em 1833, Wilberforce foi persuadido a propor uma última petição contra a escravidão. “Eu nunca pensei em vir a público novamente, mas nunca se dirá que William Wilberforce se manteve em silêncio enquanto os escravos precisavam de sua ajuda” (William Wilberforce, p. 90).
O voto decisivo da vitória veio em 26 de julho de 1833, apenas três dias antes de Wilberforce falecer. A escravidão em si foi proibida nas colônias britânicas. “É um fato singular”, disse Buxton, “que na mesma noite em que fomos bem-sucedidos na Câmara dos Comuns, aprovando a cláusula do Ato de Emancipação – uma das cláusulas mais importantes já promulgadas. . . o espírito do nosso amigo deixou o mundo. O dia do encerramento de seus trabalhos foi o dia do término de sua vida”. (William Wilberforce,p.  91).

FELIZ COMO UMA CRIANÇA

O que fez Wilberforce agir? O que o fez perseverar na causa da justiça pública através de décadas de fracasso, difamação e ameaças?
É claro que devemos prestar o devido respeito ao poder do companheirismo na causa da justiça. Muitas pessoas associam o nome de Wilberforce ao termo “Clapham Sect”. O grupo a que esse termo se refere foi “rotulado” como ‘os santos’ por seus contemporâneos no Parlamento – proferido por alguns com desprezo, enquanto por outros com profunda admiração” (Character Counts, p. 72). Juntos, eles realizaram mais do que qualquer um poderia ter feito por conta própria. “William Wilberforce é a prova de que um homem pode mudar seus tempos, embora não possa fazê-lo sozinho”. (William Wilberforce, p. 88).
Mas há uma raiz mais profunda da resistência de Wilberforce do que apenas companheirismo. É a raiz da alegria da abnegação em Cristo. Os testemunhos e evidências disso na vida de abnegação de Wilberforce são muitos. Uma certa srta. Sullivan escreveu a um amigo sobre Wilberforce por volta de 1815: “Pelo tom de sua voz e expressão de seu semblante, ele mostrou que a alegria era a característica predominante de sua própria mente, alegria vinda da integridade da confiança nos méritos do Salvador e amor a Deus e ao homem. . .. Sua alegria era bastante penetrante”. (William Wilberforce, p. 87).
Outro de seus contemporâneos, James Stephen, relembrou após a morte de Wilberforce: “Era divertido e interessado por tudo, tudo o que ele dizia se tornava divertido ou interessante. . .. Sua presença era tão fatal para a estupidez quanto para a imoralidade. Sua alegria era tão irresistível quanto o primeiro riso da infância”. (William Wilberforce, p. 185).
Aqui está uma grande chave para sua perseverança e eficácia. Sua presença era “fatal para o torpor. . . [e] imoralidade”. Em outras palavras, sua alegria indomável levou outros a serem felizes e bons. Ele observou em seu livro A Practical View of Christianity: “O caminho da virtude é também de real interesse e de sólido prazer” (p. 12). Em outras palavras, “é mais abençoado dar do que receber” (At 20. 35). Ele sustentou-se e influenciou outros pela sua alegria. Se um homem pode roubar sua alegria, ele pode roubar sua utilidade. A alegria de Wilberforce era indomável e, portanto, ele foi um cristão e político convincente durante toda a sua vida. Essa foi a forte raiz de sua resistência.

DOUTRINAS PECULIARES, VERDADES GIGANTESCAS

Se a sua alegria quase infantil, indomável e abnegada era a raiz vital para a sua persistência na luta pela abolição ao longo da vida, o que, poderíamos perguntar, seria a raiz da raiz? Ou qual era a terra firme onde essa raiz estava plantada?
O principal foco do livro de Wilberforce, A Practical View of Christianity, é mostrar que o verdadeiro cristianismo, que consiste em novas e indomáveis ​​afeições espirituais por Cristo, está enraizado nas grandes doutrinas da Bíblia sobre pecado, Cristo e fé. “Portanto, aquele que quer crescer e abundar nesses princípios cristãos, esteja muito familiarizado com as grandes doutrinas do Evangelho” (p. 170).“Da negligência dessas doutrinas peculiares surgem os principais erros práticos da maioria dos professos cristãos. Essas verdades gigantescas mantidas em vista envergonhariam a pequenez de sua moralidade anã. . .. Toda a superestrutura da moral cristã é fundamentada em suas bases profundas e amplas”. (p. 166-167).
Há uma “perfeita harmonia entre as principais doutrinas e os preceitos práticos do cristianismo”. E, portanto, é um “hábito fatal” – tão comum naqueles dias quanto nos nossos – “considerar a moral cristã distinta das doutrinas cristãs” (p. 198).

CRISTO NOSSA JUSTIÇA

Mais especificamente, é a conquista de Deus através da morte de Cristo que está no centro dessas “verdades gigantescas”, levando à reforma pessoal e política da moral. A alegria indomável que leva à vitória nos tempos de tentação e provação está enraizada na cruz de Cristo. Se quisermos lutar pela alegria e perseverar até o fim em nossa luta contra o pecado, devemos conhecer e abraçar o pleno significado da cruz.
Desde o início de sua vida cristã, em 1785, até sua morte, em 1833, Wilberforce viveu “das grandes doutrinas do evangelho”, especialmente a doutrina da justificação pela fé somente baseada no sangue e na justiça de Jesus Cristo. Esse é o lugar onde ele alimentou sua alegria. Por causa dessas verdades, “quando tudo à sua volta era escuro e tempestuoso, ele pode levantar os olhos para o Céu, radiante de esperança e com gratidão” (Uma Visão Prática do Cristianismo, p. 173). A alegria do Senhor se tornou sua força (Neemias 8.10). E nessa força ele insistiu na causa da abolição do tráfico de escravos até que ele tivesse a vitória.
Portanto, em todo o nosso zelo hoje pela harmonia racial, ou pela santidade da vida humana, ou pela construção de uma cultura moral, não nos esqueçamos destas lições: Nunca minimize o lugar central da doutrina alicerçada em Deus e exaltadora de Cristo. Trabalhar para ser indomavelmente alegre em tudo o que Deus é para nós em Cristo, confiando em sua grande obra consumada. E nunca seja ocioso em fazer o bem – para que os homens possam ver nossas boas ações e dar glória ao nosso Pai que está no céu (Mateus 5.16).
*****

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Pare de pular de igreja em igreja: 11 problemas com os poligrejados

09.05.2019
Do portal VOLTEMOS AO EVANGELHO, 09.05.19
Por Ricardo Gonçalves Libaneo*

Pare-de-pular-de-igreja-em-igreja–11-problemas-com-os-poligrejados
Imagine a seguinte situação: no sábado um crente frequenta o ministério jovem de uma igreja por considerá-lo mais ativo. No domingo pela manhã, ele participa da EBD de outra igreja, pois acha seu ensino mais profundo. No culto da noite, ele vai a uma terceira igreja, pois crê que ela segue o princípio regulador do culto mais fielmente. Durante a semana assiste à séries de pregações no YouTube do pregador com quem ele mais se identifica teologicamente, lamentando não poder frequentar sua igreja, por ser em outro estado. Assim vive um “poligrejado”. Frequenta várias igrejas, mas não se compromete com nenhuma.

Implicações

A princípio, essa prática não parece ser um problema, afinal, melhor ser um “poligrejado” do que um “desigrejado”, correto? Creio que não. Vamos pensar sobre alguns princípios bíblicos que são quebrados ao frequentar mais de uma igreja:
1. Servir a igreja e não “consumi-la” – o problema dessa prática é a visão consumista da igreja. A pessoa frequenta a igreja por aquilo que ela pode lhe oferecer e não com a motivação de servir e manifestar o evangelho (Fp 2.1-11). Assim monta um “combo” com o melhor de cada igreja pensando apenas em si mesma. A motivação deve ser o amor que nos leva a servir, e não a consumir (Mc 10.45, 1 Co 12-13, Ef 4.1-16).
2. Amor ao próximo – se a pessoa não está comprometida com um local específico, não consegue cultivar relacionamentos profundos dentro da igreja, mas apenas superficiais. Amar alguém é mais do que ter conversas esporádicas, mas sim um envolvimento sacrificial na vida do outro, e isso exige constância (1 Jo 3.16).
3. Manifestar as imagens bíblicas para igreja – não estar comprometido com um grupo específico de crentes, mas pular de igreja em igreja, impede a pessoa de manifestar imagens bíblicas como o “Corpo de Cristo” (um braço serve apenas um corpo – 1 Co 12), “Família de Deus” (a família se relaciona em um local específico – Ef 3.14-15), “Pedras Vivas que formam um Templo” (as pedras precisam estar juntas para formar o edifício, a casa, o templo – 1 Pe 2.5).
4. Servir com o dom que Deus lhe deu – (1 Co 12-14) – segundo o texto de 1 Co 12.7, o dom é dado pelo Espírito visando ao bem comum, ou seja, o que for melhor para um grupo específico. Servir em várias igrejas implicará em, cedo ou tarde, deixar uma das igrejas na mão. É como tentar manter dois empregos no mesmo turno.
5. Comunhão na Ceia – (1 Co 10.17) – a Ceia do Senhor é uma refeição em que manifestamos comunhão com Deus, por meio do sacrifício de Cristo, e comunhão uns com os outros. Se não há comprometimento com um grupo, a participação na Ceia não revela a verdade da prática, pois a comunhão com os outros não é profunda e verdadeira.
6. Pastoreio – (1 Pe 5.2) – caso não haja comprometimento com uma igreja local, os pastores e líderes não saberão por quem eles são responsáveis, e por quem deverão prestar conta. Parafraseando o ditado: “ovelha de dois pastores morre por falta de pastoreio”.
7. Submissão aos líderes – (Hb 13.7,17) – quando nos comprometemos com uma igreja local, sabemos quem são nossos líderes e a quem devemos nos submeter. Participando de várias igrejas, na prática, não nos submetemos a ninguém. Em um momento ou outro o “poligrejado” vai acabar deixando um líder de uma igreja na mão para servir o líder da outra. Além de ser tentado a se submeter à liderança que for mais conveniente, esvaziando o conceito de submissão.
8. Submissão à disciplina eclesiástica – (Mt 16.19, 18.15-20, 1 Co 5) – estar comprometido e submisso a uma igreja local também nos submete à disciplina da igreja. Qual das igrejas disciplinará o “poligrejado”? Infelizmente alguns optam por frequentar várias igrejas justamente para não estar debaixo da disciplina de nenhuma. Apronta em uma igreja, e foge para outra.
9. Discipulado – (Mt 28.19-20) – fazer discípulos implica dedicação de tempo e envolvimento. Participar de várias igrejas limita a profundidade dos relacionamentos e por isso, limita o discipulado.
10. Manifestar o evangelho – (Jo 17.20-21, Ef 3.10) – relacionamentos profundos manifestam o evangelho. Relacionamentos improváveis que se tornam possíveis por causa do evangelho, exaltam o evangelho. Já falamos que se envolver com várias igrejas dificulta relacionamentos profundos, afetando assim a expressão do evangelho pela comunhão da igreja.
11. Manifestar a santidade de Deus – (Ap 20.15) – pertencer a uma lista de membros de uma igreja local ilustra ao mundo que existe uma separação entre quem é povo de Deus e quem não é. Obviamente não quero dizer que todos os que pertencem ao rol de membros de uma igreja são verdadeiramente povo de Deus, mas, apesar das suas limitações, a lista de membresia é uma ilustração do livro da vida. Quem participa de várias igrejas, não tendo o nome em nenhuma lista de membros, deixa de proclamar essa verdade.
Obviamente, reconhecemos que há espaço para interação com irmãos de outras igrejas locais, como intercâmbios e congressos. Isso é saudável e também manifesta a glória de Deus! Tudo isso, porém, com equilíbrio, não afetando os princípios bíblicos para a igreja.
Precisamos ser humildes e nos comprometermos com uma igreja local, com seus pontos fortes e fracos; e, cumprindo nosso papel como membros, contribuirmos para o seu crescimento, à medida em que nós mesmos crescemos, juntos com os irmãos, até alcançarmos a maturidade, a medida da plenitude de Cristo, para a glória de Deus (Ef 4.1-16)!
*Ricardo Gonçalves Libaneo é pastor na Primeira Igreja Batista de Atibaia, SP. Casado com a Camila, e tem três filhos: Laila, Isabella e Gustavo. Fez o Mestrado em Ministérios no Seminário Bíblico Palavra da Vida. Formado em Educação Física pela Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB).
*****
Fonte:http://abre.ai/SQp

quarta-feira, 8 de maio de 2019

"O que é a vontade de Deus?"

08.05.2019
Do blog GOT QUESTIONS


Resposta: Quando se fala da vontade de Deus, muitas pessoas veem três aspectos diferentes a seu respeito na Bíblia. O primeiro aspecto é conhecido como a vontade decretiva, soberana ou oculta de Deus. Esta é a "final" vontade de Deus. Esta faceta da vontade de Deus vem do reconhecimento da soberania de Deus e dos outros aspectos da Sua natureza. Esta expressão da vontade de Deus se concentra no fato de que Ele soberanamente ordena tudo o que chega a acontecer. Em outras palavras, não há nada que aconteça que seja fora da vontade soberana de Deus. Este aspecto da vontade de Deus é visto em versículos como Efésios 1:11, onde aprendemos que Deus é aquele "que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade", e Jó 42:2: "Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado". Este ponto de vista da vontade de Deus é baseado no fato de que, porque Deus é soberano, sua vontade nunca pode ser frustrada. Nada acontece que esteja além de seu controle. 

Esta compreensão da Sua vontade soberana não implica que Deus faça tudo acontecer. Pelo contrário, ela reconhece que, por causa da Sua soberania, Ele deve pelo menos permitir que as coisas aconteçam. Este aspecto da vontade de Deus reconhece que, mesmo quando Deus permite passivamente que as coisas aconteçam, Ele tem que optar por permiti-las, uma vez que sempre tem o poder e o direito de intervir. Deus pode sempre optar por permitir ou interromper as ações e eventos deste mundo. Portanto, assim como Ele permite que as coisas aconteçam, elas fazem parte da Sua "vontade" neste sentido da palavra. 

Embora a vontade soberana de Deus seja muitas vezes escondida de nós até que chegue a acontecer, há um outro aspecto da Sua vontade que é claro para nós: Sua vontade perceptiva ou revelada. Como o nome indica, esta faceta da vontade de Deus significa que Deus escolheu revelar parte da Sua vontade na Bíblia. A vontade perceptiva de Deus é a Sua vontade declarada a respeito do que devamos ou não fazer. Por exemplo, por causa da vontade revelada de Deus, podemos saber que é a Sua vontade que não roubemos, que amemos nossos inimigos, que nos arrependamos de nossos pecados e que sejamos santos como Ele é santo. Esta expressão da vontade de Deus é revelada tanto em Sua Palavra quanto na nossa consciência, através da qual Deus escreveu Sua lei moral nos corações de todos os homens. As leis de Deus, quer encontradas na Escritura ou em nossos corações, são vinculativas para nós. Teremos que prestar contas por desobedê-las. 

Compreender esse aspecto da vontade de Deus reconhece que, embora tenhamos o poder e a capacidade para desobedecer os mandamentos de Deus, não temos o direito de fazê-lo. Portanto, não há desculpa para o nosso pecado e não podemos afirmar que ao escolher pecar estamos simplesmente cumprindo o decreto ou vontade soberana de Deus. Judas estava cumprindo a vontade soberana de Deus ao trair Cristo, assim como os romanos que O crucificaram estavam. Isso não justifica os seus pecados. Eles não eram menos perversos ou traiçoeiros, e tiveram que prestar contas pela sua rejeição de Cristo (Atos 4:27-28). Mesmo que em Sua soberana vontade Deus permita, ou permita que aconteça, o pecado, ainda teremos que prestar contas a Ele. 

O terceiro aspecto da vontade de Deus que vemos na Bíblia é a permissiva ou perfeita vontade de Deus. Esta faceta da vontade de Deus descreve a Sua atitude e define o que é agradável a Ele. Por exemplo, embora seja claro que Deus não tem prazer na morte do ímpio, é igualmente claro que ele permite ou decreta a sua morte. Esta expressão da vontade de Deus é revelada em muitos versículos da Bíblia que indicam o que alegra a Deus ou não. Por exemplo, em 1 Timóteo 2:4, vemos que Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade, mas sabemos que a vontade soberana de Deus é que "Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6:44). 

Se não tivermos cuidado, podemos facilmente ficar preocupados ou até mesmo obcecados em encontrar a "vontade" de Deus para as nossas vidas. No entanto, se a vontade que estivermos buscando for a Sua vontade secreta, oculta ou decretiva, estamos em uma busca tola. Deus não escolheu revelar esse aspecto de Sua vontade para nós. O que devemos procurar conhecer é a vontade perceptiva ou revelada de Deus. O verdadeiro sinal de espiritualidade é quando desejamos conhecer e viver segundo a vontade de Deus assim como revelada nas Escrituras, e ela pode ser resumida como "Sejam santos, porque eu sou santo" (1 Pedro 1:15-16). Nossa responsabilidade é obedecer a Sua vontade revelada e não especular sobre o que a Sua vontade oculta talvez seja. Embora devamos buscar ser "guiados pelo Espírito Santo", nunca devemos esquecer que o Espírito Santo está principalmente nos guiando à justiça e a nos conformarmos à imagem de Cristo para que a nossa vida glorifique a Deus. Deus nos chama a viver nossas vidas de toda palavra que proceda da Sua boca. 

Viver de acordo com a Sua vontade revelada deve ser o principal objetivo ou propósito de nossas vidas. Romanos 12:1-2 resume esta verdade, pois somos chamados a nos oferecer "em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Para conhecermos a vontade de Deus, devemos nos aprofundar na escrita Palavra de Deus, saturando as nossas mentes com ela e orando para que o Espírito Santo nos transforme através da renovação de nossas mentes, de modo que o resultado seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. 


****

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

O triste significado atual de “evangélico”

21.01.2019
Do portal evangélico CHAMADA
Por pastor Lothar Gassmann*

“Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus...” (1Pedro 4.17)

A imagem pode conter: multidão

“Evangélico” era a definição que identificava cristãos fiéis à Bíblia, que levavam a sério a Palavra de Deus no ensino e no viver, sem supressões ou acréscimos. Hoje, porém, o termo infelizmente se tornou inconsistente. Numa época em que seria necessária uma oposição especial ao espírito anticristão da época, muitos evangélicos estão em litígio recíproco, infiltrados, mundanizados, contemporizados, fracos na fé, desanimados e debilitados. As discussões, cisões e escândalos dos últimos tempos são provas suficientes. O único satisfeito com essa situação é o Diabo, ao qual resta “pouco tempo” (Apocalipse 12.12) e espera que o reinado do Anticristo se desenvolva possivelmente sem entraves. Aqui estão alguns exemplos dessa triste situação, que esperamos que seja revertida. Em muitos círculos e comunidades de cristãos encontramos:
  • a substituição de uma postura bíblica consistente por sistemas contrários à Bíblia e afirmações abertas ou adaptadas para, por exemplo, a relativização das doutrinas bíblicas da Criação, igreja e sobre o fim dos tempos;
  • a introdução de enganos do humanismo, feminismo, evolucionismo e outros “ismos”;
  • a relativização ou inobservância de padrões éticos bíblicos, referentes a, por exemplo, concubinato, divórcio com base em mera “desordem”; opiniões, moda e estilo musical mundano;
  • a falta de disciplina na igreja em caso de pecados crassos e falsas doutrinas que destroem a igreja;
  • a ascendência do “eu” (mesmo o “eu piedoso”), com seus “privilégios” em relação à majestade e santidade de Deus;
  • a substituição de verdadeiro discipulado bíblico de confissão de pecados, arrependimento e perdão por métodos de psicologia humanista;
  • a prática da “cultura do entretenimento” nas igrejas com shows, festas e jogos de diversão;
  • a mercantilização do evangelho por meio de eventos agressivos de divulgação de editoras, altos cachês para artistas, além de “pregações de arrecadação” desleais, manipuladas e incisivas;
  • a apresentação de um evangelho de “bem-estar” e de “prosperidade”;
  • a substituição do ensino bíblico por uma “cultura romântica” superficial;
  • o crescente prejuízo do teor bíblico e da profundidade doutrinária em favor de experiências e necessidades humanas em muitos novos hinos cristãos;
  • a crescente omissão com relação a temas bíblicos básicos como “pecado”, “arrependimento”, “cruz”, “seriedade do discipulado”, “inferno” e “perdição eterna”;
  • a antiga ênfase para o amor e “ternura” de Deus em relação à santidade e à seriedade de seu juízo;
  • a substituição do espírito bíblico de confissão e resistência por uma busca errônea de unidade e harmonia;
  • a total falta de ênfase da apologética bíblica (doutrina sobre identificação dos espíritos ou defesa da fé);
  • a crescente abertura para um ecumenismo de denominações (em parte também de religiões), existente inclusive entre alguns líderes evangélicos;
  • a ridicularização de irmãos que desejam se manter firmes aos claros padrões da Escritura Sagrada, rotulando-os de “limitados”, “legalistas” e “antiquados”.
Certamente isso – graças a Deus – não acontece em todas as igrejas “evangélicas”. No entanto, a pergunta deve ser feita: será que os cristãos que “valorizam” uma vida cristã tão pobre e superficial estão aptos a enfrentar o Anticristo e os seus precursores? Temo que não, e por isso mencionarei no próximo texto alguns critérios para uma vida cristã resiliente e preparada para o fim dos tempos.
***
*Lothar Gassmann nasceu em 1958 na cidade alemã de Pforzheim. É pregador, professor, evangelista e publicista. Escreveu numerosos livros, artigos e canções na área teológica. Desde 2009, é colaborador do Serviço das Igrejas Cristãs (CGD, na sigla original) e editor da revista trimestral Der schmale Weg [O Caminho Estreito]. Completou seu doutorado em teologia em 1992, na Universidade de Tubinga, na Alemanha.
*****
Fonte:https://www.chamada.com.br/meditacoes/somente_jesus_cristo/triste_significado_de_evangelico.html

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

As heresias e a política: C. S. Lewis em tempo de eleição

08.11.2018
Do portal ULTIMATO ON LINE, 15.10.18
Por Paulo Ribeiro


Uma das tentações mais “eficientes” e, talvez, a mais usada nas nossas escolhas, especialmente em tempo de eleições, é a redução do bem ou do mal à apenas um aspecto. E, é nesse contexto, que aparecem as heresias morais mais comuns.

C. S. Lewis lutou contra muitas dessas heresias morais. Por exemplo:

Moralismo: A idolatria da bondade moral como a coisa mais importante.
Subjetivismo: A redução da bondade ou da maldade à subjetividade.
Positivismo: A redução dos valores de bondade ou maldade a uma escolha humana.
Relativismo cultural: A redução da bondade e da maldade a um lugar ou cultura.
Emotivismo: A redução da bondade ou maldade às emoções.
Utilitarismo: A redução da bondade à utilidade ou eficiência.
Hedonismo: A redução da bondade ao prazer.
Pragmatismo: A associação da fraqueza à bondade e do poder à maldade.
Cinismo: A negação da existência da bondade humana.
Nominalismo: A redução da bondade à tradição.
Secularismo: A redução do bem ao meramente material.

E Lewis também lutou contra outras heresias. Por exemplo:

Esnobismo: Cronológico: só vale o que é novo. 
Militarismo e o Patriotismo Irracional: meu país sempre, certo ou errado.
Fundamentalismo: A redução da bondade à obediência às doutrinas religiosas.

Lewis também promoveu o debate Socrático, rejeitou a superioridade da elite intelectual e política, e encorajou uma reflexão profunda das coisas que levam em conta tanto a observação teórica como o envolvimento prático com a realidade.

Nas Cartas do Diabo, C.S. Lewis observa que os Cristãos cometem dois erros opostos com relação aos espíritos malignos. Um erro é tratar esses espíritos como uma forma de superstição e o outro é se tornar obcecado, achando que tudo está relacionado com eles. E este sentimento é transportado para política. Para uns a política é coisa demoníaca e deve ser evitada. Para outros, a política – a cada eleição –, é sua única esperança e a ela se entregam de todo o seu coração.

Enfim, são muitos os desafios da política para os cristãos, especialmente com as “cruzadas” que envenenam o ambiente, demonizam os adversários e, quase sempre, reduzem as campanhas a um ou outro “problema específico”.

Política também não é algo para ser tratado com as emoções. É mais como educar uma família ou dirigir um negócio – requer compromissos de longo prazo. Não é uma “disputa” para ver quem ganha mais, mas um meio para trazer justiça, dignidade e proteção à vida humana – do berço à sepultura.

É preciso cuidado com as heresias. Elas podem nos levar a decisões catastróficas.

Leia mais



*****
Fonte:https://www.ultimato.com.br/conteudo/as-heresias-e-a-politica-c-s-lewis-em-tempo-de-eleicao

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Fé cristã e fake news

01.06.2018
Do portal GOSPEL PRIME
Por Alex Esteves

“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (cf. I Jo 4.1).


Em meio a toda a discussão sobre pós-verdade e fake news, preocupa-me especialmente a facilidade com que muitos cristãos dão crédito a mensagens sem fundamento compartilhadas em mídias e redes sociais. Além da adesão a sites  especializados em espalhar mentiras, há o compartilhamento de textos, áudios e vídeos contendo histórias sem a mínima comprovação, e até falsas profecias.
É assim, por exemplo, que se espalham fotos de pessoas mortas dizendo tratar-se de missionários martirizados nesse ou naquele país, quando uma simples checagem na própria internet é suficiente para provar que a imagem se refere a coisa diversa; áudios com uma voz pesarosa diante do juízo apocalíptico que Deus supostamente enviaria ao Brasil por meio de uma tsunami contra várias cidades; vídeos com explicações duvidosas acerca da última “treta” do mundo gospel; textos sobre reuniões secretas da ONU, com a presença dos mais importantes líderes mundiais, destinadas a perseguir os cristãos de todas as nações; notícias infundadas de que o presidente é satanista…
Num tom afetado, de alegada espiritualidade, essas mensagens convocam à oração – quem, em sã consciência, sendo cristão, seria contra a necessidade de orar? Outros pensam: “Não sei se é verdade, mas poderia ser”. E espalham a mentira porque ela serve à narrativa, “cumpre a profecia” ou “tem a ver”.
Não é tão difícil constatar a falsidade de uma mensagem que recebemos: geralmente as notícias falsas são sensacionalistas, aproveitando-se do medo e da ansiedade para atrair seu público; citam fatos e pessoas reais, retalhos dos últimos acontecimentos, para adquirir uma aparência de plausibilidade, mas acrescentam informações que não podem ser comprovadas, porque desprovidas de fontes confiáveis; não é incomum essas postagens conterem erros gramaticais, históricos, geográficos ou de outra natureza.
A credulidade é um problema muito grave, não só do ponto de vista intelectual, educacional e cultural, mas principalmente espiritual, porque diz respeito ao modo como a pessoa constitui seu sistema de crenças e àquilo que considera fundamento da verdade.
Fico imaginando se as pessoas que depositam sua confiança em boatos de redes sociais usam a mesma disposição mental e os mesmos critérios para aferir o que é certo e o que é errado à luz da Bíblia. Como esses cristãos crédulos avaliam pregações? De que lhes serve uma pregação expositiva? É com a fé que se aproximam das Escrituras ou é com aquela credulidade que as torna presas fáceis das fake news?
A Bíblia exorta-nos à , não à credulidade: “O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos” (cf. Pv 14.15); “O coração do sábio buscará o conhecimento, mas a boca dos tolos se apascentará de estultícia” (cf. Pv 15.14); “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (cf. At 17.11); “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (cf. I Jo 4.1).
Nós, cristãos, não fomos chamados a crer pura e simplesmente, mas a crer em Deus, na Pessoa de Cristo, conforme as Escrituras.
Fé é confiança na palavra de Deus (cf. Hb 11.1). Fé é uma resposta positiva à graça divina (cf. Ef 2.8). Credulidade, por sua vez, é a inclinação a acreditar celeremente no que se ouve ou lê, sem juízo crítico, sem capacidade de avaliação. Lembro, aqui, do interessante opúsculo de John Stott intitulado Crer é também pensar (publicado no Brasil pela ABU Editora), cujo título original é Your mind matters (“Sua mente importa”).
Os servos de Deus, os quais têm “a mente de Cristo” (cf. I Co 2.16), devem examinar todas as coisas (cf. I Ts 5.21) e ser “sóbrios” (cf. I Pe 4.7; “criteriosos”, na versão Almeida Revista e Atualizada). Acreditar facilmente em qualquer coisa atenta contra o caráter de Cristo. A fé cristã produz no convertido uma disposição mental renovada, a restauração progressiva de sua capacidade intelectiva, até que ele seja completamente liberto dos efeitos noéticos da Queda, o que acontecerá quando da glorificação prometida ao que crê (cf. Rm 8.23; I Jo 3.2).
Temo sinceramente que muitos cristãos recebam as pregações da mesma forma como recebem (e depois espalham) notícias falsas disseminadas na internet: se a pregação compartilhada for bíblica, não haverá o que objetar, senão pelo exíguo benefício que poderão extrair da palavra aqueles que forem deficientes em sua análise; o problema é que, em virtude do juízo crítico pouco aguçado, os crédulos costumam ser atraídos por pregadores sensacionalistas, triunfalistas, de autoajuda, promotores de “eisegese” em lugar de exegese, o que talvez explique, ao menos em parte, a crise em que se acha (e se perde) a Igreja evangélica brasileira.
*Alex Esteves Ministro do Evangelho em Salvador/BA. Membro do Conselho de Educação e Cultura da CONFRAMADEB. Bacharel em Direito. Casado e pai de três filhos
******
Fonte:https://artigos.gospelprime.com.br/fe-crista-e-fake-news/

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

CONDUTA CRISTÃ:Cinquenta Tons de Pornografia

09.02.2018
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 04.02.2013
Por Pr. Tim Challies

challies-50-tons
A pornografia tem sido tradicionalmente uma indústria que atende quase inteiramente aos homens. Sempre houve exceções, é claro, mas predominantemente eram homens que compravam revistas e vídeos numa era pré-digital e têm sido os homens que tornaram a pornografia uma indústria multibilionária na era da Internet. Se a indústria faz seu próprio caminho, está prestes a mudar.

Nós tendemos a crer que homens são especialmente inclinados à sedução da pornografia. Homens tendem a ser estimulados visualmente, homens tendem a se masturbar mais na adolescência — nós ouvimos as razões. Mas considere isto: E se a relação entre os homens e a pornografia está relacionada a um tipo muito específico de pornografia? E se as mulheres não foram atraídas para a pornografia, pelo menos em parte, porque a indústria simplesmente não tentou criar e comercializar pornografia que apela primariamente a elas? E se isso está prestes a mudar?

Mulheres, vocês precisam estar conscientes, pois os pornógrafos estão vindo atrás de vocês. Sim, vocês.

Há muito que pode ser dito a respeito da série de livros 50 Tons de Cinza; o que está além de contestação é que os livros — que estão atualmente em 65 milhões de cópias — chocaram o mundo da publicação revelando a existência de um mercado antes inexplorado. O segredo está revelado: há milhões de mulheres que lerão pornografia mesmo se elas tiverem pouco interesse em assistir a pornografia. Editores, tanto comuns quanto pornográficos, estão anotando. Estão estudando o fenômeno 50 tons para ver como eles podem duplicá-lo, ou pelo menos aproveitar-se de seu sucesso. Como qualquer indústria, eles têm pesquisas e grupos de concentração e estatísticas, e infinitas quantidades de dados que primeiro medem, e depois transformam o comportamento.

Um recente artigo na CNBC explica que a pornografia tradicional foi criada por homens, para homens. Esta pornografia tende a afastar qualquer coisa além do mais rudimentar enredo em favor da mais barulhenta exibição de fantasias extremas. É pura carnalidade e as mulheres tendem a não achar isso especialmente sedutor. De fato, muitas acham francamente repulsivo, especialmente se elas acham que seus maridos querem que elas reproduzam algumas daquelas coisas. Mas 50 tons e outros produtos recentes estão provando, para a surpresa de muitos, que as mulheres são, também, sexuais. Onde os pornógrafos pensavam que as mulheres simplesmente não estavam interessadas, agora veem que elas podem estar muito interessadas, mas isso exigirá um tipo diferente de produto. A indústria está se ramificando numa tentativa de tirar vantagem. Estão agora trabalhando duro para criar pornografia para mulheres.

Em contraste com a pornografia tão predominante hoje, essa nova pornografia tem uma estória, um enredo. O fundador e presidente de uma empresa diz: “Não vamos filmar posições hardcore ou os mais extremos elementos de filmes adultos. Isso é mais fazer amor do que [termo vulgar].” Ela se concentra em questões que possam repercutir entre as mulheres: apaixonar-se pela primeira vez, ou a fuga de um casamento que perdera seu brilho. É essencialmente comédia romântica, uma leve novela romântica, mas com o conteúdo sexual aumentado tanto em tempo quanto na explicitude. 

Afinal, o que é Cinquenta Tons de Cinza senão um romance com 60 ou 70 páginas de sexo gráfico e excêntrico? Uma roteirista e diretora desse tipo de filme foi citada na revista Slate dizendo: “Nós fizemos pesquisas demográficas suficientes para saber que uma grande porcentagem de mulheres que assistem nossos filmes não querem ver [atos sexuais vulgares e gráficos]. … Elas querem sexo conectado e muitas preliminares. Achamos que casais mais velhos gostam de assistir isso porque são da era antes da internet, e o que estamos oferecendo é muito mais manso e construído no momento ao invés de estar lá na sua cara.”

Os pornógrafos estão até criando mais filmes para casais. Isso é pornografia que pode unir as distâncias; um pouco manso demais para homens, e um pouco vigoroso demais para mulheres, mas é feito para ser experimentado juntos. É um meio de convidar os outros ao quarto do casal, mesmo que apenas virtualmente. Pode até mesmo servir como um portal, um meio de um homem apresentar a pornografia à sua esposa.
 
Em qualquer caso, quer a pornografia seja para homens, mulheres ou casais, o coração dela é o mesmo. Tudo se trata de fantasia, de imaginar-se em um contexto diferente com uma pessoa diferente fazendo coisas diferentes. É um homem imaginando uma mulher que se comporta como um homem, ou uma mulher imaginando um homem que se comporta como uma mulher.
 
Essa pornografia para mulheres já está disponível, e mais vem por aí. Muito mais. Essa indústria sabe o que atrai os homens e sabem exatamente como comercializar, exatamente onde colocar para fazê-los comprar. E agora estão vindo atrás das mulheres. Estão estudando as mulheres e aprendendo exatamente como comercializar e exatamente onde colocar para fazer com que você também compre. Se foram tão bem sucedidos com homens, deveríamos zombar e imaginar que eles não poderiam jamais ser bem sucedidos da mesma maneira com mulheres?

As mulheres podem imaginar-se olhando para esse tipo de pornografia entediadas, pensando que serão imunes a ela. Mas lembre-se, há muitos produtos que você usa hoje, muitos produtos que você não pude imaginar sua vida sem eles, que teriam gerado a mesma reação. Se dez anos atrás alguém tivesse descrito o Facebook para você, você teria rido alto. Muitas pessoas riram do iPhone e do automóvel também. Nós frequentemente não sabemos o que queremos ou precisamos até que essas mesmas coisas sejam comercializadas para nós. Elas são comercializadas habilidosamente e sutilmente em medida crescente.

Espero que a indústria seja menos bem sucedida em criar pornografia que atraia tão bem as mulheres e esteja tão facilmente disponível para elas. Espero que as mulheres sejam mais perspicazes que os homens quando se trata da sedução da pornografia e que elas estejam equipadas para resistir a ela com sucesso. Mas com toda a devastação que a pornografia trouxe aos homens, suas famílias, suas igrejas, por que Satanás não tentaria repetir seu golpe de mestre? Até agora, a sedução da pornografia tem sido primariamente sentida por homens mesmo enquanto muito da dor que ela causa tem sido descarregada sobre suas esposas. Amanhã podemos ter também muitos homens feridos, chorando pelo que eles descobriram e nunca teriam suspeitado a respeito das mulheres que amam.
Não há razão para temer, mas há toda razão para ficar atento. Há toda razão para ser humilde e duvidar de si mesmo. “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Coríntios 10:12). Temos toda a razão para tornar isso um motivo de oração.

*Tim Challies é pastor da igreja Grace Fellowship, em Toronto, no Canadá, editor do site de resenhas Discerning Reader e cofundador da Cruciform Press. Casado com Aileen e pai de três filhos, ele também é blogueiro, web designer e autor de várias obras.
******
Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/02/tim-challies-cinquenta-tons-de-pornografia/?utm_source=inf-resumo-diario-ve&utm_medium=inf-resumo-diario-ve&utm_campaign=inf-resumo-diario-ve