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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

DOUTRINA DA SALVAÇÃO: Compreendendo a Graça Preveniente

16.11.2017
Do portal CPADNEWS, 09.11.17
Por Valmir Nascimento

Valmir NascimentoNa soteriologia arminiana, a graça preveniente é uma doutrina essencial. Graça preveniente é o termo teológico que explica a forma como Deus capacita o homem previamente para que possa atender ao chamado da salvação. Assim como muitas outras doutrinas bíblicas, a exemplo da Trindade e da depravação total, o termo “graça preveniente” não se encontra expressamente[1] nas Escrituras, mas o ensino sim, visto tratar-se de uma categoria bíblica tácita, evidenciada por meio da interpretação sistemática do Texto Sagrado.
A graça preveniente está dentro do retrato maior das Escrituras, a partir da compreensão do trabalho divino para a salvação do homem[2]. Brian Shelton, com razão, afirma que a teologia sistemática examina cada doutrina à luz do maior testemunho das Escrituras para maior coerência ou correção. “Esta é a melhor maneira de testar a nossa interpretação de qualquer doutrina bíblica, incluindo o de nossa capacidade restaurada a crer em Cristo”[3].
Ao captar essa perspectiva H. Ray Dunning aponta, então, que a graça preveniente é “uma categoria teológica desenvolvida para capturar um motivo bíblico central”[4]. Ela é o resultado da análise cumulativa do texto bíblico, tendo como parâmetro as seguintes verdades: a Queda de Adão; a redenção proporcionada por Deus em Cristo; a incapacidade do homem de, e por si mesmo, voltar-se para Deus; a graça de Deus trazendo salvação a – todos –  os homens; o convite para que o homem se arrependa de seus pecados e creia (tenha fé) na obra de Cristo; a atuação de Deus para o convencimento e preparação do coração do pecador e; a possibilidade de resistência pelo homem.
Uma vez harmonizadas, essas verdades bíblicas deixam entrever a veracidade do conceito teológico da graça preveniente.
Etimologicamente, advém do latim gratia praevenians (prae = antes de + venire = venha), ou seja, “graça que vem antes”. Antes de quê? Antes de qualquer coisa no processo de salvação. Daí porque Jeff Paton recorda que muitos outros termos poderiam ser usados para descrever esta obra de Deus, como iniciativa divina, graça anterior e graça preparatória[5].
Em uma definição inicial, portanto, a graça preveniente é o meio pelo qual Deus, antes de qualquer ação humana, atrai graciosamente o pecador e o capacita espiritualmente para que se arrependa e se converta a Cristo. Ela não salva por si só[6], mas apenas permite o arrependimento, criando uma condição favorável para que todos venham a crer (Jo 3.16).
O expositor bíblico Willian Burton Pope afirma que ela “é a única causa eficiente de todo o bem espiritual no homem; do começo, continuação e consumação da religião na alma humana”[7]. Roger Olson[8] expressa que a graça preveniente é a poderosa, porém resistível, atração de Deus para que o pecador se arrependa. Assim, uma pessoa é salva porque Deus iniciou uma relação e habilitou tal pessoa a responder livremente com arrependimento e fé. Desse modo, ninguém pode ser salvo sem o auxílio sobrenatural, do início ao fim, do Espírito Santo, bastando que a pessoa não lhe resista.
Em sua obra Prevenient Grace: God´s provision for fallen humanity, W. Brian Shelton diz que “a doutrina da graça preveniente fornece um link – uma solução – para a lógica desconexão entre a depravação espiritual humana e a necessidade de crer para a salvação”[9].
A graça preveniente, portanto, é o meio pelo qual Deus vai ao encontro do pecador para começar a obra da salvação, atraindo-o e capacitando-o espiritualmente para responder à obra divina. Tal doutrina bíblica ensina que em se tratando de salvação é Deus quem toma a iniciativa de chegar-se ao homem caído, e nunca o contrário, reconhecendo ao mesmo tempo tanto a total depravação humana quanto a possibilidade de o homem resistir a essa oferta graciosa.
Nesse sentido, Jacó Armínio tinha um profundo compromisso com a graça divina, e por isso atribuía a ela a causa principal das bênçãos espirituais. O exame das obras do teólogo holandês seria suficiente para afastar qualquer alegação de que ele teria defendido uma salvação baseada no mérito e na capacidade do livre arbítrio do homem. Armínio tinha total convicção bíblica e factual dos efeitos devastadores decorrentes da Queda no pecado e da completa incapacidade do homem de conseguir o favor divino, seja pensar, querer, ou fazer, por si mesmo, o que é realmente bom, necessitando para tanto da benevolência prévia e contínua de Deus.
Em Declarações de Sentimentos ele escreve:
Mas em seu estado de descuido e pecado, o homem não é capaz de pensar, nem querer, ou fazer, por si mesmo, o que é realmente bom; pois é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições e desejos, e em todos os seus poderes, por Deus, em Cristo, por intermédio do Espírito Santo, para que possa ser corretamente qualificado para entender, estimar, considerar, desejar e fazer aquilo que realmente seja bom. Quando ele é feito participante dessa regeneração ou renovação, considero que, estando liberto do pecado, ele é capaz de pensar, de querer e fazer aquilo que é bom, mas ainda não sem a ajuda continuada da graça divina.[10]
Desta maneira, atribuo à graça o início, a continuidade e a consumação de todo o bem, de tal forma que, sem a sua influência, um homem, mesmo já estando regenerado, não pode conceber, nem fazer bem algum, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem essa graça emocionante e preventiva, que coopera com o homem. Como fica claro a partir desta afirmação, de maneira nenhuma cometo alguma injustiça à graça, atribuindo, como é relatado de mim, uma quantidade excessiva de coisas ao livre-arbítrio do homem. Toda a controvérsia se reduz à solução desta questão: “A graça de Deus é uma certa força irresistível?” Ou seja, a controvérsia não se relaciona às ações ou operações que podem ser atribuídas à graça (pois reconheço e inculco mais dessas ações ou operações do que qualquer outro homem já o fez), mas se refere apenas ao modo de operação, irresistível ou não. Com relação a este tópico, creio eu, de acordo com as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que lhes é oferecida[11].
Armínio reitera o conceito de graça preveniente presente na história da tradição cristã ao defender o favor divino antecedente que coopera com o homem antes mesmo da sua conversão, excluindo qualquer mérito humano. Evidentemente, ele não propõe uma nova doutrina heterodoxa, mas se vale de um conceito teológico tratado anteriormente na história da cristandade, inclusive pelo próprio Agostinho, e por teólogos do período medieval.
O ponto discordante no ensino da graça preveniente entre Armínio e Agostinho está na forma como se responde à seguinte indagação: “A graça de Deus é uma certa força irresistível?”. Por isso, Armínio é enfático ao dizer que “a controvérsia não se relaciona às ações ou operações que podem ser atribuídas à graça (pois reconheço e inculco mais dessas ações ou operações do que qualquer outro homem já o fez), mas se refere apenas ao modo de operação, irresistível ou não”[12].
Assim, enquanto a teologia agostiniana e calvinista responde de forma positiva à pergunta formulada, para dizer que a graça preveniente é irresistível, Armínio sustenta à luz das Escrituras que a resposta a tal indagação é negativa, sendo a graça preveniente resistível, podendo o homem rejeitá-la.
Em sua perspectiva, conforme escrito em sua Declaração de Sentimentos, “a graça é branda e se mescla com a natureza do homem, para não destruir dentro dele a liberdade da sua vontade, mas para lhe dar uma direção correta, para corrigir a sua depravação, e parar permitir que o homem possua as próprias noções adequadas”[13].
O teólogo holandês é enfático em afirmar que a Queda afastou o homem de Deus, colocando-o em uma “condição de aprisionamento da vontade”. Agora, “a mente do homem é escura, destituída do conhecimento salvífico de Deus e, de acordo com o apóstolo Paulo, incapaz de alcançar as coisas que pertencem ao Espírito”[14] pelo seu próprio esforço. Disso resulta a perversidade das afeições do coração, passando a buscar o que é mal.
Em tal condição, o homem não pode agradar a Deus (Rm 8.7,8), pois o seu coração é, segundo as Escrituras, “enganoso e perverso”, “duro” e de “pedra” (Jr 13.10; Jr 17.9; Ez 36.26), cuja imaginação é “só má continuamente” desde a meninice (Gn 6.5; 8.21). Logo, estando o homem morto em pecado (Rm 3.10-19), segue-se que a “nossa vontade não é livre desde a primeira Queda; ou seja, ele não é livre para o bem, a menos que seja libertado pelo Filho, por meio de seu Espírito”.[15] Isso ocorre quando:
(...) uma nova luz e o conhecimento de Deus e de Cristo e da vontade divina são acesos em sua mente; e quando novas afeições, inclinações e deslocamentos que estão de acordo com a vontade de Deus são incitados em seu coração, e novos poderes são produzidos nele; acontece que, sendo liberto do império das trevas e tendo sido feito agora ‘luz do Senhor’ (Ef 5.8), ele compreende o verdadeiro bem que pode salvá-lo[16].
Consequentemente, essa renovação altera completamente a condição humana e a sua capacidade de escolha. Uma vez que a dureza do coração de pedra é transformada em maciez da carne, e a Lei de Deus de acordo com a aliança da graça é inscrita nele (Jr 31.32, 3), o homem passa a abraçar aquilo que é bom, justo e santo.
Armínio, então, sublinha com vivas cores que “o início da obra de qualquer boa coisa assim como o seu progresso, continuidade e com e confirmação, e ainda além, a perseverança no bem não vêm de nós mesmos, mas de Deus, por meio maravilhoso Espírito Santo, uma vez que ‘aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo’ (Fp 1.6)”[17]. Ele atribui importância tanto à graça subsequente quanto à graça preveniente, ao dizer:
A graça subsequente ou a graça que vem a seguir assiste, de fato, o bom propósito do homem; mas esse bom propósito não teria existência, exceto por meio da graça precedente ou antecipada; E embora o desejo do homem, chamado bom, possa ser assistido pela graça logo que nasce, ainda sim, ele não nasce sem a graça; é inspirado por aquele sobre quem o apóstolo Paulo nos escreve, dizendo: ‘Graças a Deus, que pôs a mesma solicitude por vós no coração de Tito’. É Deus que incita qualquer um a ter ‘solicitude’ por outro; Ele colocará no ‘coração’ de outra pessoa o mesmo sentimento de ‘solicitude’ por Ele”[18].
Logo se vê que a teologia arminiana está encharcada da graça de Deus, seja antes ou depois da decisão do homem, como causa interior da salvação. É, portanto, a graça preveniente que restabelece o arbítrio no homem, a fim de poder entregar-se a Cristo. Nesse sentido, para Armínio a liberdade cristã é o estado de plenitude de graça e verdade em que os crentes ao colocados por Deus, por intermédio de Cristo. A causa eficiente é Deus, que exibe essa liberdade, mas depende do recebimento por parte do homem, mediante a fé em Cristo (Jo 1.12; Rm 5.2; Gl 3.26)[19].
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*Valmir Nascimento é ministro do evangelho, jurista, teólogo e mestrando em teologia. Possui pós-graduação em Direito e antropologia da religião. Professor universitário de Direito religioso, Ética e Teologia. Editor da Revista acadêmica Enfoque Teológico (FEICS). Membro e Diretor de Assuntos Acadêmicos da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Analista Jurídico da Justiça Eleitoral. Escritor e palestrante. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD (Jesus e o seu Tempo). Evangelista da Assembleia de Deus em Cuiabá/MT.
NOTAS  E REFERÊNCIAS

[1] SHELTON, Brian W. Preveniente Grace: God’s Provision for fallen humanity. Indiana: Francis Asbury Press, 2014, posição 3443.
[2] SHELTON, 2014, posição 3443.
[3] SHELTON, 2014, posição 3443.
[4] SHELTON, 2014, posição 3475.
[5] PATTON, Jeff. Preveniente Grace. Disponível em: <http://www.eternalsecurity.us/prevenient_grace.htm&gt;. Acesso em 10 de maio de 2016.
[6] SHELTON, 2014, posição 106.
[7] POPE, Willian Burton. Apud: PATTON, Jeff.
[8] OLSON, Roger. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 212.
[9] SHELTON, 2014, posição 313.
[10] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 231.
[11] ARMÍNIO, 2015, p. 232.
[12] ARMÍNIO, 2015, p. 232.
[13] ARMÍNIO, 2015, p. 209.
[14] ARMÍNIO, 2015, p. 473.
[15] ARMÍNIO, 2015, p. 475.
[16] ARMÍNIO, 2015, p. 475.
[17] ARMÍNIO, 2015, p. 476.
[18] ARMÍNIO, 2015, p. 477.
[19] ARMÍNIO, 2015, p. 536.
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Fonte:http://www.cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/enfoque-cristao/130/compreendendo-a-graca-preveniente.html

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

ACONSELHAMENTO CRISTÃO:Mulher, priorize seu tempo com Deus em 2018

15.11.2017
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 08.11.17
Por Renata Gandolfo*

mulher-priorize-seu-tempo-2018


Ovelha, iniciamos este ano oferecendo recursos para que cada uma de nós pudesse ter consciência e valorizar seu tempo com o Senhor. Eu passei o ano todo lutando para que os recursos chegassem até você e para que estivesse alimentada e focada em buscar ao Senhor todos os dias de 2017.
Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Lucas 12.33-34
É preciso ter sabedoria e dependência do Senhor até mesmo para nos mantermos diante de Cristo. Preciso dizer que muitos dias eu lutei com meu tempo. Você já percebeu como o tempo escoa rapidamente pelo vão de nossos dedos? (inclusive quando eles estão teclando?). Eu ainda nem comecei a expor os infindáveis recursos que Cristo nos proporciona na sua Palavra e o relógio me avisa que tem outro compromisso esperando por mim. Estamos em novembro e percebo que muitos dos meu dias foram usados para remediar alguma emergência. Mas eu preciso te contar uma coisa que o Senhor me deu este ano, este ano eu estive com o Senhor em particular com muito mais compromisso do que em anos anteriores e posso concluir que pela graça eu fui treinada pelas aflições dos anos anteriores a buscar o Senhor todos os dias, várias vezes por dia. Também tive treinamento nas madrugadas, orando insistentemente por algum motivo que estava completamente fora de meu alcance sanar, somente Deus poderia trabalhar naquela questão, então lá estava eu prostrada diante do trono do Todo-Poderoso.
Orai sem cessar. 1 Tessalonicense 5.17
Em dias de intenso trabalho, eu parei tudo, no ponto em que estava, mesmo faltando finalizar, interrompi o barulho do mundo para estar com o meu Senhor, porque depois de muitas lutas sangrentas aprendi que sem Ele nada posso fazer. Lembra aquele texto que deixei aqui para você ler sobre prioridades? Então, eu vivi neste ano a escolha que fiz de estar primeiro com meu Senhor e depois fazer as outras coisas. Isso é graça abundantemente derramada do trono de Deus sobre minha existência.
Estou contando isso para você hoje porque nos aproximamos do final do ano e aquele momento de balanço do ano que passou (aproveita e faz aquele memorial!) e as promessas e planos (lembre-se de incluir aqui um plano de leitura bíblica) para o próximo ano vão ser pensadas e escritas. Quero encorajá-la a escrever seus projetos para o próximo ano diante do trono da graça de nosso Senhor, de onde recebemos a sabedoria para realizarmos aquilo que almejamos, lembrando que sem ele nada podemos fazer. NADA.
Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. João 15.5
O resultado de ter priorizado e protegido meu tempo com o senhor não seja talvez exatamente o que você está imaginando, que eu tenha conseguido realizar GRANDES conquistas, não, não é isso. O resultado foi amar mais. Conhecer o amor de Cristo me fez amá-lo mais e a consequência disso é ser capaz de amar mais ao próximo, sim amar o próximo é um sacrifício de morrer diariamente, se importar menos comigo e mais com os outros.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Rm 12.10
Não, eu não sou a perfeita e “santarrona” e, na verdade, estou bem longe de ser, mas andei um passo para a direção de Cristo, e isso é graça dEle em minha vida. E, finalizando, o fruto de estar mais com Cristo, no melhor tempo do meu dia e de ele ser o que mais importa em minha vida, me deixou sem grandes ansiedades pelas coisas deste mundo e mais livre para pensar nas coisas do céu, de onde sou cidadã. Prove, isto poderá fazer toda a transformação que você necessita para sua vida.
Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. Mateus 6.31-34
Avante, Ovelha!
Ao Nosso Senhor, toda honra e toda a glória.
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*Renata Gandolfo é paulistana, refugiada em São José dos Campos desde 2003 e graduanda em Letras português-inglês. É membro da Igreja Batista da Graça e por acreditar em discipulado e aconselhamento bíblico iniciou, em sua igreja, o Grupo Elas - Estudo e Leitura de Aconselhamento de Senhoras. Apaixonada por literatura, Renata trabalhou como vendedora da Editora Fiel e hoje atua no editorial feminino online do Ministério Fiel.

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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/11/mulher-priorize-seu-tempo-com-deus-em-2018/

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Convenção de pastores do Amazonas se desliga da CGADB

13.11.2017
Do portal GOSPEL PRIME, 
Por Jarbas Aragão

CEADAM é a segunda maior convenção da Assembleia de Deus no Brasil


Convenção de pastores do Amazonas se desliga da CGADB
O movimento de “debandada” da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) que vinha sendo anunciado nos últimos dias começou a se concretizar.
Nesta segunda-feira (6), o pastor Samuel Câmara se desligou oficialmente da entidade. Três dias depois, foi a vez de Jonatas Câmara, pastor da Assembleia de Deus de Manaus e irmão de Samuel, protocolar sua saída da convenção. Mas ele não está sozinho. Em um movimento inesperado, pediu o desligamento de toda a Convenção Estadual da Assembleia de Deus no Amazonas (CEADAM).
Os documentos entregues hoje (9) na sede da CGADB, no Rio de Janeiro, foram assinados por todos os pastores que participaram da reunião na sede da CEADAM dia 29 de setembro. A decisão de desligamento foi unânime.
Segundo o material, que foi divulgado por Jonatas, trata-se de algo “irretratável e irrevogável”.
Cancelamento da CEADAM
Cancelamento da CEADAM
O impacto da decisão é muito grande, uma vez que a CEADAM é a segunda maior convenção do Brasil, contando com 3.085 igrejas no Estado do Amazonas, num total de 272 mil membros.
Estima-se que até 25 mil pastores poderão acompanhar os irmãos Câmara na formação da Convenção da Assembleia de Deus do Brasil (CADB), liderada por eles. Isso representa uma gigantesca ruptura na maior denominação evangélica do país.
Documentação de pastores


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Fonte:https://noticias.gospelprime.com.br/convencao-de-pastores-do-amazonas-se-desliga-da-cgadb/

terça-feira, 7 de novembro de 2017

A GRAÇA PREVENIENTE NA TEOLOGIA ARMINIANA E WESLEYANA

07.11.2017
Do BLOG DO PASTOR ALTAIR GERMANO, 26.01.15
Por Pr. Altair Germano

Diversas denominações evangélicas no Brasil não são adeptas da teologia reformada calvinista no que diz respeito ao entendimento da doutrina da salvação. A soteriologia de tais denominações reproduz ou se aproxima da teologia arminiana clássica e da teologia wesleyana.

O calvinismo é a tradição teológica da qual o reformador protestante João Calvino (1509-1564) é o proponente mais famoso.[1] Já o arminianismo clássico é oriundo do movimento de oposição à perspectiva de salvação dos reformados calvinistas, que foi iniciado pelo teólogo e pastor Holandês Jacó Armínio (1569-1609).[2]

A tradição reformada calvinista e a tradição reformada arminiana clássica possuem diversos pontos em comum no campo teológico, mas divergem consideravelmente acerca da doutrina da salvação, chegando nesse aspecto ao nível da incompatibilidade. Neste artigo daremos ênfase nas diferentes perspectivas de como a graça de Deus age sobre a vida do perdido pecador.

Arminianos clássicos e calvinistas concordam no fato de que o pecado afetou todos os aspectos da personalidade humana, inclinando-nos à rebelião e ao mal, tornando-nos completamente indispostos a nos submeter a Deus à Sua boa, perfeita e agradável vontade. Estamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Trata-se aqui da depravação total do homem caído.

As diferenças entre os arminianos clássicos e wesleyanos, dos pensadores calvinistas, surgem no entendimento de como Deus trata com os pecadores nessa condição. Do ponto de vista arminiano clássico:

[...] Deus estende graça suficiente para todas as pessoas através do Espírito Santo, para opor-se à influência do pecado e capacitar uma resposta positiva a Deus (Jo 15.26-27; 16.7-11). A iniciativa aqui é inteiramente da parte de Deus; o papel do pecador é simplesmente responder em fé e grata obediência (Lc 15; Rm 5.6-8; Ef 2.4-5; Fp 2.12-13). Todavia, os pecadores podem resistir à iniciativa de Deus, e persistir no pecado e rebelião. Em outras palavras, a graça de Deus capacita e encoraja uma resposta positiva e salvífica para todas as pessoas, mas ela não determina uma resposta salvífica para ninguém (At 7.51). Além disso, uma resposta positiva inicial de fé e obediência não garante a salvação final de alguém. É possível iniciar um relacionamento genuíno com Deus, mas então, posteriormente, se afastar Dele, e persistir no mal de sorte que a pessoa, por fim, se perca (Rm 8.12-13; 11.19-22; Gl 5.21; 6.7-10; Hb 6.1-8; Ap 2.2-7).[3]

Passaremos a observa como Armínio e Wesley lidaram com a graça preveniente.

A GRAÇA PREVENIENTE NA TEOLOGIA DE ARMÍNIO

O posicionamento de Armínio sobre a graça preveniente foi registrado em suaDeclaração de Sentimentos:

Eu atribuo à graça o começo, a continuidade e a consumação de todo bem, e a tal ponto eu estendo sua influência, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem esta graça preveniente e estimulante, seguinte e cooperante. Desta declaração claramente parecerá que, de maneira nenhuma, eu faço injustiça à graça, atribuindo, como é dito de mim, demais ao livre-arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à solução desta questão, “a graça de Deus é uma certa força irresistível”? Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas ações ou operações que possam ser atribuídas à graça, (pois eu reconheço e ensino muitas destas ações ou operações quanto qualquer um) mas ela diz respeito unicamente ao modo de operação, se ela é irresistível ou não. Em se tratando dessa questão, creio, de acordo com as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é oferecida.[4]

Para Armínio, a salvação pessoal é um ato da iniciativa da graça de Deus, mas que não é irresistível.

Após a morte de Armínio, quarenta e seis ministros holandeses elaboraram um documento chamado de “Remonstrância” (protesto), onde reafirmaram os conceitos de Armínio. Em seu Artigo III, enfatizando a depravação total do homem afirma:

Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus [Jo 15.5].[5]

Sobre a possibilidade da graça preveniente ser resistida, foi escrito no Artigo IV do mesmo documento que:

Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.[6]

O pensamento de Armínio reverberou ao longo dos anos encontrando guarida em diversos arcabouços teológicos.

A GRAÇA PREVENIENTE NA TEOLOGIA DE WESLEY

John Wesley (1703-1791), o grande teólogo e pregador inglês, pai do metodismo, movimento que influenciou o surgimento do pentecostalismo clássico, entendia a salvação do homem nos moldes do arminianismo clássico:

A graça opera diante de nós para nos atrair em direção à fé, para iniciar sua obra em nós. Até mesmo a primeira e frágil intuição da convicção do pecado, a primeira insinuação de nossa necessidade de Deus, é a obra da graça preparadora e antecedente à beira do nosso desejo, trazendo-nos em tempo de afligirmo-nos sobre nossas próprias injustiças, desafiando nossas disposições perversas, de modo que nossas vontades distorcidas gradualmente cessam de resistir ao dom de Deus.[7]

Sobre o estado de depravação humana Wesley comenta:

O homem, por natureza, é repleto de todo o tipo de maldade? É vazio de todo o bem? É totalmente caído? Sua alma está totalmente corrompida? Ou, para fazer o teste ao contrário, “toda imaginação dos pensamentos de seu coração [é] só má continuamente”? Admita isso, e até aqui você é um cristão. Negue isso, e você ainda é um pagão.[8]

Em seu sermão “O caminho para o Reino”, diz: Você é corrompido em cada poder, em cada faculdade de sua alma, por ser corrompido em cada um desses aspectos, toda fundação do seu ser está fora de curso.[9] Em outro sermão intitulado “A Falsidade do Coração Humano” enfatiza que: “No coração de todo filho de homem há um fundo inexaurível de maldade e injustiça, enraizado de forma tão profunda e firme na alma que nada, a não ser a graça toda-poderosa, pode curar isso.[10]

Diversos estudiosos da teologia de John Wesley reafirmaram o seu pensamento soteriológico arminiano clássico:

Em termos de contribuições mais modernas, George Croft Cell, no início do século XX, sustentou que Wesley, na verdade, “planta seus pés igualmente nas pegadas deixadas por Paulo, Agostinho, Lutero e Calvino”. Willian Cannon, fazendo uma declaração semelhante, afirma que Wesley, o teólogo arminianista, “percorre todo o caminho com Calvino, com Lutero e com Agostinho em sua insistência de que o homem é, por natureza, totalmente destituído de justiça e está sujeito ao julgamento e à ira de Deus” [...].[11]

As conclusões que se podem obter, conforme Richard Taylor, é que:

Jacó Armínio e John Wesley eram totalmente agostinianos nos seguintes aspectos: (a) a raça humana é universalmente depravada como resultado do pecado de Adão; (b) a capacidade do homem de querer o bem está tão debilitada que requer a ação da graça divina para que possa alterar seu curso e ser salvo.[12]

No que diz respeito ao entendimento sobre a operação da graça na vida do homem perdido e morto em seus delitos e pecados, assim como Armínio, Wesley diverge de Agostinho e dos reformistas do século XVI, defendendo que a graça preveniente, fundamentada na obra salvífica de Jesus Cristo, opera na restauração do livre-arbítrio, de maneira sobrenatural, pelo Espírito Santo, em todas as pessoas; as quais, à parte dessa restauração, do ponto de vista soteriológico, não são livres. Dessa forma, Wesley se afasta tanto do semipelagianismo católico romano que nega a total depravação humana, quanto do determinismo de Wittenberg e Genebra que elimina a responsabilidade moral do homem na aceitação ou na rejeição da oferta de salvação mediante a graça preveniente.[13]

Sobre a ideia de graça irresistível, Wesley não defende tal realidade no que se refere aos aspectos do chamado ou oferta para a salvação, mas ao restabelecimento das faculdades humanas que estabelecem o equilíbrio e responsabilidade individuais:

Mais uma vez, a graça preveniente não é irresistível no sentido de que a personalidade é aniquilada nem de que já existe um “eu” responsável viável que apenas é suprido com as faculdades. Antes, essa graça é necessária, na verdade, é imprescindível no melhor sentido do termo “antecedência” a fim de produzir no ser um “eu” responsável, em parte, precisamente pela restauração das faculdades. Simplificando, o princípio do processo da salvação não requer a graça cooperante (a essa altura, uma impossibilidade total), mas a graça livre, a atividade apenas de Deus.[14]

CONCLUSÃO

Torna-se assim evidente, que a doutrina da graça preveniente de Armínio e Wesley concorda com a concepção de depravação total e salvação somente pela graça, conforme Lutero e Calvino, mas discorda no sentido de que Deus predestinou poucos homens para a salvação, deixando a maior parte da humanidade na condenação do inferno eterno, de que a graça salvadora é irresistível, e que é direcionada apenas aos eleitos:

A eleição de Deus é um ato incondicional da graça livre, dada por meio de seu filho Jesus, antes de o mundo existir. Por meio deste ato, Deus escolheu, antes da fundação do mundo, aqueles que seriam libertos da escravidão ao pecado e levados ao arrependimento e à fé salvadora em Jesus.[15]

Sobre a ideia da graça irresistível na teologia reformada calvinista, lemos:

Isto significa que a resistência que todos os seres humanos exercem cada dia contra Deus (Rm 3.10-12, At 7.51) é vencida maravilhosamente, no tempo próprio, pela graça salvadora de Deus, em favor de rebeldes indignos, os quais ele escolhe salvar espontaneamente. [16]

Na perspectiva calvinista, para tornar a graça irresistível, Deus age mudando a nossa vontade, sem necessariamente agir contra a nossa vontade.[17] Com certeza, um argumento insustentável à luz da doutrina bíblica da salvação, e da responsabilidade moral do homem enquanto um ser livre.

O conhecido apelo evangelístico que diz “dê um passo para Deus que Ele dará dois em sua direção”, não se sustenta à luz do arminianismo clássico e do pensamente wesleyano. Tal apelo é norteado pelo arminianismo de cabeça[18] e arminianismo contemporâneo[19], que são essencialmente semipelagianos, e que acreditam que o homem não se encontra no estado de depravação total, podendo de alguma maneira tomar a iniciativa de buscar a Deus e de conseguir a sua salvação pessoal.

É também infundada e falsa a acusação calvinista de que o arminianismo clássico defende a ideia de que o homem após a queda não se tornou totalmente depravado, de que pode escolher o bem espiritual, e de exercer fé em Deus de maneira a receber o evangelho e assim tomar posse da salvação para si mesmo.[20]

Toda salvação pessoal é resultado da iniciativa graciosa de Deus, que abre o entendimento humano para a verdade do Evangelho, e que afrouxa as rédeas do poder do pecado. Somente a operação da graça preveniente torna o homem capaz de crer e aceitar o dom gratuito de Deus, que é a vida eterna em Cristo Jesus (Ef 2.1-10), ou de livremente rejeitá-lo, tornando-se assim moralmente responsável por tais decisões.

Altair Germano – Pastor, teólogo, pedagogo, escritor e conferencista. Atualmente é o 1º Vice-Presidente da Assembleia de Deus em Abreu e Lima-PE (COMADALPE), Vice-Presidente do Conselho de Educação e Cultura da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB.



[1] WALLS, Jerry; DONGELL. Por que não sou calvinista. São Paulo: Editora Reflexão, 2014, p. 12.
[2] OLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p.
[3] WALLS, Jerry L.; DONGEL, Joseph R. Ibid., p. 14.
[4] ARMINIUS, A Declaration of Sentiments, Works. V. 1, p. 664 apudOLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 210.
[5] Cinco Artigos da Remonstrância. Wikipédia.org, acesso em 26/01/2015.
[6] Ibid.
[7] Oden, Thomas C. John Wesley´s Scriptural Christianity. Grand Rapids: Zondervan, 1994, p. 246 apud OLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 219.
[8] Outler, Sermons, p. 2:179 apud COLLINS, Kenneth J. Teologia de John Wesley. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 97.
[9] Ibid.
[10] Ibid.
[11] Ibid., p. 99.
[12] Ibid.
[13] Ibid., p. 105.
[14] Ibid., p. 109.
[15] PIPER, John. Cinco Pontos: em direção a uma experiência mais profunda da graça de Deus. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2014, p. 17.
[16] Ibid., p. 18
[17] Ibid., p. 39.
[18] O arminianismo de cabeça possui uma ênfase no livre-arbítrio que está alicerçada no iluminismo e é mais tarde comumente encontrado nos círculos protestantes liberais [...]. Sua marca característica é uma antropologia otimista que nega a depravação total e a absoluta necessidade de graça sobrenatural para a salvação. É otimista acerca da habilidade de seres humanos autônomos em exercerem uma boa vontade para Deus e seus semelhantes sem a graça preveniente (capacitadora, auxiliadora) sobrenatural, ou seja, é pelagiano ou no mínimo semipelagiano. (OLSON, Roger E. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 23.)
[19] Talvez a fraqueza mais séria do arminianismo contemporâneo seja a sua visão de pecado Com muita frequência, os arminianos restringem o problema do pecado para a questão da culpa, amplamente entendido como uma (mera) sujeição a um julgamento futuro. O evangelismo arminiano, portanto, frequentemente foca unicamente na oferta de perdão para evitar essa ameaça, apresentando seu convite com a presunção de que a platéia goza de liberdade da vontade, julgamento relativamente equilibrado, e uma abertura para considerar, de maneira imparcial, a mensagem do Evangelho. Por conseguinte, o fator mais importante para determinar o grau de sucesso no evangelismo é o poder do evangelista, que em lógica, persuasão ou charme pessoal. Tal pensamento arminiano contemporâneo surgiu nas gerações subseqüentes a Wesley, e em especial no metodismo estadunidense. (WALLS, Jerry; DONGELL. Por que não sou calvinista. São Paulo: Editora Reflexão, 2014, p. 64.
[20] SEATON, W. J. Os cinco pontos do calvinismo. 3.ed. São Paulo: PES, 2012, p.4-5.
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Fonte:http://www.altairgermano.net/2015/01/a-graca-preveniente-na-teologia.html

DOUTRINA DA SALVAÇÃO: Sinergismo não é semipelagianismo

07.11.2017
Do blog MINISTÉRIO APOLOGÉTICO, 24.04.17
Por Marc Cortez*
salvado do pecado
Frequentemente ouço pessoas insinuarem que dizer que os seres humanos “cooperam” com a graça de Deus em um processo de salvação (sinergismo) é essencialmente a mesma coisa que a heresia do semipelagianismo; isto é, a ideia de que o esforço humano tem ao menos uma parte de responsabilidade ao iniciar o processo da salvação. Implícito por trás desta afirmação parece estar a ideia de que qualquer coisa que não seja monergismo está na fronteira da heresia. Não é bem uma heresia escancarada (pelagianismo), mas bem próximo (semipelagianismo).
Existem tanto razões históricas quanto teológicas para rejeitar esta afirmação. Historicamente, deveríamos pelo menos reconhecer que o semipelagianismo foi um movimento que surgiu depois da época de Pelágio, estava principalmente associado com certos grupos monásticos no 5º e 6º séculos e foi condenado como herético no Segundo Concílio de Orange (529 d.C.). Portanto, historicamente, chamar alguém de semi-pelagiano seria chama-lo de herético – não apenas quase herético.
Teologicamente não é verdade que os sinergistas são necessariamente semipelagianos. E aqui se torna muito importante definirmos os nossos termos.
Pelagiano: qualquer sistema em que o ser humano seja capaz de alcançar a salvação inteiramente por si mesmo sem a assistência divina, além da graça comum (isto é, a graça necessária para que qualquer ser exista). Além do fato que o pelagianismo negou o pecado original.
Semipelagianismo: qualquer sistema em que o processo de salvação seja iniciado pelo ser humano sem assistência da graça, a não ser da graça comum, mas no qual o processo de salvação é sinergicamente completado pela interação cooperativa divina e humana.
Sinergismo: qualquer sistema que afirme algum tipo de cooperação interativa divina e humana no processo da salvação.
Baseado nestas definições, podemos chegar às seguintes conclusões:
  • Pelagianos não são sinergista: De acordo com sua visão, a salvação é obtida apenas pelo ser humano.
  • Semipelagianos são sinergistas: Para eles, o processo da salvação requer a interação cooperativa tanto divina quanto humana.
  • Sinergistas não são pelagianos e não são necessariamente semipelagianos: é totalmente possível declarar a interação cooperativa divina e humana e ao mesmo tempo afirmar que o processo de salvação inicia-se inteiramente pela graça salvífica de Deus (não a graça comum). Por exemplo, a ideia de graça “preveniente” afirma que nenhum ser humano é capaz de iniciar a salvação, mas que a graça de Deus “precede” e capacita os seres humanos a responderem corretamente. Independentemente da sua opinião sobre esta visão, ela afirma tanto que a graça de Deus inicia a salvação (“precede”) como também que a pessoa humana deve cooperar ao responder. Portanto, é sinergístico, porém não é pelagiano e nem semi-pelagiano.
Usando estas (breves) definições, podemos dizer que muitas soteriologias proeminentes são sinergísticas, mas não semipelagianas (por exemplo: Wesleyanos). Quando teólogos fazem generalizações dizendo que todos os sinergistas são semipelagianos, questionam a ortodoxia de grandes segmentos do cristianismo, incluindo quase todos os Pais da Igreja. (clique aqui e leia)
Entenda este artigo como um apelo a todos os monergistas. Por favor, pare de afirmar que o sinergismo é simplesmente semipelagianismo. Esta afirmação não é histórica nem teologicamente correta.
http://marccortez.com/2010/11/20/synergism-is-not-semi-pelagianism/#comments
*Marc Cortez: Prof de teologia de Wheaton College, marido, pai e blogueiro que ama teologia, história da igreja, cultura pop, livros e a vida em geral.
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Fonte:http://www.cacp.org.br/sinergismo-nao-e-semipelagianismo/