É
exatamente isso que o Senhor declara em Malaquias 3:8:
“Roubará
o homem a Deus? Todavia vós me roubais... Nos dízimos e nas ofertas.”
Essa
pergunta não foi feita a um povo pagão, mas a Israel — o povo escolhido,
que já havia retornado do exílio, reconstruído o templo e retomado os
sacrifícios. Tudo parecia certo por fora... mas por dentro, o coração estava
frio.
Quando
a religião vira rotina
Malaquias
foi escrito por volta de 450–430 a.C., num tempo em que o povo de Deus
vivia em apatia espiritual.
- Os
sacerdotes ofereciam sacrifícios defeituosos (Ml 1:8);
- As
famílias estavam quebrando alianças (Ml 2:14);
- E o
povo dizia: “Inútil é servir a Deus” (Ml 3:14).
Era
uma fé vazia. Tudo virou formalidade.
Até o dízimo, que era sinal de confiança em Deus, passou a ser visto
como obrigação pesada — ou pior, como algo dispensável.
Mas
Deus não aceita essa indiferença. Ele confronta:
“Em
que te roubamos?”,
perguntavam eles.
“Nos dízimos e nas ofertas”, responde o Senhor (v. 8).
Não
era só sobre dinheiro — era sobre o coração
No
Antigo Testamento, o dízimo pertencia a Deus (Levítico 27:30). Não era
uma doação opcional, mas parte da aliança:
- Era santo
ao Senhor;
- Sustentava
os levitas, que não tinham herança (Números 18:21);
- Garantia
o cuidado com os pobres (Deuteronômio 14:28–29).
Quando
Israel reteve o dízimo, não apenas interrompeu o sustento do templo, mas
negou o senhorio de Deus sobre sua vida e recursos.
Era como dizer: “Confio mais no meu bolso do que na tua fidelidade, Senhor.”
Jesus
também condenou essa hipocrisia:
“Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mateus 15:8)
O
problema nunca foi o dinheiro — foi a falta de amor.
Deus
responde com graça... e uma promessa audaciosa
Apesar
da desobediência, Deus não desistiu deles. Ele fez um convite surpreendente:
“Trazei
todos os dízimos à casa do tesouro... e depois fazei prova de mim nisto... se
eu não vos abrir as janelas do céu e derramar bênção sem medida!” (Malaquias 3:10)
Essa
é uma das únicas vezes na Bíblia em que Deus diz: “Faça prova
de mim.”
Não é um contrato mágico, mas um convite à fé prática.
Ele
promete:
- Provisão
sobrenatural
(“abrir as janelas do céu”);
- Proteção
divina
(“repreenderei o devorador”);
- Testemunho
público (“todas as
nações vos chamarão bem-aventurados”).
E
hoje? O que isso tem a ver com a igreja?
Embora
não estejamos sob a Lei de Moisés, o princípio permanece:
- Jesus não
rejeitou o dízimo, mas o chamou de parte da justiça (Mateus 23:23);
- O Novo
Testamento ensina dar com regularidade, generosidade e alegria (2
Coríntios 9:7; 1 Coríntios 16:2);
- A
igreja primitiva sustentava os apóstolos e os necessitados com
fidelidade (Atos 4:34–35).
Na
tradição evangélica, o dízimo é entendido como:
- Um ato
de adoração, não de obrigação;
- Um testemunho
de que Cristo é Senhor de tudo — até da nossa carteira;
- Uma participação
na missão do Reino.
Não
damos para receber — damos porque já recebemos
A
motivação do crente não é: “Se eu der, Deus vai me abençoar.”
É: “Deus já me abençoou em Cristo — por isso, quero honrá-Lo com tudo o que
tenho.”
“Bendito
seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda sorte
de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.” (Efésios 1:3)
Quando
entregamos o dízimo, não estamos “pagando a Deus”. Estamos declarando que
Ele é nosso tesouro supremo.
“Honra ao
Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda.” (Provérbios 3:9)
“Deus ama ao que dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7)
Pense nisso:
A pergunta de
Malaquias ainda ecoa hoje:
“Vocês
estão me roubando?”
Não por
legalismo — mas por amor.
Porque um coração grato não retém, libera.
E quando liberamos o que é do Senhor, Ele abre o céu.
“Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt 6:21).







