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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O EFEITO DO PECADO

23.10.2013
Do blog da IGREJA ALIANÇA DO CALVÁRIO,01.06.2012
Por Paulo Junior

“E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. E despertou ele do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me sacudirei. Porque ele não sabia que já o SENHOR se tinha retirado dele”.  Jz 16.10

Trataremos nessa mensagem de hoje sobre um dos temas mais terríveis da cristandade, porém pouco mencionado nos púlpitos atuais: o efeito do pecado, isto é, suas consequências.

Primeiramente, relembremos rapidamente o que é pecado – já que muitos cristãos hoje em dia parecem não saber o que é. Pecado é transgressão à Lei de Deus, é iniquidade, é desobediência a Deus e seus preceitos, é sair dos Seus retos caminhos e se rebelar contra Ele, quebrando sua Lei, ou seja, coisa muito comum nos dias atuais por parte dos ímpios e também para boa parte dos cristãos. Mas não trataremos hoje propriamente do pecado e sim das suas trágicas consequências. É muito importante abordar o poder letal, degradável e destruidor que tem o pecado, pois isso nos traz reflexões, consciência do perigo que corremos e, consequentemente, temor e arrependimento.

Quero usar nesse tema o personagem descrito no versículo acima, tirado do livro de Juízes: Sansão. Sansão foi chamado para ser juiz de Israel e durante vinte anos julgou Israel, sendo o responsável por guardar os israelitas e libertá-los da opressão dos filisteus. Sansão, desde sua infância possuía um voto com Deus, era nazireu de Deus (veja Nm 6.1-21), não podia ser dado ao vinho, nem à prostituição e nem navalha poderia passar sobre sua cabeça, resumindo, Sansão era separado para o ministério: como juiz, deveria andar debaixo de um conjunto de normas e regras, tendo uma conduta exemplar diante de Israel e permanecendo obediente às leis de Deus.

Infelizmente Sansão andou de forma contrária a todas as regras estabelecidas por Deus, quebrando todos os princípios. Violando de tal maneira a Lei de Deus, Sansão pecou desenfreadamente e o livro de Juízes, do capítulo 13 ao 16 descreve claramente seus inúmeros delitos: Sansão dormiu com uma prostituta, tocou no corpo de um animal morto, casou-se com uma filisteia, mentiu várias vezes e, por último, em seu relacionamento com Dalila – mulher do vale de Soreque – revelou seu segredo tendo os cabelos cortados, quebrando totalmente seu voto de nazireado.

…chamado para ser juiz de Israel… andou de forma contrária a todas as regras estabelecidas por Deus

Sansão era conhecido por sua grande força física: quando o Espirito de Deus vinha sobre ele, ele se tornava o homem mais forte da Terra: imbatível, indestrutível, intocável, pois a graça, a misericórdia e o poder de Deus estavam sobre Sansão. Contudo, houve um fator que destruiu Sansão, que o arruinou para o resto de sua vida, esse fator, esse item, foi o pecado. Gostaria agora de mostrar o efeito do pecado na vida de Sansão, pois Paulo em sua epístola aos Gálatas escreve: “tudo que o homem semear isso ceifará” (Gl 6.7). Sansão semeou pecado e veremos agora quais consequências ele colheu.

Primeira consequência: A misericórdia de Deus é retirada.

“E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma se angustiou até a morte. E descobriu-lhe todo o seu coração, e disse-lhe: Nunca passou navalha pela minha cabeça, porque sou nazireu de Deus desde o ventre de minha mãe; se viesse a ser rapado, ir-se-ia de mim a minha força, e me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem”. Jz 16.16-17

Se você notar, mesmo Sansão vivendo em pecado, Deus sempre o livrava das mãos dos filisteus, como notamos em (Jz 16.9). Isso sucedeu várias vezes, porém, nos versículos 16 e 17 do mesmo capítulo vemos que a misericórdia de Deus é retirada! Dalila o molesta de tal maneira, intentando descobrir o segredo da sua força, que Sansão revela a ela, dizendo: “nunca subiu navalha na minha cabeça”. Deus permitiu que sua fraqueza fosse exposta, seu ponto fraco uma grande brecha para sua queda.

Meu querido irmão, essa é a primeira consequência daqueles que estão vivendo uma vida de pecado, daqueles que estão brincado com pecados ocultos e dizem: “Deus ainda me honra, tenho respostas de orações, recebo alguma promoção aqui e outra ali, algumas bênçãos vem sobre mim e sobre minha família, continuo subindo no altar e cantando bem ou estou diante de um púlpito pregando com eloquência, recebendo elogios e até vendo frutos.

Isso ocorre pelo que está escrito em Lamentações 3.22: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos”. Mas, invariavelmente, uma hora a misericórdia será retirada como ocorreu com Sansão! Aí sua vergonha será exposta, seus delitos contra Deus não ficarão impunes, cedo ou tarde isso será revelado e você poderá ser humilhado e exposto como o foi o rei Davi, quando pecou com Bate-Seba. Talvez você diga: “a misericórdia de Deus é muito grande”. Sim ela é. Ele é tardio em se irar (Na 1.3), mas preste muita atenção ao que o versículo diz: “Ele é tardio”, isso não significa que Ele nunca vai se irar! Veja o que diz em Jeremias 16.13: “porque não usarei de misericórdia convosco”. Para você que está vivendo uma vida de pecados ocultos, a qualquer hora a misericórdia poderá ser retirada e você estará totalmente entregue às mãos do inimigo!

Segunda consequência: A perda de sua força.

“(…) e retirou-se dele a sua força”. Jz 16.19

Como eu havia dito antes, Sansão era conhecido por sua estrondosa força física, mas pelos seus pecados sua força se foi, Sansão ficou fraco, sem qualquer possibilidade de vencer uma luta ou guerra; Sansão estava inofensivo diante do seu inimigo: os filisteus. Agora ele tinha se tornado um homem comum: não detinha mais o poder sobrenatural que lhe confiava grande força.

Eis a segunda consequência do pecado: perdemos a força, ficamos fracos, não temos força para orar, não temos força para estudar a Palavra, não temos força para uma vida cristã saudável e, principalmente, não temos força para enfrentar o nosso inimigo: Satanás e seus exércitos. Com uma vida em pecado, não temos a menor chance contra ele! A força espiritual que nos revestia e as qualidades espirituais se foram devido ao pecado. Um dia já tivemos força, ânimo, poder, autoridade; lembra-se quando você não tinha medo de ninguém e tinha disposição para fazer qualquer coisa que dissesse respeito a Cristo e sua obra? Agora você se pergunta por que está tão fraco, desanimado, incrédulo, com anemia espiritual; às vezes você pensa que é culpa de alguém, que é o diabo que está causando essa fraqueza; às vezes atribui que é a vontade de Deus, que é um tempo ou uma fase em sua vida e nunca que se trata do efeito do pecado de uma vida cheia de brechas e engano!

Talvez possa ser isso que está tirando sua força, meu querido irmão! Não é esse nem aquele fator: é consequência do pecado! O pecado enfraquece, corrói, destrói e mina as forças de qualquer cristão conhecedor das Escrituras, mas que a transgride voluntariamente. Se você está assim: não tem força para mais nada na sua vida, mesmo sendo cristão, examine sua vida à luz da Bíblia e veja quais brechas você tem dado e em quais pecados você está envolvido.

Terceira consequência: Ausência da presença de Deus. (cap. 16.20)

“(…) Porque ele não sabia que já o SENHOR se tinha retirado dele”. Jz 16.20

É um grande erro pensarmos que Deus, por causa de Seu amor, é conivente com nossas ações pecaminosas, pois Ele não tolera o pecado e também não tolera o pecador (Na 1.3) e também Deus não tem comunhão nem caminha com ímpios (Sl 1, 2Co 6.14-16). O Espírito de Deus, a presença de Deus se retirou de Sansão, essa é a mais trágica consequência que o pecado traz sobre nós: a ausência de Deus.

Davi sentiu exatamente isso quando cometeu seus gravíssimos pecados e ele sabia o perigo que corria de ocorrer o mesmo em sua vida, quando escreveu o Salmo 51.11: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.” Davi sabia que uma vida de pecado, que delitos graves, conscientes, praticados contra Deus e Sua Palavra, poderiam leva-lo a ausência de Deus.

Essa é a terceira consequência: perder Sua presença. O que somos nós sem o Espírito de Deus, sem a Sua presença para nos guiar, nos regenerar, nos policiar, nos advertir? Ela é o fluxo de vida da Igreja, o fluxo de vida do cristão. Sem a presença de Deus estamos mortos, entregues a sorte, ao mundo, e aos desejos da carne. Como cegos em um mundo sem luz, completamente perdidos e sem direção: eis o que ocorre com aqueles que estão vivendo uma vida de pecado. Então te pergunto: quantos cristãos dentro da Igreja não estão em pecado? Quantos ministérios de louvor e da Palavra não estão em pecado? Quantas igrejas inteiras não têm seus alicerces fundamentados no pecado? Mas ainda prevalecem, ainda funcionam normalmente, entretanto, sem saber que sutilmente a presença de Deus já os deixou faz muito tempo.

Notem o que o versículo diz: “Nao sabia Sansão”. Ele nem percebeu, tinha se tornado insensível, carnal, não diferenciava mais o santo do profano, assim é a vida de muitos cristãos. Estão regendo suas vidas e ministérios na emoção, na carne, no intelecto. Só que tem outra questão importantíssima, que eu não poderia deixar de abordar: se há ausencia de um espírito, há a presença de outro! Não ficamos sozinhos, vazios. Se o Espírito de Deus sai, o espírito do mal entra, assim Satanás e seus demônios passam a dominar aquela pessoa.
Veja o exemplo do rei Saul: “E o Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do SENHOR.” (1Sm 16.14). Essa consequência é inevitável. Agora eu te pergunto: será que você que está escondendo todos esses pecados, transgredindo a Lei de Deus diariamente não está tendo a sua vida e o seu ministério regidos por Satanás? Meu Deus do céu, que condição execrável se encontra tal homem, tal mulher, tal denominação, que estão edificando Sião com sangue e Jerusalem com iniquidade! (Mq 3.10)

Quarta consequência: Cegueira. 

“(…) Então os filisteus pegaram nele, e arrancaram-lhe os olhos”. Jz 16.21

Os filisteus vêm, vazam os olhos de Sansão e os arrancam, deixando-o totalmente cego. Essa é a quarta consequência: cegueira. Uma pessoa que vive na prática do pecado não tem mais discernimento espiritual, não sabe mais por qual caminho anda, não sabe quando houver decisões a tomar quais serão as corretas, fecham negócios errados, “batem cabeça” de um lado para o outro, tem atitudes incoerentes, pensa estar fazendo o bem, quando na verdade está fazendo o mal!

Veja o que diz Provérbios 14.12: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”. Será que você não está assim: caminhando por veredas que aos seus olhos são saudáveis, no emprego, no relacionamento, no que diz respeito à Igreja, mas na verdade está em completa cegueira, cavando covas nas quais você mesmo cairá? Será que você não está magoando pessoas, ferindo sua família, oferecendo fogo estranho no altar do Senhor e achando que tudo isso é correto, que tudo isso é benefíco e que Deus ainda está te aprovando?

Sinto te dizer: se você estiver vivendo uma vida de pecado, é exatamente assim que a sua vida se encontra! Você não pode dar crédito a si mesmo! Como se fiar em um cristão conhecedor da Lei que ao mesmo tempo é transgressor da mesma?! Tal pessoa, tal crente, não é digno de confiança, nem é digno de em si próprio confiar, pois a quarta consequência de uma vida de pecado é a cegueira.

Quinta consequência: Ficar amarrado.

“(…) e amarraram-no com duas cadeias de bronze (…).” Jz 16.21

Depois de cegar a Sansão, os filisteus o tomaram e amarraram com duas cadeias de bronze, anulando assim qualquer movimento extenso de Sansão. Essa é a quinta consequência: uma vida amarrada, limitada, atrofiada.

Será que sua vida não está assim? Todas as áreas emperradas: casamento em crise, filhos rebeldes, dívidas por todos os lados, doenças, nada anda bem, você se sente totalmente amarrado, portas fechadas, o “não” passou a ser seu companheiro. Você atribui isso ao governo, à economia, põe e culpa no diabo, nos familiares, xinga, murmura, blasfema e esquece de pensar: talvez tudo isso é efeito dos meus pecados, de uma vida cristã relaxada, desregrada?

Note uma coisa: uma pessoa amarrada não está totalmente impossibilitada de fazer as coisas. Tal pessoa possui ainda alguns movimentos: ela pode andar, mexer as mãos, a boca, os olhos, porém, as cadeias de bronze são pesadas, ela está atada, ela tem seus movimentos limitados! Dessa forma é a vida de uma pessoa amarrada: ela não deixa de fazer nada, entretanto, todas as suas ações e áreas da sua vida são limitadas. Não conseque concluir nada que inicia, nem ter progresso e sucesso nos seus projetos, pois está amarrada.
Outro detalhe importante: as cadeias são de bronze, são impossíveis de ser quebradas pela força humana, necessitam de uma força sobrenatural para serem quebradas, mas como o pecado retirou essa força – a presença de Deus – essa pessoa jamais conseguirá se libertar. Isso implica que, por seus pecados, essa pessoa está condenada a uma vida cristã sofrível, arruinada e infeliz.

Sexta consequência: Escravidão.

“(…) e girava ele um moinho no cárcere”. Jz 16.21

Depois de ser acorrentado, Sansão foi colocado em uma prisão, numa masmorra, foi condenado a ficar ali trabalhando num moinho. Essa é a sexta consequência: o pecado nos faz escravos, pois Pedro diz: “(…) Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo”. (2Pe 2.19).

Sansão foi vencido pelo pecado, se tornou escravo dele, sujeitando-se aos seus moldes, ao seu domínio e ao seu poder destruidor. Também se tornou escravo de outro inimigo, porque estava no cárcere dos filisteus, era então prisioneiro dos filisteus, escravo deles, estava sujeito às suas ordens e vontades. Dessa maneira ocorre na vida daqueles que vivem em pecado: se tornam escravos do nosso inimigo, o diabo. E querendo ou não, sabendo ou não, estão sujeitados a sua vontade! Você já parou para pensar que consequência trágica ser escravo do diabo, depois de ter a liberdade em Cristo, depois de ter acesso ao sangue da nova e eterna aliança que veio do Calvário, depois de gozar da redenção e da verdade que liberta (Jo 8.32) se tornar de novo escravo de Satanás, voltar para suas garras maléficas, como isso pode ser possível? A resposta você sabe: pecado.

O diabo é legalista, atua usando princípios da Lei de Deus, quando a quebramos, por mais que Deus seja misericordioso e perdoador, a quebra contínua e voluntária dará autoridade para Satanás nos tocar e nos dominar. Essa então foi a sexta consequência do pecado ilustrada na vida de Sansão.

Como, então, evitar todas essas consequências?

Você que está lendo deve pensar: “que mensagem dura, que pavor veio ao meu coração ao ler isso, pois me identifico com muitas coisas que estão aqui escritas, o que devo fazer então”?

Se você foi confrontado pela Palavra de Deus, como todo homem deve ser, se ela trouxe luz e revelação daquilo que você está fazendo e pela Palavra você viu que é pecado e que todas essas consequências estão ocorrendo em sua vida, só há uma maneira de anular o efeito do pecado; é o arrependimento. Veja o que diz Provérbios 28.13: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Confessar nossos pecados, arrepender-nos dos mesmos, pedir a misericórdia do Senhor, foi isso que Sansão fez – completamente desnorteado e destruído pela força descomunal do pecado ainda houve solução para Sansão – em Juízes 16.28 ele clamou ao Senhor dizendo: “Senhor Jeová, peço que te lembre de mim, esforça-me agora, só essa vez”!
Sansão com essa frase – e com o tempo sofrido de cárcere – mostra arrependimento. A força de Sansão volta novamente, então ele abraça as duas colunas do templo dos filisteus e as derruba, matando todos os filisteus daquele lugar. Quer dizer que você sabe que Sansão se arrependeu e foi perdoado? Sim, pois ele é citado em Hebreus 11.32 na galeria dos heróis da fé!

Esse é o caminho meu caro leitor: deixe sua vida de pecados, antes que seja tarde demais, antes que não haja mais remédio, antes que você seja exposto e envergonhado e colha consequências irreversíveis a você e a sua família, pois o salário do pecado é a morte (Rm 6.23).

Você pode estar correndo o risco de ser fulminado pelo pecado aqui nesta terra e ainda padecer a eternidade no inferno! Não estou dizendo de um deslize, de uma fraqueza momentânea que todos nós estamos sujeitos, estou dizendo de uma vida na lama do pecado, estou dizendo de pecados maquinados, premeditados.

Lembre-se do que diz a 1João 1.9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. Para aqueles que confessam e se arrependem há perdão de Deus, há sangue suficiente para te purificar, há graça abundante sendo derramada sobre você, da mesma forma que foi com o filho pródigo, que arrependido voltou ao lar e foi completamente restaurado e perdoado (Lc 15.11-32). Como Paulo escreveu para aqueles que estão em Cristo, que são nascidos de novo: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós”. (Rm 6.14).

– Para baixar esse texto clique aqui
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Fonte:http://aliancadocalvario.com.br/2012/06/01/o-efeito-do-pecado-paulo-junior-palavra-do-pulpito/#more-157

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O DEUS TRINO: O PAI, O FILHO E ESPÍRITO SANTO

23.10.2013
Do portal da IGREJA ALIANÇA DO CALVÁRIO
Por www.aliancadocalvario.com


1. DOUTRINA DA TRINDADE
“Não posso pensar em um e único, sem que me veja imediatamente envolvido pelo fulgor dos três; nem posso distinguir os três, sem que me veja imediatamente voltado para um e único.”(NAZIANZO, Gregório de. Sermão sobre o santo batismo).
“Eis que me aparece, como num enigma, a Trindade. Sois vós, meu Deus, pois Vós, Pai, criastes o céu e a terra no princípio de nossa Sabedoria, que é a vossa Sabedoria, que de Vós nasceu, igual e co-eterna convosco, isto é, no vosso Filho.
(…) No vocábulo “Deus”, eu entendia já o Pai que criou todas as coisas; e pela palavra “princípio” significava o Filho, no qual tudo foi criado pelo Pai. E, como eu acreditasse que o meu Deus é Trino, procurava a Trindade nas vossas Escrituras e via que o vosso Espírito“pairava sobre as águas”. Eis a vossa Trindade, meu Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Eis o Criador de toda criatura.” (AGOSTINHO, Aurélio. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 379-380).
1.1 INTRODUÇÃO
O presente estudo tratará de um dos temas mais complexos e debatidos de toda a teologia e do pensamento cristão: A Doutrina da Trindade. Tal assunto possui a capacidade de gerar inúmeras dúvidas em nossa mente, tais como: como Deus é único e ao mesmo tempo três? Serão três Deuses diferentes? Será apenas um Deus, que se manifesta de três formas diferentes? Ou ainda: Um único Deus, com três subsistências distintas?
O primeiro cuidado a se tomar, em um estudo pormenorizado da Trindade, é que ela é possível de ser entendida, contudo, não sem a devida reverência e fé. O tema aborda uma realidade que é totalmente desconhecida a nós e, além disso, sem parâmetro em toda a criação. Não há um só exemplo sequer nas existências que se compare a subsistência perfeita de Pai, Filho e Espírito Santo.
O termo Trindade (lat. Trinitas), foi cunhado pelo bispo Tertuliano (160-230), para ser o designativo da doutrina de que Deus é a coabitação eterna e perfeita de três pessoas que partilham da mesma Deidade.
Para se alcançar um entendimento sóbrio e isento de heresias acerca da Trindade é necessário analisar os dados bíblicos, dos quais naturalmente emerge essa doutrina, ao invés de se criar modelos e tentar encaixar a Bíblia a eles. O melhor modelo que podemos utilizar para a explicação da Trindade deve ser o reflexo direto dos dados escriturísticos.
A Trindade é, portanto, uma doutrina que emerge da Bíblia, e não algo que foi moldado para se encaixar com a Bíblia; é uma doutrina que as próprias Escrituras ensinam, não apoiada apenas em um texto, mas em toda a extensão e revelação da Palavra de Deus.
1.2 EVIDÊNCIAS BÍBLICAS DA DOUTRINA DA TRINDADE
1.2.1 A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

O AT apresenta Deus como sendo um só Deus, que se torna conhecido pelos Seus nomes, atos e atributos, entretanto, é conveniente atentar que, apesar da postura centralizadora da Deidade – com vistas a formar um povo que se mantivesse fiel ao monoteísmo – há inúmeras passagens que denotam a pluralidade de pessoas na Deidade vétero-testamentária.
Utilizando o texto bíblico de Gn. 1.1-2, podemos concluir, como Agostinho, a existência, desde os primeiros versículos da Bíblia, de um Deus Trino, conforme abaixo:
“No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”
Analisando o texto em hebraico temos:
Deus (hb. elohiym, plural de ‘elowahh, designação do supremo Deus), no princípio (hb. re’shiyth, o primeiro em lugar, tempo, ordem ou ranking) (re)criou (hb. bara’, criar, fazer e ‘eth, propriamente, por si só, ou seja ‘criou sem qualquer auxílio) os céus e a terraE a terra era(hayah, vir a ser, tornar-se) sem forma e vazia (hb. tohuw, desolação, deserta, sem coisa alguma, bohuw, estar vazia, vacuidade, ruína indistinguível); e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus (hb. ruwach elohiym, semelhante ao fôlego, exalação violenta, aplicável apenas a um Ser racional) se movia sobre a face das águas.
Do exame acima, pode-se concluir que: Deus foi o responsável pela criação (e recriação) de todas as coisas, através do Seu princípio (Jesus, cf. Ap. 3.14) e Seu Espírito Santo já encontrava-se em operação no mundo.
A criação do homem reflete o consenso da Deidade, ao utilizar “façamos (hb. ‘asah, fazer no sentindo mais amplo e extensivo possível)… à nossa imagem e semelhança (hb. tselem, uma sombra, figura representativa, dmuwth, similitude, forma, modelo)” em Gn.1.26-27.
O episódio da confusão das línguas em Babel aponta para um plural e concordância volitiva da Deidade, cf. Gn. 11.7, o mesmo ocorre em Is. 6.8, sendo que em ambos Deus usa para si mesmo pronomes plurais.
Em Gn. 20.13 e 35.7 há o emprego do substantivo e do verbo hebraico no plural, isto é, “Deuses fizeram” e “Deuses se lhe revelaram”.
Sl. 45.6-7 (confrontar com Hb.1.8-9) revela Deus (Pai), falando de ‘outro’ Deus (Jesus), que ungiu um de forma diferente aos seus companheiros (distinção da essência de Jesus e dos ‘companheiros’, i.e. anjos Hb.1.1-4).
O Sl. 2.7 apresenta o Filho (hb. ben, filho, procedente de um antecessor genealógico, no caso, esse Filho, é gerado, mas não criado, Ele é co-eterno) do Senhor (hb. Yaweh ou Yehova, o auto-existente, eterno, ‘eu sou’) como sendo gerado.
Pv. 30.4 apresenta perguntas de sabedoria sobre questões variadas, finalizando com a inquirição de qual é o nome (pelo nome, no hebraico, sabia-se a natureza e derivação da pessoa) de Deus e de seu Filho.
Em Nm. 6.24-26, Is. 6.3 e Ap. 4.8, é utilizado o Triságio (gr. tris-agion, três vezes Santo), que é o nome utilizado para referir-se à aclamação da Deidade como Santo, Santo, Santo, referência à Trindade.
O Verbo de Deus como a Sabedoria, em Pv. 8.1, 22, 30-31, comparado com Hb. 1.1-2. Pv. 3.19 é digno de nota em “O Senhor (hb. Yaweh ou Yehova)com sabedoria (hb. chokmaw, sabedoria, capacidade, inteligentemente, provém da raiz chakam, sobre excedente sabedoria, sabedoria primeira) …”
O Anjo do Senhor (hb. mal’ak, embaixador, rei, enviado, sempre de Deus, Yaweh ou Yehova) como o próprio Deus (Teofania), nas passagens de Gn. 22.11, 16 e 31.11,13. Deus aparecendo em forma corpórea a Abraão (Cristofania) em Gn. 18.1, 13-14. Deus se manifestando a Moisés no monte Sinai, em Ex. 3.2-5. Deus se revelando aos pais de Sansão, Jz. 13.18-22. O quarto homem na fornalha ardente com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, Dn. 3.25, 28, chamado por Nabucodonosor de “Filho de Deus” (ara. bar, filho e ‘elahh de ‘elowahh, designação do supremo Deus).
Por fim, a passagem de Zc. 12.10 ensina, ainda que para um completo entendimento é necessário o NT – sobre as três pessoas da Divindade: o Pai (a quem olhariam), O Filho (traspassado) e o Espírito Santo (que daria a entender a obra do Filho).
1.2.2 A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
O NT principia seus escritos, através dos Evangelhos, apresentando uma radical mudança de foco do Deus do AT – até então centralizador – para a “nova” (apesar de não ser “nova” no sentido de algo recentemente criado, mas “nova” no sentido de só àquela época revelada) manifestação da Deidade, que abre a porta para o conhecimento claro de Jesus Cristo e do Espírito Santo.
1.2.2.1 A PESSOA DO PAI É DEUS
Há um tão grande número de passagens bíblicas que revelam o Pai como Deus, que seria desnecessário prolongar muitas explicações acerca de Sua Deidade. A título de exemplo observe-se Jo. 6.27 e 1Pe. 1.2.
1.2.2.2 A PESSOA DE JESUS CRISTO É DEUS
Jesus Cristo é expressamente chamado de Deus, e isto se prova através da passagem de João 1.1-2:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.”
Nesses versículos o apóstolo João apresenta uma maneira de escrita que relembra a introdução do Gênesis, intencionando com isso revelar que Aquele do qual ele tratava (Jesus) é um ser co-eterno com o Deus da criação do AT.
A palavra “no princípio”, em grego (en archei) é semelhante ao hebraico (berêshith), presente em Gn. 1.1, logo, vemos João apontando que Jesus e Deus não tiveram início, mas que relacionam-se desde a eternidade, ainda antes da Criação.
João se refere a Jesus como o “Verbo” (gr. Logos). A utilização dessa palavra foi extremamente criteriosa, pois:
“É relevante que João opta por identificar Cristo no seu estado pré-encarnado com o Logos e não como Sophia (sabedoria). João evita as contaminações dos ensinos pré-gnósticos que negavam a humanidade do Cristo ou separavam o Cristo do homem Jesus. O Logos, que é eterno, “tornou-se carne.”
O apóstolo prossegue dizendo que o “Verbo estava com Deus” (gr. Logos pros ton theon), o que significa dizer que Eles tinham um relacionamento “face a face”, ou seja, desde a eternidade já estavam juntos. Na continuação do versículo João fecha o raciocínio ao dizer claramente que o Verbo, desde a eternidade, já era Deus.
O último versículo (v. 2) serve como uma ênfase que essa pessoa (Jesus Cristo), realmente estava em interação contínua com Deus desde antes da Criação.
Em João 1.14, o Verbo entra na História (se fazendo carne), como Jesus de Nazaré, sendo Ele o único capaz de revelar quem o Pai é, conforme João 1.17-18.
Pelo fato de Jesus ter compartilhado a glória de Deus desde toda eternidade (Jo. 17.15), Ele é objeto da adoração reservada somente a Deus, pois Ele é Deus (Jo. 5.23 e Fp. 2.10-11).
Jesus possui os mesmos atributos de Deus
Vida, Jo. 1.4, 14.6 – Existência própria, Jo. 5.26, Hb. 7.16 – Imutabilidade, Hb. 13.8 – Verdade, Jo. 14.6, Ap. 3.7 – Amor, I Jo. 3.16 – Santidade, Lc. 1.35, Jo. 6.69, Hb. 7.26 – Onipresença, Mt. 28.20 – Onisciência, Mt. 9:4, Jo. 2.24-25, 1Co. 4.5, Cl. 2:3 – Onipotência, Mt. 28.18, Ap. 1.8.
Finalmente, tudo que se pode dizer com relação ao Pai, pode-se dizer com referência ao Filho, conforme Cl. 2:9, Rm. 9:5 e Jo. 14:9-11. Assim, Jesus é Deus, da mesma forma que o Pai o é.
1.2.2.2 A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO É DEUS
O Espírito Santo, além de ser uma pessoa, é Deus, e habita desde a eternidade com o Pai e o Filho, de acordo com Hb. 9.14, mas que fora “dado” com a vinda de Jesus Cristo (Jo. 7.39).
O Espírito Santo é referido na Bíblia como sendo o próprio Deus, segundo At. 5.2-4, 1Co. 3.16, 12.4-6.
O Espírito Santo possui os mesmos atributos de Deus
Vida, Rm. 8.2 – Verdade, Jo. 16.13 – Amor, Rm. 15.30 – Onipresença, Sl. 139.7 – Onisciência e Onipotência, 1Co. 12.11.
Por fim, o Espírito Santo é digno da mesma honra e adoração do Pai, conforme 1Co. 3.16. Logo, o Espírito Santo é Deus, da mesma forma que o Pai e o Filho são.
1.3 ALGUNS ESCLARECIMENTOS
Deus é Trino, ou seja, de uma mesma essência ou substância (gr. homoousios, lat. substantia), entretanto possui três subsistências distintas (gr. prosopa, lat. persona), isto é, são realidades pessoais individuais, de tal forma que o Pai é o Pai, o Filho é o Filho e o Espírito é o Espírito, sem se misturarem, mas com perfeita concordância entre si.
Enfim: de uma mesma natureza em três pessoas distinguíveis.
Quanto a Jesus ter sido “gerado” pelo Pai (Hb. 1.5), ou ser o “unigênito” do Pai (Jo. 1.14) não significa que Ele foi, em algum momento “criado”, pois a palavra original é (gr. monogenês), que significa “incomparável”, “especial”, “único do seu tipo”, e “é aplicada a Jesus para enfatizar que Ele é, pela sua natureza, o Filho de Deus num sentido incomparável e especial, como nenhum outro pode ser.”
1.4 A ATUAÇÃO CONJUNTA DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO
Claramente se percebe o ensino da Trindade e da igualdade de Divindade entre as três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, nas passagens de Mt. 28.19 e 2Co 13:13.
1.5 RESUMO DA TRINDADE PARA JOÃO CALVINO
A distinção das pessoas na Trindade:
“Por isso, também, não devemos deixar-nos levar a imaginá-la como uma trindade de pessoas que detenha o pensamento cindido em relação às partes e não o reconduza, imediatamente, a essa unidade. Por certo que os termos Pai, Filho e Espírito assinalam distinção real, de sorte que não pense alguém serem meros epítetos [vocativos, nomes], com quê, em função de suas obras, Deus seja diversificadamente designado; entretanto se fala de distinção, não divisão. Que o Filho tem sua propriedade distinta do Pai no-lo mostram as referências que já citamos, pois a Palavra não haveria estado com o Pai se não fosse outra distinta do Pai; nem haveria tido sua glória junto ao Pai, a não ser que dele se distinguisse. De igual modo, ele distingue de si o Pai, quando diz que há outro que dá testemunho a seu respeito [Jo 5.32; 8.16, 18]. E a isto importa o que se diz em outro lugar: que o Pai a tudo criou mediante o Verbo [Jo 1.3; Hb 11.3], o que não seria possível, a não ser que, de alguma forma, seja distinto dele. Além disso, o Pai não desceu à terra, contudo desceu aquele que procedeu do Pai; o Pai não morreu, nem ressuscitou, e, sim, aquele que fora por ele enviado. Tampouco esta distinção teve início a partir de quando a carne foi assumida; ao contrário, é manifesto que também antes disso ele foi o Unigênito no seio do Pai [Jo 1.18]. Pois, quem ousa afirmar que o Filho ingressou no seio do Pai quando, finalmente, então desceu do céu para assumir a natureza humana? Portanto, ele estava no seio do Pai e mantinha sua glória junto ao Pai antes disso [Jo 17.5].
Cristo assinala a distinção do Espírito Santo em relação ao Pai quando diz que ele, o Espírito, procede do Pai; além disso, a distinção do Espírito em relação a si mesmo a evidencia sempre que o chama outro, como quando anuncia que outro Consolador haveria de ser por ele enviado; e freqüentemente em outras passagens [Jo 14.16; 15.26]”.
Funções diferentes na Trindade:
“(…) a distinção que observamos expressa nas Escrituras, consiste em que ao Pai se atribui o princípio de ação, a fonte e manancial de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria, o conselho e a própria dispensação na operação das coisas; mas ao Espírito se assinala o poder e a eficácia da
ação. Com efeito, ainda que a eternidade do Pai seja também a eternidade do Filho e do Espírito, posto que Deus jamais pôde existir sem sua sabedoria e poder, nem se deve buscar na eternidade antes ou depois, todavia não é vã ou supérflua a observância de uma ordem, a saber: enquanto o Pai é tido como sendo o primeiro, então se diz que o Filho procede dele; finalmente, o Espírito procede de ambos. Ora, até mesmo o mero entendimento de cada um, de seu próprio arbítrio, o inclina a considerar a Deus em primeiro plano; em seguida, emergindo dele, a Sabedoria; então, por fim, o Poder pelo qual executa os decretos. Diz-se que o Espírito procede, ao mesmo tempo, do Pai e do Filho. Isto, na realidade, em muitas passagens, contudo em parte alguma está mais explícito do que no capítulo 8 da Epístola aos Romanos [v. 9], onde, na verdade, o mesmo Espírito é indiferentemente designado ora Espírito de Cristo, ora Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Cristo [v. 11], e não sem razão plausível.”
1.6 O CREDO DE ATANÁSIO
1. Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal.
2. A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.
3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.
4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.
5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.
6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade.
7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.
9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.
10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno.
12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.
13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.
15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.
17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.
18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.
20. O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.
21. O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.
22. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.
23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor.
25. Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada.
26. Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.
27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.
28. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
29. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.
30. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.
31. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade.
32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois mas um só Cristo.
33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade.
34. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.
35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.
36. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de sua obras.
39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.
1.7 CONCLUSÃO
O assunto da Trindade, apesar de todas as explicações acima e das outras existentes, poderá ser compreendido até certo ponto, após o qual torna-se o “mistério tremendo” (lat. misterium tremendum), nome pelo qual Agostinho lhe chama.
Assim cumpre a nós, juntamente com todos os cristãos fiéis de todas as épocas, honrar, servir, adorar e anunciar a graça de Deus, revelada por Cristo, debaixo do poder do Espírito Santo.
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Forçado pelas Circunstâncias

23.10.2013
Do blog ESTUDOS DA BÍBLIA
Por Dennis Allan

Saul, o primeiro rei de Israel, iniciou seu trabalho como um homem simples que confiava em Deus. Mas depois que o primeiro sucesso militar reforçou sua popularidade, ele começou a confiar em sua própria sabedoria e deu menos importância à vontade de Deus. Quando ele se preparava para conduzir seus soldados na batalha contra a bem armada multidão dos filisteus, a confiança de Saul na palavra de Deus foi testada.

Samuel, profeta de Deus e mentor de Saul, estava a caminho para oferecer um sacrifício a Deus. Para entender o que acontece neste relato, devemos lembrar que Deus fez uma separação no Antigo Testamento entre sacerdotes e outros. O trabalho de oferecer sacrifícios pertencia aos sacerdotes. Saul tinha um papel importante, mas ele era rei, e não sacerdote. Respeitando esta diferença de papeis, Samuel havia instruído Saul a esperar sete dias em Gilgal, onde este sacerdote faria o sacrifício e lhe daria orientações (1 Samuel 10:8).

Saul foi para Gilgal e esperou os sete dias, mas Samuel demorou. Saul olhou para seu formidável inimigo e observou seus próprios soldados, atemorizados pelo adversário, abandonando suas posições e seus deveres. Em desespero, Saul ofereceu sacrifício para invocar o auxílio de Deus. Samuel chegou imediatamente depois do sacrifício feito por Saul, sem ter autoridade para isso, e reprovou a presunçosa ação do rei. Saul explicou seu terrível apuro e sua necessidade do auxílio de Deus contra o inimigo avassalador. Ele concluiu sua defesa com uma lembrança da situação: “e forçado pelas circunstâncias, ofereci holocaustos” (1 Samuel 13:12).

Muitas pessoas dão a mesma justificativa para o pecado hoje em dia. Alguns sugerem que, às vezes, somos forçados a escolher o menor de dois males. Outros dizem que o pecado é simplesmente inevitável em algumas situações. Argumentos deste tipo surgem em diversos contextos. Alguns justificam seus atos imorais, dizendo que a pressão é tão grande que ninguém resiste, e assim imaginando que Deus seja obrigado a aceitar estes erros e ignorar seus pecados. Outros assumem papeis que Deus não lhes deu – no lar, na igreja, etc. – e justificam sua presunção dizendo que foram “forçados pelas circunstâncias”. É isto o que Deus pensa?

Não foi o que Deus pensou quando Saul agiu sem sua permissão. Samuel reprovou o ato de Saul e disse que Deus tiraria o reino de sua família por causa deste erro (1 Samuel 13:13-15). Além de tudo, o ato de Saul não resolveu a sua necessidade de ajuda divina. Em um sentido, Saul buscou a Deus, mas de uma maneira totalmente errada. Como consequência, este rei ficou com um exército bem reduzido diante de um inimigo forte. Tinha apenas 600 soldados contra a multidão dos filisteus (compare 1 Samuel 13:5 com 13:15). Saul disse que foi “forçado pelas circunstâncias” a agir sem a autorização divina, mas seu argumento não convenceu a Deus.

3.000 anos depois, este argumento ainda não funciona! Muitos ainda tentam justificar seus atos errados dizendo que não têm opção, ou que são forçados pelas circunstâncias. Paulo garante que nós podemos confiar em Deus, porque ele proverá uma via de escape de cada tentação: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1 Coríntios 10:12-13). Este trecho nega as nossas desculpas e nos obriga a encarar a realidade da nossa responsabilidade diante de Deus. Nunca somos forçados pelas circunstâncias a pecarmos. Nunca é certo proceder erradamente, não importa qual seja a situação.

Vivemos em uma época da História na qual muitos preferem falar de desculpas e não de deveres, e querem jogar suas responsabilidades para os outros ao invés de prestar contas por suas próprias decisões. Pode ser que tais desculpas sejam aceitas pelas nossas famílias, pelo governo ou pela sociedade em geral, mas o nosso Criador nos fez para reconhecer as nossas responsabilidades. Ele está disposto a nos ajudar a corrigir os erros e receber perdão, mas não nos dá o direito de fugir da responsabilidade ou tentar justificar o pecado. Somente quando descartamos nossas desculpas e enfrentamos nossos pecados podemos ser reconciliados com Deus (Tiago 4:7-10).

Uma versão menor deste artigo: http://www.estudosdabiblia.net/esc21.htm
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