25.07.2015
Do portal GOSPEL PRIME
ARTIGOS
Por Eduardo Vasconcellos
Algumas pessoas atribuem um significado errôneo à cruz
É difícil ficar alheio ao que aconteceu no último fim de semana em SP. E, sobretudo, é mais difícil ainda não termos uma posição formada sobre esse assunto que vai e volta vem a tona com menos ou mais violência. Mas, entre todas as manifestações ou comentários possíveis, gostaria de me restringir à CRUZ, pois ela, além de ser um símbolo sagrado do cristão, tem um significado muito forte e vivo.
Mas algumas pessoas atribuem um significado errôneo à cruz, como se ela fosse o lugar de alguém que sofreu uma injustiça e por isso estivesse sendo crucificada. É o que acontece também com o termo bode expiatório. Embora ambos tenham um sentido teológico específico, quando usados como expressão cotidiana como “ele foi pego pra bode expiatório” ou “estão crucificando tal pessoa”, eles são transpostos de seu lugar original e perdem o seu significado.
Contudo, tanto o bode quanto o Cristo cumprem um papel na expiação do pecado. Foi na Cruz que Cristo reconciliou a humanidade com o seu criador – e isso não é pouca coisa. Foi ali que Ele se tornou maldito para nos redimir de nossos pecados diante de Deus. A cruz foi o lugar onde Cristo pagou a nossa dívida. Quando o profeta anunciou que “verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si” [Is 53:4 ] ele explicou também que “ao Senhor agradou moê-lo” [v.10] mas que “quando a sua alma se puser (pusesse) por expiação do pecado, verá (veria) a sua posteridade, (…) Ele verá (veria) o fruto do trabalho da sua alma, e ficará (ficaria) satisfeito” [ v. 10,11], e conclui dizendo: “ele levou sobre si o pecado de muitos” [v. 12]. Jesus morreu por toda a humanidade.
Apesar de o texto deixar em evidência o propósito redentor do Pai no martírio do Filho, em meio a essas palavras Isaias advertiu – “nós o reputávamos por aflito” [v. 4], como que antevendo o erro do homem em achar que Cristo foi crucificado por uma injustiça humana e não por uma determinação divina. Se podemos atribuir alguma injustiça é ao fato que Jesus carregou os nossos pecados e não os de si próprio, mas não à falta de bondade em Pilatos ou falta de justiça naquela geração de fariseus. A força da vontade divina, nesse sentido, é superior à ação humana.
Jesus morreu “pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”, cf 1 Jo 2.2, e sobre isto podemos fazer uma associação com o símbolo da Cruz, duas retas em direção ao infinito, uma unindo céu e terra, religando o homem a Deus, a outra, um horizonte sem fim, alcançando a todos os homens. Jesus restaura todo o pecador; nele todo pecado é curado.
Domingo passado, alguns manifestantes que se identificaram como cristãos foram à passeata e ergueram cartazes com a seguinte palavra de ordem: “Jesus cura a homofobia”. Sim, Jesus cura todo o pecado, já vimos, inclusive os cometidos no tempo da ignorância. Mas, será que quando lemos na Bíblia os textos que condenam o homossexualismo estamos sendo homofóbicos? A Escritura Sagrada declara que tais práticas são pecado, não as aprova e ainda adverte que quem as comete não herdará o Reino dos Céus. Se levarmos a sério essa acusação de que esse é um discurso homofóbico não restará outra alternativa que acusar a própria Bíblia de homofobia.
Sinceramente coloco em dúvida a confissão de fé desses manifestantes e do seu entendimento a respeito da fé cristã e da própria Bíblia. A mesma ensina que a Igreja é “coluna e firmeza da verdade” [1 Tm 3.15] e que ela instrui a andar convenientemente. Mesmo sabendo que há quem imagine ser possível a Igreja flexibilizar seus ensinamentos relativizando o conteúdo da mensagem de Deus, não há respaldo bíblico para tal exercício. A contextualização cultural sadia não descaracteriza a essência da mensagem, isto é, o pecado não deixará de ser pecado com o passar dos anos ou se mudar de região geográfica.
Nesse sentido, quero até levar esclarecimento para aqueles manifestantes quanto ao texto bíblico, pois na carta de Paulo aos Romanos, capítulo I, o apóstolo inclui os que “consentem aos que as fazem” [v.32], referindo-se especificamente àqueles que, conhecendo o juízo de Deus, não se posicionam corretamente quanto ao pecado. Sugiro que o leitor siga a partir do verso 27 e veja que Paulo esta afirmado que “homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”, e que essa recompensa não é outra senão a morte (v. 32).
Por outro lado, quero afirmar que o(a) transexual Viviany Beloboni não poderia estar naquela cruz porque, com expliquei acima, ele(a) não foi injustiçado(a). Não foi alvo de injustiça alguma. Seu lugar ali é ilegítimo. Ele(a) teria o direito de estar ali se, como ensinou o apóstolo Paulo, subjugasse o seu corpo, reduzindo-o à servidão [1 Co 9.27], ou seja, se resistisse às concupiscências da sua carne, conforme o apóstolo explicou também aos Gálatas: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”. Caso Viviany, ao invés de espírito de sensualidade, levasse sobre seu corpo as marcas do Senhor Jesus [Gl 6.17], poderia bradar: Ninguém me moleste!
Todo cristão é chamado a carregar a sua cruz. Isso, além de simbólico, é sagrado. Diz respeito a sua relação íntima com Deus, sua entrega pessoal, sua renúncia às concupiscências dos olhos, às concupiscências da carne e à soberba da vida, a maneira como ele declara fidelidade ao seu Redentor.
Finalmente, Jesus disse que se não carregamos nossa cruz e o seguimos, não somos dignos dele [Mt 10.38] e não podemos ser seus discípulos [Lc 14.27]. Tão forte quanto é a mensagem de amor é a instrução sobre a renúncia a tal ponto que Jesus não hesita em declarar: “se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará” [Lc 9:23,24].
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Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/jesus-pecado-transexual-nao-cruz/