29.07.2015
Do portal do MINISTÉRIO FIEL, 24.06.13
Qual é a vontade de Deus e como a conhecemos?
Romanos 12:1-2
1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que
apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional. 2 E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
O propósito de Romanos 12:1-2 é que tudo na vida deveria se tornar
uma "adoração espiritual". O versículo 1: "Apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional". O propósito de toda a vida humana aos olhos de Deus é que
Cristo seja tão precioso quanto ele é. A adoração significa usar nossas
mentes, corações e corpos para expressar o valor de Deus e tudo o que
ele representa para nós em Jesus. Há uma forma de viver - uma forma de
amar - que realiza isso. Existe uma forma de executar seu trabalho que
expressa o verdadeiro valor de Deus. Se você não pode encontrá-la,
talvez, signifique que você precisa mudar de emprego. Ou pode ser que o
versículo 2 não esteja se cumprindo na extensão que deveria.
O versículo 2 é a resposta de Paulo sobre como tornamos tudo em nossa
vida uma adoração. Precisamos ser transformados. Não apenas nosso
comportamento externo, mas a forma que sentimos e pensamos - nossas
mentes. O versículo 2: "Mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente".
Tornar-se o que você é
Aqueles que creem em Cristo Jesus já são novas criaturas compradas
com sangue. "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura" (2
Coríntios 5:17). Porém, agora, precisamos nos tornar o que nós somos.
"Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de
fato, sem fermento" (1 Coríntios 5:7).
"E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Colossenses 3:10).
Você foi criado novo em Cristo; e agora você é renovado dia a dia. É
nisso que focamos na última semana.
Agora, focamos na última parte do versículo 2, o propósito da mente
renovada: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, [agora, surge o propósito] para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".
Desse modo, este artigo terá como foco o sentido da expressão "vontade
de Deus" e como podemos conhecê-la.
As duas vontades de Deus
Há dois sentidos claros e muito diferentes para a expressão "vontade
de Deus" na Bíblia. Precisamos conhecê-los e definir qual deles é usado
em Romanos 12:2. De fato, saber a diferença entre esses dois sentidos da
"vontade de Deus" é crucial para entendermos um dos maiores e mais
perplexos fatos em toda a Bíblia, que Deus é soberano sobre todas as
coisas. Significa que Deus desaprova algumas coisas que ele ordena que
aconteçam. Isto é, ele proíbe algumas das coisas em que ele é a causa. E
ele ordena algumas das coisas em que causa obstáculo. Ou, para
expressar isso de um modo paradoxal: Deus deseja que alguns eventos
ocorram em um sentido que ele não deseja em outro sentido.
1. A vontade de decreto ou vontade soberana de Deus
Vamos examinar as passagens da Escritura que nos fazem pensar dessa
forma. Primeiro, considere as que descrevem "a vontade de Deus" como seu
controle soberano sobre tudo o que acontece. Uma das mais explícitas é o
modo como Jesus falou da vontade de Deus no Getsê mani quando orou .
Ele disse em Mateus 26,39: "Meu Pai, se possível, afasta de mim este
cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres". A quê a
vontade de Deus se refere nesse versículo? Ela se refere ao plano
soberano de Deus que ocorrerá nas próximas horas. Você relembra como
Atos 4:27- 28 declara isto; "Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta
cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio
Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua
mão e o teu propósito predeterminaram". Portanto, a "vontade de Deus"
era que Jesus morresse. Esse foi o seu plano, seu decreto. Não havia
como mudá-lo e Jesus se curvou e disse: "Aqui está o meu pedido, mas
faça o que for melhor". Essa é a vontade soberana de Deus.
E não deixe de entender um conceito bastante crucial aqui que inclui
os pecados do homem. Herodes, Pilatos, os soldados, os líderes judeus -
todos eles pecaram ao cumprirem a vontade de Deus, que seu Filho fosse
crucificado (Isaías 53:10). Desse modo, entenda esse aspecto com muita
clareza: Deus deseja que aconteçam algumas coisas que ele odeia.
Aqui há um exemplo de Pedro. Em 1 Pedro 3:17, ele escreve: "Porque,
se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é
bom do que praticando o mal". Em outras palavras, talvez seja a vontade
de Deus que cristãos sofram por fazer o bem. Ele tem em mente a
perseguição. Mas a perseguição de cristãos que não merecem isso é
pecado. Por conseguinte, Deus, às vezes, deseja que eventos aconteçam e
que incluam o pecado. "É melhor sofrer por fazer o bem, se isso tiver
que ser a vontade de Deus".
Paulo apresenta uma declaração sintética e abrangente dessa verdade
em Efésios 1:11:
"Nele, digo, no qual fomos também feitos herança,
predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas
conforme o conselho da sua vontade". A vontade de Deus é o governo
soberano dele em tudo o que acontece. E há muitas outras passagens na
Bíblia ensina ndo que a providência de Deus sobre o universo se estende
aos detalhes mais simples da natureza e decisões humanas. Nenhum pardal
cairá por terra sem o consentimento de vosso Pai (Mateus 10:29). "A
sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão"
(Provérbios 16:33). "O coração do homem pode fazer planos, mas a
resposta certa dos lábios vem do Senhor" (Provérbios 16:1). "Como
ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; este,
segundo o seu querer, inclina-o" (Provérbios 21:1).
Este é o primeiro sentido da vontade de Deus: o controle soberano de
Deus sobre todas as coisas. Chamaremos isso de "vontade soberana" ou
"vontade de decreto" de Deus. Ela não pode ser quebrada. Ela sempre
acontece. "Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e,
segundo sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da
terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: 'O que fazes?'"
(Daniel 4:35).
2. A vontade de preceito de Deus
Agora, o outro sentido da "vontade de Deus" na Bíblia é que podemos
nos referir à "vontade de preceito". Sua vontade é o que ele nos manda
fazer. Essa é a vontade de Deus que podemos desobedecer e podemos falhar
em cumprir. A vontade de decreto de Deus, nós a cumpriremos ainda que
creiamos nela ou não. Já a vontade de preceito, podemos falhar em
cumpri-la. Por exemplo, Jesus disse: "Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus" (Mateus 7:21). Nem todos cumprem a vontade de
seu Pai. Ele declara assim. "Nem todos entrarão no reino dos céus". Por
quê? Porque nem todos fazem a vontade de Deus.
Paulo afirma em 1 Tessalonicenses 4:3: "Pois esta é a vontade de
Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição". Aqui,
temos um exemplo muito específico sobre o que Deus preceitua para nós:
santidade, santificação, pureza sexual. Essa é sua vontade de preceito.
Mas, ó, muitos não a obedecem.
Então, Paulo declara em 1 Tessalonicenses 5:18: "Em tudo, dai graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco".
Novamente, há um aspecto específico de sua vontade de preceito: em tudo,
dai graças. No entanto, muitos não cumprem essa vontade de Deus.
Mais um exemplo: "Ora, o mundo passa, bem como a sua ganância;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus, permanece eternamente" (1 João
2:17). Nem todos permanecem para sempre. Alguns permanecem, outros não.
A diferença? Alguns fazem a vontade de Deus, outros não. A vontade de
Deus, nesse sentido, nem sempre acontece.
Assim, concluo dessas passagens e de muitas outras da Bíblia, que há
duas formas de falar a respeito da vontade de Deus. Ambas são
verdadeiras e importantes para se compreender e crer. Uma, podemos
chamar vontade de decreto de Deus (ou sua vontade soberana) e a outra,
podemos chamar vontade de preceito de Deus. Sua vontade de decreto
sempre acontece independente se cremos nela ou não. Sua vontade de
preceito pode ser quebrada.
A preciosidade dessas verdades
Antes de relacionarmos as duas formas da vontade de Deus à passagem
de Romanos 12:2, permita-me comentar como são preciosas essas duas
verdades. Ambas correspondem a uma profunda necessidade que todos temos
quando somos profundamente machucados ou vivenciamos grande perda. Por
um lado, precisamos ter a segurança de que Deus está no controle e,
portanto, é capaz de fazer com que todo sofrimento e perda cooperem para
o meu bem e o bem de todos os que o amam. Por outro lado, necessitamos
saber que Deus é solidário conosco e não tem prazer no pecado ou
sofrimento em si mesmo ou do que advém deles mesmos. Essas duas
necessidades correspondem à vontade de decreto de Deus e à sua vontade
de preceito.
Por exemplo, se você foi severamente violentado quando criança e
alguém lhe pergunta: "Você considera que isso foi a vontade de Deus?"
Você, agora, tem uma maneira de formular um sentido bíblico para es sa
experiência e apresentar uma resposta que não contradiz a Bíblia. Você
pode dizer: "Não, isso não foi a vontade de Deus, porquanto ele
preceitua que os seres humanos não sejam violentos, mas que amem uns aos
outros. A violência quebrou seu mandamento e, por conseguinte, moveu
seu coração com ira e tristeza (Marcos 3:5). Mas, em outro sentido, sim,
foi a vontade de Deus (sua vontade soberana), porque há centenas de
modos como ele poderia ter impedido esse acontecimento. Todavia, por
razões que não entendemos plenamente ainda, ele não o fez".
E correspondendo a essas duas vontades, há duas coisas de que o
cristão precisa nessa situação: uma é um Deus que é forte, soberano o
bastante para transformar isso para o bem; e a outra é um Deus que é
capaz de ser solidário com você. Por um lado, Cristo é um soberano
grande Rei e nada acontece além de sua vontade (Mateus 28:18). Por outro
lado, Cristo é um Sumo Sacerdote e se solidariza com sua fraqueza e
sofrimento (Hebreus 4:15). O Espírito Santo nos conquista e vence nossos
pecados quando ele deseja (João 1:13; Romanos 9:15 -16), e permite a si
mesmo ficar entristecido, ser apagado e sentir ira quando ele o quiser
(Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19). Sua vontade soberana é
invencível e sua vontade de preceito pode ser deploravelmente quebrada.
Precisamos de ambas verdades - dessas duas compreensões da vontade de
Deus - não apenas para conferir sentido à Bíblia, mas para nos
apegarmos firmemente a Deus quando estivermos sofrendo.
Qual das duas vontades é referida em Romanos 12:2?
Agora, qual dessas verdades é referida em Romanos 12:2: "E não vos
conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus"? A resposta é que Paulo se refere à vontade de preceito
de Deus. Digo isso por, pelo menos, duas razões. Uma é que Deus não tem
a intenção de que saibamos sua vontade soberana antecipadamente. "As
coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas
nos pertencem, a nós" (Deuteronômio 29:29). Se você deseja saber os
detalhes futuros da vontade de decreto de Deus, você não quer uma mente
renovada, você quer uma bola de cristal. Isso não se chama transformação
e obediência; chama-se adivinhação, vaticínio.
A outra razão para dizer que a vontade de Deus em Romanos 12:2 é a
vontade de preceito e não sua vontade de decreto é que a frase "para que
experimenteis qual seja a boa" implica que devemos aprovar a vontade de
Deus e então, obedientemente, cumpri-la. Porém, de fato, não devemos
aprovar o pecado ou praticá-lo, embora ele seja parte da vontade
soberana de Deus. O sentido de Paulo em Romanos 12:2 é parafraseado em
Hebreus 5:14: "Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles
que, pela prática, têm suas faculdades exercitadas para discernir não
somente o bem, mas também o mal". (Veja outra paráfrase em Filipenses
1:9-11). Esse é o propósito do versículo: não se referir à secreta
vontade de Deus que ele planeja realizar, mas ao discernimento da
vontade revelada de Deus que deveríamos cumprir.
Três estágios do conhecimento e do cumprimento da vontade revelada de Deus
Há três estágios do conhecimento e cumprimento da vontade revelada de
Deus, isto é, sua vontade de preceito; e toda ela requer a renovação da
mente com o Espírito Santo concedendo o discernimento de que falamos
anteriormente.
Primeiro estágio
Primeiro, a vontade de preceito de Deus é revelada com autoridade
definitiva e decisiva somente na Bíblia. E precisamos da mente renovada
para compreender e aceitar o que Deus preceitua na Escritura. Sem a
mente renovada, distorceremos as Escrituras para evitar obedecer a seus
mandamentos radicais de abnegação, amor, pureza e suprema satisfação em
Cristo somente. A vontade de preceito autoritária de Deus é encontrada
apenas na Bíblia. Paulo afirma que as Escrituras são inspiradas e tornam
o cristão "perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2
Timóteo 3:17). Não apenas para algumas boas obras. "Toda boa obra". Ó,
quanta energia, tempo e devoção os cristãos deveriam dedicar meditando
na Palavra de Deus escrita.
Segundo estágio
O segundo estágio da vontade de preceito de Deus é nossa aplicação da
verdade bíblica às novas situações que talvez sejam tratadas
explicitamente na Bíblia. A Bíblia não fala com qual pessoa se casar, ou
qual carro dirigir, ou se deve possuir uma casa, ou onde deve
desfrutar suas férias, qual plano de telefone celular você deve comprar,
qual a melhor marca de suco de laranja que deve consumir. Ou mil outras
escolhas que você deve fazer.
É necessário que tenhamos uma mente renovada; que seja tão moldada e
tão dirigida pela vontade revelada de Deus na Bíblia que percebamos e
avaliemos todos os fatores relevantes com a mente de Cristo, e
discirnamos o que Deus nos chama a realizar. É muito diferente de tentar
constantemente ouvir a voz de Deus dizendo faça isso ou faça aquilo. As
pessoas que tentam conduzir suas vidas ouvindo vozes não estão em
harmonia com Romanos 12:2.
Há uma diferença imensa entre orar e trabalhar para uma mente
renovada que discerne como aplicar a Palavra de Deus, por um lado, e o
hábito de pedir a Deus para lhe dar uma nova revelação sobre o que
fazer, por outro lado. Adivinhação não requer transformação. O propósito
de Deus é uma nova mente, uma nova forma de pensar e julgar, não apenas
nova informação. Seu propósito é que sejamos transformados,
santificados, libertos pela verdade de sua Palavra revelada (João 8:32;
17:17). Assim, o segundo estágio da vontade de preceito de Deus é o
discernimento da aplicação das Escrituras às novas situações da vida por
meio de uma mente renovada.
Terceiro estágio
Finalmente, o terceiro estágio da vontade de preceito de Deus se
refere à vasta maioria de nós, que não reflete antes de agir. Arrisco-me
a dizer que em 95% do seu comportamento você não premedita. Isto é, a
maioria de seus pensamentos, atitudes e ações são espontâneas. São
apenas extravasamento do que está no interior. Jesus disse: "Porque a
boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom
coisas boas; mas o homem mau, do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos
que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta
no Dia do Juízo" (Mateus 12:34-36).
Por que chamo isso de parte da vontade de preceito de Deus? Por uma
razão. Porque Deus preceitua coisas como: não se ire. Não seja
orgulhoso. Não cobice. Não fique ansioso. Não seja ciumento. Não seja
invejoso. E nenhuma des sas ações são premeditadas. Ira, orgulho,
cobiça, ansiedade, ciúme, inveja - elas todas surgem no coração sem a
reflexão ou intenção. E somos culpados por causa delas. Elas quebram o
mandamento de Deus.
Portanto, não está claro que há uma grande tarefa na vida cristã? Ser
transformado pela renovação de sua mente. Precisamos de novos corações e
novas mentes. Faça com que a árvore seja boa e o fruto será bom (Mateus
12:33). Esse é o grande desafio. É o que Deus o desafia a fazer. Você
não pode fazer isso com suas próprias forças. Você precisa de Cristo,
que morreu por seus pecados. E você precisa do Espírito Santo para
conduzi-lo à verdade que exalta a Cristo .
Entregue-se a isso. Mergulhe na Palavra de Deus; sature sua mente com
ela. E ore para que o Espírito de Cristo faça você tão novo que o
extravasamento seja bom, agradável e perfeito - a vontade de Deus.
*****
Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/535/A_Vontade_de_Deus