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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Ansiedade e o Desemprego

18.12.2013
Do portal  ENCONTRE A PAZ

O desemprego traz consigo várias aflições e provações e normalmente também uma profunda crise emocional. De maneira nenhuma queremos minimizar tudo isso, mas desejamos animá-lo! Encorajá-lo a lançar todas as suas ansiedades sobre o Senhor Jesus Cristo, pois está escrito: "lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1 Pe 5.7). Você notou que este pequeno versículo contém uma exortação e uma promessa? A exortação é: "lançando sobre ele toda a vossa ansiedade." Portanto, não devemos entregar-Lhe as ansiedades de maneira vacilante ou até com dúvidas, mas devemos literalmente lançá-las sobre Ele! Isto quer dizer: distanciar-se delas de maneira decidida. 

E a promessa é: "porque ele tem cuidado de vós." O próprio Senhor sabe o que é o melhor para você, pois Ele sempre tem em mente o que é melhor para sua vida! Porém, às vezes temos muitas dificuldades em entendê-lo e em nos firmarmos pela fé nessa verdade espiritual. Por quê? Porque em nossa miopia humana sempre pensamos que o melhor é "ter o sol brilhando a cada dia". De maneira nenhuma! São justamente os caminhos profundos que nos levam à comunhão dos Seus sofrimentos e, assim, a uma comunhão mais íntima com o Senhor!

Por isso, lance suas ansiedades sobre Ele e confie nEle! Isto não quer dizer que você deva cruzar os braços e deixar de procurar emprego! Lançar sobre Jesus todas as nossas ansiedades não significa que devemos resignar-nos e agarrar-nos em nossas idéias pré-concebidas sobre o que fazer ou deixar de fazer. Significa: "Senhor, eu lanço todas as minhas ansiedades sobre Ti e peço-Te: Guia-me segundo a Tua vontade e protege-me de caminhos errados". 

Quem confia no seu Senhor de maneira absoluta e fica atento à Sua direção, no final poderá exclamar com Davi: "...o Senhor me ouve quando eu clamo por ele" (Sl 4.3b). Pois: "O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam" (2 Sm 22.31). (Elsbeth Vetsch - http://www.apaz.com.br)
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domingo, 24 de novembro de 2013

CONFIANÇA EM DEUS PARA ENFRENTAR A ANSIEDADE

24.11.2013
Do portal ULTIMATOONLINE


Texto Básico: Hebreus 11.1-2; 12.3-4
Leitura Diária

Domingo:  Hb 11.1-31 – Pela fé
Segunda:  Hb 11.32-40 – Bom testemunho de sua fé
Terça:  Hb 12.1-17 – Olhando firmemente
Quarta:  Hb 12.18-29 – Não tendes chegado ao fogo
Quinta:  Fp 4.10-19 – Ele há de suprir cada necessidade
Sexta:  Ef 6.10-18 – Usando o escudo da fé
Sábado: Fp 2.1-11 – Toda língua confesse

Introdução
George Müller tinha muito conhecimento acerca da fé – e pelo melhor meio que alguém pode conhecer qualquer coisa: colocando-a em prática. Sua vida na juventude foi de grande transgressão. Por volta dos 20 anos, quando se tornou cristão, ele já tinha passado um tempo na cadeia. Mas, a partir daí, seus interesses e atitudes mudaram radicalmente.
Depois de Müller dedicar anos preparando-se para o ministério, ele foi trabalhar como missionário entre os judeus na Inglaterra. Quando ele e sua esposa se mudaram para Bristol, uma cidade portuária, em 1832, ficaram horrorizados ao ver multidões de órfãos sem lar, vivendo e morrendo em ruas sujas e estreitas, apanhando restos de comida no lixo.
Os Müller, com uma crença inabalável na Bíblia, convenceram-se de que, se os cristãos aplicassem com seriedade as Escrituras, não haveria limites para o que poderiam conquistar para Deus. Eles então desenvolveram um trabalho para alimentar, vestir e educar crianças órfãs desamparadas. No final da sua existência, os lares que haviam estabelecido cuidavam de mais de dez mil órfãos. Diferentes de muitos hoje, que dizem “viver pela fé”, Müller e a esposa nunca disseram para qualquer pessoa, exceto para Deus, sobre sua necessidade de recursos. O Senhor sempre os proveu com abundância, por meio de suas orações de gratidão e por esperarem humildemente nele.
George Müller disse: “Onde a fé começa, a ansiedade termina; onde a ansiedade começa, a fé acaba” (George Müller de Bristol, Arthur T.Pierson). Por sua vida exemplar, podemos acreditar que ele sabia o que estava falando. Se fizéssemos um estudo abrangente do que as Escrituras dizem sobre ansiedade, precisaríamos examinar o que ela diz sobre viver pela fé.
Hebreus 11 e 12 são os capítulos da fé da Bíblia. O capítulo 11 apresenta uma definição geral da fé e muitos exemplos do Antigo Testamento. Deus nos supre com exemplos do passado, de modo que possamos ser incentivados e ter esperança ao ver como pessoas reais foram capazes de controlar a ansiedade. O capítulo 12 de Hebreus reúne os princípios da vida pela fé. Como veremos, há muito mais na fé do que a visão contemporânea que a limita ao modo como uma pessoa lida com suas finanças.
I. Ponha de lado qualquer dificuldade
O autor de Hebreus recomendou que nos desembaraçássemos “de todo peso e pecado que tenazmente nos assedia, [e] corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1). Quando você começou a aprender a correr, logo descobriu que tem de correr sem pesos. Você pode treinar com uma vestimenta grossa e com pesos amarrados, mas precisa retirá-los antes de chegar às barreiras. O verdadeiro corredor livra-se do peso e corre com o mínimo de roupa.
De modo semelhante, na corrida da fé, precisamos afastar qualquer coisa que nos mantenha atrás. Muitas coisas podem nos impedir de correr e dificultar nossa vida cristã: materialismo, imoralidade sexual e ambição excessiva são apenas algumas delas, as mais comuns em nossa sociedade. Provavelmente, uma das coisas que o escritor de Hebreus tinha em mente era a legalidade. Ele estava escrevendo para uma audiência predominantemente judia, que se debatia com esse ponto. Eles estavam tentando participar da corrida mantendo as cerimônias, rituais e ritos judaicos. Em essência, o autor disse: “Livrem-se de tudo isso e corram a corrida da fé. Vivam pela fé, não pelas obras”.
Muitos cristãos ainda vivem pelas obras. Eles creem que, se fizerem as coisas certas, Deus se verá obrigado a manter o mesmo tipo de aprovação e dirá: “Isso é magnífico: você foi a um estudo bíblico, dedicou um bom tempo à leitura e reflexão da Palavra, fez algo de bom para seu vizinho e foi à igreja”. Se essas coisas são feitas no transbordamento do amor por Jesus Cristo, como atos de devoção, é maravilhoso. Mas há muitos cristãos que pensam que vão merecer o favor de Deus dessa maneira. Em vez de legalismo judaico, trata-se de legalismo cristão.
Outro peso ou pecado que “tão facilmente nos embaraça” é a dúvida. Um crente pode afirmar com o sentimento de verdade de Filipenses 4.19: “Meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de [minhas] necessidades”, mas ficar cheio de ansiedade quando surge uma dificuldade financeira.
Outros então, inevitavelmente, dirão: Não é você aquele que andava propagando que “Deus suprirá todas as suas necessidades”? Nós ora acreditamos que ele o fará, ora não, independentemente do que dissermos. Nossas ações revelam em que realmente cremos. Quando nos angustiamos, estamos duvidando de que Deus possa manter suas promessas e isso desonra ao Senhor.
A Bíblia ainda ensina que se nos sacrificarmos pelos motivos apropriados, Deus nos recompensará (Mt 6.3-4). Afirmamos crer nesse princípio, porém, frequentemente achamos difícil pô-lo em prática. Para sermos honestos, muitos de nós deveriam admitir não crer em Deus tanto quanto afirmam.
Qual é a nossa proteção contra a dúvida? Paulo disse que, acima de tudo, tomem “sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef 6.16). Quando Satanás lança suas tentações, nós as barraremos com o escudo da fé. Isso nos arma com uma atitude que diz: Satanás, você é um grande mentiroso. Tudo o que você diz é mentira, mas tudo o que Deus diz é verdade, por isso acredito em Deus.
Toda vez que pecamos é por acreditar em Satanás, não em Deus. Eis porque o escritor de Hebreus desejou que os crentes se livrassem de suas dúvidas e quaisquer outras coisas que os impedissem de correr essa corrida com confiança, e compreendessem que têm excelentes exemplos daqueles que viveram a mesma vida de fé, participando da mesma corrida, e triunfaram.
II. Olhe para Jesus
O autor da Carta aos Hebreus também disse que devemos estar “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.2). Jesus é o mais alto exemplo de fé que viveu, porque ele tinha o máximo a perder.
Paulo explicou posteriormente: “[Cristo], subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8).
Nosso Senhor despojou-se de suas prerrogativas divinas e creu em Deus, que não permitiria que seu Santo visse corrupção (Sl 16.10). Ele veio a este mundo como homem, carregou nossos pecados e morreu na confiança de que seria ressuscitado pelo Pai e exaltado novamente. Seu ato de fé permanece para sempre insuperável. Nosso Senhor Jesus Cristo suportou sofrimentos inimagináveis, mas por sua crença em Deus foi vitorioso. Eis porque devemos nos centrar nele.
A frase “fixe seus olhos em Jesus” é traduzida literalmente por “olhe para Jesus”. Ter a focalização correta é essencial para realizar qualquer meta com sucesso. Quando meu pai estava me ensinando a jogar beisebol, ele dizia: “Se você não mantiver sua vista fixa na bola, enquanto está vindo em sua direção, você não pode bater nela.” Quando jogávamos basquetebol, ele repetia: “Mantenha seus olhos fixos na cesta.”
De modo semelhante, na vida cristã, seu foco deve estar além de você. Na realidade, quanto mais cedo tiver seus olhos fora de si mesmo, melhor será. Vejo muitos danos decorrentes da atual preocupação com a psicoterapia e a introspecção intensiva. Podemos ficar tão enredados nesse autoconhecimento que comparo isso a alguém dirigindo um carro olhando para os pedais.
Quando você está participando de uma corrida, não olha para seus pés. Tampouco deveria olhar para os outros corredores – somente para Jesus. Ele é o exemplo perfeito, “o Autor e Consumador da fé”. A palavra grega traduzida por “autor” é archegos, que significa criador, pioneiro, primogenitor e líder supremo. Cristo é o Chefe, Líder da fé, maior do que qualquer exemplo em Hebreus 11 – ou outros. Ele dá um parâmetro àqueles que possam, por outro lado, tão facilmente se comparar com outros crentes e ambicionar sua fé ou experiências.
O que nos espera na linha de chegada da corrida da fé? Alegria e triunfo. Jesus suportou a cruz “em troca da alegria que lhe estava proposta” (Hb 12.2). Qualquer atleta lhe diria que não há nada igual à sensação da vitória. Não pela medalha ou pelo troféu ou qualquer outra coisa – e sim pela vitória em si, pela alegria do triunfo. Para Jesus essa alegria era estar novamente sentado “à destra do trono de Deus” (v. 2).
III. Confie em Deus de fato
Nossa verdadeira alegria e recompensa como crentes é ir para o céu, com Cristo, mas aqui e agora podemos experimentar uma grande sensação de triunfo, quando vencemos a tentação. Como você sabe, há muitas tentações a enfrentar. Aqui estão algumas vozes familiares, sendo a sua uma delas: “Não é fácil ser cristão: sou ridicularizado”. “Meu professor de filosofia contradiz em classe as minhas crenças.” “Minha esposa torna nossa convivência árdua.” “Está ficando cada vez mais difícil ser cristão em nossa sociedade, porque estamos chegando perto do fim dos tempos.”
Sobre esse último ponto, mais do que nunca ouço crentes afirmando: “Estamos preocupados a respeito do que está acontecendo no mundo. Se as coisas não mudarem bem depressa em nosso país, estaremos acabados”. Os cristãos não devem viver com essa perspectiva. Não vivemos por confiar nas notícias; vivemos pela fé em Deus.
Quando Bulstrode Whitelock se preparava para embarcar para a Suécia, como enviado de Oliver Cromwell, em 1653, ele estava angustiado com o cenário caótico de sua nação, pois a Inglaterra tinha acabado de enfrentar uma guerra civil, e – pela primeira e única vez em sua história – o próprio rei (Charles I) fora executado. O exército e o governo estavam em discórdia. Do mesmo modo se encontravam os presbiterianos e os independentes de Cromwell, dois ramos de puritanos (herdeiros espirituais dos reformadores do século anterior). Era difícil imaginar que direção a nação tomaria, ao deixá-lo como único representante desta em outro país. Na noite anterior à viagem, Whitelock caminhava nervosamente. Um empregado de confiança, notando que seu patrão não conseguia dormir, aproximou-se dele, e daí surgiu este diálogo1:

— Por favor, senhor, permiti que vosso servo vos faça uma pergunta?
— Certamente.

— “Por favor, senhor, não achais que Deus governou o mundo muito bem antes de vós nascerdes?

— Sem dúvida.

— E, por favor, senhor, não achais que ele continuará o fazendo, mesmo quando não estiverdes mais aqui?

— Certamente.

— Então, senhor, perdoai-me, por favor, mas não pensais que podeis confiar nele para que governe enquanto viverdes?

As perguntas deixaram Whitelock sem fala. Ele se dirigiu à cama e logo adormeceu. Do mesmo modo, seria bom se nos fizéssemos as mesmas perguntas, quando nos sobrevém o temor e, então, ao nos convencermos da resposta óbvia, descansássemos tranquilamente.
O autor de Hebreus estava extremamente alerta sobre muitas dessas preocupações que nos perturbariam na corrida da maratona cristã. Por isso, eis o que nos disse para fazer: “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma. Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue” (Hb 12.3-4).
Em outras palavras, “não vejo qualquer de vocês sangrando. Pode haver um pequeno desconforto em ser ridicularizado, você pode ter uma discussão em classe e, provavelmente, não terá tratamento preferencial do governo ou de qualquer outro, porém você não foi crucificado como alguém que conheço”.
Quando pensar que é muito difícil viver a vida cristã, considere aquele que suportou tal hostilidade a ponto de chegar à morte – e lembre-se de que você nem chegou perto dessa situação. Tendo isso em mente, há um meio de colocar suas ansiedades à prova. Se ficar exausto em uma corrida, atenha-se mais e mais a Jesus.
Lembre-se de que a vida de fé do Senhor levou-o à alegria e ao triunfo, e ele fará o mesmo com a sua.
Conclusão
As dificuldades do dia a dia, que são instrumentos para nos conduzir à ansiedade, devem ser deixadas de lado. Nossa confiança em resolver problemas não deve estar firmada em nós mesmos, mas em Deus. Por isso nossos olhos devem estar firmemente postos em Cristo Jesus, nosso Salvador, nosso Mantenedor. A ansiedade se esvai quando nossa fé em Cristo é praticada de verdade. Noções racionais sobre a fé podem ser úteis, mas se não forem aplicadas, vividas, seu proveito é vão.
Aplicação
De que modo você costuma agir diante de problemas do cotidiano, a fim de que estes não deixem você ansioso? Como você pode agir para manter sempre o foco em Jesus, e se afastar da ansiedade? Sua fé em Cristo está presente de fato em sua vida? Sua confiança em Deus é verdadeira a ponto de permitir que você não se sinta ansioso, mesmo diante de grandes dificuldades?
1. Citado por Walter B. Knight, em Três mil ilustrações para serviço cristão, Grand Rapids, Eerdmans, 1947, pág. 740; cf. Antonia Fraser, Cromwell: O lord protetor, Nova York: Donald I. Fine, 1973, p. 444.
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão – Vencendo a Ansiedade. Usado com permissão.
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

De misericórdia em misericórdia

23.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO

“A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração”. (Lc 1.50)

A vida cristã é uma experiência de pura misericórdia. Misericórdia que podemos alargar a sua compreensão quase que exponencialmente. Não se trata apenas daquela bênção de Deus em lidar com os nossos pecados, com os sofrimentos que deles decorrem, de tratar com brandura a nossa rebeldia e derramar perdão sobre as nossas vidas. Misericórdia tem a ver com todos os recursos dados por Deus para fazermos a travessia desta vida em meio às muitas contradições, paradoxos e contingências de nossa experiência humana que escapam por completo de nosso controle. Gostaria de apresentar nesta pastoral pelo menos quatro grandes aspectos da presença da misericórdia em nossas vidas que podemos e devemos desfrutar e repousar confiantemente nela.

1. Ansiedade e medo do futuro. A misericórdia de Deus nos ensina que as necessidades de hoje serão supridas com as respostas para hoje. Que devemos ocupar-nos com um dia de cada vez: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal" (Mt 6.36). Misericórdia aqui significa que podemos contar com o auxílio de Deus assim como os israelitas contaram com o maná no deserto para sua porção diária de suprimentos numa terra inóspita: Lv 19.6; Dt 8.16.

2. Medo de sucumbir às provações. Aprendemos da misericórdia do Senhor que Ele mesmo não tenta, não induz a nossa ruína: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: ‘Estou sendo tentado por Deus’. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tg 1.13), mas Deus nos prova e permite a provação, a citação de Deuteronômio acima fala disso: “para humilhá-los e prová-los, a fim de que tudo fosse bem com vocês” (Dt 8.16). Contudo, a misericórdia diz que o mesmo Deus que prova ou permite a provação, providencia a força para a suportarmos e o livramento dela: “Não sobreveio a vocês provação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam provados além do que podem suportar. Mas, quando forem provados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1Co 10.13).

3. Tempos de necessidades espirituais. A misericórdia nos ensina que em tempos de sequidão da alma, frieza espiritual ou de qualquer outra necessidade, ela estará sempre à disposição para suprir nossas carências com a Graça: “Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4.16).

4. Há misericórdia suficiente e para sempre. Esta é uma notícia maravilhosa. A misericórdia de hoje é para os fardos de hoje, para as tentações de hoje, para as necessidades espirituais de hoje. Todavia, elas não se esgotam. Quanto mais nos recorremos a ela, quanto mais dela confessamos ter necessidade, quanto mais nela depositamos a nossa confiança, tanto mais ela abunda sobre as nossas vidas. E mais, colecionar misericórdias, tê-las todas na memória agradecida do coração é grande fonte de paz e consolação: “Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança” (Lm 3.21). Esta sentença foi proferida por um homem que conheceu abundância de tormentos, decepções e tristezas: o profeta Jeremias. Contudo, ele não se deixou consumir por suas tristezas e aflições. Antes, trazia na memória as misericórdias do passado, se fiava nelas, cria inarredavelmente que Deus não muda, não sofre variações, é imutável em seu amor, logo, suas misericórdias também não mudam, não diminuem, não desaparecem, eis o que ele nos ensina: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se a cada manhã” (Lm 3.22,23). Misericórdia nova para um novo dia. Misericórdia adequada para cada circunstância. Misericórdia em tempo, sem demora, para cada estação da vida.

Quero convidá-lo a tornar-se conscientemente um dependente visceral da misericórdia de Deus. Busque-a, deseje-a, conte com ela e também use em suas relações, afinal de contas o Senhor Jesus a requer também de nós: “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores" (Mt 9.13).

Leia mais

Por amor (Rubem Amorese) 


*Luiz Fernando Dos Santos. É pastor-mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP)

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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Procrastinação — o resultado nada prático da ansiedade

17.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO, 


Texto básico: 2 Tessalonicenses 3.11
Leitura diária:

Domingo:  Gn 1.1-3 – A Palavra criadora
Segunda:  Hb 11.3 – Entendimento de fé
Terça:  Pv 15.23 – Sabedoria ao falar
Quarta:  Pv 25.11 – Dita a seu tempo
Quinta:  Pv 15.1-2 –Palavras abençoadoras
Sexta:  1Co 14.19 – Palavras de instrução
Sábado:  Tg 5.12-20 – A Língua abençoadora

Introdução
O tempo é implacável. Os ponteiros do relógio caminham sem que nada os impeça. A hora de terminar aquela tarefa necessária se aproxima. Ainda há tempo, mas nada é feito, pois outras coisas precisam ser feitas também. Quando nos damos conta, estamos atrasados. Se é possível resolver algo amanhã, é isso que costumamos fazer. Então, uma série de consequências desagradáveis podem ser experimentadas.
Quando essa é a rotina na vida de alguém, esse alguém tende a se tornar irritadiço. Seu convívio familiar pode ser abalado, pois a pessoa se sente ocupada o tempo todo. Não são estabelecidas prioridades; atividades sem importância ocupam o lugar das coisas importantes. Então a pessoa pensa: “Há tanto a fazer e tão pouco tempo”. Em casos mais graves, a pessoa passa a ter sérios problemas físicos decorrentes de crises de ansiedade. O que costuma levar a esse estado? A procrastinação. O que é isso? O que a Escritura diz a respeito e como devemos lidar com ela para que não fiquemos ansiosos e Deus se agrade de nós? Vamos em busca das respostas.
I. O que é procrastinação?
Além de atacarmos diretamente a ansiedade, é igualmente importante atacarmos seus agentes causadores. Dentre os mais importantes, encontramos a procrastinação. Mas o que é isso?
Em termos simples e diretos, procrastinação é adiamento, por exemplo, é deixar para fazer depois algo que poderia e até deveria ser feito com antecedência ou imediatamente. Logo, um procrastinador é um indivíduo que evita tarefas ou alguma coisa em particular. Observe que a procrastinação tem estreito relacionamento com a ansiedade. Dentre os efeitos da procrastinação mais comumente sentidos, podemos listar o estresse, a sensação de culpa, a perda de produtividade e a vergonha diante dos outros, pois não se cumpre as responsabilidades e os compromissos. Embora a procrastinação faça parte da experiência comum do dia a dia de muitas pessoas, ela passa à categoria de problema quando impede o bom andamento da vida. Alguns especialistas chegam a dizer que a procrastinação crônica pode ser sinal de alguma desordem psicológica ou fisiológica. Será?
Embora nenhum estudo conclusivo tenha sido publicado para confirmar essa tese, o procrastinador experimenta uma sensação angustiante de extrema ansiedade quando os prazos finais se aproximam. De fato, quando estudamos o assunto um pouco mais a fundo, descobrimos que muitos especialistas colocam a ansiedade como causa da procrastinação. Isto quer dizer que a ansiedade, além dos males bastante conhecidos, também é a força por trás da preguiça que procrastina, que adia o dever de realizar a tarefa que precisa ser cumprida.
A. A mecânica da procrastinação
Precisamos entender a procrastinação se pretendemos vencê-la. Se não declaramos guerra contra a procrastinação, a ansiedade manifesta-se. Esse é um problema sério, que afeta quase todas as áreas da vida de uma pessoa; mas pela bondade e graça de Deus ele pode ser combatido.
A primeira tarefa é entender nosso próprio sistema de “se/então” diante de decisões, assim perceberemos que a existência de ambos é mais sistemática do que imaginamos. “Se uma coisa não precisa ser feita para amanhã, então tenho muito tempo; Se estou atrasado, então negligenciarei as demais responsabilidades. Se terminei um grande e/ou difícil trabalho, então darei uma recompensa a mim mesmo”.
O procrastinador acredita que a máxima “pressões produzem diamantes” é uma realidade para ele. Outra forma de ver a situação é a chamada Lei de Parkinson: “O trabalho fica maior quando temos mais tempo disponível para executá-lo”. Seguindo esse raciocínio, o procrastinador pensa: “Por que vou gastar uma semana inteira para fazer uma tarefa se eu posso gastar apenas uma noite e alcançar o mesmo resultado?”. É aí que começa a se instalar um problema mais grave e profundo: a procrastinação não é uma questão de resultados, mas de glória e coração. Se a avaliação for pragmática, temos de reconhecer que o argumento é interessante. Mas a pergunta certa, que não foi feita, é: “Este é um comportamento que glorifica a Deus? Deus se agrada dessa motivação?”.
B. Procrastinar ou remir o tempo?
Em Efésios, Paulo diz que devemos “remir o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.15-16). Não fazê-lo é, segundo o apóstolo, um sinal de que há algo presente e algo ausente. De fato, normalmente, para procrastinador o adiamento, a delonga, é entendido como ausência. A questão pode ser definida como, por exemplo, “falta de trabalho árduo”. Assim o procrastinador pode pensar que não tem se empenhado o suficiente. Ao olhar o texto de Paulo, porém, descobriremos que o que realmente falta é a sabedoria, que conduz a uma vida caracterizada pela prudência.
Mas não é somente o que não está presente que importa. Se há uma ausência, então, o que está presente? Em momentos em que não estou indo a lugar algum, o que exatamente estou fazendo? Um rápido olhar ao texto vai revelar a tolice da procrastinação. Mas essa é uma questão sutil, que requer um olhar mais profundo. Se meditarmos sobre como gastamos nosso tempo, principalmente o destinado ao trabalho, seja doméstico ou profissional, perceberemos que o tempo que deveria ser destinado à realização de nossos deveres costuma é gasto com coisas também importantes. Obviamente nem sempre é assim. Basta examinar mais de perto nossa rotina e vamos descobrir que nos ocupamos com algumas atividades menos nobres. O que normalmente ocorre é que certas atividades se tornam justificativas para a procrastinação, um mal necessário para alguém super ocupado. Mas procrastinar é um grande perigo para nossa vida espiritual, maculando nossa comunhão com Deus pela ansiedade.
II. O que a Escritura tem a dizer sobre isso?
A ansiedade nos impede de realizar qualquer coisa produtiva. A Bíblia trata diretamente do tema em 2Tessalonicenses 3.11. Existem muitos textos bíblicos que exortam o trabalho árduo. Este, entretanto, descreve um grupo de “ansiosos ociosos”, que não estava contribuindo como deveria com a igreja. Para defini-los, Paulo usou uma palavra intrigante. Ele os chamou de procrastinadores. O termo presente no texto é composto do verbo “trabalhar” e da preposição “ao redor”. Poderíamos entender o verso como segue: “essas pessoas não trabalham; antes, elas trabalham ao redor”.
Aí está uma descrição bíblica de um procrastinador: diligentemente ocupado com coisas ao seu redor, enquanto aquilo que precisa ser feito fica parado. A menos que esteja fazendo o que Deus o chamou para fazer, você estará procrastinando. Podemos recorrer a inúmeras justificativas e explicações, mas para enfrentar o problema é preciso começar a identificar toda estultícia, racionalização e autoengano, que possam ser usados para encobrir o pecado da procrastinação.
O maior problema da ansiedade que procrastina é a ansiedade pela vida. Vivemos em uma época em que as pessoas estão em pânico, querendo prolongar cada vez mais seu tempo de vida. Você não prolongará sua vida por causa da ansiedade e, provavelmente, acabará por encurtá-la. O interesse excessivo por vitaminas, spas, dietas e exercício físicos não fará muito por você. Deus já determinou previamente quanto tempo vamos viver (Jó 14.5). Quer dizer que devemos negligenciar o conselho sensato sobre dietas e exercícios? É claro que não. Eles melhoram a qualidade de vida, porém não garantem a quantidade. Quando faço exercícios e me alimento corretamente, meu corpo e cérebro funcionam melhor e, de modo geral, sinto-me bem, mas não quero me iludir com a ideia de que fazendo corridas frequentes pelo bairro e controlando a quantidade de carboidratos ingeridos vou forçar Deus a prolongar a minha vida. Preocupar-se com a longevidade e em como prolongar os anos de vida é como duvidar de Deus. Você experimentará vida abundante, se viver para a glória dele. A ansiedade paralisa sua vítima, tornando-a desestimulada para realizar algo produtivo. Ela faz isso conduzindo a pessoa sempre para o dia de amanhã.
III. O Deus que não procrastina
Deus nos é revelado como aquele que nunca se atrasa. Os salmistas encontraram várias formas de expressar o caráter pronto e presente do Deus de Israel. Ele é descrito como aquele que “não permitirá que os teus pés vacilem” porque “não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel” (Sl 121.3-4). Os servos do passado podiam dizer isso porque sabiam que “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46.1).
Embora não seja dito com todas as letras que Deus não se atrasa ou não procrastina, é possível ver com clareza o caráter pronto e disposto de um Deus assim (p. ex., Is 58.9).
Entretanto, nenhum exemplo chama mais a atenção do que o do Senhor Jesus. Desde o passado, Isaías falava de um redentor que não procrastinaria diante de sua missão. Antes, profetizou sobre a satisfação advinda do trabalho completado: “Ele verá o fruto do penoso trabalho e sua alma e ficará satisfeito” (Is 53.11). Apenas alguém que não procrastina é capaz de se satisfazer do fruto de seu trabalho. Nos evangelhos lemos o relato desse acontecimento.
Jesus, agonizando na cruz, aponta o final de sua missão, em cumprimento às profecias que predisseram aquele momento. Charles Hummel, autor de A tirania do urgente, expressa sua admiração por Jesus ter dito na cruz “Está terminado”, ainda que muito da obra do reino estivesse incompleta. Ele explica que Jesus pôde falar assim porque havia feito “toda a obra que o Pai lhe dera a fazer”. Podemos ver que a missão de Jesus foi completada em um tempo razoavelmente curto – aproximadamente 3 anos. Considerando que houve resultado, o qual ele era condizente com o projeto original, então não houve procrastinação. Jesus não tinha o hábito de procrastinar. Essa não é apenas uma conclusão lógica. Os relatos dos evangelhos atestam que Jesus era alguém pronto e disposto a trabalhar incessantemente na obra que veio realizar (p. ex., Lc 9.51; Mt 8.6-8,13; Jo 5.30).
O exemplo mais agudo, porém, está na ressurreição. Tão logo raiou o dia, quando as mulheres já estariam autorizadas ao trabalho, elas se dirigiram ao sepulcro. Mas foi como que chegassem tarde, pois não tardou o redentor em reviver (Jo 20).
IV. Ajuda para quem procrastina
Há esperança para os procrastinadores. O ciclo de falha e atrasos pode ser quebrado. O caminho para se libertar desse ciclo passa pela ponderação das consequências terríveis que ele causa. Observe que isso é pecado e, como tal, necessita ser quebrado pelo martelo do arrependimento. Esse é um dom gracioso e um elemento básico da vida cristã, não devendo figurar somente no início de nossa carreira cristã. É uma característica da vida de fé.
Ao voltar para o texto de Tessalonicenses, descobrimos um texto anterior que explica por que Paulo tratou da questão com tanta seriedade: “de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar” (1Ts 4.12).
Em outras palavras, tanto o seu testemunho diante de descrentes como o meu amor pela Igreja, pela família e por Deus podem ser manchados pela procrastinação. Precisamos, portanto, nos arrepender de negligenciar nossas responsabilidades familiares e para com a igreja por causa de nossa desordem pessoal. Em vez de simplesmente nos arrepender de atosidentificados claramente como pecado, também precisamos nos arrepender das disposições do coração, que ocorrem antes do ato em si. Veja quantas oportunidades perdemos de amar e de servir a outros irmãos por causa de nossa indolência e nervosismo frente à procrastinação. Perceba que a cada compromisso adiado, a cada prazo final vencido, refletiremos pobremente o caráter de Deus, em um mundo que já desacredita de seu povo.
Se você pensa assim, perceberá também que as palavras de Jesus: “Seja porém a tua palavra: Sim, sim; não, não” são uma extensão direta da Grande Comissão (Mt 5.37; 28.18-20). Se você procrastina, seja sensível, aprecie quando um amigo o exorta a lutar contra esse pecado. Se você ajuda alguém nessa condição, seja compassivo e mostre a ele o erro, mas nunca se esqueça de tratá-lo biblicamente, em amor. Creia e confie na obra que Deus opera em você. Vencer a ansiedade que paralisa, causando procrastinação, não é fácil. Mas esteja confiante de que Deus concede forças para vencer, pelo simples fato de que ele prometeu. Embora isso possa levar algum tempo, tranquilize seu coração: Deus nunca procrastina!
Conclusão
Orientações simples tendem ao descrédito porque quem procrastina crê que, para mudar, é necessário um evento cataclísmico, avassalador e traumatizante. Mas nem sempre Deus age assim. Devemos nos lembrar de que, por vezes, a voz de Deus está no cicio suave da simplicidade (1Rs 19.12). Lembremo-nos também: “não é porque seja simples, que não seja profundo”. Aqui falamos de uma conhecida regra, a qual, para que surtiro efeito desejado, deve ser o alvo de nossas ações, e não apenas de nosso conhecimento. Definir prioridades e investir tempo e esforço nelas é o passo mais importante para vencer a procrastinação.
Aplicação
As prioridades de um cristão que não quer procrastinar são: oração, família, descanso adequado, trabalho e empenho no servido do reino de Deus. Busque ser diligente. Não desvie sua atenção de algo até que o tenha terminado. Descubra a satisfação do trabalho terminado. Arrependa-se e comece imediatamente. Se já identificou áreas em sua vida que devem ser mudadas, não procrastine: comece já. Vencer a procrastinação não é fácil, mas também não é impossível. Progredir nessa luta deve ser um hábito diário, dando um passo de cada vez.
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão – Vencendo a Ansiedade. Usado com permissão.
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O LIVRO DOS SALMOS CONTRA A ANSIEDADE

09.10.2013
Do portal da REVISTA ULTIMATO
Estudos Bíblicos

Texto básico: Salmo 19.7-11
Leitura diária

Domingo: Sl 3 – Deito-me e pego no sono
Segunda: Sl 5 – Regozijem-se os que confiam em ti
Terça: Sl 23 – O Senhor é o meu pastor
Quarta: Sl 73 – Guias-me com o teu conselho
Quintas: Sl 84 – Deus é sol e escudo
Sexta: Sl 100 – O Senhor é bom
Sábado: Sl 112 – Não se atemoriza de más notícias

Introdução

A alegria cristã não é relegada somente ao futuro. Grande parte do nosso futuro será devotada a louvar a Deus alegremente, e é isso o que podemos começar a fazer agora. Pessoas orgulhosas não louvam ao Senhor. Elas se autoconsomem. As pessoas humildes reverenciam a Deus; louvores de gratidão emanam naturalmente do coração delas. No louvor, a humildade e a oração de gratidão são vistas como uma só coisa – uma temível arma em nosso crescente arsenal, para atacar pensamentos e sentimentos de ansiedade.
I. O exemplo dos Salmos
Quando voltamos nossa atenção para Deus, sua soberania, sua graça, seu amor, sua majestade, não há ansiedade que persista. A questão, como o autor de Hebreus diria, é desviar o foco de nós mesmos e concentrá-lo no Senhor. A ansiedade não pode sobreviver em um ambiente de louvor a Deus.
O louvor é uma parte tão abundante do modelo de Deus para o seu povo, que ele nos deixou um hinário repleto. Os salmos são grandes hinos que o povo de Israel entoava e recitava. Deus queria que eles – e nós também –, lhe oferecêssemos continuamente louvor, de que ele é tão digno. “Bom é render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua misericórdia e, durante as noites, a tua fidelidade” (Sl 92.1-2). Louvar ao Senhor de manhã e à noite dá o tom para nossa vida.
II. Aspectos do louvor
O que exatamente significa louvar a Deus? Alguns pensam que é entoar um cântico. Outros, que é dizer: “Louvado seja o Senhor! Aleluia!”. Há os que acreditam que é erguer as mãos para o alto ou fazer uma oração silenciosa. Qual é a resposta correta? Como devemos louvar ao Senhor? De acordo com a Bíblia, o verdadeiro louvor envolve duas coisas.
A. Recitando os atributos de Deus
O louvor expressa o caráter de Deus. Alguns cristãos estudam o Novo Testamento quase exclusivamente porque ele revela muitas verdades que eram mistérios no passado. Mas uma grande razão para estudar o Antigo Testamento é que ele revela poderosamente o caráter de Deus, habilitando-nos a melhor louvá-lo.
Por exemplo, Habacuque louvou a Deus por seu caráter – ele é um Deus Santo, Todo-Poderoso, Eterno, Mantenedor da promessa (Hc 1.12-13) –, e o louvor resolveu um grande problema em seu próprio coração. Ele não compreendia por que Deus ia julgar Israel enviando os ímpios caldeus para subjugá-lo (Hc 1.6-11).
Habacuque desejava que Deus restabelecesse e restaurasse seu povo, mas este tinha ultrapassado o limite de sua paciência. Envolto em sua confusão, Habacuque lembrou-se disto: Deus é Santo – ele não comete erros. Deus é Mantenedor da promessa – ele não descumpre aquilo que promete. Deus é Eterno – ele está fora do curso da história. Continuando seu louvor, Habacuque afirmou “o justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4). Ele sentiu-se melhor, mesmo que as circunstâncias não tivessem mudado. Deus consentiu que os caldeus dominassem Israel por um tempo, mas Habacuque sabia que Deus era bastante forte para resolver qualquer situação. Em vez de ficarmos ansiosos com problemas que não podemos resolver, devemos dizer: “Senhor, tu és maior do que a história. Possuis todas as coisas do universo. Podes fazer qualquer coisa que desejares. Tu me amas e prometeste que eu nunca ficaria sem aquilo de que necessito. Disseste que cuidarias de mim como cuidas dos pássaros e das flores. Prometeste que teu caráter e poder estariam à minha disposição”. Essa forma de louvor glorifica a Deus.
B. Declarar as obras de Deus
Os atributos de Deus são demonstrados por suas obras. Os salmos estão repletos de listas de grandes coisas que Deus fez por seu povo. Ele é louvado por abrir o mar Vermelho; fazer a água jorrar de uma rocha; alimentar seu povo com o maná no deserto; destruir seus inimigos; fazer cair os muros de Jericó, e muitos outros atos poderosos. Após reavaliar seu problema, Habacuque começou a louvar a Deus por suas obras, estremecendo ante o poder demonstrado nelas (Hc 3.16). Ele afirmou que se regozijaria no Senhor, mesmo que todas as coisas desmoronassem diante dele (v. 17-18). Por quê? Porque Deus já havia provado tudo isso no passado. Eis por que o Antigo Testamento contém uma história extensa das obras de Deus – e por isso podemos conhecer especificamente comoDeus provou sua fidelidade.
Se você tem um problema à sua frente, o qual não sabe como resolver, lembre-se de louvar a Deus. Diga-lhe: “Senhor, tu és o Deus que colocaste as estrelas e planetas no firmamento. És o Deus que formaste a Terra, separando a parte seca do mar. Então criaste a humanidade e tudo quanto tem vida. Embora o ser humano tenha pecado, planejaste sua redenção. És o Deus que esculpiste uma nação para si mesmo e a preservaste ao longo da história, realizando maravilha sobre maravilha em benefício dela. És o Deus que vieste a este mundo em forma humana, e depois levantaste da morte”. Quando louvamos a Deus dessa maneira, nossos problemas ficam obscurecidos se comparados com tudo o que ele fez.
Lembrar quem é Deus e o que ele fez, glorifica-o e fortalece nossa fé. Devemos procurar ler os salmos na próxima vez em que formos tentados a sentir ansiedade. Veremos agora uma coleção resumida de salmos que mostra as partes mais sensivelmente expressivas, que ajudam a controlar os pensamentos e sentimentos ansiosos. Talvez você queira se isolar em um cômodo para estudá-los. Então, em pouco tempo, ficará evidente como eles podem ajudá-lo a ter mais fé e confiança em Deus.
III. Salmos para ansiosos
Os trechos dos Salmos que seguem são especialmente apropriados para combater a ansiedade. Eles nos tocam profundamente e oferecem conselhos para lidar com pensamentos e sentimentos inquietantes quetodos experimentamos. Para tirar o maior proveito dessa compilação, você pode marcar os que mais lhe chamaram a atenção. Leia novamente todos os que você assinalar – melhor ainda se fizer isso em versões diferentes da Bíblia. Dos selecionados, escolha aqueles que possam oferecer a você maior auxílioe procure examiná-los em todo o seu contexto. Para ajudá-lo a fazer um estudo mais aprofundado, você pode recorrer ao livro Salmos, de Allan Harman, publicado pela Editora Cultura Cristã.
Salmos 3: “Tu, Senhor, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça. Com minha voz clamo ao Senhore ele do seu santo monte me responde. Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta. Não tenho medo.(…) Levanta-te, Senhor! Salva-me, Deus meu!” (v.3-7, grifos do autor).
Salmos 4: “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração. (…) Sabei, porém, que o Senhor distingue para si o piedoso; o Senhor me ouve quando eu clamo por ele. Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai. Oferecei sacrifícios de justiça e confiai no Senhor. Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? Senhor, levanta sobre nós a luz do teu rosto. Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho.Em paz me deito e logo pego no sono,porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro” (v. 1,3-8, grifos do autor).
Salmos 13: “Até quando, Senhor? Esquecerte-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto? Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo? (…) Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte (…) No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração na tua salvação. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem” (v. 1-3,5-6, grifos do autor).
Salmos 19:A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma.(…) Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração. (…) As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” (v. 7-8,14, grifos do autor).
Salmos 23: “O Senhor é meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. (…) Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” (v. 1-4,6, grifos do autor).
Salmos 28: “A ti clamo, ó Senhor; rocha minha, não sejas surdo para comigo.(…) Bendito seja o Senhor, porque me ouviu as vozes súplices! O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, nele fui socorrido; por isso, o meu coração exulta, e com o meu cântico o louvarei” (v. 1,6-7, grifos do autor).
Salmos 40: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu. (…) Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos. E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no Senhor” (v. 1-3, grifos do autor).
Salmos 42:Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu. Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de ti” (v. 5-6; cf. 42.11; 43.5, grifos do autor).
Salmos 63: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. (…) no meu leito, quando de ti me recordo, e em ti medito durante a vigília da noite. Porque tu me tens sido auxílio; à sombra das tuas asas, eu canto jubiloso. A minha alma apega-se a ti; a tua destra me ampara” (v. 1,6-8, grifos do autor).
Salmos 68: “Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação. (…) com Deus, o Senhor, está o escaparmos da morte” (v. 19-20, grifos do autor).
Salmos 73: “Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença. Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (v. 21-26, grifos do autor).
Salmos 86: “Inclina, Senhor, os ouvidos e responde-me, pois estou aflito e necessitado. Preserva a minha alma, pois eu sou piedoso; tu, ó Deus, salva o teu servo que em ti confia. Compadecete de mim, ó Senhor, pois a ti clamo de contínuo. Alegra a alma do teu servo, porque a ti, Senhor, elevo a minha alma” (v. 1-4, grifos do autor).
Salmos 94: “Quando eu digo: resvala-me o pé, a tua benignidade, Senhor, me sustém. Nos muitos cuidados que dentro de mim se multiplicam, as tuas consolações me alegram a alma. (…) O Senhor é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo” (v. 18-19,22, grifos do autor).
Salmos 100: “Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico. (…) Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade” (v. 2,5, grifos do autor).
Salmos 112: “Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor e se compraz nos seus mandamentos. (…) [Certamente] não será jamais abalado; será tido em memória eterna. Não se atemoriza de más notícias; o seu coração é firme, confiante no Senhor. O seu coração, bem firmado, não teme” (v. 1,6-8, grifos do autor).
Salmos 120: “Na minha angústia, clamo ao Senhor, e ele me ouve” (v. 1, grifos do autor).
Salmos 121:Elevo os olhos para os montes: de onde me virá socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e aterra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem. (…) O Senhor é quem te guarda. (…) O Senhor te guardará de todo mal; guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre” (v. 1-3,5,7-8, grifos do autor).
Salmos 145:O Senhor sustém os que vacilam e apruma todos osprostrados. Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. (…) Perto está o Senhor de todos os que o invocam (..) em verdade” (v. 14-15,18, grifos do autor).
Salmos 147: “É bom e amável cantar louvores ao nosso Deus (…) [Ele] sara os de coração quebrantado e lhes pensa as feridas. (…). Grande é o Senhornosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir. O Senhor ampara os humildes (…) Agrada-se o Senhor dos (…) que esperam na sua misericórdia” (v. 1,3,5-6,11, grifos do autor).
Conclusão
Focar nossa atenção no Deus Todo-Poderoso nos livrará das tentações da ansiedade. Qualquer temor que a ansiedade possa promover é dizimado instantaneamente pela contemplação do Deus soberano, que nos ama e nos conduz por meio de sua maravilhosa graça. Os salmos são uma fonte riquíssima para que nos voltemos à pessoa do Criador, contemplemos seus atributos, nos humilhemos diante dele, e rendamos o louvor que ele merece. Por isso devemos fazer uso deles para estar sempre focados em Deus e livres de qualquer ansiedade.
Aplicação
Procure estabelecer um plano de leitura do livro de Salmos. Não deixe de contemplar também toda a Escritura. Outra coisa muito útil é decorar alguns salmos, ou parte deles. Há vários planos de leitura bíblica que podem ajudá-lo.

*Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão – Vencendo a Ansiedade. Usado com permissão.
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