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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Teologia Bíblica e Exposição Evangelística

09.02.2015
Do portal VOLTEMOS AO EVANGELHO, 03.02.15
Teologia

Pode a pregação expositiva ser consistentemente evangelística?

TeologiaBiblia-5FormasDePregar
Às vezes, os pregadores evitam expor os livros da Bíblia por suspeitarem de que tal abordagem é boa para ensinar teologia a cristãos maduros, mas ruim para ajudar descrentes a compreenderem o evangelho.

Essa preocupação aumenta quando os pastores pensam em pregar um livro do Antigo Testamento. Como um estudo da vida de Abraão ou uma série sobre Agar pode tornar claro o evangelho, domingo após domingo? Nós simplesmente mencionamos um resumo do evangelho ao final do sermão? “Aos nossos amigos não cristãos que estão aqui hoje, eu gostaria de concluir esta mensagem sobre a circuncisão de Abraão dizendo-lhes como vocês podem receber o dom gratuito da vida eterna”. Algo como um apelo evangelístico.

Há outra maneira, mais orgânica, de proclamar fielmente o evangelho domingo após domingo, até mesmo no Antigo Testamento: empregando a teologia bíblica.

A grande história

O que é teologia bíblica? Podemos defini-la como o estudo do enredo geral da Bíblia. Juntos, os 66 livros da Bíblia contam uma única narrativa sobre a missão de Deus de salvar um povo e estabelecer um reino para a sua glória, por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo. O Antigo Testamento monta o palco e nos conduz a Jesus. Os evangelhos revelam sua pessoa e obra. O restante do Novo Testamento descortina as implicações da morte e da ressurreição de Jesus até o fim, até Deus realizar plenamente a sua missão. Quanto mais compreendemos essa trama abrangente, mais somos capazes de ver como o texto da nossa pregação se relaciona com o evangelho.

Pregar uma passagem da Escritura cônscio da teologia bíblica é como ter uma “visão de jogo” no basquete. Bons jogadores de basquete não se concentram apenas em arremessar a bola à cesta. Eles estão atentos à posição de seus companheiros de time e dos oponentes na quadra, assim como ao fluxo do jogo. Semelhantemente, uma boa exposição não apenas provê um comentário sequenciado dos versículos lidos. Ela também tem uma “visão de jogo” do que se passa antes e depois do texto e de como tudo isso se relaciona com a progressão geral da grande história de Deus.

Teologia bíblica em ação

Vejamos algumas estratégias de teologia bíblica que podemos utilizar para relacionar a nossa passagem particular à história principal da Bíblia, a história do evangelho. Você pode pensar nessas estratégias como possíveis caminhos que nos levam do nosso texto ao evangelho, como as rotas alternativas que, num aplicativo de mapas de celular, nos guiam de nossa posição atual ao destino desejado.

1. Promessa e cumprimento

Comecemos com a rota mais simples e direta para o evangelho. Na estratégia de promessa e cumprimento, o texto que você está estudando contém uma profecia ou promessa que é explicitamente cumprida em algum aspecto do evangelho. Promessa e cumprimento são os frutos mais baixos da teologia bíblica: fáceis de ver e de pegar.

Então, se você está pregando na profecia de Miquéias acerca de um senhor que sairia de Belém (Miquéias 5.2), você pode facilmente convidar a congregação a voltar-se para Mateus 2.6 para ver como isso se cumpre no nascimento de Jesus. Ou, se decidir expor a vida de Abraão, você deve em algum ponto conectar as promessas de Deus de abençoar a descendência ou “semente” de Abraão (Gênesis 12.7; 13.15; 17.8; 24.7) ao seu cumprimento em Jesus (Gálatas 3.16).

Além de nos prover caminhos óbvios para chegarmos ao evangelho, a estratégia de promessa e cumprimento também nos mostra como os autores do Novo Testamento interpretaram o Antigo Testamento à luz do evangelho. Quanto mais aprendemos a ler a Bíblia pelas lentes interpretativas dos apóstolos, melhor conseguiremos chegar ao evangelho a partir de outros textos, até mesmo aqueles que não têm um cumprimento explícito em Jesus.

2. Tipologia

A tipologia é semelhante à promessa e cumprimento, exceto porque, em vez de uma profecia verbal sendo cumprida em Jesus, nós vemos eventos, instituições ou pessoas que preanunciam Jesus e o evangelho. Você pode pensar na tipologia como uma profecia não verbal.

Pense no templo de Jerusalém, por exemplo. Ele desempenhava um papel central no Antigo Testamento como o lugar da presença de Deus, como salvador e rei, entre o seu povo. Mas ele, em última instância, apontava para Jesus. Jesus chocou as multidões quando se levantou no templo e disse: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei” (João 2.19). Elas pensaram que ele se falava da construção literal, mas ele “se referia ao santuário do seu corpo” (v. 21). Assim como o templo, Jesus era, e é, a presença física de Deus no meio do seu povo para salvar e reinar. É também por isso que os apóstolos repetidamente identificavam a igreja, aqueles que estão em Cristo, com o templo do Espírito (p. ex., 1Coríntios 3.16-17; Efésios 2.19-22; 1Pedro 2.5).

Sob essa ótica, suponhamos que você esteja expondo o Salmo 122, que comunica a alegria de subir ao templo de Deus em Jerusalém: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR” (v. 1). Você pode empregar a tipologia do templo para ajudar as pessoas, até mesmo os desigrejados, a verem a alegria de achegar-se a Jesus pela fé.

O Novo Testamento está repleto de tais tipos de Jesus e de sua obra. Os apóstolos viam Jesus como o último Adão, o verdadeiro cordeiro pascal, o novo Moisés, o sacrifício expiatório definitivo, o grande sumo sacerdote, o rei ungido (messias) da linhagem de Davi, o verdadeiro Israel, e muito mais. Essas rotas seguras podem conduzi-lo fielmente de muitos lugares da Escritura para Jesus e sua obra salvadora.

3. Temas

Estou usando a palavra “temas” para descrever motivos ou imagens recorrentes no enredo bíblico que não apontam diretamente para Jesus do modo como a tipologia faz. Contudo, esses temas ou motivos estão inteiramente conectados ao evangelho e podem nos ajudar a situar o nosso texto no descortinar da história bíblica.

Um tema bíblico clássico é a criação. A Bíblica começa com “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Deus trouxe ordem ao caos, criou Adão e Eva à sua imagem e ordenou que eles governassem a criação e a enchessem com sua descendência, tudo para a glória de Deus. Tragicamente, Adão e Eva falharam em seu chamado e se rebelaram contra Deus.

Mas Deus tinha um plano para redimir a sua criação. Ao longo do Antigo Testamento nós vemos repetidas “recriações”, eventos nos quais Deus graciosamente começa de novo com o seu povo, sendo que esses novos começos são descritos com imagens e com a linguagem da criação. Essas recriações incluem a história de Noé e sua família após o dilúvio, a saída de Israel do Egito e sua entrada na terra prometida, o estabelecimento de um reino edênico por Salomão, até mesmo o retorno dos israelitas do cativeiro babilônico. 

Contudo, em todas essas situações, o recomeço falhou. A humanidade se rebelou. Adão fracassou de novo e de novo. Será que alguma dessas releituras de Adão porventura seria bem sucedida?

Sim. O último Adão, Jesus Cristo, realizou perfeitamente a vontade do Pai. A ressurreição de Jesus e a salvação de seu povo inauguraram a verdadeira nova criação. E ela continua a crescer hoje. Jesus enviou o seu povo redimido para subjugar a terra e enchê-la de filhos e filhas de Deus por meio da pregação do evangelho. E, algum dia, esse trabalho culminará em novos céus e nova terra, muito mais sublimes e gloriosos do que os originais.

Você percebe como ser capaz de traçar o motivo da criação nos fornece uma moldura para, organicamente, mover de muitos textos para o ponto chave da nova criação, a morte e a ressurreição de Jesus?

Há muitas outras linhas temáticas que se entrelaçam no enredo bíblico, tais como as alianças, o êxodo, o dia do Senhor e o reino de Deus.

4. Ensino ético

Mas e se você estiver tentando pregar em Provérbios ou nos Dez Mandamentos? E se você estiver de fato louco e tentar fazer evangelismo expositivo a partir de Levítico? Parece que esse tipo de passagem é melhor para ensinar o que o cristão maduro deve ou não fazer, em vez de mostrar às pessoas não salvas o que Jesus já fez, de modo que elas possam tornar-se cristãs.

Novamente, a teologia bíblica mapeia um caminho da lei para o evangelho. Nós podemos ler mandamentos morais específicos no fluxo do enredo bíblico de, pelo menos, três modos distintos. Primeiro, as leis e a ética bíblica nos conduzem a Jesus ao nos mostrarem nosso pecado e nossa necessidade de um salvador. Como se costuma dizer, os mandamentos de Deus funcionam como um espelho que nos confronta com a nossa deformidade moral. Quando lemos a história crônica do colapso moral de Israel, nós vemos a história da humanidade e a nossa própria história. “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3.20).

Segundo, os mandamentos morais da Bíblia nos apontam para Jesus, como o único que os guardou perfeitamente. Ele não veio para destruir a lei de Deus, mas para cumpri-la em cada aspecto (Mateus 5.17). Todos os demais filhos de Deus (Adão, Israel, os reis de Israel) foram pródigos; apenas Jesus agradou o Pai. E, assim, os mandamentos éticos da Bíblia revelam, em última instância, o caráter do próprio Jesus.

Terceiro, pela dependência do poder da ressurreição de Jesus e do seu Espírito em nós, agora podemos guardar a lei de Deus como filhos e filhas obedientes. Jesus nos libertou do poder do pecado, “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8.4).

Então, imagine que você esteja pregando Provérbios 11.17: “O homem bondoso faz bem a si mesmo, mas o cruel a si mesmo se fere”. Ao seguir os contornos da teologia bíblica, você não irá meramente proferir uma mensagem de trinta minutos sobre como tornar-se mais bondoso. Você também poderá mostrar como nós fracassamos em exercitar a bondade e como somos excelentes em ser cruéis, de maneiras muito sutis. Você mostrará às pessoas como Jesus encarnou a bondade, especialmente ao dar a sua vida pelos pecadores. E, finalmente, você conectará essa bondosa graça de Jesus a nós mesmos, como o combustível para a nossa própria transformação por meio do Espírito Santo.

5. Solucionando enigmas

Quando começamos a perceber o fluxo da teologia bíblica, também vemos como o evangelho soluciona, com freqüência, enigmas do Antigo Testamento. Como Deus poderia cumprir suas promessas a Davi, uma vez que Judá fora enviado ao exílio e não havia rei em Jerusalém? Se os sacrifícios do templo removiam o pecado, então por que Deus julgava Israel? O Antigo Testamento fala com freqüência sobre as bênçãos de Deus sobre o justo e o julgamento sobre os ímpios. Então por que nós vemos ocorrer o contrário?

Nós poderíamos dizer mais aqui, mas por ora é suficiente dizer que, quando você encontrar uma charada bíblica, considere como o evangelho de Jesus pode resolver o mistério. Como um grande romance, o Antigo Testamento constrói pontos de tensão na trama que o herói, Jesus, vem resolver.

“Vocês estão aqui”

Quando usamos a teologia bíblica para praticar esse tipo de exposição cônscia do evangelho, algo empolgante acontece com os descrentes. Não apenas eles são confrontados por seus pecados, introduzidos a Jesus e chamados ao arrependimento e à fé semana após semana. Eles também começam a situar a si mesmos no fluxo histórico da obra de Deus. O evangelho não é simplesmente uma metáfora ou uma idéia que eles estão livres para usar ou descartar se isso “funcionar” para eles. Em vez disso, a história de Jesus é uma força histórica arraigada no passado, que continua no presente e dominará a eternidade. O Deus que agiu no mundo bíblico está agindo no mundo deles também, porque é o mesmo mundo, a mesma história, a mesma narrativa.

*Jeramie Rinne é escritor e o pastor principal da South Shore Baptist Church em Hingham, Massachusetts, EUA.
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Fonte:http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/772/Teologia_Biblica_e_Exposicao_Evangelistica

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Domingo Cristão X o sábado judeu

21.01.2015
Do blog PREGAÇÔES E ESTUDOS BÍBLICOS
Por PR. WELFANY NOLASCO RODRIGUES

Muito se tem questionado sobre a questão da guarda ou não do dia de sábado como dia do Senhor, então vejamos algumas considerações a respeito:

O QUE ERA O SÁBADO?

Sábado significa descanso (schabat) e uma ordenança Divina para o bem estar do homem envolvendo sua saúde e também para impedir a ganância. Todo feriado e festa judaica era chamado de sábado não importando o dia em que caísse. Então havia semanas que tinham 2 ou até 3 sábados e em semanas como a da festa dos tabernáculos e dos pães asmos, todos os dias da semana eram chamados de sábado. Além disso, existiam meses e anos sabáticos estabelecidos pela lei judaica.

Qualquer dia de descanso pode ser chamado de sábado. Para Deus mais importa que o homem o sirva, do que o dia que vai descansar, porque “o sábado existe por causa do homem e não o homem por causa do sábado”(Lucas 2.27). Deus já havia avisado o fim do sábado a muito tempo dizendo:“Farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, os seus sábados e todas as suas solenidades” (Ozéias 2.11). Esta profecia sobre o fim do sábado foi cumprida em Jesus, “o Senhor do sábado” (Marcos 2.28) que não guardou o sábado da forma que os judeus queriam.

Antes de saírem do Egito, o povo não guardava o sábado, assim como os patriarcas. Depois foi feita uma aliança entre Deus e Israel. Em Deuteronômio 5.15 diz que a ordenança de guardar o sábado foi como uma lembrança a Israel da libertação do Egito, quando o povo era escravo, mas depois se tornaram livres e poderia até descansar um dia na semana. Isso mostra que é exclusividade do povo judeu (leia Êxodo 31.16,17).

Se formos levar ao pé da letra, podemos interpretar que Deus também trabalhou no sétimo dia e depois descansou, pois “havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra da criação” (Gênesis 2.2).

A questão da lei: A igreja cristã poderia manter o dia de descanso no sábado e servir a Cristo, porém se guardasse um só preceito da lei seria obrigada de todos os outros (Tiago 2.10) e estaria servindo a dois senhores (Mateus 6.24). Então não guardamos sábado porque não estamos mais debaixo da lei e sim da graça (Romanos 6.14).

Qual foi a função da Lei?[1]

“Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fossemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3.23-26).

A função da lei foi educar (aio = educador) e ensinar o que é certo e o que é errado para o povo que estava saindo do Egito e precisavam formar uma nação organizada. O Antigo Testamento nos ajuda a aprender sobre o pecado (Romanos 3.20; 28-31 e 7.7) e o evangelho (N.T.) ensina vencer o pecado pela fé através da Nova Aliança que temos em Cristo Jesus (Hebreus 9.15-20).

Paulo ensinou aos crentes não se preocuparem com os preceitos da lei para que “ninguém, pois vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra de coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Colossenses 2.16,17).

Os cristãos que guardavam o sábado foram repreendidos pelo apóstolo Paulo: “Mas agora que conheceis a Deus, ou antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando outra vez aos rudimentos fracos e pobres, aos quais quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias e meses e tempos e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.9-11).

Como foi a mudança do sábado judeu para o domingo cristão?      

A transição do sábado para o domingo como dia de descanso e culto dominical, erroneamente se prega que foi uma instituição de Constantino (Imperador Romano que se converteu ao Cristianismo e oficializou a religião Cristã no império). Ele apenas confirmou a prática tradicional da igreja em guardar o domingo oficializando o dia de descanso no calendário do império. Na cultura romana se cultuava o deus Sol no primeiro dia da semana, daí se dizer que guardar o domingo provém de origem pagã. Porém, na mesma cultura romana, no sábado se cultuava o deus Saturno. Muito antes de Constantino se converter a Igreja Primitiva já fazia seus cultos no domingo.

“No cristianismo primitivo ainda existia a guarda do sábado, mas antes de chegar à noite já os fiéis se reuniam para preparar o domingo, dia do Senhor, quando se comemorava sua ressurreição e subida aos céus. A guarda dos dois dias era realmente pesada, o que levou Paulo a fixar o repouso no domingo, primeiro dia da semana, mas essa prática se impôs somente a partir do século IV” [2].

O 4º mandamento tem confirmação no Novo Testamento?

No Novo Testamento não encontramos nenhuma sequer vez a ordem de guardar o sábado, embora encontremos muitos questionamentos e reprovações observância do sétimo dia.

O novo concerto sob o qual estamos não existe ordem para guardar o sábado, embora encontremos todos os outros no decálogo.
Veja o quadro comparativo:

Ordenança
Antigo Testamento
Confirmação no Novo Testamento
1º Mandamento
Êxodo 20.2,3
I Coríntios 8.4-6 e Atos 17.23-31
2º Mandamento
Êxodo 20.5,6
I João 5.21
3º Mandamento
Êxodo 20.7
Tiago 5.12
4º Mandamento
Êxodo 20.8-11
?
5º Mandamento
Êxodo 20.13
Efésios 6.1-3
6º Mandamento
Êxodo 20.13
Romanos 13.9
7º Mandamento
Êxodo 20.14
I Coríntios 6.9,10
8º Mandamento
Êxodo 20.15
Efésios 4.28
9º Mandamento
Êxodo 20.16
Colossenses 3.9 e Tiago4. 11
10º Mandamento
Êxodo 20.17
Efésios 5.3

Algumas razões para guardarmos o Domingo como dia de descanso[3]:

Jesus ressuscitou dentre os mortos no primeiro dia da semana (João 20.1).

Jesus apareceu a dez de seus discípulos naquele primeiro dia da semana (João 20.19).

Jesus esperou uma semana e no outro primeiro dia da semana apareceu aos onze discípulos (João 20.26).

A promessa da vinda do Espírito Santo cumpriu-se no primeiro dia da semana no dia de Pentecostes, que pela lei caía no primeiro dia da semana (Levítico 23.16).

No mesmo primeiro dia da semana foi pregado pelo apóstolo Pedro o primeiro sermão evangelístico sobre a morte e ressurreição de Jesus (Atos 2.14).

Nesse dia os três mil conversos foram unidos à primeira eclesia neotestamentária (Atos 2.41).

No mesmo primeiro dia da semana o rito do batismo cristo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo foi ministrado pela primeira vez (Atos 2.41).

Em Trôade os cristãos reuniam-se para culto no primeiro dia da semana (Atos 20.6-7).

Paulo instruiu os cristãos em Corinto a fazer contribuições no primeiro dia da semana (I Coríntios 16.2).

No primeiro dia da semana Cristo veio ao apóstolo João na ilha de Patmos (Apocalipse 1.10).

CONCLUSÃO:

Esta é uma questão de se entender o Plano de Salvação, começando com os judeus através da lei e concluindo com todos os povos em Cristo através da Graça. Em Hebreus 4.7-9, fala a respeito de um “outro dia e do descanso” que Deus provê para o seu povo, um descanso muito superior a qualquer dia que tenhamos aqui na terra e esse descanso que nós cremos que vamos receber do Pai lá na glória. Em Cristo não importa o dia de folga que tiramos do serviço, mas sim nossa devoção a Ele TODOS OS DIAS da nossa vida (Salmo 118.24).

Assim como os demais cristos, não guardamos o dia de Sábado como dia do Senhor e sim o Domingo, porque vivemos pela graça de Cristo, comemoramos a sua ressurreição e não aceitamos a pregação da salvação pelas obras da lei.


[1] Revista Em Marcha, OS DEZ MANDAMENTOS, Imprensa Metodista, 2 Edição, 1993
[2] Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicaes Ltda.
[3] CABRAL, J. Religiões, seitas e heresias. Ed. Gráfica Universal, 1ª ed., São Paulo, 1998.
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Fonte:http://www.esbocosermao.com/2011/12/o-domingo-cristao-x-o-sabado-judeu.html

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A Revelação de Jesus no Antigo Testamento

20.10.2014
Do portal CONHEÇA A JESUS

Em João 1.1-4 e 14 lemos a respeito dEle: "No princípio era o Verbo (a Palavra), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai." Por isso encontramos o Filho de Deus já no Antigo Testamento:

Jesus em cada livro do Antigo Testamento

Em Gênesis, Ele é chamado de "semente da mulher".
Em Êxodo, Ele é o cordeiro pascal.
Em Levítico, Ele é apresentado como sumo sacerdote.
Em Números, Ele é a coluna de nuvem de dia e a coluna de fogo à noite.
Em Deuteronômio, Moisés fala dEle como sendo profeta.
Em Josué, Ele é o líder da nossa salvação.
Em Juízes, Ele aparece como nosso juiz e legislador.
Em Rute, Ele é resgatador.
Em 1 e 2 Samuel vemos a Jesus como nosso verdadeiro profeta.
Em Reis e Crônicas, Ele é o nosso Senhor Soberano.
Em Esdras, Ele aparece como o homem que restaura os muros caídos de nossa existência humana.
Em Neemias, vemos o Senhor como nossa força.
Em Ester, Ele é o nosso Mordecai.
Em Jó, Ele é chamado de nosso Salvador eternamente vivo.
Nos Salmos, Ele é nosso bom pastor.
Em Provérbios e Eclesiastes, Ele brilha como nossa sabedoria.
Em Cantares, Ele é o noivo que nos ama.
Em Isaías, Ele é chamado de "Príncipe da paz".
Em Jeremias, Ele aparece como o "renovo de justiça".
Em Lamentações, Ele é nosso profeta que chora.
Em Ezequiel, Ele nos é apresentado como o homem maravilhoso "com quatro rostos".
Em Daniel, Ele é o quarto homem na fornalha ardente.
Em Oséias, Ele aparece como o marido fiel, que é casado com uma infiel (Israel).
Em Joel, Ele é o que batiza com o Espírito Santo e com fogo.
Em Amós vemos Jesus como aquele que carrega nossos fardos.
Em Obadias, Ele é poderoso para salvar.
Em Jonas, Ele está diante de nós como o grande missionário para os gentios.
Em Miquéias, Ele é o Deus encarnado (Mq 5.1).
Em Naum, Ele é mencionado como o juiz escolhido por Deus.
Em Habacuque, Ele é o evangelista de Deus que clama: "Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos" (Hc 3.2).
Em Sofonias, Ele se manifesta como nosso Salvador.
Em Ageu, Ele é o restaurador da herança de Deus perdida.
Em Zacarias, Ele é apresentado como a fonte aberta da casa de Davi que purifica os pecados e as impurezas.


Em Malaquias, Ele se mostra como o "sol da justiça" com a "salvação nas suas asas" (Ml 4.2).
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Fonte:http://www.ajesus.com.br/mensagens/revelacao_jesus.html

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Quais são suas motivações para servir a Deus?

19.09.2014
Do portal GOSPEL PRIME
Por Josiel Dias

“Se não”, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.” Daniel 3:18

Quais são suas motivações para servir a Deus?Vivemos dias onde o crente não pode de jeito nenhum passar por problemas, pois afinal de contas somos servos de Deus e servo de Deus não pode sofrer. Se algum crente passa por algum problema é porque ele cometeu um grande pecado, ou está sendo castigado por não ter dado o dízimo, ou por não ter cumprido alguma normativa de sua igreja. Servir a Deus nos dias atuais é sinônimo de prosperidade, saúde, bens, imunidade a qualquer tipo de enfermidade. A vida do crente desse século deve estar baseada em uma vida de triunfo, caso contrário esse crente não tem FÉ como deveria.

Pessoas que foram doutrinadas desta forma, na primeira adversidade que passam, negam a DEUS. No primeiro desemprego abandonam a igreja, pois para eles o ficar desempregado não é coisa de crente. Paulo mostra que estamos sujeitos a estas adversidades leia com atenção, “Filipenses 4:11-13”

Perguntamos: Quais são nossas reais motivações para servir a DEUS?

E se faltar a saúde? E se faltar o emprego? E se perdermos tudo? E se de repente o médico nos der um diagnóstico que não queríamos? E se alguém que amamos nos abandonar? E se formos traídos? E se formos abandonados? E se formos esquecidos? E se, e se, e se?????…

Todas as vezes que leio o livro do profeta Daniel, principalmente o texto base dessa devocional, vejo que as convicções de Sadraque, Mesaque e de Abdenego estavam bem além de uma vida de triunfalismo, bem além das convicções que vemos nos dias atuais. Meu Deus!!! Como aprendo com estes jovens amigos de Daniel!

Para entender melhor o contexto dessa mensagem, Sadraque, Mesaque e Abdenego estavam sendo condenado por fazer a coisa correta, ou seja, o prêmio por servir a Deus, seria uma fornalha 7 vezes aquecida. Quais foram seus crimes? Não adorar, nem se prostrar diante a nenhum ídolo. Ídolo erguido pelo Rei Nabucodonosor. Foram condenados por fazer a coisa justa, a coisa correta… O rei, ainda antes do veredito final, zomba do DEUS dos jovens judeus, dizendo: Quem é o DEUS que poderá livrar vocês de minhas mãos? Cheios de fé, convictos, os jovens hebreus responderam ao rei zombador:  Se o Deus que nós servimos, quiser livrar de suas mãos, Amém! E se Não, Amém também! Glórias à Deus.

Que coisa tremenda esses jovens têm para nos ensinar! Talvez alguns de nós falariam: “Não é justo se fazer a coisa certa e ainda sermos condenados, perseguidos, mortos.” 

Cadê o DEUS desses jovens que permite eles serem lançados na fornalha superaquecida? Não é justo Daniel por sua fidelidade também ser jogado na cova dos leões. Daniel 6:16-22
Não é justo José do Egito ser vendido como escravo, sofrer assédio sexual e ainda ser culpado por isso Gênesis 37. Não é justo o mesmo José ficar “esquecido” 3 anos na prisão por um crime que não cometeu. Gênesis 39:1-21. Todos esses exemplos conhecemos o final da história, mas no momento que acontecia, talvez pairasse nas mentes das testemunhas oculares, o sentimento de revolta contra o DEUS deles.

Somos tão incrédulos que às vezes no primeiro aperto, pulamos fora, nem esperamos o agir de Deus que, certamente, mudaria o final de nossa história. Muitas vezes a vitória vem aos 45 minutos do segundo tempo…. Muitas vezes esquecemos Daquele que disse: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos…” Mateus 28:20
 “O homem é tão egoísta que é preciso falar de uma recompensa em outra vida para que ele pratique o bem nesta…”
Para a Reflexão: Se soubéssemos a inexistência do inferno, mesmo assim continuaríamos servindo a DEUS? Quais são de fatos nossas motivações para servi-lo?

Glórias à Deus que Sadraque, Mesaque e Abdenego foram até o fim, convictos de sua FÉ. 

E no final algo de extraordinário aconteceu. Deus passeava com eles na fornalha. Deus permitiu que o jovem fiel Daniel fosse jogado na cova, mas estava com ele e fechou a boca dos leões. Deus não impediu que José fosse vendido, traído, mas DEUS era com José em tudo o que ele fazia, e o final vemos José sentado no trono governando o Egito.  Independente do que acontecer conosco, devemos estar convictos e firmes na FÉ.

Que possamos dizer todos em uma só voz: Servimos a Deus e ponto final. Se Deus me prosperar   Amém! Se não Amém também. Continuaremos servindo, independente das circunstancias.

Deus abençoe a todos.

Pb Josiel
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Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/sao-motivacoes-servir-deus/

terça-feira, 1 de julho de 2014

A resistência de Jó frente à dor e ao sofrimento

01.07.2014
Do portal ULTIMATO ON LINE, 10.2007

Jó é citado apenas duas vezes em toda a Escritura (Ez 14.12-23; Tg 5.11), fora do livro que leva o seu nome. Na primeira passagem, salienta-se a retidão e o poder de intercessão de Jó, que é colocado ao lado de outros homens especiais (Noé e Daniel). Na segunda, fala-se de sua capacidade de lidar com o sofrimento. Algumas versões chamam atenção para a suapaciência (RA, TEB, NTLH, BJ), outras para a sua constância (CNBB, EP) ou perseverança (NVI). A paráfrase Bíblia Viva prefere mencionar a sua confiança em Deus. Apenas a Bíblia do Peregrino acha apropriado traduzir a palavra original como resistência: “Ouvistes falar como Jó resistiu, e conheceis o desfecho que Deus lhe proporcionou, pois o Senhor é compassivo e piedoso”. 

Logo no início do livro, Jó é apresentado como homem extremamente correto, inculpável, íntegro, irrepreensível, justo, precavido (“evitava fazer o mal”), reto (“andava na linha”) e temente a Deus (Jó 1.1). Era um homem especial, fora de série, um exemplo impressionante em sua época e em nosso tempo. Duas vezes o próprio Deus afirma que Jó era sem igual: “No mundo inteiro não há ninguém tão bom e honesto como ele” (Jó 1.8; 2.3) 

Em geral, o que os cristãos sabem a respeito de Jó é apenas o que está no prólogo (os dois primeiros capítulos) e no epílogo (os 12 últimos versos do último capítulo). Passa-se por cima de toda a parte poética do livro, que valoriza tremendamente o caráter de Jó. Já o leitor que examina o miolo do livro fica perplexo com a incrível resistência do homem da terra de Uz frente a toda sorte de sofrimento, como se pode ver a seguir. Jó era irrepreensível... 

Apesar das desventuras 

Jó não era sem igual só no terreno ético. No que diz respeito à prosperidade, ele era aprovado e bem-sucedido em tudo. Jó tinha saúde, família, riquezas e muita gente a seu serviço. Era “o homem mais rico do oriente”. Possuía 11.500 cabeças de gado. De uma hora para outra, perdeu tudo. Em um mesmo dia, Jó recebeu quatro más notícias seguidas, uma imediatamente após a outra. As perdas foram provocadas pelos povos vizinhos (os sabeus e os caldeus) e por desastres naturais (raios caídos do céu e uma terrível ventania vinda do deserto). Foi assim que Jó perdeu... 

Todo o gado (7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 1.000 bois e 500 jumentos); 

Todos os empregados (administradores, agricultores, boiadeiros, carreiros, cortadores de lã, guardas das torres de vigia, plantadores de capim, roçadores de pastos, tiradores de leite, tratadores de animais, vendedores de gado etc). Só escaparam aqueles que vieram trazer essas notícias. 

Todos os dez filhos (três mulheres e sete homens). Estavam todos comendo e bebendo na casa do irmão mais velho, quando o furacão atingiu a casa e a derrubou sobre eles. No dia seguinte, havia dez caixões de defuntos para Jó enterrar. 

Apesar da doença 

Pouco depois da perda de quase todos os bens e de todos os filhos, Jó perdeu a saúde, o mais precioso bem que alguém pode possuir. A doença era tão grave que o obrigava a pensar na morte. Vários diagnósticos têm sido apresentados: a doença poderia ser dermatose escamosa, elefantíase, eczema crônico, eritema, lepra, melanoma, pênfigo foliáceo, psoríase queratose, úlceras malignas, varíola. Ele portava “feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça”, raspava-se com um caco de louça e ficou tão desfigurado que seus amigos não puderam reconhecê-lo e começaram a chorar em alta voz diante daquele quadro aterrador (2.12-13). 

O mal de Jó era uma agressão à visão e ao olfato de todos os que o cercavam. 

Vale a pena ler o que o próprio Jó fala a respeito: 

“Que esperança posso ter, se já não tenho forças? Como posso ter paciência, se não tenho futuro?” (6.11). 

“Quando me deito fico pensando: quanto vai demorar para eu me levantar? A noite se arrasta, e eu fico virando na cama até o amanhecer. Meu corpo está coberto de vermes e cascas de ferida, minha pele está rachada e vertendo pus. [...] É melhor ser estrangulado e morrer do que sofrer assim” (7.4-5,15). 

“Meus dias correm mais velozes que um atleta; eles voam sem um vislumbre de alegria. Passam [ligeiros] como barcos de papiro, como águias que mergulham sobre as presas” (9.25). 

“Tornei-me objeto de riso para os meus amigos, logo eu, que clamava a Deus e ele me respondia, eu, íntegro e irrepreensível, um mero objeto de riso!” (12.4). 
“Minha magreza [...] depõe contra mim”(16.8); “O meu corpo não passa de uma sombra” (17.7); “Não passo de pele e ossos” (19.20). 

“O único lar pelo qual espero é a sepultura” (17.13); “Quem poderá ver alguma esperança para mim?” (17.15). 

“Minha mulher acha repugnante o meu hálito; meus próprios irmãos têm nojo de mim” (19.17). 

“Agora esvai-se a minha vida; estou preso a dias de sofrimento. A noite penetra os meus ossos; minhas dores me corroem sem cessar” (30.16-17). 

“Minha pele escurece e cai; meu corpo queima de febre. Minha harpa está afinada para cantos fúnebres, e minha flauta para o som de pranto” (30.30-31). 

Apesar da esposa 

A companheira de Jó e mãe de seus filhos mortos não teve sabedoria suficiente para enfrentar o sofrimento da família: 

1) Ela foi incapaz de suportar o quadro doentio do marido. Jó pessoalmente descreve a situação: “Minha própria esposa não chega perto de mim por causa do mau cheiro que sai de minha boca quando falo” (19.17, BV). O cheiro repugnante vinha também das feridas abertas. 

2) Ela foi incapaz de manter o relacionamento anterior com Deus. A esposa de Jó rompeu com o Senhor e aconselhou o marido a fazer o mesmo: “Você ainda vai tentar ser muito religioso, mesmo depois de tudo o que Deus nos fez? O melhor que você tem a fazer é amaldiçoar a Deus e morrer!” Jó viu-se na obrigação de opor-se e resistir à própria esposa: “O que você está falando é loucura completa. Já recebemos tantas coisas boas de Deus, porque não recebemos também o sofrimento e a dor?” (2.9-10, BV.) 

3) Ela foi incapaz de acompanhar o marido. A dura verdade é que a esposa de Jó passou para o lado oposto: aliou-se a Satanás, tornou-se porta-voz dele, fez-se advogada do diabo. Pois o único propósito de Satanás era levar Jó a amaldiçoar a Deus (1.11; 2.5). 

Apesar da solidão 

Antes de suas desventuras, Jó tinha nome, tinha dinheiro, tinha poder. Era cercado de pobres, órfãos, viúvas e estrangeiros, com os quais repartia seus bens. Era cercado de parentes, amigos e vizinhos, próximos e distantes, com os quais se alegrava. Afinal, muitos são os que amam o rico (Pv 14.20). Mas, depois de suas desgraças, todos foram se retirando e deixaram Jó sozinho. Ele se queixa amargamente disso: 

“[Deus] afastou de mim os meus irmãos; até os meus conhecidos estão longe de mim. Os meusparentes me abandonaram e os meus amigos esqueceram-se de mim. Os meus hóspedes e as minhasservas consideram-me estrangeiro; vêem-me como um estranho. Chamo o meu servo, mas ele não me responde, ainda que lhe implore pessoalmente. Minha mulher acha repugnante o meu hálito; meus próprios irmãos têm nojo de mim. Até os meninos zombam de mim e dão risadas quando apareço. Todos os meus amigos chegados me detestam; aqueles a quem amo voltaram-se contra mim” (19.13-20). 

Apesar do Diabo 

O livro da Bíblia que menciona maior número de vezes o nome de Satanás é o de Jó. São ao todo quatorze citações, que aparecem apenas nos dois primeiros capítulos, o equivalente a pouco mais de 25% de todas as ocorrências. Quanto a toda a Escritura, apenas em Apocalipse Satanás é tão devastador como em Jó. 

Por duas vezes, Deus chama a atenção de Satanás para a integridade de Jó: “Reparou em meu servo Jó?” (1.8; 2.3). Em resposta, Satanás duas vezes relacionou a integridade de Jó com a prodigalidade de Deus (1.10-11; 2.4). Então, também por duas vezes, Deus suspendeu parte de sua proteção e deixou Jó ao alcance de Satanás (1.12; 2.6). 

Na primeira vez, Satanás toma todos os seus bens e todos os seus filhos (1.13-19). Na segunda, toma toda a sua saúde (2.7-8). Depois de todos os estragos, Satanás sai de cena e não mais é citado. 

O Satanás do livro de Jó é o mesmo que mais tarde vai tentar o próprio Jesus Cristo (Mt 4.1-11), peneirar Pedro (Lc 22.31), entrar no coração de Judas (Jo 13.27), encher o coração de Ananias (At 5.2), atazanar Paulo com o espinho na carne (2 Co 12.7) e impedir Paulo de visitar os tessalonicenses (1 Ts 2.18). Satanás é o tentador, o enganador, o acusador, o maligno, o homicida, o ladrão de semente (Mt 13.19), o semeador de joio (Mt 13.39), o pai da mentira, o leão que ruge e especialmente “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2.2), isto é, “aquele que se interpõe entre o céu e a terra” (na Tradução Ecumênica da Bíblia). 

Por algum tempo, mas sem perder a proteção de Deus, Jó foi contundentemente machucado por Satanás! 

Apesar das discurseiras de seus amigos 

Os três amigos de Jó — Elifaz, Bildade e Zofar — “souberam de todos os males [desgraças, calamidades, em outras versões] que o haviam atingido, saíram, cada um da sua região. Combinaram encontrar-se para, juntos, irem mostrar solidariedade a Jó e consolá-lo” (2.11). 

Depois da mudez provocada pelo impacto da aparência de Jó, os três homens começaram a falar. Seus oito (talvez nove) discursos ocupam pelo menos nove capítulos do livro de Jó. São peças admiráveis quanto à poesia, à beleza e à religiosidade. Os três são monoteístas como o amigo e o nome de Deus aparece 39 vezes em seus discursos (incluindo os nomes Criador e Todo-poderoso). Mas revelam incrível falta de sabedoria, falta de psicologia e falta de misericórdia. Eram inoportunas para aquele momento e para a pessoa com o qual falavam. Valendo-se de uma filosofia errada e de uma teologia errada, Elifaz, Bildade e Zofar causaram enorme mal-estar a Jó e cometeram imperdoáveis injustiças contra ele. Talvez Jó tenha sofrido mais com os discursos de seus amigos do que com a bancarrota financeira, a morte dos filhos e a própria doença. Isso pode ser visto nos seguintes desabafos: 

“Vocês [...] me difamam com mentiras; todos vocês são médicos que de nada valem! Se tão-somente ficassem calados, mostrariam sabedoria” (13.5). 

“Até quando vocês continuarão a atormentar-me, e esmagar-me com palavras? Vocês já me repreenderam dez vezes; não se envergonham de agredir-me” (19.2-3). 

“Suportem-me enquanto eu estiver falando; depois que eu falar poderão zombar de mim” (21.3). 

Os amigos de Jó atentaram contra a sua tranqüilidade, alvoroçaram a sua consciência e roubaram a sua paz com Deus. Desempenharam o mesmo serviço de Satanás, aquele que se põe na presença de Deus para acusar dia e noite, não os ímpios, mas os justos (Ap 12.10).
 
Quando o pano se levanta e toda a verdade vem à tona, o Senhor repreende severamente os acusadores de Jó: “Estou indignado com você [Elifaz] e com os seus dois amigos [Bildade e Zofar], pois vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó” (42.7). Para não serem punidos por Deus “pela loucura que cometeram”, os três amigos deveriam comparecer diante de Jó, oferecer holocaustos em favor deles mesmos e se beneficiarem da intercessão de Jó (42.8-9). 

Apesar da arenga de Eliú 

Eliú é o quarto personagem do livro de Jó. Era mais jovem que Elifaz, Bildade e Zofar. Foi o último a falar. Seu discurso ocupa seis capítulos seguidos e ele sozinho cita o nome de Deus 39 vezes. Embora mais cortês e mais próximo da verdade quanto à visão do sofrimento, Eliú também não poupou o homem da terra de Uz: 

“Neste mundo não há ninguém como Jó, para quem é tão fácil zombar de Deus como beber um copo de água. Ele anda com homens maus e se ajunta com gente que não presta” (34.7, NTLH). 

“Jó é pecador, um pecador rebelde. Na nossa presença, zomba de Deus e não pára de falar contra ele” (34.37, NTLH). 

“Jó, você não tem o direito de dizer para Deus que você é inocente” (35.2, NTLH). 

“São os outros que sofrem por causa dos pecados que você comete” (35.8, NTLH).
 
“Não adianta nada continuar o seu discurso; você fala muito, porém não sabe o que está dizendo” (35.16, NTLH). 

“Você está sofrendo por causa da sua maldade; cuidado, não se volte para ela!” (35.21, NTLH.) 

Com o discurso de Eliú fechou-se o cerco contra Jó. Já não havia ninguém a favor do homem da terra de Uz. Todos declararam impiedosamente e à uma voz que Jó era o único responsável pelo sofrimento dele: estava colhendo o que plantara (Gl 6.7-8). 

Apesar de Deus 

Ninguém tinha conhecimento do que estava acontecendo fora do palco, nos bastidores do inferno. Nem a principal vítima, nem a sua mulher, nem os demais parentes, nem a vizinhança, nem os conhecidos, nem seus antigos hóspedes, nem seus servos e servas, nem os rapazotes que brincavam displicentemente nas ruas e praças, nem os miseráveis que Jó havia acolhido em tempo de fartura. Menos ainda os acadêmicos presunçosos que vieram de Temã, de Suá e de Naamate, e o jovem Eliú, igualmente presunçoso. Ninguém sabia nada do profundo apreço de Deus por Jó, das duas provocações de Deus a Satanás (“Reparou em meu servo Jó?”), das alegações de Satanás de que Jó era reto por uma questão de interesse particular, das duas progressivas diminuições do tamanho da cerca que protegia Jó e da poderosa e sobrenatural investida de Satanás contra as posses, contra a família e contra a saúde de Jó. O mais ignorante disso tudo seria o próprio Jó. 

Por essa razão, mesmo sem entender nada do que estava acontecendo, e na certeza de que nada está fora do controle de Deus, Jó atribuía tudo ao Senhor, como se pode ver nas declarações assinadas por ele: 

“Nasci nu, sem nada, e sem nada vou morrer. O Senhor deu [tudo o que eu tinha], o Senhor tirou; louvado seja o seu nome!” (1.21, NTLH.) 

“Sem dúvida, ó Deus, tu me esgotaste as forças; deste fim a toda a minha família. Tu me deixaste deprimido. [...] Deus, em sua ira, ataca-me e faz-me em pedaços, e range os dentes contra mim” (16.7-9). 

“Deus fez-me cair nas mãos dos ímpios e atirou-me nas garras dos maus. Eu estava tranqüilo, mas ele me arrebentou; agarrou-me pelo pescoço e esmagou-me. Fez de mim o seu alvo; seus flecheiros me cercam. Ele traspassou sem dó os meus rins e derramou na terra a minha bílis. Lança-se sobre mim uma e outra vez; ataca-me como um guerreiro” (16.11-14). 

“Foi Deus que me tratou mal e me envolveu em sua rede. [...] Ele bloqueou o meu caminho, e não consigo passar; cobriu de trevas as minhas veredas. Despiu-me da minha honra e tirou a coroa de minha cabeça. Ele me arrasa por todos os lados enquanto eu não me vou; desarraiga a minha esperança como se arranca uma planta. Sua ira acendeu-se contra mim; ele me vê como inimigo. Suas tropas avançam poderosamente; cercam-me e acampam ao redor da minha tenda” (19.6-12). 

“Misericórdia, meus amigos! Misericórdia! Pois a mão de Deus me feriu” (19.21). 

Na verdade, Deus não fez nada contra Jó. Porém, permitiu que Satanás fizesse tudo isso e ainda se servisse de sua própria esposa e de seus próprios amigos. Todavia, nenhum desses estranhos acontecimentos tirou o patriarca do caminho reto. É extraordinária sua resistência às circunstâncias esmagadoramente contrárias! 

Apesar do próprio Jó 

Jó era de carne e osso como qualquer outra criatura. Era homem e não Deus, era homem e não semideus, era homem e não super-homem. Assim como Jesus, em sua forma humana, era igual a qualquer de nós e tinha as mesmas necessidades básicas, como fome, sede e sono, e “passou por todo tipo de tentação” (Hb 4.15). Jó era cercado de limitações e fraquezas. O homem da terra de Uz era irrepreensível e inculpável, mas era santo no sentido restrito. Ele nasceu pecador e era pecador. O pecado habitava nele, estava dentro dele e atuava em seus membros, como aconteceu com Paulo (Rm 7.14-25) e como acontece com qualquer outro mortal. 

As dores provocadas pela perda de todos os bens, pela morte de todos os filhos e pela doença mau cheirosa e sem cura, não foram fictícias. Assim como as dores dos cravos que atravessaram os pés e as mãos de Jesus não foram teatrais. Jó sofreu com o mau conselho da esposa e com a incompreensão, a falta de tato, o fundamentalismo religioso, as críticas, as calúnias, as denúncias, a falta de compaixão e a insistência de Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú. Nada disso passou despercebido pelo sofrido Jó. Ele chorava — “Meu rosto está rubro de tanto eu chorar” (16.16). Ele ficava perdido, confuso, desesperado, deprimido. Jó fazia reclamações, lamentações, desabafos (não há outro livro com tantos e sérios desabafos como o de Jó). Ele tinha crises de fé. Todavia, o homem da terra de Uz sobreviveu a tudo isso e fazia sua pública profissão de fé: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim se levantará sobre a terra” (19.25). 

Jó é um dos mais notáveis exemplos de resistência frente às vicissitudes pelas quais o ser humano pode passar!

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/308/a-resistencia-de-jo-frente-a-dor-e-ao-sofrimento