As Sagradas Escrituras,
a Bíblia Sagrada , além de nos revelar
Deus, revela-nos também Seus atos de justiça e de misericórdia. Vemos este
magnífico agir de Deus, do primeiro
livro,(Gênesis) até ao último(Apocalipse).
E não é diferente neste
episódio do livro de Josué (Js cap. 2:1-23). Deus executa sua justiça sobre uma
cidade incrédula, Jericó. Envia também dois mensageiros (espias), para
reafirmar seus juízos àquele povo incrédulo e também para usar de misericórdia
para com uma prostituta, Raabe, que aos olhos de muitos, talvez não merecesse a
misericórdia divina. Os pensamentos de Deus, sempre serão diferentes dos nossos
pensamentos.
Que possamos colher para
nossas vidas, lições acerca da misericórdia divina. Mas devemos prestar bem
atenção que o Deus de misericórdia, é também o Deus que executa sua justiça,
pois é o Juiz de toda a Terra. (Sl 97.2).
Moisés morrera e agora
Josué, seu sucessor tinha a tarefa de conduzir o povo à terra prometida. Após
ouvir atentamente as recomendações do
Senhor Deus( Js 1:1-9). Uma de suas primeiras medidas, foi sua decisão de enviar dois espias para a
cidade de Jericó conhecidas por sua muralhas muito fortificadas.
Os dois espias que o texto
sagrada, não revelam os nomes, corajosamente entraram na cidade. Lá entraram
não apenas para espiá-la,mas também para confirmar o juízo divino sobre ela. O Senhor Deus, através de Moisés, dissera que as nações que habitavam àquela terra seriam lançadas fora de Sua presença, pela maldades delas(Deut. 9:4-6).
Desta forma, podemos entender que aqueles espias estavam cumprindo também a ordem divina, tanto isso é verdade que Raabe
assim se expressa: “...Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor caiu sobre
nós e que todos os moradores da terra(Jericó) se derretem diante de vós”. (Js. 2: 8).
Raabe sabia que os
israelitas iriam tomar sua cidade. Mas o surpreendente de tudo isso, é que, ao invés
de agir como os outros habitantes, que
estavam cheios de pavor e muito amedrontados, ela assume
uma atitude de fé. Ela demonstra conhecer o grande milagre da travessia do Mar
Vermelho e a vitória do povo judeu contra dois reis poderosos: Seom e
Ogue(Js.2.10). Declara por fim, a grandiosidade e soberania do Senhor Deus: “...pois o Senhor vosso Deus é
Deus em cima nos céus e em baixo na terra”.Js.2:11.
Aquela mulher, cuja postura
moral certamente era alvo de reprovação e desprezo, conseguiu ver mais
longe, a tal ponto de seu nome está escrito
na galeria dos heróis da fé relacionados na carta aos Hebreus:”Pela fé Raabe, a meretriz,
tento acolhido em paz os espias, não pereceu com os incrédulos.”(Hb.11:31).
Sua vida de imoralidade
sexual, não foi impedimento para ela pudesse reconhecer a majestade do Deus de
Israel; mais que isso não a impediu de suplicar
pela salvação de sua vida e a de
seus familiares. Ela bem sabia que o Deus Todo-Poderoso que fizera aquele milagre no
Mar Vermelho; que fez os israelitas triunfarem sobre aqueles reis poderosos,
poderia livrá-la da destruição que viria sobre seus conterrâneos.
Raabe, como os demais jericoenses, era desobediente; mas a partir de
então, não agiu como eles: teve medo,mas acreditou em Deus; estava apavorada,
mas tomou a decisão de crer e suplicar a misericórdia do Senhor dos céus e que
tem poder sobre toda a terra, inclusive na dela, Jericó.
Com esta nova postura
espiritual, arriscou sua vida. Escondeu os espias, enfrentando assim, a autoridade máxima de sua terra, o rei: “..Então o rei de Jericó mandou dizer a Raabe: Tira fora os homens que
vieram a ti, e entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a terra. Porém
aquela mulher tomou os dois homens e os
escondeu...”.(Js. 2:3,4a).
Existem momentos em nossas
vidas que temos que fazer escolhas. Raabe viveu este momento. Ela escolheu
ouvir o Deus dos céus ao invés de ouvir ao
seu rei, que logo, logo sofreria o
castigo divino. Ademais sempre será
melhor agradar a Deus do que agradar aos homens. (Atos 4:19).
A Bíblia Sagrada traz
valiosos ensinamentos para todos os homens. Mas é preciso dar crédito à sua
mensagem. Raabe deu crédito à mensagem que aqueles dois mensageiros trazia.
Eles não apenas estariam invadindo a cidade, mas aplicando castigo divino a ela. Jericó ela estava listada entre as nações que haviam praticados muitas maldades
diante de Deus.(Deut. 9:4-6).
Contudo, em meio ao castigo, Deus manifesta sua misericórdia a todo pecador que se arrepender: “As
misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, pois suas
misericórdias não tem fim”. (Lam 3:22).
Que possamos agir como
Raabe, reconhecer o poder de Deus; enxergar nEle Sua misericórdia, que opera na
vida de todos aqueles que se arrependem.
Mas entendamos também que
aqueles que servem a Deus deve estar preparados para anunciar suas verdades em
qualquer que seja o lugar, mesmo que seja em lugar hostil ás verdades divinas, pois
se Deus manda, Ele se responsabiliza com os mensageiros, como guardou aqueles
dois espias(mensageiros) na cidade de Jericó.
Aprendemos neste episódio
que Deus castiga os incrédulos, salva os que tem fé nEle, e livra Seus mensageiros.
Assim faz o Senhor Jesus com
nossas vidas.Ele veio como o Mensageiro de Deus, Nosso Pai, para dizer a toda
humanidade que Ele é o Salvador de todos o homens.Contudo, todos os homem
precisam crê Nele como o Enviado do Deus Todo-Poderoso: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu seu Filho Unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça,mas tenha a vida eterna”.(Jo. 3:16).
Todos nós precisamos crê no Senhor
Jesus Cristo, assim como Raabe acreditou na mensagem de castigo divino para
Jericó e de livramento, que seria dado a ela e a todos seus familiares que
estivessem sob o teto de sua casa.
Deus também há de destruir
este mundo, pois tal como a cidade de Jericó, cujos habitantes eram incrédulos
e desobedientes, assim Deus trará juízo sobre aqueles que vivem em
desobediência com a sua Palavra.
Portanto, se quisermos ser
salvo da justiça divina, precisamos crer no Senhor Jesus Cristo: “Crê
no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”.(At. 16:31).
Nos fóruns, algumas questões muito boas têm sido levantadas sobre a questão da ordem de Deus para que os judeus cometessem “genocídio” contra os povos da terra prometida. Como você apontou em alguns dos seus escritos, esse ato não se encaixa no conceito ocidental de Deus sendo o gentil “Papai do Céu.” Ora, nós podemos certamente encontrar justificativas para aquelas pessoas estarem sob o julgamento de Deus por causa dos seus pecados, por sua idolatria, por sacrificarem suas crianças, etc. Mas uma questão mais difícil é a matança de crianças e bebês. Se as crianças são pequenas, assim como os bebês, elas são inocentes dos pecados cometidos por sua sociedade. Como nós conciliamos essa ordem de Deus para matar as crianças com o conceito de Sua santidade? Obrigado,
Steven Shea
PERGUNTA 2
Eu ouvi que você justifica a violência no Velho Testamento com base em que Deus usou o exército israelita para julgar os cananeus e sua eliminação pelos Israelitas é moralmente certa já que eles estão obedecendo a ordem de Deus (seria errado se eles não estivessem obedecendo a ordem de Deus ao eliminar os cananeus). Isso se parece um pouco com a maneira como os muçulmanos definem a moralidade e justificam a violência de Maomé e outros atos moralmente questionáveis (muçulmanos definem moralidade como fazer a vontade de Deus). Você vê alguma diferença entre a sua justificação para a violência do Velho Testamento e a justificação islâmica de Maomé e versos violentos do Alcorão? A violência e os atos moralmente questionáveis e os versos do Alcorão são um bom argumento quando se trata de muçulmanos?
Anônimo
RESPOSTA
De acordo com o Pentateuco (os primeiros cinco livros do Velho Testamento), quando Deus invocou Seu povo da escravidão no Egito e de volta para a terra de seus antepassados, ele os ordenou que matassem todos os clãs cananeus que viviam na terra (Dt. 7.1-2; 20.16-18). A destruição era para ser completa: cada homem, mulher e criança, eram para ser mortos. O livro de Josué nos conta a história de Israel cumprindo a ordem de Deus cidade após cidade por toda Canaã. Essas histórias ofendem nossas sensibilidades morais. Ironicamente, porém, nossas sensibilidades morais no ocidente têm sido grandemente, e para muitas pessoas, inconscientemente moldadas por nossa herança Judaico-Cristã, que nos ensinou o valor intrínseco dos seres humanos, a importância de agir justamente e não arbitrariamente, e a necessidade de uma punição adequada ao crime. A própria Bíblia inculca os valores que essas histórias parecem violar. A ordem para matar todos os povos cananeus é chocante precisamente porque parece não combinar com o retrato de Jeová, o Deus de Israel, que é pintado nas Escrituras Hebraicas. Ao contrário da retórica crítica de alguns como Richard Dawkins, o Deus da Bíblia Hebraica é umDeus de justiça, paciente e compassivo.
Você não pode ler os profetas do Velho Testamento sem perceber o profundo cuidado de Deus com pobres, os oprimidos, os abusados, os orfanados, e assim por diante. Deus exige leis justas e juízes justos. Ele literalmente luta para que as pessoas se arrependam de seus caminhos injustos para que Ele não tenha de julgá-los. “Assim como vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva” (Ez.33.11).
Ele envia um profeta até mesmo à cidade pagã de Nínive por causa de Sua misericórdia pelos seus habitantes, “que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda” (Jonas 4.11). O próprio Pentateuco contém os Dez Mandamentos, um dos maiores códigos morais antigos, que moldou a sociedade ocidental. Até mesmo a restrição “um olho por um olho e um dente por um dente” não era uma prescrição de vingança,mas uma limitação para a punição excessiva de um crime, servindo para moderar a violência.
O juízo de Deus não tem nada de arbitrário. Quando o Senhor anuncia Sua intenção de julgar Sodoma e Gomorra, Abraão ousadamente pergunta:
“Destruirás também o justo com o ímpio? Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruirás também, e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela? Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn. 18.25).
Como um mercador do Oriente Médio barganhando por uma pechincha, Abraão continuamente diminui seu preço, e a cada vez Deus responde sem hesitação, garantindo a Abraão que se houvessem dez justos na cidade, Ele não a destruiria por causa deles.
Então, o que Jeová está fazendo ao ordenar que os exércitos de Israel exterminem os Cananeus? É precisamente por esperarmos que Javé aja justamente e com compaixão que achamos essas histórias difíceis de entender. Como Ele pode ordenar que soldados massacrem crianças?
Ora, antes de tentar responder essa difícil questão, seria bom que parássemos para nos perguntarmos o que está em jogo aqui. Suponha que concordamos que se Deus (que é perfeitamente bom) existe, Ele não poderia ter dado tal ordem. O que se segue? Que Jesus não ressurgiu dos mortos? Que Deus não existe? Dificilmente! Então, qual deveria ser o problema?
Eu frequentemente vejo apresentadores levantar essa questão como uma refutação do argumento moral para a existência de Deus. Mas isso é claramente incorreto. A declaração de que Deus não poderia ter dado tal ordem não falsifica ou elimina nenhuma das duas premissas do argumento moral que eu defendi: 1 – Se Deus não existe, valores morais objetivos não existem. 2 – Valores morais objetivos existem. 3 – Portanto, Deus existe.
Na verdade, ao pensar que Deus fez algo moralmente errado ao comandar o extermínio dos cananeus, ele afirma a premissa número 2. Então, qual é o problema?
O problema, me parece, é que se Deus não fosse capaz de dar tal ordem, então as histórias bíblicas devem ser falsas. Ou os incidentes nunca realmente aconteceram, mas são apenas parte do folclore de Israel ou então, se aconteceram, Israel os executou em um fervor nacionalista, pensando que Deus estava ao seu lado, declarando que Deus havia ordenado que cometessem essas atrocidades, quando na verdade Ele não ordenara. Em outras palavras, esse problema é,na verdade, uma objeção à inerrância bíblica.
De fato, ironicamente, muito críticos do Velho Testamento são céticos quanto à ocorrência dos eventos da conquista de Canaã. Eles consideram essas histórias como parte das lendas da fundação de Israel, semelhantes aos mitos de Rômulo e Remo na fundação de Roma. Para esses críticos o problema de Deus pronunciar tal comando desaparece.
Agora, isso põe a questão em uma perspectiva um tanto diferente! A questão da inerrância bíblica é importante, mas não tanto quanto a existência de Deus ou a deidade de Cristo! Se nós cristãos não pudermos achar uma boa resposta para a questão diante de nós e formos, então, persuadidos que tal ordem é inconsistente com a natureza de Deus, então teremos que abrir mão da inerrância bíblica. Mas nós não deveríamos deixar o descrente que levanta essa questão sair pensando que ela implica em mais do que implica.
Eu acredito que um bom começo nesse problema é declarar nossa teoria ética que fundamenta nossos julgamentos morais. De acordo com a versão da ética das ordens divinas que eu tenho defendido, nossas regras morais são constituídas pelas ordens de um Deus santo e amoroso. Uma vez que Deus não dá ordens a si mesmo, Ele não tem deveres morais para cumprir. Ele certamente não está sujeito às mesmas obrigações morais que nós. Por exemplo, eu não tenho o direito de tirar uma vida inocente. Seria homicídio se eu fizesse isso. Mas Deus não tem essa proibição. Ele pode dar e tomar a vida segundo a Sua escolha. Todos nós reconhecemos isso quando acusamos alguma autoridade que, arbitrariamente tira uma vida, de “estar brincando de Deus.” As autoridades humanas se apropriam de direitos que pertencem somente a Deus. Deus não está sob obrigação nenhuma de aumentar minha vida em um segundo. Se Ele quiser me fulminar agora mesmo, a escolha é d’Ele.
A implicação disso é que Deus tem o direito de tirar a vida dos cananeus quando Ele achar adequado. Quanto tempo eles vivem e quando eles morrem é decisão d’Ele.
Então, o problema não é que Deus deu um fim às vidas dos cananeus. O problema é que Ele ordenou que os soldados Israelitas dessem um fim a eles. Isso não seria como ordenar que alguém cometesse assassinato? Não, não é. Em vez disso, uma vez que nossos deveres morais são determinados pelas ordens de Deus, ordenar que alguém fizesse isso na ausência da ordem divina é que teria sido assassinato.O ato foi moralmente obrigatório para os soldados Israelitas em virtude da ordem de Deus mesmo que fosse errado fazê-lo em iniciativa própria.
Na teoria das ordens divinas, então, Deus tem o direito de ordenar um ato, que, na ausência de uma ordem divina, teria sido pecado, mas que agora é moralmente obrigatório em virtude daquela ordem.
Certo; mas não é essa ordem contrária à natureza de Deus? Bem, vamos analisar o caso maisde perto. Talvez seja significativo que a história da destruição de Sodoma por Javé —junto com Suas solenes garantias a Abraão de que se houvessem pelo menos dez justos em Sodoma, a cidade não teria sidodestruída —forma uma parte do cenário para a conquista de Canaã e a ordem de Javé para que fossem destruídas as cidades lá. A implicação é que os cananeus não são pessoas justas e estavam sob o julgamento de Deus.
Na verdade, antes da escravidão de Israel no Egito, Deus diz a Abraão:
“Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos… e tornará para cá;porque a medida da injustiça dos Amorreus [um dos clãs cananeus] não está ainda cheia.” (Gn. 15.13,16)
Pense nisso! Deus suspende Seu julgamento dos clãs cananeus por 400 anos porque sua malignidade não havia ainda alcançado o ponto de intolerabilidade! Esse é o Deus paciente queconhecemos nas Escrituras Hebraicas. Ele até mesmo permite que seu próprio povo escolhido sofra em escravidão por quatro séculos antes de determinar que os povos cananeus estejam prontos para o julgamento e chamar Seu povo do Egito.
Na época de sua destruição, a cultura cananéia era, na verdade, pervertida e cruel, se envolvendo em práticas como prostituição ritual e até mesmo sacrifício infantil. Os cananeus deviam ser destruídos “para que não vos ensinem a fazer conforme a todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis contra o SENHOR vosso Deus” (Dt. 20.18). Deus tem motivos morais suficientes para Seu julgamento sobre Canaã, e Israel foi meramente o instrumento de Sua justiça, assim como séculos depois Deus usaria as nações pagãs da Assíria e Babilônia para julgar Israel.
Mas, porque tirar a vida de crianças inocentes? A terrível totalidade da destruição foi, sem dúvida, relacionada à proibição da assimilação de noções pagãs por Israel. Ao ordenar a completa destruição dos cananeus, o Senhor diz, “Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos; Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses” (Dt. 7.3,4).
Essa ordem faz parte da complexa rede de leis rituais judaicas para separar as práticas puras das impuras. Para a mentalidade ocidental contemporânea, muitos dos regulamentos na lei do Velho Testamento parecem absolutamente bizarros e sem sentido: não misturar linho com lã, não usar os mesmos recipientes para produtos de carne e leite, etc. O ponto principal dessesregulamentos é proibir vários tipos de mistura. Linhas claras de distinção estão sendo feitas: isso, e não aquilo. Isso servia como uma diária e tangível lembrança de que Israel é um povo especial separado para o próprio Deus.
Eu conversei uma vez com um missionário hindu que me disse que a mentalidade oriental tem uma profunda tendência para a mistura. Ele disse que os hindus, ao ouvirem o evangelho, sorriem e dizem, “Sub ehki eh, sahib, sub ehki eh!” (“Tudo é Um, sahib, Tudo é Um! [hindus, perdoem minha transliteração!]). Isso fez com que fosse quase impossível alcançá-los, porque até mesmo contradições lógicas eram incorporadas no todo. Ele disse que acreditava que a razão porque Deus deu a Israel tantas ordens arbitrárias sobre puro e impuro era ensiná-los a Lei da Contradição!
Ao estabelecer essas dicotomias fortes e duras, Deus ensinou Israel que qualquer assimilação da idolatria pagã é intolerável. Foi a Sua maneira de preservar a saúde espiritual e aposteridade de Israel. Deus sabia que se essas crianças cananéias fossem mantidas vivas, elas significariam a desintegração de Israel. A matança das crianças cananéias não apenas serviu para prevenir a assimilação da identidade cananéia mas também serviu como uma ilustração esmagadora e tangível de Israel ser separada exclusivamente para Deus.
Além disso, se nós cremos, como de fato cremos, que a graça de Deus é dada a quem morre na infância ou como crianças pequenas, a morte dessas crianças foi na verdade a sua salvação. Nós somos tão casados a uma perspectiva terrena e naturalista que esquecemos que aqueles quemorreram tiverama felicidade de deixar esta terra para uma alegria incomparável no Paraíso.Portanto, Deus não fez a essas crianças nenhum mal ao tirar suas vidas.
Então, contra quem Deus errou ao ordenar a destruição dos cananeus? Não contra os cananeus adultos, pois eles eram corruptos e merecedores do julgamento. Nem contra as crianças, pois elas herdaram a vida eterna. Então, quem está ofendido? Ironicamente, eu acho que a parte mais difícil deste debate é o aparente erro cometido contra os próprios soldados israelitas. Você pode imaginar como seria ter que entrar em alguma casa e matar uma mulher aterrorizada e suas crianças? O efeito brutalizante sobre esses soldados israelitas é perturbador.
Mas então, novamente, estamos pensando de um ponto de vista cristianizado e ocidental. Para pessoas do mundo antigo, a vida já era brutal. A guerra e a violência eram um fato da vida para pessoas vivendo no antigo Oriente Médio. Uma evidência para isso é que as pessoas que contavam essas histórias aparentemente não pensaram nada sobre o que os soldados israelitas foram ordenados fazer (especialmente se essas foram lendas sobre a fundação da nação). Ninguém estava torcendo as mãos por causa dos soldados terem que matar os cananeus; esses que fizeram isso eram heróis nacionais.
Além disso, eu volto ao meu ponto acima. Nada poderia ilustrar tão bem para os israelitas a seriedade de seu chamado como um povo separado somente para Deus. Javé não é alguém com quem se brincar. Ele está falando sério e, se Israel apostatar, a mesma coisa poderia acontecer com eles. Como C.S. Lewis coloca, “Aslan não é um leão domado.”
Ora, como isso se relaciona à jihad islâmica? O Islã vê a violência como a maneira de propagar a fé muçulmana. O Islã divide o mundo em dois campos: a dar al-Islam (Casa deSubmissão) e a dar al-harb (Casa de Guerra). A primeira são as terras que foram submetidas pelo Islã; a última são as nações que ainda não foram submetidas. É assim que o Islã realmente vê o mundo!
Em contraste, a conquista de Canaã representou o julgamento de Deus sobre esses povos. O propósito não foi convertê-los ao judaísmo! A guerra não estava sendo usada como um instrumento de propagação da fé judaica. Além disso, o massacre dos cananeus representou uma circunstância histórica incomum, não uma maneira regular de comportamento.
O problema com o Islã, então, não é que este tem a teoria moral errada; mas sim que tem o Deus errado. Se os muçulmanos acham que nossos deveres morais são constituídos pelas ordens de Deus, então eu concordo com eles. Mas muçulmanos e cristãos diferem radicalmente quanto à natureza de Deus. Os cristãos acreditam que Deus é todo-amoroso, enquanto os muçulmanos acreditam que Deus ama apenas os muçulmanos. Alá não tem amor por descrentes e pecadores. Então, eles podem ser mortos indiscriminadamente.
Além disso, no Islãa onipotência de Deus pisa em tudo, até mesmo em Sua própria natureza. Ele é, portanto,absolutamente arbitrário em Seu tratamento com a humanidade. Em contraste, os cristãos sustentam que a natureza santa e amorosa de Deus determina o que Ele ordena.
A questão, então, não é “qual é a teoria moral correta?”, mas “qual é o Deus verdadeiro?”
A questão não é se vamos enfrentar um ou dez leões por dia, por quantas peneiras iremos passar, mas sim entendermos que Deus vai estar ao nosso lado em cada uma dessas situações.
“E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava
assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com
justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça
havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão
ele mesmo. E estava vestido de veste tingida em sangue; e o nome pelo
qual se chama é A Palavra de Deus”. (Apocalipse 19:11-13)
Nesta passagem de Apocalipse 19:11-13 vemos a descrição de um
megacampeão, mas precisamos enxergar em primeiro lugar, que Ele não
apareceu do nada naquela posição. Nenhum campeão nasce com este título.
Todo campeão é assim formado, construído.
Neste “filme”, eu vejo em uma ponta, um megacampeão e em outra ponta,
uma criança indefesa, envolta em panos (Lucas 2:7). Eu consigo vê-lo
exilado como uma criança estrangeira, vivendo no Egito (Mateus 2:14,15).
Eu consigo vê-lo como o filho mais velho de uma família pobre, que tem
vários filhos e luta para sobreviver. Eu consigo vê-lo adulto, no
deserto, no início de um ministério (Mateus 4:1-11). Eu consigo vê-lo
solitário (Mateus 26:43). Eu consigo vê-lo humilhado, desprezado (Isaías
53:3). Eu consigo vê-lo crucificado.
Nós nunca somos os mesmos após estes processos, após as peneiras da
vida. Mas estas peneiras não estão nas mãos do diabo. Elas são de Deus.
Quando Deus nos faz passar pelas peneiras, Ele o faz porque entende
que há algo que nós que vale a pena. Ele se dedica a um processo de
purificação em nossas vidas.
Eu vejo este campeão passando por estas peneiras e sendo preparado em
cada uma delas, inclusive quando Ele é injustiçado, quando não é
reconhecido, quando é acusado de coisas que não fez, quando é apontado
pelo o que não disse, quando é condenado sem um julgamento justo,
pregado em uma cruz. Como é difícil entender! Mas de fato, o
“modus-operandi” de Deus é estranho se visto com olhos humanos.
O evangelho que temos visto ser pregado muitas vezes nas televisões,
não se enquadra na vida real. Esse evangelho que promete um caminho
fácil, uma passagem sem dor por esse vale de ossos secos, que promete a
vitória sem a cruz, sem a luta… eu e você sabemos que estas propostas
são falsas.
Mas o Evangelho verdadeiro, este sim, transforma e abre os nossos
olhos para o mundo real, nos ajuda a enfrentar problemas reais e
conviver com pessoas normais, que têm as suas crises, angústias. Nos
ensina que também temos que lutar para ficar de pé, enfrentar nossos
leões a cada dia.
A questão não é se vamos enfrentar um ou dez leões por dia, por
quantas peneiras iremos passar, mas sim entendermos que Deus vai estar
ao nosso lado em cada uma dessas situações.
Buscar atalhos é o mesmo que dispensar grandes oportunidades de
crescimento, é perder a chance de ser formado um campeão. Mas aceitar o
desafio de enfrentar as dificuldades com a ajuda do Todo-poderoso é
provar mais do Seu amor, graça e poder. É se fortalecer e testemunhar
das maravilhas que Ele opera ao nos formar verdadeiramente vencedores.
1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que
apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional. 2 E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
O propósito de Romanos 12:1-2 é que tudo na vida deveria se tornar
uma "adoração espiritual". O versículo 1: "Apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional". O propósito de toda a vida humana aos olhos de Deus é que
Cristo seja tão precioso quanto ele é. A adoração significa usar nossas
mentes, corações e corpos para expressar o valor de Deus e tudo o que
ele representa para nós em Jesus. Há uma forma de viver - uma forma de
amar - que realiza isso. Existe uma forma de executar seu trabalho que
expressa o verdadeiro valor de Deus. Se você não pode encontrá-la,
talvez, signifique que você precisa mudar de emprego. Ou pode ser que o
versículo 2 não esteja se cumprindo na extensão que deveria.
O versículo 2 é a resposta de Paulo sobre como tornamos tudo em nossa
vida uma adoração. Precisamos ser transformados. Não apenas nosso
comportamento externo, mas a forma que sentimos e pensamos - nossas
mentes. O versículo 2: "Mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente".
Tornar-se o que você é
Aqueles que creem em Cristo Jesus já são novas criaturas compradas
com sangue. "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura" (2
Coríntios 5:17). Porém, agora, precisamos nos tornar o que nós somos.
"Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de
fato, sem fermento" (1 Coríntios 5:7).
"E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Colossenses 3:10).
Você foi criado novo em Cristo; e agora você é renovado dia a dia. É
nisso que focamos na última semana.
Agora, focamos na última parte do versículo 2, o propósito da mente
renovada: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, [agora, surge o propósito] para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".
Desse modo, este artigo terá como foco o sentido da expressão "vontade
de Deus" e como podemos conhecê-la.
As duas vontades de Deus
Há dois sentidos claros e muito diferentes para a expressão "vontade
de Deus" na Bíblia. Precisamos conhecê-los e definir qual deles é usado
em Romanos 12:2. De fato, saber a diferença entre esses dois sentidos da
"vontade de Deus" é crucial para entendermos um dos maiores e mais
perplexos fatos em toda a Bíblia, que Deus é soberano sobre todas as
coisas. Significa que Deus desaprova algumas coisas que ele ordena que
aconteçam. Isto é, ele proíbe algumas das coisas em que ele é a causa. E
ele ordena algumas das coisas em que causa obstáculo. Ou, para
expressar isso de um modo paradoxal: Deus deseja que alguns eventos
ocorram em um sentido que ele não deseja em outro sentido.
1. A vontade de decreto ou vontade soberana de Deus
Vamos examinar as passagens da Escritura que nos fazem pensar dessa
forma. Primeiro, considere as que descrevem "a vontade de Deus" como seu
controle soberano sobre tudo o que acontece. Uma das mais explícitas é o
modo como Jesus falou da vontade de Deus no Getsê mani quando orou .
Ele disse em Mateus 26,39: "Meu Pai, se possível, afasta de mim este
cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres". A quê a
vontade de Deus se refere nesse versículo? Ela se refere ao plano
soberano de Deus que ocorrerá nas próximas horas. Você relembra como
Atos 4:27- 28 declara isto; "Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta
cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio
Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua
mão e o teu propósito predeterminaram". Portanto, a "vontade de Deus"
era que Jesus morresse. Esse foi o seu plano, seu decreto. Não havia
como mudá-lo e Jesus se curvou e disse: "Aqui está o meu pedido, mas
faça o que for melhor". Essa é a vontade soberana de Deus.
E não deixe de entender um conceito bastante crucial aqui que inclui
os pecados do homem. Herodes, Pilatos, os soldados, os líderes judeus -
todos eles pecaram ao cumprirem a vontade de Deus, que seu Filho fosse
crucificado (Isaías 53:10). Desse modo, entenda esse aspecto com muita
clareza: Deus deseja que aconteçam algumas coisas que ele odeia.
Aqui há um exemplo de Pedro. Em 1 Pedro 3:17, ele escreve: "Porque,
se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é
bom do que praticando o mal". Em outras palavras, talvez seja a vontade
de Deus que cristãos sofram por fazer o bem. Ele tem em mente a
perseguição. Mas a perseguição de cristãos que não merecem isso é
pecado. Por conseguinte, Deus, às vezes, deseja que eventos aconteçam e
que incluam o pecado. "É melhor sofrer por fazer o bem, se isso tiver
que ser a vontade de Deus".
Paulo apresenta uma declaração sintética e abrangente dessa verdade
em Efésios 1:11:
"Nele, digo, no qual fomos também feitos herança,
predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas
conforme o conselho da sua vontade". A vontade de Deus é o governo
soberano dele em tudo o que acontece. E há muitas outras passagens na
Bíblia ensina ndo que a providência de Deus sobre o universo se estende
aos detalhes mais simples da natureza e decisões humanas. Nenhum pardal
cairá por terra sem o consentimento de vosso Pai (Mateus 10:29). "A
sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão"
(Provérbios 16:33). "O coração do homem pode fazer planos, mas a
resposta certa dos lábios vem do Senhor" (Provérbios 16:1). "Como
ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; este,
segundo o seu querer, inclina-o" (Provérbios 21:1).
Este é o primeiro sentido da vontade de Deus: o controle soberano de
Deus sobre todas as coisas. Chamaremos isso de "vontade soberana" ou
"vontade de decreto" de Deus. Ela não pode ser quebrada. Ela sempre
acontece. "Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e,
segundo sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da
terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: 'O que fazes?'"
(Daniel 4:35).
2. A vontade de preceito de Deus
Agora, o outro sentido da "vontade de Deus" na Bíblia é que podemos
nos referir à "vontade de preceito". Sua vontade é o que ele nos manda
fazer. Essa é a vontade de Deus que podemos desobedecer e podemos falhar
em cumprir. A vontade de decreto de Deus, nós a cumpriremos ainda que
creiamos nela ou não. Já a vontade de preceito, podemos falhar em
cumpri-la. Por exemplo, Jesus disse: "Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus" (Mateus 7:21). Nem todos cumprem a vontade de
seu Pai. Ele declara assim. "Nem todos entrarão no reino dos céus". Por
quê? Porque nem todos fazem a vontade de Deus.
Paulo afirma em 1 Tessalonicenses 4:3: "Pois esta é a vontade de
Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição". Aqui,
temos um exemplo muito específico sobre o que Deus preceitua para nós:
santidade, santificação, pureza sexual. Essa é sua vontade de preceito.
Mas, ó, muitos não a obedecem.
Então, Paulo declara em 1 Tessalonicenses 5:18: "Em tudo, dai graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco".
Novamente, há um aspecto específico de sua vontade de preceito: em tudo,
dai graças. No entanto, muitos não cumprem essa vontade de Deus.
Mais um exemplo: "Ora, o mundo passa, bem como a sua ganância;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus, permanece eternamente" (1 João
2:17). Nem todos permanecem para sempre. Alguns permanecem, outros não.
A diferença? Alguns fazem a vontade de Deus, outros não. A vontade de
Deus, nesse sentido, nem sempre acontece.
Assim, concluo dessas passagens e de muitas outras da Bíblia, que há
duas formas de falar a respeito da vontade de Deus. Ambas são
verdadeiras e importantes para se compreender e crer. Uma, podemos
chamar vontade de decreto de Deus (ou sua vontade soberana) e a outra,
podemos chamar vontade de preceito de Deus. Sua vontade de decreto
sempre acontece independente se cremos nela ou não. Sua vontade de
preceito pode ser quebrada.
A preciosidade dessas verdades
Antes de relacionarmos as duas formas da vontade de Deus à passagem
de Romanos 12:2, permita-me comentar como são preciosas essas duas
verdades. Ambas correspondem a uma profunda necessidade que todos temos
quando somos profundamente machucados ou vivenciamos grande perda. Por
um lado, precisamos ter a segurança de que Deus está no controle e,
portanto, é capaz de fazer com que todo sofrimento e perda cooperem para
o meu bem e o bem de todos os que o amam. Por outro lado, necessitamos
saber que Deus é solidário conosco e não tem prazer no pecado ou
sofrimento em si mesmo ou do que advém deles mesmos. Essas duas
necessidades correspondem à vontade de decreto de Deus e à sua vontade
de preceito.
Por exemplo, se você foi severamente violentado quando criança e
alguém lhe pergunta: "Você considera que isso foi a vontade de Deus?"
Você, agora, tem uma maneira de formular um sentido bíblico para es sa
experiência e apresentar uma resposta que não contradiz a Bíblia. Você
pode dizer: "Não, isso não foi a vontade de Deus, porquanto ele
preceitua que os seres humanos não sejam violentos, mas que amem uns aos
outros. A violência quebrou seu mandamento e, por conseguinte, moveu
seu coração com ira e tristeza (Marcos 3:5). Mas, em outro sentido, sim,
foi a vontade de Deus (sua vontade soberana), porque há centenas de
modos como ele poderia ter impedido esse acontecimento. Todavia, por
razões que não entendemos plenamente ainda, ele não o fez".
E correspondendo a essas duas vontades, há duas coisas de que o
cristão precisa nessa situação: uma é um Deus que é forte, soberano o
bastante para transformar isso para o bem; e a outra é um Deus que é
capaz de ser solidário com você. Por um lado, Cristo é um soberano
grande Rei e nada acontece além de sua vontade (Mateus 28:18). Por outro
lado, Cristo é um Sumo Sacerdote e se solidariza com sua fraqueza e
sofrimento (Hebreus 4:15). O Espírito Santo nos conquista e vence nossos
pecados quando ele deseja (João 1:13; Romanos 9:15 -16), e permite a si
mesmo ficar entristecido, ser apagado e sentir ira quando ele o quiser
(Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19). Sua vontade soberana é
invencível e sua vontade de preceito pode ser deploravelmente quebrada.
Precisamos de ambas verdades - dessas duas compreensões da vontade de
Deus - não apenas para conferir sentido à Bíblia, mas para nos
apegarmos firmemente a Deus quando estivermos sofrendo.
Qual das duas vontades é referida em Romanos 12:2?
Agora, qual dessas verdades é referida em Romanos 12:2: "E não vos
conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus"? A resposta é que Paulo se refere à vontade de preceito
de Deus. Digo isso por, pelo menos, duas razões. Uma é que Deus não tem
a intenção de que saibamos sua vontade soberana antecipadamente. "As
coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas
nos pertencem, a nós" (Deuteronômio 29:29). Se você deseja saber os
detalhes futuros da vontade de decreto de Deus, você não quer uma mente
renovada, você quer uma bola de cristal. Isso não se chama transformação
e obediência; chama-se adivinhação, vaticínio.
A outra razão para dizer que a vontade de Deus em Romanos 12:2 é a
vontade de preceito e não sua vontade de decreto é que a frase "para que
experimenteis qual seja a boa" implica que devemos aprovar a vontade de
Deus e então, obedientemente, cumpri-la. Porém, de fato, não devemos
aprovar o pecado ou praticá-lo, embora ele seja parte da vontade
soberana de Deus. O sentido de Paulo em Romanos 12:2 é parafraseado em
Hebreus 5:14: "Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles
que, pela prática, têm suas faculdades exercitadas para discernir não
somente o bem, mas também o mal". (Veja outra paráfrase em Filipenses
1:9-11). Esse é o propósito do versículo: não se referir à secreta
vontade de Deus que ele planeja realizar, mas ao discernimento da
vontade revelada de Deus que deveríamos cumprir.
Três estágios do conhecimento e do cumprimento da vontade revelada de Deus
Há três estágios do conhecimento e cumprimento da vontade revelada de
Deus, isto é, sua vontade de preceito; e toda ela requer a renovação da
mente com o Espírito Santo concedendo o discernimento de que falamos
anteriormente.
Primeiro estágio
Primeiro, a vontade de preceito de Deus é revelada com autoridade
definitiva e decisiva somente na Bíblia. E precisamos da mente renovada
para compreender e aceitar o que Deus preceitua na Escritura. Sem a
mente renovada, distorceremos as Escrituras para evitar obedecer a seus
mandamentos radicais de abnegação, amor, pureza e suprema satisfação em
Cristo somente. A vontade de preceito autoritária de Deus é encontrada
apenas na Bíblia. Paulo afirma que as Escrituras são inspiradas e tornam
o cristão "perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2
Timóteo 3:17). Não apenas para algumas boas obras. "Toda boa obra". Ó,
quanta energia, tempo e devoção os cristãos deveriam dedicar meditando
na Palavra de Deus escrita.
Segundo estágio
O segundo estágio da vontade de preceito de Deus é nossa aplicação da
verdade bíblica às novas situações que talvez sejam tratadas
explicitamente na Bíblia. A Bíblia não fala com qual pessoa se casar, ou
qual carro dirigir, ou se deve possuir uma casa, ou onde deve
desfrutar suas férias, qual plano de telefone celular você deve comprar,
qual a melhor marca de suco de laranja que deve consumir. Ou mil outras
escolhas que você deve fazer.
É necessário que tenhamos uma mente renovada; que seja tão moldada e
tão dirigida pela vontade revelada de Deus na Bíblia que percebamos e
avaliemos todos os fatores relevantes com a mente de Cristo, e
discirnamos o que Deus nos chama a realizar. É muito diferente de tentar
constantemente ouvir a voz de Deus dizendo faça isso ou faça aquilo. As
pessoas que tentam conduzir suas vidas ouvindo vozes não estão em
harmonia com Romanos 12:2.
Há uma diferença imensa entre orar e trabalhar para uma mente
renovada que discerne como aplicar a Palavra de Deus, por um lado, e o
hábito de pedir a Deus para lhe dar uma nova revelação sobre o que
fazer, por outro lado. Adivinhação não requer transformação. O propósito
de Deus é uma nova mente, uma nova forma de pensar e julgar, não apenas
nova informação. Seu propósito é que sejamos transformados,
santificados, libertos pela verdade de sua Palavra revelada (João 8:32;
17:17). Assim, o segundo estágio da vontade de preceito de Deus é o
discernimento da aplicação das Escrituras às novas situações da vida por
meio de uma mente renovada.
Terceiro estágio
Finalmente, o terceiro estágio da vontade de preceito de Deus se
refere à vasta maioria de nós, que não reflete antes de agir. Arrisco-me
a dizer que em 95% do seu comportamento você não premedita. Isto é, a
maioria de seus pensamentos, atitudes e ações são espontâneas. São
apenas extravasamento do que está no interior. Jesus disse: "Porque a
boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom
coisas boas; mas o homem mau, do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos
que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta
no Dia do Juízo" (Mateus 12:34-36).
Por que chamo isso de parte da vontade de preceito de Deus? Por uma
razão. Porque Deus preceitua coisas como: não se ire. Não seja
orgulhoso. Não cobice. Não fique ansioso. Não seja ciumento. Não seja
invejoso. E nenhuma des sas ações são premeditadas. Ira, orgulho,
cobiça, ansiedade, ciúme, inveja - elas todas surgem no coração sem a
reflexão ou intenção. E somos culpados por causa delas. Elas quebram o
mandamento de Deus.
Portanto, não está claro que há uma grande tarefa na vida cristã? Ser
transformado pela renovação de sua mente. Precisamos de novos corações e
novas mentes. Faça com que a árvore seja boa e o fruto será bom (Mateus
12:33). Esse é o grande desafio. É o que Deus o desafia a fazer. Você
não pode fazer isso com suas próprias forças. Você precisa de Cristo,
que morreu por seus pecados. E você precisa do Espírito Santo para
conduzi-lo à verdade que exalta a Cristo .
Entregue-se a isso. Mergulhe na Palavra de Deus; sature sua mente com
ela. E ore para que o Espírito de Cristo faça você tão novo que o
extravasamento seja bom, agradável e perfeito - a vontade de Deus.