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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Cristãos e muçulmanos: uma longa história de conflitos

01.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 11.2001
Por Alderi Souza de Matos*

Estamos acostumados a ouvir notícias sobre o relacionamento hostil entre palestinos e judeus em Israel. Vez por outra, também tomamos conhecimento de violentos choques entre muçulmanos e adeptos do hinduísmo e de outras religiões na Índia e em outros países asiáticos. Todavia, mais antigo e mais pleno de conseqüências para o mundo tem sido o relacionamento tenso — por vezes abertamente belicoso — entre cristãos e muçulmanos há quase 1.400 anos. Os recentes atentados terroristas nos Estados Unidos, as ações militares norte-americanas no Afeganistão e as iradas manifestações de muçulmanos em muitos países constituem mais um capítulo dessa longa história de conflitos.

O advento do islamismo

O islamismo, ou islã, foi fundado pelo mercador árabe Maomé (Muhammad, c.570-632) no início do século 7º da era cristã. Essa que é a mais recente das grandes religiões mundiais sofreu influências tanto do judaísmo quanto do cristianismo, mas ao mesmo tempo opôs-se firmemente a ambos, alegando ser a revelação final de Deus (Alá). O livro sagrado do islamismo, o Corão (Qur‘an), teria sido revelado pelo próprio Deus a Maomé, o último e maior dos profetas. A idéia básica do islamismo está contida no seu nome — islã significa “submissão” plena à vontade de Alá e “muçulmano” é aquele que se submete. Os preceitos centrais dessa religião incluem a recitação diária de uma confissão (“Não existe deus senão Alá e Maomé é o seu profeta”), bem como a prática da caridade e do jejum, sendo este último especialmente importante durante o dia no mês sagrado de Ramadã. O culto é regulado de maneira estrita. Os fiéis devem orar cinco vezes ao dia, de preferência em uma mesquita ou então sobre um tapete, sempre voltados para Meca, a cidade sagrada do islã, na Arábia Saudita. Nas sextas-feiras realizam-se cerimônias especiais. A peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida também é uma prática altamente valorizada.

Desde o início o islamismo foi uma religião aguerrida e militante, marcada por intenso fervor missionário. Um conceito importante é o de jihad, ou seja, o esforço em prol da expansão do islã por todo o mundo. Esse esforço muitas vezes adquiriu a conotação de guerra santa, como aconteceu de maneira especial no primeiro século após a morte de Maomé, em 632. Movidos por um profundo zelo pela nova fé, os exércitos muçulmanos conquistaram sucessivamente a península da Arábia, a Síria, a Palestina, o Império Persa, o Egito e todo o norte da África. Nesse processo, o cristianismo foi enfraque-cido ou aniquilado em muitas regiões onde havia sido extrema-mente próspero nos primeiros séculos. Lugares como Antioquia, Jerusalém, Alexandria e Cartago, onde viveram os pais da igreja Orígenes, Cipriano, Tertuliano e Agostinho, foram permanentemente perdidos pelos cristãos. Em 674, os muçulmanos lançaram os seus primeiros ataques contra Constantinopla, a grande capital cristã do Império Bizantino.

No ano 711, os mouros atravessaram o estreito de Gibraltar sob o comando de Tarik (daí Gibraltar, isto é, “a rocha de Tarik”) e invadiram a Península Ibérica, ocupando a maior parte do território espanhol. Em seguida, atravessaram os Pirineus e penetraram na França, mas foram finalmente derrotados por um exército cristão comandado por Carlos Martelo, o avô de Carlos Magno, na batalha de Tours, em Poitiers, no ano 732. É verdade que, tanto no Oriente Médio e no norte da África quanto na Península Ibérica, os sarracenos foram relativamente tolerantes com os cristãos e os judeus. Eles geralmente não eram forçados a se converterem ao islamismo, mas tinham de pagar um imposto caso não o fizessem. Em todas essas regiões, muitos acabaram aderindo à nova religião. Em diversas áreas que conquistaram, os seguidores de Maomé criaram grandes centros de civilização, como foi o caso de Bagdá, o Cairo e a Espanha. O Califado de Córdova foi marcado por notável prosperidade, destacando-se por sua belíssima arquitetura, seus elaborados arabescos, seus avanços nas ciências, literatura e filosofia. 

As cruzadas

O avanço islâmico teve profundas repercussões para o cristianismo. Como vimos, a igreja oriental ou bizantina foi seriamente enfraquecida, tendo perdido algumas de suas regiões mais prósperas. A igreja ocidental ou romana voltou-se mais para o norte da Europa. Com isso, o cristianismo tornou-se mais europeu e menos asiático ou africano. Também foi acelerado o processo de separação entre as igrejas grega e latina. Outro problema para os cristãos foi a mudança da sua postura com relação à guerra e ao uso da força. Desde o início, os cristãos tinham aprendido de Cristo e dos apóstolos a prática do amor e da tolerância no relacionamento com o próximo. Agora, num mundo cada vez mais hostil à sua fé, eles acabaram abandonando muitos de seus antigos valores e passaram a elaborar toda uma série de justificativas filosóficas e teológicas para legitimar a violência em certas situações. Esse processo havia se iniciado com a aproximação entre a Igreja e o Estado a partir do imperador Constantino, no quarto século, tendo se intensificado nos séculos seguintes. Num primeiro momento legitimou-se o uso da força contra grupos cristãos dissidentes ou heréticos, como os arianos e os donatistas. Séculos mais tarde, os cristãos haveriam de articular a sua própria versão de guerra santa, dirigindo-a principalmente contra os muçulmanos.

A maior, mais prolongada e mais sangrenta confrontação entre cristãos e islamitas foram as famosas Cruzadas, que se estenderam por quase duzentos anos (1096-1291). Antes disso, a cristandade já havia começado a lutar contra os muçulmanos na Espanha, o que ficou conhecido como a Reconquista, intensificada a partir de 1002 com a extinção do califado de Córdova. Desenvolveu-se, assim, a partir da Península Ibérica, uma forma de catolicismo agressivo e militante, que haveria de estender-se para outras partes do continente. As cruzadas foram um fenômeno complexo cuja causa inicial foi a impossibilidade de acesso dos peregrinos cristãos aos lugares sagrados do cristianismo na Palestina. Por vários séculos, os árabes haviam permitido, salvo em breves intervalos, as peregrinações cristãs a Jerusalém, e estas haviam crescido continuamente. Todavia, a situação mudou quando os turcos seljúcidas, a partir de 1071, conquistaram boa parte da Ásia Menor e, em 1079, a cidade de Jerusalém, fazendo cessar as peregrinações. Com isso surgiu na Europa um clamor pela libertação da Terra Santa das mãos dos “infiéis”.

A primeira cruzada foi pregada pelo papa Urbano II, em Clermont, na França, em 1095, sob o lema “Deus vult” (Deus o quer). Depois de uma horrível carnificina contra os habitantes muçulmanos, judeus e cristãos de Jerusalém, os cruzados implantaram naquela cidade e região um reino cristão que não chegou a durar um século (1099-1187). A quarta cruzada foi particularmente desastrosa em seus efeitos, porque se voltou contra a grande e antiga cidade cristã de Constantinopla, que foi brutalmente saqueada em 1204. A oitava cruzada encerrou essa série de campanhas militares que trouxe alguns benefícios, como o maior intercâmbio entre o Oriente e o Ocidente e a introdução de inventos e novas idéias na Europa, mas teve efeitos adversos ainda mais profundos, aumentando o fosso entre as igrejas latina e grega e gerando enorme ressentimento dos muçulmanos contra o Ocidente cristão, ressentimento esse que persiste até os nossos dias.

A reconquista

É verdade que alguns cristãos daquele período tiveram uma atitude mais construtiva em relação aos islamitas, procurando ir ao seu encontro com o evangelho, e não com a espada. Tal foi o caso de alguns dos primeiros membros das novas ordens religiosas surgidas no início do século 13, os franciscanos e os dominicanos. O mais célebre missionário aos muçulmanos foi o franciscano Raimundo Lull (c.1232-1315), de Palma de Majorca, que fez diversas viagens a Túnis e à Argélia. Todavia, o espírito predominante do período foi o de beligerância não só contra os muçulmanos, mas mesmo contra grupos cristãos dissidentes, como foi o caso dos cátaros ou albigenses, no sul da França, aniquilados por uma cruzada entre 1209 e 1229. Também data dessa época o estabelecimento da temida Inquisição. Na Espanha, a Reconquista tomou ímpeto no século 13 e a partir de 1248 os mouros somente controlaram o reino de Granada. Nos séculos 12 e 13, nesse contexto de luta contra os mouros, houve o surgimento de Portugal como um reino independente. 

O reino de Granada foi finalmente conquistado pelos reis católicos Fernando e Isabel em 1492, o mesmo ano do descobrimento da América. Após um período inicial de tolerância, foi lançada contra os mouros uma campanha de terror visando forçar a sua conversão e finalmente, em 1502, todos os muçulmanos acima de 14 anos que não aceitaram o batismo foram expulsos, assim como havia acontecido com os judeus dez anos antes. Sob a liderança de Tomás de Torquemada, a Inquisição espanhola, organizada em 1478, voltou-se de maneira especial contra os mouriscos e os marranos (muçulmanos e judeus convertidos ao cristianismo) acusados de conversão insincera. 

Ao mesmo tempo em que o islamismo sofria essas pesadas perdas na Península Ibérica, obtinha estrondosos sucessos no Oriente Médio e na Europa oriental. Um novo poder islâmico, os turcos otomanos vindos da Ásia Central, depois de se estabelecerem firmemente na Ásia Menor, invadiram em 1354 a parte européia do Império Bizantino, gradualmente estendendo o seu domínio sobre os Bálcãs, em regiões que estiveram ainda recentemente nos noticiários (Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Albânia). Em 1453, eles tomaram Constantinopla (hoje Istambul), selando o fim do antigo Império Romano oriental e impondo novas e pesadas perdas à Igreja Ortodoxa. Nos séculos 16 e 17, os exércitos turcos haveriam de cercar por duas vezes Viena, a capital da Áustria (1529 e 1683).

Os dois últimos séculos

Um período especialmente humilhante para os muçulmanos diante do Ocidente cristão foi o colonialismo dos séculos 19 e 20, em que virtualmente todas as regiões islâmicas do Oriente Médio e do norte da África ficaram sob o domínio de países europeus como a França, a Inglaterra, a Itália e a Espanha. Até o início do século 19, aquelas regiões haviam sido parte do vasto Império Otomano, com sua capital em Istambul. Com o colonialismo, chegaram os missionários, tanto católicos como protestantes, com suas igrejas, escolas e hospitais. Após a Primeira Guerra Mundial, à medida que as novas nações árabes foram alcançando a sua independência, houve o crescimento do sentimento nacionalista e a reafirmação dos valores islâmicos. Ao mesmo tempo, o islamismo há muito havia ultrapassado os limites do mundo árabe, tendo alcançado, além dos persas e dos turcos, muitos outros povos na África e na Ásia, chegando até a Indonésia, hoje a maior de todas as nações muçulmanas, com mais de 100 milhões de habitantes. Em muitas dessas nações, árabes ou não, a presença de populações cristãs tem produzido graves conflitos entre os dois grupos, como aconteceu ainda recentemente na Indonésia. Um acontecimento pouco divulgado foi o pavoroso genocídio promovido pelos turcos contra os armênios cristãos no início do século 20.

Outro evento que acabou por gerar nova animosidade entre os países muçulmanos e o Ocidente cristão foi a criação do Estado de Israel, em 1948, e a percepção de que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, apóia incondicionalmente o estado judeu em sua luta contra os palestinos e outros povos árabes. Dois novos ingredientes nessa luta foram o súbito enriquecimento de algumas nações árabes com a exploração do petróleo e o surgimento do fundamentalismo militante entre os xiitas, uma antiga facção islâmica minoritária ao lado da maioria sunita. A militância islâmica tem gerado várias revoluções e o surgimento de regimes islâmicos, como aconteceu há alguns anos no Irã. Além do apoio do Estados Unidos a Israel, os fundamentalistas se ressentem da presença de tropas americanas na Arábia Saudita, o berço do islã, e da influência cultural do Ocidente nos seus respectivos países, vista como danosa para a sua fé e seus valores tradicionais. 

Neste início do século 21, o islamismo representa o maior desafio para o cristianismo, em diversos sentidos. Como um dos “povos do livro” (expressão aplicada aos judeus e cristãos, visto serem mencionados no Corão), os cristãos precisam reconhecer os muitos erros cometidos contra os muçulmanos ao longo da história e renovar a sua determinação de contribuir para o bem-estar político, social e espiritual dos seguidores de Maomé.


*Alderi Souza de Matos, ministro presbiteriano, é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/273/cristaos-e-muculmanos-uma-longa-historia-de-conflitos

Desafiando o islamismo radical

01.04.2015
Do portal ULTIMATO ON LINE, 11.03.15
Por John A. Azumah

O mundo está sendo sujeitado a imagens horrorosas de violência religiosa. O Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria registra suas decapitações. O Boko Haram na Nigéria desfila centenas de estudantes sequestradas. O Al-Shabaab na Somália ataca um shopping em Nairóbi. Esses atos bárbaros podem nos fazer sentir impotentes, amedrontados, irados e até culpados, porque nos parece muito pouco o que podemos fazer para contê-los. Enquanto isso, comentaristas correm de um canal de televisão para outro, apresentando suas análises. Alguns condenam o EI e o Boko Haram, mas garantem aos telespectadores que os atos deles não têm nenhuma relação com o verdadeiro islamismo. Outros são da opinião de que o EI e o Boko Haram representam, sim, a verdadeira face do islamismo. Nenhuma das duas perspectivas ajuda. Ambas distorcem a natureza do islamismo e sua relação com o terrorismo e a violência.


É compreensível que a opinião dos evangélicos em relação ao islamismo tenha recrudescido depois de 11 de setembro de 2001. Ted Haggard, ex-presidente da Associação Evangélica Nacional dos Estados Unidos, disse: “O Deus cristão incentiva a liberdade, o amor, o perdão, a prosperidade e a saúde. O deus muçulmano parece valorizar o contrário. A personalidade de cada Deus evidencia-se nas culturas, civilizações e atitudes dos povos que os servem”. Um destacado ativista evangélico britânico, Patrick Sookhdeo, expressa opinião semelhante: “A violência perpetrada por grupos [jihadistas] tem raízes tanto na ideologia dos grandes movimentos islamistas contemporâneos como na versão tradicional, ortodoxa e clássica do islamismo, especialmente suas doutrinas do “jihad”, “da’wa” e “dhimmitude”, bem como a lei da apostasia, apresentada nas escrituras e nos comentários islâmicos autorizados”.

Em outras palavras, para a maior parte dos evangélicos, o islamismo é o problema porque justifica a violência dos grupos jihadistas. A afirmação não é infundada. Contrariando as repetidas negações dos muçulmanos, aspectos chaves da ideologia de grupos muçulmanos radicais estão, de fato, fundamentados na história e nos textos islâmicos. A Al-Qaeda, o EI e o Boko Haram originam-se principalmente dos pensamentos “wahhabi” e “salafi”, que são tradições de interpretação fundamentalista islâmica de ampla influência no mundo muçulmano. Líderes fundadores de grupos jihadistas foram ou discípulos de importantes mestres “wahhabi-salafi” ou se inspiraram em suas obras.

O islamismo é semelhante ao judaísmo na importância que atribui à interpretação da lei. Conforme afirmou um estudioso muçulmano, “a ‘sharia’ instrui o homem quanto à maneira de se alimentar, receber visitas, comprar e vender, matar animais, lavar-se, dormir, ir ao banheiro, governar, praticar a justiça, orar e realizar outros atos [de culto]”. Diferente do cristianismo ocidental, onde debates divisionistas muitas vezes giram em torno a doutrinas teológicas, no islamismo as escolas de pensamento mais importantes refletem diferenças em jurisprudência. Há quatro escolas legais principais para os sunitas (escolas Hanafi, Maliki, Shafi’i e Hanbali) e uma para os xiitas (Jafari). As principais distinções entre essas escolas estão nas opiniões divergentes acerca de fontes autorizadas ou raízes da lei. Todas aceitam o Corão e a “suna” (exemplos de Maomé) como fundamentos, mas diferem quanto à importância do consenso na discussão acadêmica coletiva (“ijma”) e na discussão analógica individual (“qiyas”). A escola mais conservadora, Hanbali, tende a enfatizar o Corão e a “suna”, suspeitando da “ijma” e da “qiyas”, enquanto a mais liberal, Hanafi, tende a enfatizar a “qiyas” e a opinião individual.

Os pensamentos Wahhabi e Salafi em sua expressão moderna derivam dos juristas-teólogos islâmicos Ibn Taymiyyah (m. 1328) e Muhammad Abd al-Wahhab (m. 1792). Ambos foram estudiosos e mestres renomados da escola Hanbali de jurisprudência. O ensino Salafi defende as três primeiras gerações da história muçulmana (“salaf”), considerando-as sacrossantas, juntamente com o exemplo profético. Nem todos os “salafis” são “wahhabis”. Estes consideram inovação satânica (bida‘) qualquer prática ou ensino posterior ao terceiro século do islamismo (salaf). O wahhabismo é o ramo mais literalista e iconoclasta do hanbalismo que, por sua vez, é a mais conservadora das quatro escolas principais. Por exemplo, enquanto outros muçulmanos podem requerer a abstenção do álcool, os wahhabis também proíbem estimulantes, inclusive o tabaco. Não só se recomenda uma vestimenta modesta, como também o tipo de roupa que se deve usar, especialmente para mulheres (um “abaya” preto que cubra tudo, exceto olhos e mãos). A educação religiosa inclui treinamento no uso de armas. O wahhabismo enfatiza a importância de evitar práticas culturais não islâmicas e amizades não muçulmanas, tendo por base a ideia de que a suna (que outorga importância central ao exemplo de vida deixado por Maomé) proíbe imitar não muçulmanos. Estudiosos wahhabi têm alertado contra a ideia de muçulmanos terem não muçulmanos como amigos ou mesmo de sorrir e lhes desejar felicidades em suas datas religiosas.

Desde a alta do petróleo nas décadas de 70 e 80, a Arábia Saudita, cujo credo oficial é o islamismo wahhabi, vem exportando o wahhabismo para partes da África, Ásia e Ocidente por meio de bolsas de estudo e a fundação de mosteiros, pregadores e grupos radicais. A Al-Qaeda é um desdobramento direto do islamismo wahhabi e o EI, uma consequência da Al-Qaeda, enquanto as origens do Boko Haram estão numa rede de grupos wahhabi-salafi na Nigéria. Esse contexto religioso provê a estrutura para justificar a violência. Os jihadistas citam escrituras islâmicas, tradições proféticas e opiniões legais para justificar suas afirmações e atividades. A jihad contra não muçulmanos e o ultimato para que se convertam ao islamismo, paguem um imposto especial ou sejam mortos são, de fato, baseados na lei islâmica. Pode-se dizer o mesmo da tática de capturar mulheres e crianças como despojos de guerra e mantê-las ou vendê-las como escravas. O islamismo também promete recompensas e prazeres aos mártires. Portanto, é simplista, senão enganoso, alegar que grupos como o EI e o Boko Haram não têm relação alguma com o islamismo. 

Entretanto, é igualmente enganoso alegar que os grupos jihadistas representam a verdadeira face do islamismo. Ainda que os editos legais e doutrinários citados pelos jihadistas façam parte da lei islâmica, não há dúvida de que os jihadistas violam a lei ao impô-la com as próprias mãos. As falhas na avaliação das condições necessárias para declarar uma jihad, bem como na adoção de condutas apropriadas, fornecem exemplos óbvios disso. Questões sobre os grupos que podem ser visados e sobre a maneira de atacá-los e os fins que justificam esses ataques são complicadíssimas e minuciosamente especificadas nos textos legais autorizados. Por exemplo, todas as quatro escolas legais, inclusive a escola Hanbali, concordam que a declaração de jihad pode ser justificada para preservar ou estender o governo de um estado islâmico. Assim, como no caso da teoria da “guerra justa” dos cristãos, em que o poder de declarar guerra é cuidadosamente limitado a governos, na lei islâmica, só governos islâmicos legítimos podem declarar um jihad, não indivíduos ou atores não oficiais. Faz-se uma exceção quando uma terra muçulmana é atacada ou ocupada por uma força inimiga, o que faz com que a jihad ou resistência tornem-se responsabilidade individual. Entretanto, mesmo então, a jihad precisa ter sido declarado previamente pela autoridade legítima que represente de maneira adequada o povo da nação ocupada. Ao declarar e conduzir uma jihad por conta própria, a al-Qaeda, EI, Boko Haram e outros grupos desse tipo agem como usurpadores heréticos.

No que diz respeito à condução do jihad, os grupos terroristas islâmicos também estão contra todas as principais tradições do islamismo. Todas as quatro escolas ortodoxas de jurisprudência, inclusive a escola Hanbali, conservadora, declaram que mulheres, crianças, idosos, deficientes, sacerdotes, comerciantes, lavradores e todos os civis não combatentes não devem ser alvejados e mortos pelo jihad. Lugares de valor econômico como fazendas, mercados e lugares de culto — mesquitas, claro, mas também igrejas, mosteiros e conventos — não devem ser alvos de ataque. A lei islâmica permite que os lugares de culto sejam tomados como espólio de guerra, mas não devem ser destruídos. A Santa Sofia, por exemplo, era uma igreja e foi convertida para uso como mesquita (agora é museu) depois que Constantinopla, agora Istambul, caiu diante dos turcos otomanos em 1453. Os assaltos deliberados contra civis, a matança de religiosos, os atentados a bomba indiscriminados em mercados e prédios, os sequestros e lançamento de aviões cheios de civis contra edifícios ocupados por civis, os ataques a igrejas e mesquitas e a destruição delas — tudo perpetrado pelo al-Qaeda, o EI e o Boko Haram — violam os limites claros que a lei islâmica estabelece para a condução da jihad.

Outro aspecto importante da ideologia jihadista é a rejeição e, muitas vezes, a rebeldia em relação aos governos estabelecidos de países islâmicos. A al-Qaeda, o EI e o Boko Haram têm rejeitado governos muçulmanos em várias partes do mundo, considerando-os não islâmicos e ilegítimos, prometendo substituí-los por um califado islâmico. Para atingir seu objetivo, os grupos alvejam e matam oponentes muçulmanos e justificam seus atos invocando “takfir”, uma doutrina que remonta ao século VII, que especifica as condições sob as quais irmãos muçulmanos podem ser declarados incrédulos que podem ser mortos. Um grupo dissidente conhecido como os “Kharijitas” ensinava que era aceitável excomungar e legitimar jihad contra outros muçulmanos, inclusive governantes, se eles fossem julgados culpados de cometerem certos pecados. Essa ideia foi rejeitada pelo restante da comunidade muçulmana na época, e todas as quatro escolas ortodoxas, inclusive da escola Hambali, mantêm essa rejeição. Aliás, a tradição legal do islamismo inclui regras explícitas contra os “Kharijitas”, considerando-os incrédulos que devem ser combatidos e mortos.

A própria tradição islâmica, portanto, testifica contra o terrorismo islâmico de hoje. As quatro escolas de jurisprudência têm regras claras segundo as quais não há motivo algum que permita a um indivíduo ou grupo de muçulmanos tentar mudar o governo de um estado islâmico valendo-se de armas e da violência, porque essa possibilidade seria um convite a lutas civis, guerras internas e o abuso do islamismo por facções que usam a teologia para justificar suas rebeliões e usurpações por interesses próprios. As escolas também são unânimes em denunciar a matança de irmãos muçulmanos em nome da jihad. O princípio mestre sempre foi que a anarquia e a matança de irmãos muçulmanos são piores que viver sob um sistema injusto.

Dado o nítido consenso na tradição islâmica, não surpreende que líderes muçulmanos de todo o mundo venham denunciando de maneira pública e reiterada a al-Qaeda, o EI e o Boko Haram. Entre eles estão a Organização de Cooperação Islâmica, o grande mufti da Arábia Saudita, o Conselho Ulema da Indonésia, o grande Aiatolá Naser Makarem Shirazi do Irã, o grande imã da Universidade de Al-Azhar no Cairo e muitos outros. Dois estudiosos muçulmanos paquistaneses de destaque, Javed Ahmad Ghamidi e Muhammad Tahir ul-Qadri, ambos com consideráveis seguidores e influência, escreveram um livro e emitiram um regulamento legal abrangente (“fatwa”) sobre o significado e a condução da jihad. Tanto o livro como a “fatwa” proscrevem o terrorismo e a rebelião violenta, citando amplamente o Corão, as tradições proféticas e uma rede de luminares legais e teológicos através dos séculos e várias divisões sectárias. Eles declaram que grupos jihadistas como os Khajiritas são terroristas, rebeldes e heréticos. Recentemente, 126 líderes islâmicos de destaque no mundo assinaram e publicaram uma carta aberta questionando a base islâmica da ideologia do EI.

Ainda que essas renúncias públicas e fatwas possam ter pouco impacto sobre os líderes de grupos jihadistas, têm função importante na deslegitimação da ideologia jihadista, minando seu apelo aos jovens muçulmanos. Precisamos levar isso a sério e fazer o possível para ampliar sua influência. Infelizmente, críticos ocidentais de grupos jihadistas desconsideram essas vozes e às vezes até difamam o islamismo como um todo. Com muita frequência ouvimos: “Islamismo reformado não é islamismo!” Isso não só é uma opinião paternalista quanto ao que os muçulmanos podem ou não podem fazer dentro da própria tradição, é uma posição sem saída. Como disse certo colega meu, “Quando um muçulmano diz a um cristão: ‘O Corão me ensina a amá-lo’, por que o cristão deveria dizer-lhe: ‘Não, o Corão na realidade o ensina a matar-me’?”

Precisamos resistir fortemente à ideia de que o islamismo é o problema, que o Corão é o problema, que Maomé é o problema. Denunciar o islamismo como uma religião que ama a morte — ou o Corão e Maomé como, respectivamente, uma constituição e um exemplo para terroristas — fornece justificativas para zelotes distorcidos. Isso reforça a crença ilusória de que eles são os únicos muçulmanos verdadeiros. Além disso, inspira medo e suspeita entre a grande maioria dos muçulmanos, que não são jihadistas. Se o Corão e o islamismo são os problemas, qual a solução? Lançar bombas contra a Caaba em Meca? Banir o uso do Corão?

Os que afirmam que os grupos jihadistas representam a “essência” do islamismo refletem, na realidade, um modo de pensar bem ocidental. Querendo ou não, pressupõem uma interpretação escrituralista do islamismo, imaginando que podemos explicar o terrorismo islâmico traçando uma linha reta entre os textos autorizados e as ações dos jihadistas. Para provar sua tese, esses críticos que entendem que o islamismo é o problema, tendem a ligar atos específicos dos grupos jihadistas a uma sequência de referências extraídas de escrituras, tradições, textos legais islâmicos e opiniões de acadêmicos muçulmanos. Perversamente, essa abordagem “sola scriptura” não difere da abordagem “só pelo Corão e pela suna” dos próprios jihadistas.

A verdade acerca da vida religiosa não é tão simples. A vasta maioria dos cristãos e dos muçulmanos não vivem “sola scriptura” ou só pelo Corão e pela suna — e isso ocorre mesmo quando afirmam fazê-lo. Uma rede complexa e inconstante de realidades sociopolíticas, geopolíticas, raciais, étnicas, culturais, econômicas, históricas e existenciais afeta a maneira de todos nós vivenciarmos nossa fé. Minha opinião é que os textos islâmicos contêm sementes de violência. Na corrupção, analfabetismo, pobreza e governos opressivos que atormentam muitas sociedades muçulmanas, essas sementes encontram terreno fértil para lançar raízes, brotar e florescer — bem como em memórias históricas, políticas falhas de relações internacionais de governos ocidentais e na alienação sentida pelos jovens muçulmanos em sociedades ocidentais.

Não temos como entender a disposição mental dos jihadistas, muito menos preparar uma resposta crível e sustentável, sem levar a sério esse pano de fundo. Sem dúvida, a desorientação causada pela modernidade e pós-modernidade é crucial. O desenvolvimento econômico e o comércio global crescente em filmes, televisão e outras formas de cultura popular enfraquecem as instituições islâmicas, perturbando e desorientando muitos muçulmanos. É nesse contexto que grupos heréticos como o Boko Haram e o EI florescem. Eles são em parte zelotes, em parte arruaceiros, em parte ativistas políticos em sociedades que estão sofrendo transformações sociais profundas.

Que diremos, então, do islamismo e do terrorismo? Não há dúvidas de que os jihadistas citam textos islâmicos convencionais para justificar seus atos. Mas tenha em mente que, em si, o fato de alguém citar textos islâmicos não faz com que suas ideias e ações sejam necessariamente islâmicas. O Exército de Resistência do Senhor na Uganda cita a Bíblia, assim como faziam o Ramo Davidiano de David Koresh, o Templo do Povo de Jim Jones e muitos outros cultos excêntricos cristãos. Isso não faz com que suas ideias e ações sejam cristãs.

Li e encontrei comentaristas evangélicos que, apesar de todos os esforços para fazer distinção entre abusos jihadistas de tradições islâmicas do próprio islamismo, os desconsideram como nada mais que tentativas de nos impedir de responsabilizar o islamismo pelas ações de grupos jihadistas. Eles insistem que isso enfraqueceria a crítica que fazem ao islamismo e com isso ficariam impedidos de ajudar as vítimas do jihadismo. Mas não consigo ver como o julgamento do islamismo baseado em ações jihadistas possa ajudar suas vítimas. Muito pelo contrário, aliás. Se é correto julgar o islamismo como um todo, tendo por base o barbarismo de grupos jihadistas, como vamos explicar — e incentivar — as ações de muçulmanos curdos e muitos outros muçulmanos que estão enfrentando os jihadistas e pagando com a vida para proteger minorias cristãs e yazidis no Iraque? Eles leem o mesmo Corão, seguem o mesmo Maomé e fazem as mesmas orações diárias.

Quando destaco esse ponto, alguns alegam, de maneira esfarrapada, que as boas ações dos curdos são motivadas pelo nacionalismo, enquanto as más ações do EI são motivadas pelo islamismo. Mas isso não passa de uma conclusão mal amarrada a um argumento conveniente. E o argumento não convence. É absurdo imaginar uma separação entre religião e identidade étnica no Oriente Médio.

Se há um perigo de sermos levados a imaginar que podemos explicar os horrores do jihadismo simplesmente culpando o islamismo, há também as tentações da ideologia multicultural e do espírito de “inclusão”, que logo desculpam a violência jihadista. Vamos tratar os muçulmanos como adultos maduros e inteligentes que, de fato, são e chamá-los para uma conversa séria. Os muçulmanos não são escravos das tradições islâmicas, sem escape nem alternativas. Há escolas concorrentes e seitas entre os fiéis. Não deveríamos nos intimidar e deixar de expressar nossos julgamentos quanto às tradições que consideramos melhores ou piores. Se retivermos esses julgamentos, deixaremos de nos envolver com os muçulmanos como homens e mulheres capazes de agência moral. Eles também possuem consciência religiosa. Eles também se importam com a verdade, não só a respeito de Deus, mas também acerca dos deveres para com o próximo. A geração atual de muçulmanos tem o direito de interpretar suas tradições autorizadas à luz das realidades do século XXI. E nós, não muçulmanos, também temos o direito de interpretá-las e sermos francos ao falar de nossas conclusões com os muçulmanos. Nas atuais circunstâncias, eu diria que temos o dever de fazê-lo.

Como estudioso cristão do islamismo, ofereço uma pequena lista de pontos que requerem uma discussão franca com os muçulmanos. Primeiro, durante os estágios de formação de quase todos os grupos jihadistas, religiosos e líderes políticos locais muçulmanos fizeram vista grossa para eles ou apoiaram ativamente suas ações, que têm sido bancadas por governos, organizações e empresários islâmicos. Como é possível grupos que autoridades islâmicas condenam tão amplamente por considerarem heréticas receberem tanto apoio tácito da corrente principal do mundo muçulmano?

Segundo, os líderes muçulmanos têm tolerado os ensinos amplamente negativos e desumanos acerca dos não muçulmanos que encontramos em textos islâmicos autorizados. O mesmo ocorre com ensinos sobre jihad, apostasia, leis da blasfêmia e o lugar de cidadãos não muçulmanos numa sociedade islâmica. Embora os grupos jihadistas sejam heréticos em sua afirmação de que têm autoridade para interpretar e impor essas leis, a própria existência desses ensinos é um convite à rebelião e ao extremismo. Em outras palavras, ainda que não seja nem verdadeiro nem justo afirmar que o islamismo é o problema, não há dúvida de que o islamismo tem um problema. Quando disse que seríamos capazes de discernir a fidelidade dos seguidores dele pelos seus frutos, Jesus estava falando de uma verdade comum. Assim, não seria tempo de estudiosos e líderes islâmicos reexaminarem as doutrinas de que os extremistas abusam com tanta facilidade? Essa orgia de sangue que estamos testemunhando hoje não seria um sinal claro de que precisamos de reformas importantes e profundas?

Essas questões e outras não estão sendo ignoradas. Sopra um vento na casa de islã, e uma batalha pela alma do islamismo prossegue com firmeza. Jovens iranianos desiludidos estão deixando o islamismo em massa e rejeitando totalmente as religiões. Outros muçulmanos comuns estão deixando o islamismo por outras religiões, inclusive o cristianismo. Vemos também no islamismo uma tendência progressiva crescente de reinterpretação dos textos e da história islâmica. São sinais de que uma introspecção séria está ocorrendo no mundo muçulmano. Depois de 9/11, estudiosos muçulmanos progressistas declararam abertamente sua posição contra “aqueles cujo Deus é um monstro vingador no céu, decretando morte igualmente contra muçulmanos e não muçulmanos... aqueles cujo Deus é muito pequeno, muito mau, muito tribal e muito masculino”. A todos eles, declararam: “Não é em meu nome, não é em nome de meu Deus que vocês perpetram esse ódio, essa violência!”

Como alguém que cresceu no mundo muçulmano, quero concluir dizendo que nós também precisamos reformar nossos modos. Em décadas recentes, os evangélicos têm contribuído para tornar invisível a presença e o testemunho cristão em terras muçulmanas. Temos nos rendido a ameaças reais e imaginárias de grupos radicais. Em vez de questionar abertamente a criminalização de missões cristãs e da evangelização em contextos muçulmanos, temos nos empenhado em missões clandestinas e secretas. 

Como evangélicos, precisamos permanecer em vigília e oração, para que islamitas radicais não nos radicalizem, redefinindo nosso testemunho e valores por causa do medo e do ódio. A luta não é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades, e não podemos vencer recorrendo às mesmas armas empunhadas pelo inimigo. Somos chamados para usar armas superiores, chamados para vestir o cinto da verdade, a couraça da justiça, o evangelho da paz, o escudo da fé e o capacete da salvação e para tomar a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Efésios 6.14-17).

• John A. Azumah é professor associado de Cristianismo Global e Islamismo no Seminário Teológico de Columbia. Artigo originalmente publicado por First Things e traduzido com autorização do autor para o Portal Ultimato e o Centro de Reflexão Missiológica Martureo

Legenda: Cúpulas da mesquita Sabah State, em Kota Kinabalu, na Malásia. Imagem meramente ilustrativa.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/desafiando-o-islamismo-radical

domingo, 29 de março de 2015

Tentação e consequência

29.03.2015
Do portal VERBO DA VIDA, 27.01.15
Por João Alberto
blog_dentro_joao-580x157Hoje quero meditar com você um pouco sobre duas coisas. Porque existem duas formas de circunstâncias na vida de um crente: a tentação e a consequência.
A tentação é a instrução contrária ao que Deus diz. Ela permanece por pouco tempo, somente até sua fé ser provada. Você pode resistir firme na fé e ela vai fugir.
Já quando a circunstância é uma consequência, se faz necessário arrependimento e mudança de atitude. Apenas resistir firme na fé não vai resolver o problema, porque você deu legalidade para aquela circunstância se estabelecer em sua vida. E agora está apenas colhendo pelas suas escolhas erradas, pois Deus não pode quebrar suas próprias regras.
Existem armas espirituais que foram disponibilizadas por Deus para combatermos o bom combate da fé e precisamos usá-las. Se Deus as colocou ao nosso favor, não podemos ficar alheios, precisamos conhecê-las e saber usá-las corretamente.
A fidelidade te leva a desfrutar de bônus. Isso vem da legalidade, pois Deus não pode abençoar o que está errado. Se esforce para ser educado na justiça de Deus.
Espiritualmente, não crescer é igual a retroceder. Servir a Deus exige esforço de nossa parte. A Deus não devemos dar o que sobra. Os cristãos relaxados que negligenciam seus deveres acumulam conseqüências para seu futuro.
Cuidado com a sua vida, você não tem mais liberdade de fazer ou dizer o que quer.
Esteja atento a tentação e resista firme na fé.
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Fonte:http://verbodavida.org.br/ministerio/ministerio-colunistas/diretoria-joaoroberto/tentacao-e-consequencia/

Uma história escrita pelo dedo de Deus

29.03.2015
Do portal GOSPEL PRIME
Por Claudio Santos

“Agora mesmo foram introduzidos à minha presença os sábios e os astrólogos, para lerem este escrito, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras” (Daniel 5:15)
Eles deram louvores aos deuses de ferro, de bronze, de prata, de ouro, de madeira, de pau, de pedra. Deuses que não ouvem, não vêem, de nada sabem. Mas, ao Deus cuja mão estavam as vidas deles e todos os caminhos deles, Dele esqueceram.
Deram aquela festa, convidaram várias mulheres, acompanhantes e amantes, também chamou cerca de mil amigos para o tal banquete e, bebiam a vontade. A orgia rolava solta no salão.
Abusaram tanto que resolveram zombar mais ainda de Deus, quando aquele rei interino da Babilônia, que era neto de Nabucodonosor, o qual reinava enquanto seu pai, Nabonildo estava fora em viagem de campanhas do reinado, blasfemou contra o Deus Verdadeiro. O ano era 538 a.C. Nabucodonosor havia morrido há 24 anos.

Belsazar mandou buscar as taças e outros utensílios do templo de Jerusalém que haviam sido trazidos por seu avô para a Babilônia, quando do cativeiro de Daniel. Ele bebeu nestas taças com seus amigos até… Deu gargalhadas sarcásticas, se divertiu e ironizou das coisas de Deus. O que o rei queria fazer mesmo era demonstrar zombaria tal que humilhasse aqueles cativos considerados por ele de “povinho de Deus”.
Ele só esqueceu de “uma coisinha”:
O Deus Verdadeiro estava vendo tudo lá de cima! Nada fugia aos seus olhos, nem a orgia, nem o alcoolismo, nem a ironia, nem a blasfêmia.  

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E, neste mesmo instante, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam na parede e todos se espantaram com aquilo. Os pagãos eram supersticiosos, e não costumavam usar artigos roubados dos templos de outros povos. Mas, aí já era tarde demais!! (Daniel 5:5).
A narrativa bíblica conta que o rei mudou o semblante, os seus pensamentos se turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e o seus joelhos batiam um no outro. O que era uma festança de zombaria, virou terror para o rei, para seus amigos e para todo o salão de festa daquele palácio.
Belsazar buscou instantaneamente uma explicação através da ciência da época como a astrologia, feitiçarias, agouros, encantamentos, etc, para entender o que se passava. Ora, eles estavam se embriagando e se prostituindo numa festa onde a orgia rolava de montão, quando de repente aquela mão escrevia na parede umas palavras que nada se entendia. A magia não souber ler, nem interpretar o escrito.
Foi quando a rainha-mãe, vendo o que se passava mandou chamar a Daniel, o jovem israelita que orava a Deus, e, que por isso, era recheado de sabedoria para sonhar, interpretar os sonhos e profetizar nos tempos de Nabucodonosor, para explicar aquele acontecimento sobrenatural, porquanto uma escrita na parede surgiu no meio da orgia e da bebedeira e ninguém sabia explicar aquilo. Eram palavras escritas de uma vertente do aramaico. Três palavras soltas, que precisavam ser unidas numa frase ou mais… As palavras (ou verbos) eram “MENE MENE, TEQUEL E PARSIM (ou peres).
Então chegou Daniel, revestido de autoridade espiritual, confrontou a Belsazar exortando quanto à BLASFÊMIA cometida VOLUNTARIAMENTE COMETIDA. Ora, o neto de Nabucodonosor não poderia ter ignorado o que o seu avô havia provado quando resolveu autodecretar-se Deus, até que foi moído, enlouqueceu e rastejava como moribundo sobre a terra… (Daniel 5:20-21).
Daniel disse a Belsazar o quanto o seu coração se elevara, seu espírito havia se tornado arrogante e soberbo igualmente ao seu avô, pois se levantou contra o SENHOR DO CÉU, quando o deveria ter glorificado. (Daniel 5:23).
A escritura na parede era um recado da parte de Deus, que viria diretamente em desfavor do rei, pois era um recado de morte. Mas, como Deus é um Deus puro, falou através da boca de seu profeta Daniel naquela terra.
Esta foi a interpretação que Deus revelara a Daniel:
MENE = enumerar: “CONTOU DEUS O TEU REINO E DEU CABO DELE”
TEQUEL = Pesar: “PESADO FOSTE NA BALANÇA E ACHADO EM FALTA”
PARSIN(OU PERES) = “DIVIDIDO FOI O TEU REINO E DADO A OUTROS REINOS (medo e persa).”

Conclusão

Então naquela mesma noite*, Deus tomou a vida de Belsazar, tal fora a ira do Deus Verdadeiro com quem não se deve brincar!!!!
Esta foi a história de Belsazar, um governante da Babilônia do Velho Testamento e está registrada na Bíblia Sagrada, no livro de Daniel, capítulo 5. História escrita pelo dedo de Deus!

Reflexão

Como Deus ESCREVERÁ a sua história?
Até a próxima amigos leitores.
Claudinho Santos
* NOTA: O historiador Heródoto escreveu que como conseqüência da morte de Belsazar, Babilônia também caiu. A nação babilônica sofreu um terrível massacre, que se estendeu por todo o Império. Ciro, o persa desviou o rio Eufrates, redirecionando o seu fluxo, levando o nível do rio a baixar para que seus soldados pudessem atravessar os muros da cidade. Quando a água chegou à metade da coxa de um homem, os soldados persas entraram na cidade pelo leito fluvial. Certos de que a cidade não podia ser tomada, os babilônios ficaram descuidados. Assim, em 538 a.C. os persas caíram de surpresa sobre eles e tomaram a cidade. Belsazar foi morto e Dario, o medo, começou a reinar. (fonte da nota: verdadeemfoco.com.br).

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Fonte:http://estudos.gospelprime.com.br/mene-mene-tequel-e-parsim/

quarta-feira, 25 de março de 2015

“Meia verdade” é uma mentira inteira

25.03.2015
Do portal GOSPEL PRIME
Por Josiel Dias

“Meia verdade” é uma mentira inteira
“1º de Abril dia da MENTIRA”
Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Aos Efésios 4:25
Quem nunca contou uma mentirinha que atire a primeira pedra, não que isto seja um procedimento que Deus aprove, não que esteja eu defendendo a mentirinha, mas seríamos hipócritas se dissermos que nunca mentimos, ou, às vezes, nos pegamos mentindo.
A Bíblia mostra que a mentira é pecado e mentindo desagradamos a Deus. Também as escrituras diz, que aquele que diz não ter pecado se faz mentiroso. De uma forma ou outra, mentimos e pecamos. Também as escrituras nos aconselha: vá e não peques mais.
Diante disto tudo glorificamos a Deus, pois temos um advogado junto a Deus que nos purifica de todo pecado e injustiça – João 8:7, Romanos 3:4, I João 1:8, I João 1:9-10, I João 2:1.
Certas situações que acontecem, de repente, em nossa caminhada, se não vigiarmos contamos uma mentirinha, ou uma meia verdade como alguns denominam. Assim, como não devemos pecar voluntariamente, pois as escrituras nos adverte acerca de uma vida em pecado, não signifique que não pecamos.
A mentira tem que ser banida do nosso meio, para que não vire uma prática, pois uma mentirinha aqui, outra acolá… quando menos esperamos estamos vivendo uma vida de mentiras e desagradando ao Senhor.
Paulo quando escreve a igreja de Éfeso nos dá entender que havia uma prática de mentiras naquela comunidade, veja o texto acima: Pelo que deixai a mentira… Quem deixa, deixa algo. Este algo era a mentira. Existem outros textos que estarei colocando aqui, que, embora em algumas passagens do Antigo testamento aconteceram à mentira, não significava que Deus estava aprovando esta prática.
Existe o ato involuntário de uma mentira, ou seja, uma história contada por nós que não reflete a verdade inteira, com certeza esta história não está correta, portanto mentimos involuntariamente, nos tornando mentirosos.
Devemos vigiar, pois estamos cercados de uma grande nuvem de testemunhas, que estão prontas para nos acusar e julgar sobre o que falamos. Certa ocasião Jesus deixou um ensino para as nossas vidas, quando disse: Seja a vossa palavra, sim sim ou não não, e o que passar disto, é procedência maligna Mateus 5:37.
Outra vez Ele nos adverte e ensina que não devemos jurar Mateus 5:36. Diante destes textos e contextos dos ensinamentos de Cristo, entendemos que apenas a verdade, deva sair dos nossos lábios. “Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” II co 13 ; 8.
Com certeza ouvimos frases como esta: Eu juro que estou falando a verdade, juro minha mãe mortinha. Eu quero que caia um raio aqui, se não estou falando a verdade. Frases como estas, seriam apelações para que, quem as ouve, acredite no que estamos falando. A Bíblia nos mostra que, o que falamos, venha ser a verdade, pois se somos verdadeiros, ou não costumamos mentir, aqueles que nos ouve, de imediato, acreditará em nós.
Como é reprovável uma pessoa que vive o tempo todo mentindo. Ninguém mais acredita quando ela fala a verdade. Pode jurar pelo céu e pela terra que sempre vão ficar desconfiados quando este conta a “sua verdade”.
Conheço alguém bem próximo que vive mentindo, às vezes tem alguma verdade no que ele conta, mas como virou, a mentira, uma prática em sua vida, precisa inventar algo para ilustrar seu conto, tenho até temor de ficar perto dele, para não fazer parte de suas mentiras.
A Bíblia também mostra que, quem vive na prática da mentira tem por pai o diabo, veja: Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer aos desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. João 8:44.
Que possamos falar a verdade em todo o tempo, para que aquilo que nós pregamos seja, de fato, verdadeiro. Somos tentados a mentir o tempo todo, pois o diabo sabe que quando proferimos mentiras agradamos a ele e desagradamos ao nosso Deus.
O que nos deixa mais triste é quando vemos esta prática dentro da igreja, muitas vezes até voluntariamente e consciente da parte do mentiroso. Este texto de Efésios está direcionado diretamente à igreja, pois diz: vós sois membros uns dos outros. Irmãos que possamos falar a verdade, mesma que esta doa, mesma que esta cause um certo mal estar.
Peça a Deus sabedoria, para nestes momentos falar a verdade, apenas a verdade. Não existe uma meia verdade, como alguns mentirosos dizem, ou é verdade ou é mentira.
Conheço uma história que um certo Pastor foi com sua esposa, visitar uma certa irmã, e lá ficaram até a hora do almoço. Para sua surpresa, foi colocada na mesa uma comida que o Pastor detestava, mas em silêncio fez o prato e depois de ter agradecido a Deus em oração pelo alimento, começaram a degustar.
Para a surpresa da esposa do Pastor, foi dirigida tal pergunta: Gostaram do almoço? Fiz com todo amor. Imediatamente o Pastor tomando a palavra, respondeu: Sim Irmã, está delicioso. Mentiroso resmungava sua esposa por dentro, estava zangada, pois sabia que seu esposo estava mentindo.
Quantas vezes você, meu irmão, passou por situações como esta? Quantas vezes você teve que responder algo que não correspondia com a verdade e se contasse a verdade causaria problemas. Peça sabedoria a Deus, para que nestes momentos possamos responder com a verdade sem ferir.
Este Pastor que eu relatei poderia muito bem explicar que embora o empenho daquela irmã tenha sido enorme, ele não apreciava tal alimento. Creio que aquela irmã compreenderia sua resposta e verdade.
Certamente seremos tentados, todo o tempo, a mentirmos, lembre-se que a mentira desagrada a Deus, ore peça sabedoria e creia que Deus dará.
Mas quanto aos tímidos e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte. Apocalipse 21:8.
Estas seis coisas aborrecem o Senhor, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente. Provérbios 6:16-17.
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Fonte:http://artigos.gospelprime.com.br/meia-verdade-mentira-inteira/

Americana criada por casal lésbico diz ser contra casamento gay

25.03.2015
Do portal GOSPEL PRIME, 
Por  Leiliane Roberta Lopes

A declaração causou polêmica nos Estados Unidos e ganhou destaque na imprensa internacional 
Americana criada por casal lésbico diz ser contra casamento gayCriada por lésbicas diz ser contra casamento gay
A americana Heather Barwick, 31 anos, foi criada por duas mulheres: sua mãe e uma companheira com quem foi morar após o divórcio. Hoje casada e mãe de quatro filhos, Barwick diz ser contra a união de pessoas do mesmo sexo e afirma ter sentido falta do pai em sua criação.
Para a revista The Federalist, reproduzida pelo jornal inglês Daily Mail, a mulher diz ser filha da comunidade gay, mas afirma não suportar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
No texto Heather afirma que sua mãe era gay e ficou casada com seu pai por pouco tempo. “Meu pai não era um grande cara, e depois que ela o deixou ele não se preocupou em se aproximar [da filha]”.
Ela relata que foi bem tratada pela parceira de sua mãe e por todos os amigos gays e lésbicas dela que frequentavam a casa, mas o desabafo foi o que gerou a polêmica: “Estou escrevendo porque estou saindo do meu armário: eu não suporto o casamento gay”.
Barwick diz que ama os homossexuais, mas que odeia a união deles “por causa da natureza da própria relação do mesmo sexo”. Até os 20 anos ela lutou e defendeu este tipo de relacionamento, mas nos últimos anos resolveu refletir e percebeu que ser criada por duas mulheres lhe trouxe consequências.
“A ausência do meu pai criou um buraco enorme em mim”, disse ela que ao ver seus filhos tendo contato com um homem percebeu que algo lhe faltou. “Eu amei a parceira da minha mãe, mas outra mãe nunca poderia ter substituído o pai que eu perdi”.
Em sua opinião o casamento gay não apenas redefini a palavra casamento, mas também a palavra pais e tenta normalizar uma estrutura familiar que nega aos filhos uma parte fundamental em sua criação.
“Ele [casamento gay] nos nega algo que precisamos enquanto nos diz que não precisamos, porém nós naturalmente ansiamos [por um pai ou uma mãe]. Eles dizem que vamos ficar bem, mas não estamos bem. Estamos sofrendo”, diz ela em nome das crianças criadas por pessoas do mesmo sexo.
Barwick cita situações comuns entre crianças de pais separados e entre crianças adotivas que podem se posicionar e mostrar como o laço desfeito com seus pais lhes causaram sofrimentos e reclama pelo fato dos filhos de casais gays não poderem dizer o que sentem. “Muitos de nós estão com medo de falar e dizer sobre o nosso sofrimento e dor”, afirma. “Não se trata de ódio”.
Formada em Direito, Heather Barwick atuou como advogada de casamentos gay e agora atua como ativista dos direitos das crianças. O artigo publicado pela revista conservadora traz como título um alerta à comunidade gay dizendo: “Cara Comunidade Gay: os seus filhos estão sofrendo”
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Fonte:http://noticias.gospelprime.com.br/criada-lesbicos-contra-casamento-gay/