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terça-feira, 20 de março de 2018

10 falsos cristos pregados pelo cultura

20.03.2018
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO
Por David Schrock*

10-falsos-cristos-pregados-pela-cultura1

Jesus fez a Pedro, em Mateus 16.13, a pergunta mais importante da Bíblia: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?”. A nossa reposta a essa pergunta é de importância eterna. Infelizmente, muitos “cristãos” hoje teriam problemas para definir quem Jesus é, pois muitos usam esse nome para promover diversas ideias.

De fato, como Stephen Nichols mostrou em seu fascinante estudo cultural, Jesus Made in America, Jesus se tornou um produto nos Estados Unidos, onde ele é utilizado para candidatos conquistarem eleitores e para Hollywod verder mais filmes.

Dessa forma, tão importante quanto apresentar uma visão positiva de Jesus quando pregamos a doutrina de quem é Cristo, é mostrar os falsos Cristos que têm conquistado a preferência em nossa sub-cultura cristã.

O que se segue são dez “Cristos culturais”, intencionalmente caricaturados para mostrar as falsas imagens de Cristo que tem sido reproduzidas. Certamente há outras. Adoraria ouvir o que vocês pensam sobre essa lista.

Aqui vamos nós…

1) O Jesus Terapêutico… é delicado e sutil, ele te ajuda a melhorar sua auto-estima através do pensamento positivo.

Seus seguidores minimizam o pecado e tratam a religião como um reforço para enfrentar a semana.

Lema: Você pode alcançar a sua melhor vida (grande sorriso).

2) O Jesus Treinador… vai te dar as dicas e as ferramentas para ser bem sucedido em qualquer coisa que você fizer.

Seus seguidores o procuram de acordo com o interesse pessoal – Jesus Gerente, Jesus Goleador, Jesus Casamenteiro.

Lema: Tudo posso naquele que me fortalece. (Filipenses 4.13)

3) O Jesus Ned Flanders… ama as crianças, a moralidade e te ajudar a fazer a coisa certa.
Seus seguidores vão à igreja, fazem o bem, votam baseados em valores e ajudam seus vizinhos.

Lema: Olá, vizinho!

4) O Jesus Guerreiro… é super macho e pode ser confundido com William Wallace ou Jack Bauer.

Seus seguidores (na maioria homens) se enfurecem contra as imagens feminilizadas de Jesus e confundem “masculinidade” com piedade.

Lema: Meu Jesus chuta o traseiro do seu Jesus.

5) O Jesus do Evangelho Social… melhora a sociedade através da justiça social e suprindo necessidades.

Silenciando o evangelho, esses seguidores constroem casas, alimentam os pobres e combatem a AIDS por Jesus.

Lema: Pregue o Evangelho e, se necessário, use palavras.

6) O Jesus Político… promove o ativismo idealístico e vem em duas variedades:

Cavalgando sobre um elefante1, luta contra o aumento dos impostos, clínicas de aborto e pelas orações nas escolas.

Cavalgando um jumentinho2, promove o cuidado com o meio ambiente e a igualdade de direitos.

Lema: Feliz a nação cujo Deus é o Senhor. (Salmo 33:12)

7) O Jesus Buginganga… se torna o talismã cristão. A presença dos produtos Jesus combate o pecado.

Seus seguidores se enfeitam com a parafernália cristã e focam em viver por Jesus.
Lema: OQJF? (O Que Jesus Faria?)

8) O Jesus Rock Band: baseia sua igreja nas atividades divertidas e música legal.
Seus seguidores vivem atrás de shows cristãos, acampamentos, retiros e outros eventos desse tipo.

Lema: Deus é fera!

9) O Jesus WordPressé hiper ortodoxo e luta contra o erro teológico.

Seus seguidores amam ler livros, debater teologia e publicar picuínhas na internet.

Lema: Ame o Senhor seu Deus com todo seu ENTENDIMENTO.

10) O Jesus Paz e Amor: rejeita religiosos intolerantes e apenas ama a todos como eles são.

Seus seguidores questionam autoridades, verdades objetivas, julgamentos e a religião institucional, mas amam mentes abertas.

Lema: Deus é amor; tudo é espiritual.

Em cada uma dessas caricaturas há resquícios da verdade, mas normalmente a verdade desproporcional ou carente de outros aspectos bíblicos. O mais importante é que cada um desses falsos cristos falha ao manter Jesus na narrativa bíblica. Eles sequestram Jesus em nome de alguma outra causa e o colocam em uma história que não é a história de Deus. Assim, para podermos entender corretamente quem Jesus é, o Cristo, o Filho do Deus Vivo, devemos buscar um retorno às Escrituras e buscar sua identidade de Gênesis ao Apocalipse. Essa é a tarefa do pastor, do professor da escola bíblica e de todos os cristãos que acreditam na Palavra.

Que Deus nos ilumine para vermos Cristo na Escritura, e que ele nos mostre como nossa cultura tem moldado nosso entendimento de Jesus, para que possamos buscar uma visão correta de quem ele é, pois, quando o vemos, nos tornamos mais como Ele (1 João 3.2).
1 O elefante é o símbolo do Partido Republicano, dos EUA, que geralmente defende valores mais tradicionais.
2 O burrinho, por outro lado, é o símbolo do Partido Democrata, rival do Republicano, em geral mais liberal.

*David Schrock é pastor sênior da Calvary Baptist Church em Seymour, Indiana.
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Fonte:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2018/03/10-falsos-cristos-pregados-pelo-cultura/?utm_source=inf-resumo-diario-ve&utm_medium=inf-resumo-diario-ve&utm_campaign=inf-resumo-diario-ve

quarta-feira, 14 de março de 2018

Como nascem as heresias

14.03.2018
Do blog GOSPEL PRIME
Por  Claudio Santos

Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade...

As heresias nasceram talvez da fé numa interpretação ou talvez da vaidade e da corrupção do coração do homem. No tempo dos apóstolos, as igrejas cristãs estavam em formação, e ainda não havia problemas com heresias nascidas dentro deste movimento cristão, chamado de igreja, apesar de que alguns autores costumam chamar de seitas as vertentes judaicas, grupos de fé ou de costumes, que se afastavam entre si, e também se acusavam entre si, com as alegações de desaproximação da Tanach (a Lei Mosaica, Os profetas e Escritos) em virtude de apostasias ou heresias (erros voluntários ou involuntários na prática da fé judaica, e depois cristã).
A igreja experimentaria as diversidades de estilos da prática da fé judaica no Deus Criador. Afinal, foi do judaísmo que nasceu a igreja cristã. Com isso a igreja seria herdeira de algumas heresias que já estavam se movimentando e já estavam colocadas em prática ainda antes do surgimento dos apóstolos, visto que o povo de Deus, em sua história, já havia se relacionado com o paganismo. Porém, nem tudo era tão herege para a igreja, pois ela ainda iria ser formada. Mas, na sua carreira apostólica, vários foram os combates da igreja em defesa da fé. Isso iremos lembrar em cada linha deste artigo. Desejo uma boa leitura!
Existiam ao menos quatro ramificações do judaísmo que influenciariam ou perseguiriam a igreja nos seus primeiros séculos de vida ou vice versa. Os principais ramos ou estilos de crenças eram Fariseus, Saduceus, Essênios e Zelotes, os quais resumidamente serão descritos neste artigo.
  • Os Fariseus, grupo de crença judaica que se dedicavam à Lei Mosaica (lei escrita) e também às tradições repassadas de pai para filhos (lei oral). Eram líderes populares entre os judeus. Havia uma subdivisão de escolas rabínicas entre os fariseus. Uma delas era a escola de Hilel (60 a. C.), por onde passaram Gamaliel e também Paulo. Ben Dereck escreveu que esta escola farisaica era de padrão mais compassivo e hospitaleiro, possuía um número pequeno de alunos. A outra escola rabínica era a escola de Shamai, essa era mais antiga, surgida no ano 50 a.C., e possuía um número substancial de alunos, porém, foi esse estilo de escola e comportamento farisaico mais hostil e com atitudes hipócritas que Jesus confrontou pessoalmente. A escola Shamai era mais severa e inflexível para com o povo e estrangeiros. E, não praticavam a carga de lei que ensinavam.
  • Os Saduceus formavam um grupo de crença judaica que não concordavam com as tradições e lei oral que os fariseus praticavam em detrimento da Lei Mosaica. Também não criam na ressurreição e herança após a morte. Por isso foram confrontados por Jesus. Eram um tanto céticos quanto às Escrituras, apesar de que eram muitos religiosos. Era uma classe política muito influente na sociedade judaica por causa da aproximação com gregos e romanos.
  • Os Essênios eram grupos judaicos que se afastavam dessa discussão relacionada aos desvios da fé, políticos ou mesmo de comportamento, e na sua maioria preferiam viver isoladamente nos desertos em comunidades isoladas. Dividiam os poucos recursos que tinham entre si. Eram discretos, compassivos entre si, e de vida muito simples. Esse grupo se dedicava às orações e praticava obsessivamente o batismo como um ritual de purificação importante, porém diferente do significado que conhecemos hoje. Há relatos de que esse grupo tinha experiências com seres angelicais. Os historiadores dedicam a provável autoria dos Escritos do Mar Morto aos essênios. Alguns estudiosos relatam que tanto Jesus, quanto João Batista, andaram com os essênios na juventude. (Atos 18:25).
  • Os Zelotes surgiram do movimento de revolta liderado por Judas (não o Iscariotes) contra as políticas romanas sobre o povo judeu. Este grupo não divergia muito religiosamente dos fariseus, mas era um grupo mais preocupado com guerras e conflitos políticos. Foi esse movimento que inflamou os romanos a destruírem de vez a cidade de Jerusalém.
O surgimento do Cristianismo

É bem no meio desses movimentos de fé que surge mais uma vertente do judaísmo, chamado pelos romanos de Caminho, conhecida depois pelo mundo inteiro como “Cristianismo”, de onde veio Jesus, e de onde surgiu a igreja, aquela que logo em sua formação foi considerada como “os seguidores do Caminho” (Atos 9:2; Atos 24:14 e João 12:6). Jesus se apresentou aos seus seguidores como o Filho de Deus, o descendente de Davi, o Caminho, a Verdade e a Vida. Estes seguidores de Cristo logo se desligaram dos ritos judaicos, e apresentaram ao mundo as Boas Novas de Salvação, que fora pregada pelos profetas, sobretudo por Isaias. Os fariseus considerariam o Cristo prometido como mais um líder de revolta contra a Lei e os costumes judaicos, ou seja, um líder de seita (judaica). O cristianismo, segundo os principais dentre os judeus, seria mais uma seita depois dos zelotes, a mais nova dentre os que receberam a lei de Deus, os hebreus. Esse Cristo, o mundo conheceria melhor no futuro, e principalmente, no fim dos tempos.
Em vista das divisões de conceitos e crenças que precederam a fé apostólica, no século I, aquelas que já estavam acontecendo dentre o povo judeu, obviamente ocorreriam vários conceitos, erros, confusão ou heresias que se difundiriam no surgimento e crescimento da igreja, no tempo dos apóstolos de Cristo. E estes tiveram muito trabalho para combatê-las, uma vez que as vertentes judaicas existentes fossem elas da parte dos fariseus (e zelotes), saduceus ou essênios, estavam sendo questionadas ou revisadas ou como se fala na linguagem de hoje, havia nova versão das Leis e Mandamentos. Era Jesus chegando e fazendo uma verdadeira reforma no reino Dele e de seu Pai, o Eterno.
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Fonte:https://artigos.gospelprime.com.br/como-nascem-as-heresias/

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Entendendo a Ideologia de Gênero

07.12.2017
Do blog ELECTUS, 06.11.2015
Por Augustus Nicodemos


O tema ganhou um espaço enorme nas mídias sociais depois da prova do ENEM onde foi feita uma citação da feminista Simone de Beauvoir, “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino (O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980)". Em outras palavras, uma mulher é definida, não pelo sexo biológico com que nasce, mas pela construção social da civilização.

De acordo com os defensores da ideologia de gênero, existe uma diferença entre sexo e gênero. Sexo aponta para as determinações naturais e diferenças biológicas entre homem e mulher. Entende-se por gênero, o papel que ambos, homem e mulher, têm e exercem na sociedade.

Na literatura secular acerca da sexualidade humana, gênero tem gradualmente substituído sexo. Ao invés de falar de diferenças de sexo, as pessoas agora falam em diferenças de gênero. Mas, então, qual seria a origem do termo gênero e como chegou a ser utilizado como substituto para sexo? Aparentemente, foi o psicólogo e sexista John Money o pioneiro no uso de gênero com sentido de sexo. Em suas obras ele postula que “o gênero é certo tipo particular de conduta do homem e mulher”. Depois dele, o psicanalista Robert Stoler escreveu em “Sexo e Gênero”(1968) que sexo é biológico, gênero é o que cada sociedade a ele atribui.

Decorre a seguinte questão: se o gênero de uma pessoa não é determinado biologicamente, como o é o sexo, quem, então, o determina? A resposta é: gênero é algo atribuído, não natural: é socialmente determinado. Masculino e feminino são papéis definidos por cada sociedade. Em outras palavras, uma pessoa pode nascer homem – isto é sexo – mas em termos de gênero, ele pode ser feminino, tanto por escolha como por determinação social.

Pode-se também dizer que a ideologia de gênero tem seu ponto de partida na ideologia marxista, na qual é impossível haver qualquer conciliação entre classes. Como o marxismo, a ideologia de gênero reivindica a abolição de todas as diferenças de sexo e gênero, tanto na sociedade como na igreja. Para fazê-lo, é preciso desconstruir a influência da cosmovisão patriarcal perpetuada na cultura ocidental pela igreja cristã e sua Bíblia, subverter a dominação masculina presente e real na sociedade e igreja por meio da imposição de uma cosmovisão feminina, ou, no mínimo, a abolição de todas as distinções claras entre sexos e gêneros.

Os apologistas da ideologia do gênero desenvolveram sistemas e métodos próprios para alcançar sua meta. Eles tem se mantido bastante ativos, influenciando e mudando as políticas governamentais, a educação pública (vide prova do ENEM), a mídia e a opinião pública, a fim de abolir tudo o que eles entendem que perpetua a dominação masculina e as distinções sexuais, e lhes impor a agenda homoafetiva.

As questões de gênero têm causado um impacto global. Elas alcançaram as igrejas ao redor do mundo, não somente no contexto ocidental. Como cristãos, podemos perceber os diversos perigos sociais e consequências do crescimento contínuo da ideologia de gênero e sua influência social e cultural em todos os continentes. Primeiro: todas as diferenças sexuais naturais, criadas por Deus de acordo com a Bíblia, são abolidas. Você pode se reinventar. Segundo, não é difícil de perceber que a instituição familiar e valores são desafiados. Da mesma forma, não existe mais certo e errado nestes assuntos. A ideologia do gênero representa, no fim das contas, um ataque severo à cosmovisão bíblica pela cosmovisão pagã.

Não há dúvida sobre o fato de que, em muitos países, as mulheres têm sido abusadas, oprimidas, humilhadas e escravizadas. Mesmo nas culturas mais civilizadas, as mulheres continuam a ser abusadas e espancadas por seus maridos. A ideologia de gênero, contudo, não se contenta apenas em fazer justiça aos direitos das mulheres; ela deseja a subversão e reversão dos papéis tradicionais e a abolição de todas as distinções entre homem e mulher, até mesmo a sua identidade biológica.

Qual deve ser a resposta bíblica a ser oferecida aos desafios da ideologia do gênero? Para responder, nós deveríamos compreender, antes de qualquer coisa, o que realmente está em jogo aqui. Eu creio que as questões do gênero não são de natureza secundária; elas são temas que lidam com pontos fundamentais da fé cristã, tais como a criação, família e igreja.

Também precisamos compreender a relação entre a cultura e as Escrituras. As Escrituras, e não a cultura, devem ser o referencial nas igrejas evangélicas no tratamento das questões de gênero. Embora existam elementos culturais no texto bíblico, a compreensão cristã histórica é que a Escritura se encontra sempre acima da cultura e representa a verdade universal. Isto se também se aplica aos contextos do sexo e gênero.

Assim sendo, uma resposta bíblica às questões de gênero começa com o fato de que Deus criou apenas dois sexos e gêneros. Nós podemos falar de sexo como algo determinado biologicamente da mesma forma que também dizemos que o gênero é a decorrência natural desta determinação. Aqueles que, por natureza, são homens, são machos (masculinos) conforme contempla o seu gênero. O mesmo se aplica às mulheres. Também podemos afirmar que o gênero, compreendido como a autoconsciência sexual de uma pessoa e o comportamento social dele ou dela, é bíblica, e não socialmente determinado, embora as culturas possam diferir acerca dos papeis tradicionais do homem e da mulher.

Como forma estratégica de tratar com essas questões, as igrejas deveriam procurar e preparar liderança masculina sólida e bíblica, fortalecer o ministério feminino, apoiar grupos para que homens e mulheres cristãos aprendam sobre a masculinidade e a feminilidade bíblicas, e criar e sustentar grupos para aqueles que são tentados ou têm caído na homossexualidade. Além disso, os púlpitos das igrejas cristãs eventualmente deveriam ministrar ensino bíblico sólido e compassivo abordando o tema. Também deveriam promover eventos regulares, com palestrantes convidados para falar sobre família e questões de gênero.

Tenho consciência de que é normal e compreensível haver certa resistência por parte da liderança da igreja em tocar no assunto. O resultado da omissão, contudo, é o crescimento do engano e do erro. Ensinos equivocados tendem a ocupar cada pequena brecha que possa existir na vida da igreja local. Se os membros da igreja não aprendem de seus pastores e líderes, eles aprenderão dos defensores da ideologia do gênero e ativistas. Um plano claro e definido para preparar os membros da igreja nestas áreas é uma necessidade. Eles precisam ser ensinados como enfrentar estas questões, tanto os jovens como os adultos. E o único modo de isso ocorrer é pelo ensino bíblico consistente.
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Fonte:https://blogelectus.blogspot.com.br/2015/11/entendendo-ideologia-de-genero.html#.WilVVtKnHcu

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O pecado da simonia: Uma versão protestante

28.11.2017
Do portal ULTIMATO ON LINE, 05.2013
Por Alderi Souza de Matos*
Simonia – a palavra pode ser nova para muitos leitores, mas a prática é bastante antiga no âmbito do cristianismo. Na Idade Média, surgiu uma série de distorções na vida do clero e na administração eclesiástica. Três erros se destacaram por serem considerados especialmente danosos. O primeiro foi o “nicolaísmo”, termo derivado incorretamente de Apocalipse 2.15, o fato de que muitos clérigos viviam em concubinato, violando assim os seus votos solenes de castidade e celibato. A segunda prática condenada foram as chamadas “investiduras leigas”, isto é, a interferência de governantes civis (reis e imperadores) na nomeação e posse de altos líderes eclesiásticos, como abades e bispos. O terceiro mal na vida da igreja, esse certamente deletério sob todos os pontos de vista, foi a “simonia”.
 
Esse comportamento derivou o seu nome de Simão, o mágico, um personagem bíblico que tentou comprar dos apóstolos Pedro e João o poder de conceder o Espírito Santo àqueles sobre os quais ele impusesse as mãos (At 8.18-24). Assim, a simonia veio a se referir à concessão ou obtenção de qualquer coisa espiritual ou sagrada mediante remuneração, fosse ela monetária ou de outra espécie. Em outras palavras, era a compra e venda de coisas religiosas. Cometia esse pecado quem oferecia e quem recebia pagamento em troca de um bem espiritual ou eclesiástico. Na Idade Média, referia-se principalmente ao comércio de cargos da igreja. Um papa que se notabilizou por sua luta incessante contra esses males foi Hildebrando, ou Gregório VII (1073–1085), que adotou como lema de seu pontificado as contundentes palavras de Jeremias 48.10: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente!”.
 
Curiosamente, em certo sentido a Reforma Protestante surgiu como consequência de dois casos de simonia. Um deles foi a compra do arcebispado de Mainz, ou Mogúncia, na Alemanha, pela poderosa família Hohenzollern, mediante uma negociação questionável com o papa Leão X envolvendo altas somas de dinheiro. O segundo caso ocorreu quando o novo arcebispo (e futuro cardeal) Alberto de Brandenburgo promoveu uma venda especial de indulgências, cujos rendimentos foram utilizados em parte para saldar a dívida da compra do arcebispado, sendo a outra parte entregue ao papa para financiar a construção da catedral de São Pedro, em Roma. A reação de Martinho Lutero contra esse comércio do perdão, mediante suas Noventa e Cinco Teses, foi o estopim da Reforma.
 
Durante séculos, o ministério protestante foi caracterizado por elevados padrões éticos, especialmente na sensível área das finanças. Seguindo o exemplo de Cristo e seus apóstolos (At 20.33s; 2Co 11.7), a maior parte dos pastores e líderes procuravam realizar o seu trabalho como uma expressão de serviço desinteressado a Deus e às pessoas, isento de ambições materiais. Mesmo indivíduos de grande projeção, como avivalistas e evangelistas de massa (Wesley, Whitefield, Spurgeon, Billy Graham e outros), jamais usaram de seu grande carisma e influência para auferir vantagens pecuniárias e aumentar o seu patrimônio. Tal comportamento sóbrio e consciencioso ocorreu em todos os ramos do protestantismo, tanto os tradicionais ou históricos como, mais tarde, os pentecostais clássicos.
 
Esse honroso legado sofreu um abalo lamentável e constrangedor no Brasil, a partir da década de 1970, com o surgimento do chamado neopentecostalismo. Firmados numa teologia duvidosa, resultante de uma interpretação tendenciosa e altamente seletiva das Escrituras, os principais líderes desse movimento vêm demonstrando uma atitude em relação ao dinheiro que em nada difere do velho pecado da simonia. Servindo-se do poderoso veículo da televisão e manipulando com habilidade as carências e ambições de uma considerável parcela da população, esses pregadores têm transformado o evangelho e suas bênçãos em mercadoria e fonte de lucro (2Co 2.17; 1Tm 6.5,10). 
 
A recepção de benefícios como a cura, a prosperidade e a felicidade é condicionada à entrega de contribuições, dando-se a entender que as bênçãos serão proporcionais à generosidade do ofertante. Fica inteiramente esquecido o ensino claro de Jesus: “[...] de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8). Em consequência disso, surgiu uma geração de pastores-empresários que estão se colocando entre os homens mais ricos do país. Dominados pela ganância condenada com tanta veemência nas Escrituras (1Ts 2.5; Tt 1.7; 1Pe 5.2), estão acumulando grandes fortunas na forma de mansões, fazendas, carros de luxo e, agora, o símbolo máximo dos novos ricos – jatinhos particulares. Eles influenciam de tal forma os seus seguidores que estes, além de não questionarem tal procedimento, acham que seus líderes merecem os privilégios que usufruem.
 
Não se discute que os obreiros cristãos sejam remunerados condignamente pelo seu trabalho (2Co 8.14). O que se lamenta é a mercantilização da fé, que tantos prejuízos tem trazido para a causa de Cristo ao longo dos séculos, obscurecendo a graça de Deus, o seu favor imerecido. Os modernos simoníacos não só estão manchando para sempre a sua própria reputação, mas também contribuindo para prejudicar a imagem de toda a classe ministerial e das comunidades evangélicas. Suas ações têm produzido e continuarão a produzir reações negativas da imprensa, da opinião pública e dos governantes. Eles fariam bem em considerar as palavras ditas pelos apóstolos a Simão, o mágico – e se arrependerem enquanto é tempo.
 
Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e "Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil". asdm@mackenzie.com.br.
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Fonte:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/342/o-pecado-da-simonia-uma-versao-protestante

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Os dez mandamentos do telespectador cristão

17.11.2017
Do blog  ADAUTO MATOS, 13.05.14
Por Pr. Elinaldo Renovato de Lima

10 mandamentos telespctador cristão
01.  Amarás ao Senhor teu Deus acima de todos os desenhos, shows, jornais, piadas, novelas e filmes de televisão.

02.  Não farás da imagem do vídeo um outro deus diante do Senhor. Não adorarás seus artistas, nem exibirás seus posters em tua casa, pois teu Deus é Deus zeloso e sentir-se-á enciumado.
03.  Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, como fazem, a todo momento, os protagonistas das novelas.
04.  Guardarás verdadeiramente o dia do Senhor. Não ficarás diante do aparelho na tarde de domingo, mas sairás para visitar alguém que necessite de oração, conforto e estímulo.
05.  Honra o culto doméstico com tua família para que teus filhos aprendam o caminho do Senhor e se prolongue a vida espiritual deles. Não permitirás de forma alguma que a televisão impeça esta honra.
06.  Não farás da televisão a babá de teus filhos, nem permitirás que vejam televisão noite e dia, sem controle.
07.  Não deixarás o aparelho exibir filmes indecentes ou cenas de adultério, para que essas coisas não fiquem em tua mente e te seduzam a esse pecado.
08.  Não furtarás teu tempo diante da televisão, deixando de cumprir com o teu dever.
09.  Não dirás falso testemunho contra teu próximo, como fazem os participantes das novelas, nem farás uso de suas gírias e palavras inconvenientes.
10.  Não cobiçarás o modo de viver, de falar e de vestir dos artistas, nem os produtos que ali são anunciados. Não deixarás que essas coisas determinem tua conduta, nem o teu alimento.
Filipenses 4:8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”
Autor Desconhecido
REFLEXÃO
Prezado visitante. O texto acima, que toma por base o decálogo, tem um sentido muito positivo para nossas vidas como cristãos, pois, nesta era em que vivemos, o poder da informação é muito grande e avassalador sobre as mentes das pessoas.
O volume de dados, de imagens e informações é tão grande que não dá tempo para serem “digeridos” ou avaliados corretamente. Muitos, sem perceber, estão sendo influenciados de modo marcante em sua vida espiritual, emocional, familiar, conjugal e sentimental, pelo poder da mídia televisada.
A TV é um meio excelente para a transmissão de informações e comunicação. Porém, precisa ser controlada, avaliada e pesada, sob um padrão ético seguro e firme, que não mude a cada ano, como ocorre na ética humana.
A ética em que o cristão deve basear-se para avaliar a programação da TV é a que se encontra nos princípios bíblicos, emanados da Palavra de Deus.
Sugiro que leia o Salmo 101.3, que diz: “Não porei coisa má diante de meus olhos…”; leia, ainda Dt 7.26, que proíbe o uso de imagens de escultura dos deuses estranhos. A TV, de certa forma, introduz imagens que são forjadas e preparadas por pessoas, em grande parte, que adoram ídolos e demônios. Leia esse último texto, que diz: ” Não introduzirás tal abominação em tua casa, para que não sejas amaldiçoado , semelhante a ela. De todo a detestarás, e de todo a abominarás”.
Novelas que exaltam a feitiçaria, a macumba, a bruxaria, bem como as que difundem a corrupção moral, o sexo ilícito, são abominação aos olhos de Deus. Filmes violentos e imorais; desenhos animados que têm mensagens subliminares para as mentes das crianças, não devem ter “ibope” em nossa casa, se somos cristãos. Que Deus nos abençoe mais e mais.
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Fonte:https://adautomatos.com.br/home/?p=1538

terça-feira, 7 de novembro de 2017

DOUTRINA DA SALVAÇÃO: Sinergismo não é semipelagianismo

07.11.2017
Do blog MINISTÉRIO APOLOGÉTICO, 24.04.17
Por Marc Cortez*
salvado do pecado
Frequentemente ouço pessoas insinuarem que dizer que os seres humanos “cooperam” com a graça de Deus em um processo de salvação (sinergismo) é essencialmente a mesma coisa que a heresia do semipelagianismo; isto é, a ideia de que o esforço humano tem ao menos uma parte de responsabilidade ao iniciar o processo da salvação. Implícito por trás desta afirmação parece estar a ideia de que qualquer coisa que não seja monergismo está na fronteira da heresia. Não é bem uma heresia escancarada (pelagianismo), mas bem próximo (semipelagianismo).
Existem tanto razões históricas quanto teológicas para rejeitar esta afirmação. Historicamente, deveríamos pelo menos reconhecer que o semipelagianismo foi um movimento que surgiu depois da época de Pelágio, estava principalmente associado com certos grupos monásticos no 5º e 6º séculos e foi condenado como herético no Segundo Concílio de Orange (529 d.C.). Portanto, historicamente, chamar alguém de semi-pelagiano seria chama-lo de herético – não apenas quase herético.
Teologicamente não é verdade que os sinergistas são necessariamente semipelagianos. E aqui se torna muito importante definirmos os nossos termos.
Pelagiano: qualquer sistema em que o ser humano seja capaz de alcançar a salvação inteiramente por si mesmo sem a assistência divina, além da graça comum (isto é, a graça necessária para que qualquer ser exista). Além do fato que o pelagianismo negou o pecado original.
Semipelagianismo: qualquer sistema em que o processo de salvação seja iniciado pelo ser humano sem assistência da graça, a não ser da graça comum, mas no qual o processo de salvação é sinergicamente completado pela interação cooperativa divina e humana.
Sinergismo: qualquer sistema que afirme algum tipo de cooperação interativa divina e humana no processo da salvação.
Baseado nestas definições, podemos chegar às seguintes conclusões:
  • Pelagianos não são sinergista: De acordo com sua visão, a salvação é obtida apenas pelo ser humano.
  • Semipelagianos são sinergistas: Para eles, o processo da salvação requer a interação cooperativa tanto divina quanto humana.
  • Sinergistas não são pelagianos e não são necessariamente semipelagianos: é totalmente possível declarar a interação cooperativa divina e humana e ao mesmo tempo afirmar que o processo de salvação inicia-se inteiramente pela graça salvífica de Deus (não a graça comum). Por exemplo, a ideia de graça “preveniente” afirma que nenhum ser humano é capaz de iniciar a salvação, mas que a graça de Deus “precede” e capacita os seres humanos a responderem corretamente. Independentemente da sua opinião sobre esta visão, ela afirma tanto que a graça de Deus inicia a salvação (“precede”) como também que a pessoa humana deve cooperar ao responder. Portanto, é sinergístico, porém não é pelagiano e nem semi-pelagiano.
Usando estas (breves) definições, podemos dizer que muitas soteriologias proeminentes são sinergísticas, mas não semipelagianas (por exemplo: Wesleyanos). Quando teólogos fazem generalizações dizendo que todos os sinergistas são semipelagianos, questionam a ortodoxia de grandes segmentos do cristianismo, incluindo quase todos os Pais da Igreja. (clique aqui e leia)
Entenda este artigo como um apelo a todos os monergistas. Por favor, pare de afirmar que o sinergismo é simplesmente semipelagianismo. Esta afirmação não é histórica nem teologicamente correta.
http://marccortez.com/2010/11/20/synergism-is-not-semi-pelagianism/#comments
*Marc Cortez: Prof de teologia de Wheaton College, marido, pai e blogueiro que ama teologia, história da igreja, cultura pop, livros e a vida em geral.
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Fonte:http://www.cacp.org.br/sinergismo-nao-e-semipelagianismo/

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Já Vimos Isto Antes: Rob Bell e o Ressurgimento da Teologia Liberal

20.09.2017
Do portal MINISTÉRIO FIEL,
Por Albert Mohler Jr.

O romancista Saul Bellow ressaltou, certa vez, que ser um profeta é uma obra excelente se você pode consegui-la. O único problema, ele sugeriu, é que, mais cedo ou mais tarde, um profeta tem de falar sobre Deus. E, nesse ponto, o profeta tem de falar com clareza. Em outras palavras, o profeta terá de falar com especificidade a respeito de quem é Deus, e, nesse ponto, as opções se restringem.

Durante os últimos vinte anos, um movimento identificado como cristianismo emergente tem feito o seu melhor para evitar o discurso com especificidade. Figuras importantes no movimento ofereceram críticas mordazes dos principais segmentos do evangelismo. Mais enfaticamente, eles têm acusado, de diversas maneiras, o cristianismo evangélico de ser excessivamente preocupado com doutrina, fora de sintonia com a cultura, muito proposicional, ofensivo além do necessário, esteticamente mal nutrido e monótono.

Muitas de suas críticas eram relevantes – em especial, aquelas alicerçadas em preocupações culturais – mas outras denunciaram o que pode ser descrito como um relacionamento estranho com a teologia cristã ortodoxa. Desde o começo do movimento, muitos líderes da igreja emergente exigiam uma grande transformação na teologia evangélica.

No entanto, mesmo quando muitos desses líderes insistiam em que permaneciam dentro do círculo evangélico, ficou claro que muitos estavam se movendo para uma postura pós-evangélica. Houve os primeiros indícios de que o rumo do movimento seguia em direção ao liberalismo teológico e ao revisionismo radical. Mas a forma predominante do argumento deles era a sugestão, e não a asseveração.

Em vez de fazerem asseverações teológicas e doutrinárias claras, figuras da igreja emergente levantam, geralmente, questões e oferecem comentários sugestivos. Influenciados pelas teorias da narrativa pós-modernas, muito no movimento da igreja emergente se apóiam em histórias, e não no argumento formal. A direção geral parecia bastante clara. Os principais líderes da igreja emergente pareciam estar impulsionando o Liberalismo Protestante – apenas um século depois.

O liberalismo protestante surgiu no século XIX quando teólogos influentes defendiam uma reforma doutrinária. O desafio deles para a igreja era simples e franco: os desafios intelectuais da era moderna tornavam impossível a crença nas doutrinas cristãs tradicionais. Friedrich Schleiermacher escreveu seus fervorosos discursos para os "desprezadores cultos" da religião, argumentando que algo de valor espiritual permanecia no cristianismo mesmo quando suas doutrinas não eram mais críveis. Historiadores eclesiásticos, como Adolf von Harnack, argumentavam que certo núcleo de verdade e poder espiritual permanecia mesmo quando as afirmações doutrinárias do cristianismo eram negadas. Nos Estados Unidos, pregadores como Harry Emerson Fosdick pregavam que o cristianismo tinha de harmonizar-se com a era moderna e abandonar suas afirmações sobrenaturais.

Os liberais não planejavam destruir o cristianismo. Pelo contrário, estavam certos de que estavam resgatando o cristianismo de si mesmo. O esforço de resgate dos liberais exigia a capitulação das doutrinas que a era moderna achou mais difíceis de aceitar, e a doutrina sobre o inferno era a principal em sua lista de doutrina que tinham de ser renunciadas.

Como observou o historiador Gary Dorrien, do Union Theological Seminary – a fortaleza do liberalismo protestante – foi a doutrina do inferno que marcou os primeiros grandes afastamentos da ortodoxia teológica nos Estados Unidos. Os primeiros liberais não podiam aceitar e não aceitariam a doutrina do inferno que incluía punição eterna consciente e o derramamento da ira de Deus sobre o pecado.

Portanto, eles a rejeitaram. Argumentaram que a doutrina sobre o inferno, embora revelada com clareza na Bíblia, difamava o caráter de Deus. Ofereceram evasivas intencionais dos ensinos da Bíblia, revisões da doutrina e rejeição do que a igreja havia afirmado em toda a sua longa história. Por volta do final do século XX, a teologia liberal havia esvaziado amplamente as principais igrejas e denominações protestantes. Quando se inicia o novo século, o liberalismo teológico é não somente uma rejeição do cristianismo bíblico – mas também uma tentativa fracassada de resgatar a igreja de suas doutrinas. Por fim, uma sociedade secular não sente qualquer necessidade de freqüentar ou apoiar igrejas secularizadas que possuem uma teologia secularizada. A negação da doutrina sobre o inferno não trouxe relevância para as igrejas liberais. Apenas enganou milhões de pessoas quanto ao seu destino eterno.

Isso nos traz à controvérsia sobre o livro Love Wins, de Rob Bell. Como a sua capa anuncia, o livro fala sobre "o céu, o inferno e o destino de cada pessoa que já viveu". Ler esse livro é uma experiência entristecedora. Já lemos esse livro antes. Não as palavras exatas, nem apresentado de modo tão habilidoso, mas o mesmo livro, o mesmo argumento, a mesma tentativa de livrar o cristianismo da Bíblia.

Rob Bell, como comunicador, é um gênio. Ele é o mestre da pergunta pungente, da história distorcida e da anedota pessoal. Como Harry Emerson Fosdick, o paladino do liberalismo no púlpito, Rob Bell é um exímio comunicador. Se ele tivesse planejado defender o ensino bíblico sobre o inferno, ele o teria feito maravilhosamente. Teria prestado um grande serviço à igreja. Mas isso não foi o que ele intencionou fazer.

Como Fosdick, Rob Bell se preocupa profundamente com as pessoas. Isso se evidencia em seu escritos. Não há razão para duvidarmos que Rob Bell escreveu este livro motivado por sua preocupação pessoal com as pessoas que se irritam com a doutrina sobre o inferno. Se essa preocupação tivesse sido direcionada a uma apresentação de como a doutrina bíblica sobre o inferno se encaixa no contexto mais amplo do amor e da justiça de Deus e do evangelho de Jesus Cristo, isso teria sido um benefício para milhares de cristãos e outras pessoas que procuram entender a fé cristã. Mas não é isso que Bell faz em seu novo livro.

Em vez disso, Rob Bell usa seu incrível poder literário e comunicativo para dividir a mensagem da Bíblia e lançar dúvidas sobre os seus ensinos.

Ele afirma claramente o seu interesse: "Um impressionante número de pessoas têm sido ensinadas de que um grupo seleto de cristãos viverão para sempre em lugar de paz, regozijo e alegria chamado céu, enquanto o resto da humanidade viverá para sempre em tormento e punição no inferno, sem qualquer chance de algo melhor. Diz-se claramente a muitos que essa crença é uma doutrina central da fé cristã e que rejeitá-la significa, em essência, rejeitar a Jesus. Isso é errado, prejudicial e, em última análise, subverte a contagiante propagação da mensagem de amor, paz, perdão e alegria de Jesus, a mensagem que o nosso mundo precisa ouvir urgentemente".

Essa é uma afirmação tremenda; é bastante clara. Rob Bell crê que a doutrina da punição eterna de pecadores que não se arrependem está impedindo que as pessoas venham a Jesus. Esse é um pensamento inquietante, mas, sob melhor análise, destrói a si mesmo. Em primeiro lugar, Jesus falou com muita clareza sobre o inferno, usando uma linguagem que só pode ser descrita como explícita. Jesus advertiu sobre "aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo" (Mt 10.28).

Em Love Wins, Rob Bell faz o seu melhor para argumentar que a igreja tem permitido que a história do amor de Jesus seja pervertida por outras histórias. A história de um inferno eterno não é, ele crê, uma boa história. Ele sugere que uma história melhor envolveria a possibilidade de o pecador vir à fé em Cristo depois da morte, ou de o inferno ser uma cessação de existência, ou de o inferno ser, por fim, esvaziado de seus habitantes. O problema, é claro, é que a Bíblia não nos dá qualquer indício da possibilidade de um pecador ser salvo depois da morte. Em vez disso, a Bíblia diz: "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo" (Hb 9.27).

Ele também advoga uma forma de salvação universal. Novamente, as afirmações de Rob Bell são mais sugestivas do que declarativas, mas ele tenciona claramente que seus leitores sejam persuadidos de que é possível – até provável – que aqueles que resistem, rejeitam ou nunca ouvem de Cristo possam, apesar disso, ser salvos por meio de Cristo. Isso significa que nenhuma fé consciente em Cristo é necessária para a salvação. Bell sabe que tem de lidar com textos como Romanos 10.14: "E como ouvirão, se não há quem pregue?" Ele diz que concorda sinceramente com esse argumento do apóstolo Paulo, mas, em seguida, descarta todo o argumento e sugere que esse não pode ser o plano de Deus. Evita totalmente a conclusão de Paulo de que a fé vem pelo ouvir e o ouvir "pela palavra de Cristo" (Rm 10.17). Bell rejeita a idéia de que uma pessoa tem de chegar a um conhecimento pessoal de Cristo nesta vida, para que seja salva. "E se o missionário não alcançar os perdidos?", ele pergunta.

Essa é a maneira como Rob Bell lida com a Bíblia. Ele argumenta que as portas que nunca se fecharão na Nova Jerusalém (Ap 21.25) significam que a oportunidade de salvação jamais se fecha, mas ele evita considerar o capítulo anterior, que inclui a afirmação clara da justiça de Deus: "E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo" (Ap 20.15). As portas eternamente abertas da Nova Jerusalém aparecem depois desse julgamento.

Assim como muitos outros, Bell quer separar a mensagem de Jesus das outras vozes do Novo Testamento, em especial a voz do apóstolo Paulo. Nisto, temos de enfrentar a inescapável questão da autoridade bíblica. Ou afirmaremos que cada palavra da Bíblia é verdadeira, digna de confiança e plena de autoridade, ou criaremos nossa própria Bíblia, de acordo com nossas preferências. Em palavras francas, se Paulo e Jesus não falam a mesma coisa, não temos qualquer idéia do que é realmente verdadeiro.

Bell prefere o inclusivismo, a crença de que Cristo está salvando a humanidade por outros meios além do evangelho, incluindo outras religiões. Mas ele confunde as coisas, parecendo advogar o universalismo em algumas páginas, mas esquivando-se de uma afirmação plena. Ele rejeita a crença de que a fé consciente em Cristo é necessária para a salvação, mas não se firma com clareza numa descrição específica do que ele crê.

Bell tenta reduzir toda a Bíblia e a inteireza do evangelho a história e crê que é seu direito e dever determinar que história é melhor do que outra – que versão do cristianismo será convincente e atraente para os incrédulos. Afinal de contas, ele estabeleceu isso como seu alvo – substituir a história recebida por algo que vê como melhor.

O primeiro problema nessa atitude é óbvio. Não temos nenhum direito de determinar que "história" do evangelho preferimos ou achamos mais convincente. Temos de lidar com o evangelho que recebemos de Cristo e dos apóstolos, a fé que uma vez por todas foi entregue à igreja. Sugerir que outra história é melhor e mais atraente do que essa história é audácia de proporções fenomenais. A igreja está presa à história revelada na Bíblia – em toda a Bíblia... cada palavra dela.

Há um segundo problema, um problema que podemos achar que já tínhamos aprendido. O liberalismo não convence. Bell quer argumentar que o amor de Deus é tão poderoso, que "Deus consegue o que Deus quer". Ora, Deus quer a salvação de todos, Bell argumenta, logo, todos serão salvos – alguns depois da morte, até muito tempo depois da morte. Mas ele não pode sustentar essa idéia por causa da sua absoluta afirmação da autonomia humana: Deus mesmo não pode impedir e não impedirá de ir para o inferno alguém que está decidido a ir para lá. Portanto, se entendemos Bell em seus próprios termos, nem ele crê que "Deus consegue o que Deus quer".

Semelhantemente, o argumento de Bell está centralizado na afirmação do caráter amoroso de Deus, mas ele separa o amor da justiça e da santidade. Isso é característico do liberalismo tradicional. O amor é divorciado da santidade e se torna mera sentimentalidade. Bell quer resgatar a Deus de qualquer ensino de que sua ira é derramada sobre o pecado e pecadores e, com certeza, em qualquer sentido de punição eternamente consciente. Mas Bell também quer Deus vindique as vítimas de assassinato, estupro, abuso infantil e males semelhantes. Ele parece não reconhecer que tem destruído sua própria história, deixando Deus incapaz ou indisposto de realizar sua própria justiça.

Na verdade, qualquer esforço humano para oferecer ao mundo uma história superior à abrangente história da Bíblia fracassa em todos os lados. É uma abdicação da autoridade bíblica, uma negação da verdade bíblica e um evangelho falso. Engana pecadores e não salva. Também fracassa em seu alvo central – convencer pecadores a pensarem melhor em Deus. O verdadeiro evangelho é o evangelho que salva – o evangelho que tem de ser ouvido e crido, para que pecadores sejam salvos.

Mas é exatamente neste ponto que o livro de Rob Bell se desvia. Ele descreve o evangelho nestes termos:

Começa na verdade certa e segura de que somos amados. A verdade de que, apesar do que saiu horrivelmente errado em nosso coração e se espalhou por todos os cantos do mundo; apesar de nossos pecados, erros, rebelião e coração insensível; apesar do que foi feito para nós e do que temos feito, Deus fez as pazes conosco.

Ausente do evangelho de Rob Bell, está qualquer referência clara a Cristo, qualquer entendimento adequado do pecado, qualquer afirmação da santidade de Deus e de sua garantia de punir o pecado, qualquer referência ao sangue derramado de Cristo, de sua morte na cruz, de sua expiação vicária e de sua ressurreição e, tão impressionantemente, qualquer referência à fé como a reposta de pecadores às boas-novas do evangelho. Aqui não há verdadeiro evangelho. Isso é apenas uma reedição da mensagem impotente do liberalismo teológico.

N. Richard Niebuhr condensou brilhantemente a teologia liberal nesta sentença: "Um Deus sem ira trouxe homens sem pecado a um reino sem julgamento por meio das ministrações de um Cristo sem uma cruz".

Sim, já lemos este livro antes. Com Love Wins, Rob Bell se move firmemente no mundo do liberalismo protestante. Sua mensagem é um liberalismo que chega tarde no cenário. Tragicamente, sua mensagem confundirá muitos crentes, bem como inúmeros incrédulos.
Não ousamos evadir-nos de tudo que a Bíblia diz sobre o inferno. Jamais devemos confundir o evangelho, nem oferecer sugestões de que talvez haja algum meio de salvação além da fé consciente em Jesus Cristo. Jamais devemos crer que podemos fazer um trabalho de relações públicas a respeito do evangelho ou do caráter de Deus. Jamais devemos ser imprecisos e subversivamente sugestivos sobre ao que a Bíblia ensina.

Nas páginas iniciais de Love Wins, Rob Bell garante aos seus leitores que "nada neste livro não foi ensinado, sugerido ou celebrado por muitos antes de mim". Isso é bastante verdadeiro. Mas a tragédia é que essas coisas foram ensinadas, sugeridas e celebradas por aqueles cuja companhia nenhum amigo do evangelho deveria querer. Neste novo livro, Rob Bell toma sua posição com aqueles que tem procurado resgatar o cristianismo de si mesmo. Sob qualquer medida, isso é uma grande tragédia.

O problema começa no próprio título do livro. A mensagem do evangelho não é apenas que o amor vence (Love Wins) – é que Jesus salva.

Traduzido por: Wellington Ferreira
Do original em inglês: We Have Seen All This Before: Rob Bell and the (Re)Emergence of Liberal Theology. Publicado originalmente no site:www.albertmohler.com
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Fonte:http://ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/34/Ja_Vimos_Isto_Antes_Rob_Bell_e_o_Ressurgimento_da_Teologia_Liberal