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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Jesus Cristo, o retorno

09.10.2013
Do blog VERBO DA VIDA, 01.03.13
Por Thiago Borba

Quando estudamos a Bíblia, é bem fácil entendermos que foi a morte e a ressurreição de Jesus que nos proporcionou a salvação. Mas acredito que nem sempre percebemos que o plano da salvação é algo bem mais complexo e elaborado do que aquilo que aprendemos quando fomos evangelizados.
Ao tentarmos desvendar a estratégia divina, compreendemos que Deus dividiu o processo da salvação da humanidade em duas etapas bem definidas. Cada uma delas seria marcada pela manifestação física do seu filho primogênito.
Sabemos que a primeira etapa já aconteceu há quase dois mil anos. O interessante de observamos por esta ótica é que nos deparamos com uma verdade intrigante. Se o plano só foi cumprido pela metade, até o momento nós podemos nos considerar apenas meio salvos.
Claro que esta é uma afirmação que faço para chamar a sua atenção. Não estou falando sobre nossos direitos em Cristo, nossa eternidade com Deus ou nossa natureza como filhos. Tudo isto é fato. No capítulo 3 de 1ª João, o apóstolo também reconhecia estas coisas, mas fazia questão de lembrar que era só o começo do que Deus tinha planejado e que muito mais está por vir.
Deixe-me dar um exemplo simples. Já temos por certo que somos um espírito, possuímos uma alma e habitamos em um corpo. Mas, algumas vezes, tenho a impressão de que enfatizamos tanto a nossa essência espiritual que chegamos a ignorar que a nossa alma e o nosso corpo também fazem parte de nós e definem quem nós somos.
Certas pessoas mais desinformadas chegam até a pensar que seremos como espíritos desencarnados (ou almas penadas, como se fala por aí) na eternidade, ignorando o ensino mais fundamental do Novo Testamento, nossa natureza tridimensional.
Após a primeira etapa da salvação, a Palavra ensina que, ao nascermos de novo, nosso espírito é recriado, ele é completamente salvo. Ensina também que a nossa alma está em um processo constante de salvação através da sua renovação e que isto se estenderá até a manifestação de Jesus Cristo (I Pedro 1). E é justamente neste dia que se dará a segunda etapa da nossa salvação: a redenção do nosso corpo.
Nosso espírito já está salvo, mas a parte de nós que nos liga à toda criação natural de Deus ainda não. E, acredite ou não, esta é tão importante como a primeira. Fomos projetados assim, criados assim e seremos eternamente assim – espírito, alma e corpo.
Acredito que é justamente esta característica que faz de nós especiais e nos diferencia de qualquer outro ser criado por Deus. Somos Sua imagem e semelhança por dentro, mas, ao mesmo tempo, trazemos em nosso corpo uma natureza exclusivamente humana.
E é esta natureza que ainda irá alcançar a salvação no retorno de Jesus. Tão certo como Ele já veio, Ele irá voltar. E tão importante como foi sua primeira vinda, será a sua segunda. Ele veio como um cordeiro, mas voltará como um leão. Apareceu montado num jumento, mas reaparecerá em um cavalo branco. Veio como um homem do povo, mas voltará como o Rei dos reis e o Senhor dos senhores… quem sabe até cantando como o grande Filipi Rodrigues em sua mais nova música: “Avisa que eu voltei!”
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Vadia e cristã: Tamar, a Marcha e o uso político do corpo

09.10.2013
Do blog NOVOS DIÁLOGOS,08.10.13
Por Aletuza Gomes Leite

Discursos e querelas têm surgido no âmbito religioso devido a Marcha das Vadias. “É lógico que a roupa da mulher, ou a falta dela, não justifica o estupro, mas isso não significa que concordamos que uma mulher possa vestir-se de maneira indiscreta, expondo o seu corpo indevidamente”, escreveu a pastora batista Zenilda Reggiani Cintra em um texto publicado em O Jornal Batista (OJB) de 08 de julho de 2012, no qual ela pretende pôr em discussão a Marcha das Vadias. A princípio, como mulher, felicitei-me e fui atraída pelo texto de uma mulher, pastora e discutindo a Marcha no OJB, considerando que este espaço fora constantemente restrito aos homens batistas e, portanto aos seus interesses, valores e experiências. No percorrer do texto, no entanto, defrontei-me com meu próprio incômodo tão recorrente ao ler ou ouvir comentários de lideranças religiosas acerca de diversos movimentos construídos pelas mulheres. Uma frustração insurge em mim diante da negação de uma discussão política do corpo da mulher e sua presença nos enfrentamentos sociais e históricos, bem como a falta de análise em torno dos significados do corpo, das suas construções, domesticações e da vigilância a ele imposta. Pondero estes elementos como necessários ao tratarmos da temática da corporeidade para um exercício do desafiar-se a uma aproximação das dores e experimentos de mulheres diversas, frente a uma proposta mais emancipadora e libertadora destas.
Há muito já se movimentam as discussões em torno do corpo como espaço de construções através da “educação”, vigilância e formatações que moldam corpos de homens e mulheres aos valores vigentes de uma “moral e bons costumes” e que decidem e orientam a descrição e a indiscrição, a dignidade e a indignidade, o devido e o indevido, o moral e o imoral, a decente e a vadia. As decisões do que é moral, longe do inocente ou neutro, constroem-se sócio-historicamente permeadas nas relações assimétricas que movimentam os jogos e poderes dentro de uma sociedade. Neste sentido o construir dos corpos é também uma construção de símbolos, na medida em que esta tenta embebê-los de sentidos, tornando-os representações de uma cultura, no nosso caso, sexista, racista, classicista, homofóbica e que decide a partir deste universo de sentidos o que é tornar-se mulher ou homem. Esta tentativa enfrenta a recepção do indivíduo, o que impede uma produção em série de corpos comuns a mulheres e homens. Isto ocorre a partir do encontro com uma subjetividade humana que se inscreve também como produção de significação e não como mera reprodução desta.
Os corpos, portanto, transitam dentro de uma permissão espacial construída nos limites do que é decidido como moral, a esta se submetendo disciplinadamente. A moral é o “bom” e, portanto capaz de prescrever o que é devido aos corpos de homens e de mulheres. Os que se preservam nos limites da decência são representações do bom. Os que se instalam e/ou são instalados em processos diferenciados de recepção e extrapolam tais limites recebem a sanção de indignos, pervertidos, vadios e imorais. Corpos que significam o mau. Sendo assim, eles ainda são representações dos jogos e forças políticas que, por meio de manipulação destes, desejam, constroem e mantém as relações de uns sobre outros. Faz-se urgente um discurso que celebre a autonomia dos corpos e a transgressão da “moral e dos bons costumes” que classicamente objetifica o humano, legitimando sobre minorias domínio e opressão em formas de violências diversas. Discutir a maneira indiscreta ou indevida de expor o corpo de uma mulher, ao mesmo tempo que reforça a “moral e bons costumes”, reafirma as relações de poder na qual ela é inscrita, violenta a autonomia da mulher sobre seu corpo e autoriza violências sobre o mesmo, ainda que tal discurso, superficialmente, diga a isso se opor. Deste modo oponho-me a fazer coro com quaisquer discursos que digam promover libertação se estes se assentam sobre pilares que agenciam opressões e violências.
Desejo aqui evocar um novo símbolo de mulher cristã que ecoa das páginas da Bíblia para que rapidamente não rotulem meu discurso da ausência de princípios religiosos, mas que nem por isso intimide-se em ser um símbolo transgressor, indevido, que se exponha de maneira imprópria e indiscreta. Quero convidar uma de maus costumes e imoral. Vadia! Poderia ser outra com este perfil, encontro-as nas páginas bíblicas, mas é Tamar que conclamo (Gn 38), aquela que na luta pelos seus direitos se fez corpo autônomo e indecente. 
Vestiu-se, portou-se e atuou como vadia. O que estava em jogo para Tamar eram as condições de mínima liberdade e direito. Na vadiagem ondulante e labiríntica ela encontra a possibilidade da construção de seus caminhos de mulher, enfrentando a moral, o controle e a vigilância. A transgressão e o inapropriado são as veredas rumo à libertação dos jogos de poder encenados por Judá e designados próprios e devidos na sociedade patriarcal. Tamar é um convite a marcharmos como Vadias na luta pela nossa dignidade e autonomia de corpos e sexualidade, tantas vezes objetificados e transformados em mercadorias; domesticados, explorados e consumidos nas sinuosidades das relações de mercado, relações androcêntricas, embranquecedoras e heteronormativas, mas relações obedientes, morais, descentes, próprias, discretas e cristãs. Em contraposição a estas, conduzamo-nos, extrapolando os limites da moral no enfrentamento político, bem como Tamar, por uma digna condição de ser mulher no exercício da autonomia sobre sua vida, seu corpo e no combate a todo o tipo de violência. Das páginas da Bíblia inauguremos a vadia Tamar como símbolo de mulher cristã para afirmar inclusive que uma mulher cristã deve sim participar da Marcha, sem constrangimentos, também pelo nome e pela maneira política como usamos o nosso corpo em contraposição à instrumentalização deste na sociedade e suas diversas relações de domínio.
Pela memória de Tamar. Na inauguração de um novo símbolo de testemunho de mulher cristã vadia: Vadias pela justiça, pela equidade, pela igualdade, vadias pela liberdade, pela vida. Na Marcha das Vadias pelos valores cristãos. 
Aletuza Gomes Leite*Aletuza Gomes Leite faz parte da Igreja Batista Nazaré, em Salvador, e da Comunidade de Jesus, em Feira de Santana. Téologa e filósofa, atua desde 2002 como professora de Teologia, trabalhando com língua bíblicas, Antigo e Novo Testamentos, hermenêutica, exegese e gênero. É professora de Teologia na Faculdade Batista Brasileira, em Salvador, e de Filosofia na Faculdade Anísio Teixeira e no CETEP, em Feira de Santana.
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MARCO DE OLIVEIRA: Diversidade Racial e Identidade Negra

09.10.2013
Do blog  NOVOS DIÁLOGOS, 17.11.2006
Por  Marco Davi de Oliveira

Diversidade Racial e Identidade NegraDurante muitos anos tenho ouvido um dogma existente nas religiões de matrizes africanas que, de forma quase fundamentalista, enfatiza que de matrizes africanas são as conhecidas como candomblé, umbanda, quimbanda etc. Mas, quando vejo a história de uma diáspora negra no mundo, percebo o erro que os pensadores envolvidos no Movimento Negro incorrem. Porque nesta “diáspora” podemos ver o que aconteceu em Los Angeles, em 1900, quando um jovem negro, filho direto de escravos, começou a pregar sobre o batismo do Espírito Santo. Com a criação da Missão Apostólica da Fé, que se juntou à Igreja de Deus em Cristo e, depois, por questões racistas, se dividiu entre a Igreja de Deus em Cristo e as Assembleias de Deus. De acordo com o pensamento vigente, posso afirmar que os pentecostais também são de matriz africana. E deve ser por esta razão que vemos grande parte dos negros religiosos nas igrejas pentecostais. É obvio que a questão social influenciou essa escolha, mas notamos uma “africanidade” marcante na liturgia pentecostal. 

Mas em todas as religiões se faz necessário revermos a questão básica para a igualdade racial no Brasil, porque quando os brasileiros entenderem o processo histórico do surgimento desta nação poderão reivindicar que haja igualdade de direitos neste caldeirão de diversidade racial brasileiro. Mas, para que isto ocorra, é necessária a compreensão de quem fomos, somos e queremos ser como grupo étnico. 


Identidade Racial no Brasil 

Creio que a questão central para a análise da diversidade racial é a identidade. Não há como refletirmos sobre diversidade sem abordarmos essa questão tão séria e pertinente. O livro Enciclopédia Brasileira da Diáspora Negra de Ney Costa define identidade como sendo “a consciência que um indivíduo tem de pertencer a um determinado grupo social (1)”. Se identidade é isto, podemos começar fazendo algumas perguntas que são essenciais para a discussão sobre igualdade racial, políticas de ações afirmativas e muito mais. A identidade racial se torna fundamental no âmbito de novas discussões sobre o racismo e a igualdade de raças no Brasil. 

Qual a Necessidade da Identidade Racial? 

O primeiro aspecto para se obter uma identidade racial é verificar a necessidade de se ter uma identidade. O grupo que busca uma identidade é o grupo que está se percebendo esquecido, quando uma raça luta para não ser esquecida, quando uma raça luta pelo resgate de sua história, seus costumes, suas origens. Logo, este grupo começa por identificar a sua identidade. Os negros, ao contrário dos brancos no Brasil, reivindicam a identidade de um povo que não se pode esquecer. Utilizamos aqui o termo raça, não porque achamos existirem várias raças, mas porque analisando os grupos sociais no Brasil não sei se podemos fugir desta categoria. 

Identidade e Especificidade 

Pensar em identidade racial se torna abrangente numa realidade de segregação social, econômica e política, onde muitos negros e brancos vivem à margem da sociedade. É claro que não podemos ver negros e brancos como iguais porque isso seria negar os anos de sofrimentos desde a escravidão até aos dias atuais. É importante pensar numa identidade. Mas, qual identidade? A brasileira? Como chegar nessa identidade em meio a tantas misturas raciais? Alguns podem objetar ressaltando que a inter- racialidade é a identidade brasileira. Mas, de fato não explica já que não há igualdade nessa mistura. Para chegarmos a esta identificação como brasileiros, precisamos ver total igualdade, social, econômica e política. 

Neste contexto, devemos pensar em duas expressões que quero chamar de emblemáticas: a racialidade e a especificidade. A racialidade, que perpassa as questões biológicas e denota características emocionais e culturais que faz com que membros de um grupo racial específico compartilhem entre si traços e tendências que não são compartilhadas por membros de outras raças, mesmo que haja, como no Brasil, extensa diversidade racial. Quando se pensa em identidade racial deve-se levar em conta a racialidade e não a nacionalidade, porque não se descobre participante ativo de um grupo, com todos direitos e deveres como cidadão, simplesmente por causa da nacionalidade. Não se pode esquecer, simplesmente, o conceito de raças porque elas são “construtos sociais, formas de identidade baseadas numa ideia biológica errônea, mas socialmente eficaz para construir, manter e reproduzir diferenças e privilégios, se não são fato no mundo físico, elas existem, de modo pleno, no mundo social”(2). 

A questão da identidade deve passar por aquilo que quero chamar de especificidade. Por especificidadedenomino a qualidade de ser específico no que concerne às coisas externas ao grupo. Que vai além da pigmentação da pele, da estrutura óssea, do modo de ver as coisas, da cultura adquirida, da história etc. A identidade com tudo aquilo que é especifico numa raça ou etnia. 

Daí, podemos propor que no Brasil há uma variedade de especificidade racial e que a raça negra, embora sobrepuje as outras raças neste quesito, é a raça que é marginalizada por ser tão específica. 

Identidade Étnica? 

Talvez devêssemos pensar em identidade étnica. Para isto, precisamos levar em conta a abrangência também desta palavra. A pergunta é: O que estamos querendo dizer quanto pronunciamos esta palavra? 

A expressão identifica um povo, mesmo que por razões ideológicas este povo esteja perdido na história da sociedade; mesmo que haja uma grande confusão quanto ao que é ser negro no Brasil. Talvez, a expressão “identidade negra” seja mais plausível que se possa imaginar porque mexe com a consciência de quem se encontra consigo mesmo enquanto identidade racial e não se envergonha de suas origens. No Brasil, somos fruto da junção de raças que se entrelaçaram. Quando pensamos em negritude no Brasil, talvez devamos chamar a atenção para um Brasil negro-mestiço ou um Brasil de negros. Quem sabe, poderemos afirmar que somos uma nação de negros? Mas, será que a expressão mestiço não pode também estar submetida à ideologia que tem como objetivo apagar e aniquilar algum grupo, antes majoritário? Como disse Kabengele Munanga, “a mestiçagem não pode ser concebida apenas como um fenômeno estritamente biológico, isto é, um fluxo de genes entre populações originariamente diferentes [...] a noção de mestiçagem, está saturada de ideologia (3)” 

Identidade: coisa dada?

Alguns acreditam ter chegado à identidade quando atropelados por ações racistas. É claro que o confronto com valores racistas podem trazer à luz as coisas que foram esquecidas ou ideologicamente manipuladas. Mas, pensar assim é crer que não há possibilidade de se obter uma identidade a não ser por uma ação externa que subjuga os negros e exalta os brancos. Esse pensamento mostra que os negros só se compreendem como raça quando são objeto das ações racistas de alguns brancos que, assim, ajudam os coitados negros sem consciência. Será que nós, negros, precisamos da ajuda paternalista de brancos para compreendermos a nossa história, nossa cultura singular, nossa situação como grupo relegado a segundo plano na estrutura política, econômica e social do país? Embora possamos, sem radicalismo, admitir que muitas mudanças estejam acontecendo, ainda acreditamos ser um processo muito lento. 


Identidade Adquirida 

Pensar em identidade dos negros no Brasil como coisa legítima deve nos conduzir àquele momento crucial quando nos percebemos como membros de um grupo racial específico dentro de um contexto de exclusão. 

Quando reconhecemos, não só na pigmentação da pele ou nas informações recebidas pelas pesquisas governamentais, que somos membros de um grupo racial desprestigiado e, por isso, não podemos pensar somente em nossa situação individual. Quando chegamos a estas conclusões, somos invadidos por uma consciência de quem somos como povo e porque não estamos em melhor situação no que concerne à nossa cidadania. 


A Diversidade Religiosa entre os Negros como Ponto de Partida para a Luta por Igualdade Racial no Brasil 

Alguns dos mais radicais e retrógrados teimam em determinar que os negros de religiões diferentes daquelas comumente caracterizadas como de matrizes africanas não são negros de verdade ou são negros embranquecidos. Esse absurdo tem perseguido o Movimento Negro que até hoje tem dificuldade de aceitar os negros de outras religiões, em particular, os evangélicos. É interessante notar que, quanto mais intolerância entre nós, mais nos enfraquecemos diante dos graves problemas que atingem negros independentemente do credo escolhido. 

Creio que a religiosidade é pessoal e intransferível, pois é uma experiência única e particular. Todos têm o direito de escolher e mudar de religião quando quiserem. Portanto, a religião não deveria ser instrumento de segregação entre nós negros, mas sim de unificação e religação para lutarmos, cada um em seus limites, por ações que venham favorecer todos os negros brasileiros. 

Os negros evangélicos precisam aprender com os negros de outras religiões a terem coragem de lutar por igualdade racial nas igrejas. Mas os evangélicos precisam também aprender a não demonizar os ritmos, a cultura e o jeito de ser negro. Sim, porque a cultura nem sempre é diabólica como acreditam muitos evangélicos. Por outro lado, os de matrizes africanas devem aprender que a história dos negros no Brasil está em transformação e muitos negros evangélicos têm somado forças com suas lutas e militâncias pela igualdade racial. 

Notas 

(1) LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Negra. São Paulo: Selo Negro edições, 2004. 
(2) GUIMARÃES, Antonio Sergio Alfredo. Racismo e Anti- racismo no Brasil. São Paulo: Editora 34, 1999. 
(3) MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus Identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

Marco Davi de Oliveira*Marco Davi de Oliveira é coordenador da ANNEB – Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, escritor, articulista e pastor batista. Publicou A Religião Mais Negra do Brasil (Editora Mundo Cristão) e foi co-autor dos livros O Melhor da Espiritualidade Brasileira(Editora Mundo Cristão) e Missão Integral (Editora Ultimato, no prelo).

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Todos os nomes atribuídos a Jesus - de A a Z

09.10.2013
Do blog ROCHA FERIDA

Trata-se uma interessante postagem que encontrei no blog ibnpeniel.org, onde o Pr. Reuber Louzada Cunha escreve uma lista com todos os títulos e seus respectivos versículos atribuídos a Jesus na bíblia. Vale a pena conferir.



O Senhor da Nossa Salvação – Jesus Cristo de A a Z.


A-

Autor de Eterna Salvação - Hb. 5:9 
Autor da vida - At. 3:15 
Apóstolo da nossa confissão - Hb.3:1 
Amém - Ap. 3:14 
Advogado - IJo 2:1 
Adão - ICo 15:45 
A ressurreição e a vida - Jo.11:25 
Alfa e Ômega - Ap. 1:8 
Autor da Salvação - Hb.2:10 
Autor e Consumador da Fé - Hb.12:2


B-

Bom Pastor - Jo.10:11 
Braço do Senhor - Is. 51:9


C-

Cabeça da Igreja - Ef.1:22 
Chefe - Is.55:4 
Conselheiro - Is.9:6 
Consolação de Israel - Lc. 2:25 
Cordeiro de Deus - Jo.1:29 
Cordeiro - Ap. 13:8 
Criador - Jo.1:3 
Cristo de Deus - Lc.9:20


D-

Desejado de Todas as Nações - Ag.2:7 
Deus Bendito - Rm. 9:5 
Deus Forte - Is. 9:6 
Deus Unigênito - Jo. 1:18 
Deus - Is. 40:3


E-

Emanuel - Is.7:14 
Eu Sou - Jo.8:58


F-

Filho Amado - Mt.12:18 
Filho de Davi - Mt.1:1 
Filho de Deus - Mt. 2:15 
Filho do Altíssimo - Lc.1:32 
Filho do Homem - Mt. 8:20 
Filho do Deus Bendito - Mc. 14:61


G-

Glória do Senhor - Is. 40:5 
Grande Sumo Sacerdote - Hb.4:14 
Guia - Mt. 2:6


H-

Herdeiro de Todas as Coisas - Hb. 1:2 
Homem de dores - Is. 53:3


I-

Imagem de Deus - IICo. 4:4


J-

Jesus de Nazaré - Mt. 21:11 
Jesus - Mt. 1:21 
Juíz de Israel - Mq. 5:1 
Justiça Nossa - Jr.23:6 
Justo - At. 7:52


L-

Leão da Tribo de Judá - Ap.5:5 
Legislador - Is.33:22 
Libertador - Rm.11:26 
Lírio dos Vales - Cant. 2:1 
Luz do Mundo - Jo.8:12 
Luz Verdadeira - Jo.1:9


M-

Mediador - ITm. 2:5 
Mensageiro da Aliança - Ml.3:1 
Messias, ou Ungido - Dn. 9:25


N-
Nazareno - Mt.2:23 
Nossa Páscoa - ICo. 5:7


O-
O Escolhido de Deus - Is. 42:1 
O primeiro e o último - Ap. 1:17


P-

Pão da Vida - Jo. 6:35 
Pai Eterno - Is.9:6 
Pastor e Bispo das Almas - IPe. 2:25 
Pedra Angular - Sl.118:22 
Poderoso de Jacó - Is. 60 :16 
Poderoso Salvador - Lc.1:69 
Precursor - Hb.6:20 
Primogênito - Ap.1:5 
Príncipe da Paz - Is.9:6 
Príncipe dos Pastores - IPe. 5:4 
Princípio da Criação de Deus - Ap. 3:14 
Profeta - Lc.24:19


Q-

Querido pelos seus servos


R-

Raiz de Davi - Ap. 22:16 
Redentor - Jo. 19:25 
Rei dos Reis - Itm. 6:15 
Rei dos santos - Ap. 15:3 
Rei dos Judeus - Mt.2:2 
Rei dos séculos - ITm.1:17 
Rei - Zc. 9:9 
Renovo - Is.4:2 
Resplandescente estrela da manhã - Ap.22:16 
Rocha - ICo.10:4


S-

Salvador - Lc.2:11 
Santo de Deus - Mc.1:24 
Santo de Israel - Is.41:14 
Santo Servo - At. 4:27 
Santo - At.3:14 
Semente da Mulher - Gn.3:15 
Senhor da Glória - ICo. 2:8 
Senhor de Todos - At.10:36 
Senhor Deus - Is.26:4 
Senhor dos Senhores - ITm.6:15 
Siló - Gn. 49:10 
Soberano dos Reis - Ap. 1:5 
Sol da Justiça - Ml. 4:2 
Sol nascente - Lc. 1:68


T-

Testemunha fiel - Ap. 1:5 
Testemunho - Is. 55:4
Todo-Poderoso - Ap. 1:8


U-

Único


V-

Verbo de Deus - Ap. 19:13 
Verbo - Jo. 1:1 
Verdade - Jo.1:14 
Vida - Jo.14:6 
Videira verdadeira - Jo.15:1


Z-

Zeloso

Créditos: http://www.ibnpeniel.org

"Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai."
(Filipenses 2:9-11)

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Especialistas em profecias apontam para “sinais inegáveis” no céu: luas de sangue

09.10.2013
Do portal GOSPEL PRIME, 08.10.13
Por Jarbas Aragão

Estudiosos cristãos de judeus apontam para tempos proféticos coincidindo com sinais nos céus  

Especialistas em profecias apontam para “sinais inegáveis” no céu: luas de sangueEspecialistas apontam para "sinais inegáveis" no céu: luas de sangue
De tempo em tempos especialistas em profecias apontam para os sinais de cumprimento de alguma revelação bíblica. Os próximos dois anos serão marcados por diversos “sinais nos céus”, já conhecidos e previstos pela astronomia. Para eles, trata-se claramente da abertura de um dos selos descritos em Apocalipse 6.
O primeiro “alerta para a igreja” veio em 2008, quando o assunto foi levantado pelo pastor Mark Biltz, que é descendente de judeus. Ele afirmava ter feito uma descoberta surpreendente. Biltz estava estudando as profecias sobre o Sol e a Lua desde Gênesis, onde a Bíblia afirma que os luzeiros no céu serviriam “para sinais e para as estações do ano”.
“O termo em hebraico implica que não é apenas um sinal, mas um sinal da Sua vinda.” esclarece. Biltz diz ainda que a palavra traduzida como “estações” tem o sentido de “tempo determinado”, implicando na comemoração das festas estabelecidas por Deus no Antigo Testamento e que seguem o calendário lunar adotado pelos judeus.
Ele lembra de textos como Joel 2:31: “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar o grande e terrível dia do SENHOR”, repetido em Atos 2:20. Também aponta para Mateus 24:29-30, quando Jesus diz “o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz. … E então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem” e Lucas 21:11: “haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu”.
“Deus quer que olhemos para o calendário bíblico, pois ele vai sinalizar sua vinda… precisamos estar atentos às festividades bíblicas, pois são todas proféticas”, afirma Biltz, pastor da igreja El Shaddai em Bonney Lake, Washington. Ao fazer uma análise sobre o fenômeno conhecido como “lua de sangue”, que ocorre quando o Sol fica em frente à Lua no firmamento, Biltz notou que esse tipo de eclipse lunar ocorreria justamente durante as festas bíblicas em 2014 e 2015. O pastor acredita que ao se tratar de sinais na terra, como fomes, pestes e guerras, a humanidade já está acostumada a ouvir falar, mas não ocorrer o mesmo quando são sinais no céu.
Convencido da importância desse fator, o pastor John Hagee fez um estudo aprofundado sobre esses eventos. Este ano, lançou um livro e um DVD com o título “Four Blood Moons: something is about to change” [As 4 luas de sangue: algo está prestes a mudar]. Ele explica que usou as projeções da NASA, relatos históricos e a Bíblia. Para Hagee existe uma conexão direta entre os quatro próximos eclipses lunares (lua de sangue) e “o que eles anunciam para Israel e para toda a humanidade.”
Seu argumento principal é que ao longo dos últimos 500 anos, três luas de sangue ocorreram no primeiro dia da Páscoa. Estas aparições estão ligadas a alguns dos dias mais importantes da história judaica:
1492 – o último ano da Inquisição espanhola, quando os judeus foram expulsos da Espanha 1948 – proclamação do Estado de Israel e a Guerra da Independência
1967 – início da guerra dos Seis Dias, quando Israel lutou contra nações árabes e reconquistou Jerusalém como parte de seu território
“Cada corpo celeste é controlada pela mão invisível de Deus, o que sinaliza eventos futuros para a humanidade. Não há acidentes no movimento solar ou lunar”, argumenta Hagee. Para ele é de extrema importância que os cristãos entendam estes sinais proféticos que apontam para a Segunda Vinda de Jesus.
Mais recentemente, o pastor Steve Cioccolanti, da Igreja Discover, na Austrália, produziu um longo vídeo em formato de DVD (também disponível no Youtube) sobre os “Os 8 Supersinais nos céus antes do 70º Aniversário de Israel).
Segundo ele, tudo o que Deus prometeu na Bíblia está relacionado com Israel e o povo judeu. Falando sobre as raízes hebraicas das profecias sobre o fim tempo, ele aponta oito sinais que serão vistos no céu antes do aniversário dos 70 anos da restauração de Israel. Por que o número 70 é importante? Cioccolanti explica: “Porque Israel ficou 70 anos no cativeiro babilônico e demorou 70 anos entre o nascimento de Jesus e a destruição do templo em Jerusalém. Portanto, é algo muito importante o fato de Israel estar prestes a completar 70 anos desde seu renascimento como nação, em 1948.”
Ele faz longas observações tentando explicar os oito sinais, juntamente com algumas observações sobre as datas que eles acontecerão. Para ele a questão é simples, esses sinais provavelmente “nunca mais ocorrerão nessa sequencia” e alerta: “irão começar em breve”. Lembra ainda que no Talmude, livro judeus de Interpretação da lei, ensina “Quando a lua estiver em eclipse, é um mau presságio para Israel. Se a sua face for tão vermelha quanto o sangue, a espada [guerra] está vindo ao mundo”. Para o judaísmo, a Lua é um sinal para Israel, enquanto o Sol é um sinal para os gentios [resto do mundo].
1 – Cometa Ison (28 de novembro de 2013) – A NASA já divulgou que este ano veremos um cometa com cauda brilhante como a lua cheia.
2 – Lua de Sangue (15 de abril de 2014) – terá início a “Tétrade”, período em que quatro eclipses lunares consecutivos são todos eclipses totais. Prenuncio de uma guerra mundial sangrenta
3- Lua de Sangue (08 de outubro de 2014) – Festa dos Tabernáculos (Sukkot) no calendário de Israel
4- Eclipse Solar Total (20 de março de 2015) – Um sinal para os gentios. Aniversário da provável data em que Moisés tirou os judeus do Egito
5- Lua de Sangue (4 de Abril de 2015) – Festa dos Tabernáculos (Sukkot) no calendário de Israel
6 – Eclipse solar parcial (13 de setembro de 2015) – Festa das trombetas no calendário de Israel e 7 º aniversário desde a última grande queda do mercado
7 – Lua de Sangue (28 de setembro de 2015) – Superlua, que também é um eclipse lunar. A lua nunca esteve tão próxima da Terra. Esse evento ocorrerá durante a Festa dos Tabernáculos (Sukkot).
8- Virgem vestida de Sol (23 setembro de 2017) – 50º aniversário da reconquista de Jerusalém (Jubileu). Brilho extraordinários da constelação de Virgem, cumprimento da Profecia de Apocalipse 12.
Data profética principal: Dia dos 70 anos da Independência de Israel (14 de maio de 2018), marcando o renascimento da nação.
É possível ver o vídeo aqui (em inglês).
Paralelo a isso tudo, entre os judeus há um crença parecida, baseada nas profecias do famoso rabino Judah ben Samuel, um fervoroso estudante do Tanach [Antigo Testamento]. Ele foi o fundador do movimento judaico Hasídico. Ele morreu em 1217, mas deixou escritos com suas conclusões. Para muitos, são profecias sobre os últimos “Jubileus”, períodos proféticos de 50 anos, seguindo o texto de Números 25.
1. Desde a data em que profetizou (1217), passariam 6 jubileus (300 anos) até que viessem tomar a cidade de Jerusalém. De fato, os Turcos Otomanos a conquistaram em 1517.
2. A cidade de Jerusalém estaria sob o domínio [dos Turcos Otomanos] durante 8 Jubileus, ou seja, 400 anos. Considera-se cumprida, pois os Turcos ficaram até 1917, quando foram expulsos pelo exército britânico.
3. A cidade de Jerusalém seria uma “terra de ninguém” pelo espaço de 1 Jubileu (50 anos). A Inglaterra atuou politicamente como “Protetorado” entre 1917 e 1967, pois em junho daquele ano o exército de Israel expulsou os árabes da cidade durante a Guerra dos Seis Dias.
4. Os Judeus dominariam a cidade durante 1 Jubileu (1967 até 2017?), ano que marcaria o Jubileu final, que daria início à Era Messiânica. O Yon Kippur (ano novo) será em 30/9/2017.
Uma vez que 2017 de nosso calendário será o ano 5777 do calendário judaico, muitos acreditam que a união de 3 “setes” aponta para perfeição e plenitude, na cultura judaica. Com informações de WND e Christian Post.
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Cultura e Evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus

09.10.2013
Do blog NOVOS DIÁLOGOS, 06.10.13
Por Nivea Lazaro

Cultura e Evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus
GONZÁLEZ, Justo L. Cultura e Evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus. São Paulo: Hagnos, 2011. 

Cultura e Evangelho é um daqueles livros cujo título aguça a expectativa do leitor. Resultado de uma série de conferências feitas por Justo González, o livro nos dá a oportunidade de adentrar a intersecção entre antropologia e teologia ou, nos termos do livro, cultura e evangelho. A obra tem seus créditos muito por introduzir determinadas questões pertinentes ao tema de missões, mas não só isso: também por trazer à tona questões a partir da própria experiência do autor (um protestante em Cuba). 

Uma das primeiras questões que se coloca no livro é a de como ser cristão em uma dada cultura. Ora, se somos cristãos, nós o somos sem deixar de sermos brasileiros, norte-americanos, franceses e por aí vai. O ponto aqui – e que transparece não só nesta parte, mas em outros trechos do livro – é o conceito de cultura com o qual o autor trabalha (e que talvez eu devesse chamar conceitos). Trata-se de um conceito de cultura um tanto estático e, ao mesmo tempo, difuso. Para o autor, cultura tem uma dimensão externa e outra interna, sendo externa a relação do homem com o seu meio ambiente e interna a relação do homem consigo entre si. Já o título em espanhol aponta para o conteúdo do livro de forma mais ampla: Cultocultura y cultivo, incluindo a dimensão da fé (culto). 

O primeiro capítulo do livro trata sobre fé e cultura e traz uma discussão muito interessante. Nas palavras do autor: 

Seria possível ser evangélico plenamente, tão evangélico quanto qualquer um dos missionários que vinham da América do Norte, e ao mesmo tempo ser plenamente latino-americano, tão latino-americano quanto qualquer um? (p. 28) 

É possível ser este o maior mérito do livro: trazer esta e outras questões importantes à baila. Quanto a primeira e talvez mais central, lembro-me de ter lido alguns trechos de um livro chamado Religião como tradução, cuja principal tese enriqueceria e muito as respostas de González, pois no livro de Cristina Pompa (1), o que aconteceu nas missões jesuíticas não foi uma simples imposição da religião católica aos índios, mas uma tradução de ambas as partes que resultou na catequese indígena. 

Outro ponto importante levantado por González é a relação entre a cultura e a queda, cuja conclusão pode parecer simples, mas é frequentemente esquecida (2). No capítulo quatro, discute-se sobre a diversidade de culturas usando dois momentos bastante semelhantes na Bíblia: o episódio da torre de Babel e o Pentecostes. 

No capítulo seguinte, sobre cultura e evangelho, fala-se sobre cultura, porém de forma mais abstrata. Nas palavras do autor: “como pode uma cultura alheia ao evangelho encarnar esse mesmo evangelho?” (p. 96). 

No capítulo seis, sobre cultura e missão, está uma das passagens mais importantes e significativas do livro: “...toda cultura deve ser vista sob a lente dupla do amor e da presença de Deus, por um lado, e da corrupção do pecado, por outro. Toda cultura é pecaminosa, mas, ao mesmo tempo, Deus atua em toda cultura.” (p. 124). 

No capítulo que encerra o livro, o autor discute “como a própria adoração cristã mostra e celebra certa relação entre a fé e a cultura”, tendo por tema os sacramentos. Ainda no último capítulo, González faz uma leitura de Rembao, distinguindo o que chama ser uma “cultura evangélica” e a cultura que nos rodeia. Esse é um ponto que considero embaçado na obra do autor. Podemos ser cristãos, mas cristãos que vivem em determinado contexto histórico e geográfico. Como separar uma “cultura evangélica” com tal nível de abstração? 

Apesar de revelar suas lacunas (principalmente pelo aspecto antropológico e de como este é trabalhado ao longo do livro), de escrita leve e bem delineada, Cultura e Evangelho é uma boa leitura, sobretudo a quem deseja se iniciar no tema. O livro levanta questões importantes e esboça ótimas discussões em torno do assunto, dando-nos o gosto de conhecer mais do autor. 

Notas 
(1) Religião como tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil colonial. Bauru, SP: Edusc, 2003. 
(2) Cap. 3. Cultura e pecado. 
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RENATO GAUDARD: Passando pelo sofrimento

09.10.2013
Do blog VERBO DA VIDA, 01.07.13
Por Renato  Gaudard

“Meus irmãos tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações. Sabendo que a prova da vossa fé uma vez confirmada produz perseverança. Ora a perseverança deve ter ação completa para que sejais com a finalidade de que vocês sejam perfeitos e íntegros em nada deficientes. ” (Tiago 1.2)

Esse texto tem falado muito comigo há algum tempo. Sempre que medito, consigo aprender coisas diferentes.
Tenho falado em alguns lugares que tenho a oportunidade de ministrar em como passar por dificuldades e sofrimentos. Bem como lidar com as tentações e provações, pois são situações naturais na vida de qualquer pessoa e isso inclui o crente. Mas quero me deter ao crente em particular. Porque o crente resiste a algumas coisas que quem está no mundo sente-se no direito de ceder e isso significa um tipo de sofrimento.
Nós não estamos livres para nos inclinar para tudo o que temos desejo de fazer. Não podemos ceder a todas as nossas vontades nem reagir de qualquer forma diante de qualquer situação. Existem situações que se levantam contra nós como: provações, pressões e tentações de toda natureza e essas situações testam a convicção que temos, a fé que você tem, as certezas que você tem na Palavra de Deus e elas vão confrontar a tua convicção, o quanto você está firme em Deus.
Coisas simples. Por exemplo: alguma coisa que você tem que abrir mão. Algo que você tem que deixar de comer para o bem da sua saúde, para administrar melhor a sua saúde. Ou algo um pouco mais grave como resistir a uma assedio sexual, a um conteúdo pornográfico ou alguma coisa dessa natureza.
Quando você está diante dessas situações está sendo provado, tentado e conseqüentemente debaixo de uma pressão, e isso de certa forma, coloca sim a sua fé e as tuas convicções a prova.
Muitas vezes, não são situações proporcionadas por satanás e pela nossa carne. À vezes, são situações provocadas por Deus. Muitas vezes, direções de Deus são desafiadoras para nós e exigem algumas renuncias que nos colocam debaixo de uma provação. Existem situações, comando de Deus que temos que fazer por obediência mesmo, não porque a gente quer ou gostaria. Em momentos como esse a sua fé está sendo provada e suas convicções estão sendo testadas.
Você lembra o que aconteceu com Jesus no Getsemani? No momento mais critico da sua vida ele transpirou sangue. Ele disse: “Senhor, se for possível, passa de mim esse cálice”.Naquele momento ele estava sendo provado. Estava sendo tentado a fazer uma coisa que não era a vontade de Deus para a sua vida, porque o que ele queria era não passar pelo sofrimento. Se for possível Senhor, se depender de mim passa de mim esse sofrimento… Me livra dessa situação, mas não foi possível. Mas Jesus ainda disse: Que seja feita a sua vontade e não a minha. Isso nos mostra que naquele momento a vontade dele era uma e a vontade do Pai era outra. Eu te pergunto: “Você acha que isso não acontece na nossa vida?”
Às vezes, temos aquela ideia romântica de ministério de que todas as coisas que Deus vai nos orientar e nos dirigir a fazer são coisas tão boas, confortáveis, fáceis e que não irá exigir de nós nenhum esforço. Mas estamos redondamente enganados se pensarmos assim. Outras vezes, algumas coisas que Deus nos comissionará exigirá de nós renuncia, desapego e um esforço em fazer algo que naturalmente não seria a nossa vontade fazer.
Acredito que o que faz a diferença e sabermos lidar com todas essas coisas provações e dificuldades é a maneira como você as encara.
Qual é o valor que o sofrimento ou pressão tem para a sua vida? O que ela representa quando você está diante dela?
Como você encara um desafio quando ele está diante de você?
Tiago destaca que devemos ter toda a alegria ao passarmos por várias provações. Isso significa se alegrar quando estiver debaixo de uma tentação, provação. Eu sei que essa palavra é desafiadora para nós.
Devemos nos alegrar não por causa da tentação em sim, mas por causa do que ela irá promover em minha vida. Não por causa da pressão em si, mas por causa do que ela irá promover em mim. É maturidade se alegrar em meio às dificuldades.
Ou seja, se a minha fé está sendo testada, provada e eu consigo confirmá-la. Passando por aquele momento difícil aprovado, sem que as minhas convicções sejam abaladas isso vai produzir perseverança e essa perseverança deve ter ação completa. Isso significa que eu persevero do inicio ao fim, para que eu seja perfeito, íntegro e em nada deficiente.
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