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sábado, 21 de janeiro de 2017

A importância da leitura para o alicerce da fé cristã

21.01.2017
Do blog COSMOVISÃO CRISTÃ, 21.11.16
Por Valdir Nascimento*

As pessoas que desejam ter uma fé sólida e aprender a defender consistentemente as doutrinas do Cristianismo precisam desenvolver o hábito da leitura. Embora as Escrituras Sagradas sejam, como já disse, a fonte primária da defesa da fé cristã, os livros – de bons autores – servem como guias e nos ensinam a entender melhor alguns pontos da fé cristã, lançando luz sobre questões bíblicas complexas e, por via de consequência, contribuindo para uma boa formação apologética.
Infelizmente o brasileiro lê pouco. Não obstante o analfabetismo tenha recrudescido em nosso país nos últimos anos, o hábito de leitura ainda é tímido. A questão é que muitos dos nossos compatriotas foram do analfabetismo à TV sem passar na biblioteca[1]. O brasileiro lê, em média, 1,8 livro/ano. Um estudo realizado em 2005 pelo Instituto Paulo Montenegro apontou que 74% da população brasileira, entre 16 e 64 anos de idades, não sabem ler ou possuem muita dificuldade em entender o que leem[2]. Em 2011, o Instituto Pró-Livro apontou que em 2007 55% da população era considerada leitora (havia lido pelo menos um livro, inteiro ou em partes, nos três meses anteriores à pesquisa). Já em 2011 o índice diminuiu para 50% da população.
Sobre o ambiente religioso, Altair Germano também adverte em seu livro O cristão e o hábito da leitura que “o líder cristão ainda não reconhece no ato de ler o seu valor para o desenvolvimento intelectual, adequação de comportamentos à nova realidade cultural e social, sem falar da possibilidade de conduzir a igreja, o ministério ou grupo que lidera a um processo de desenvolvimento e entendimento a realidade”, o que segundo ele produziria uma igreja mais atuante, conhecedora dos grandes desafios deste século e capaz de adequar suas práticas ao novo contexto[3].
Não podemos generalizar. Muitos líderes cristãos compreendem o valor e a importância do ato de ler para o crescimento intelectual e espiritual da igreja. Mas, poucos incentivam ou idealizam algum programa em suas congregações com o objetivo de disseminar esse hábito. A criação de pequenas bibliotecas no ambiente da igreja seria uma importante ação eclesiástica, que certamente beneficiaria a vida de muitos crente, inclusive jovens.
É preciso reacender em nossas igrejas o apreço pela leitura, afinal, ela é ingrediente vital no processo de tomada de consciência e até mesmo fervor espiritual. Em seu livro, Altair Germano demonstra como a leitura foi importante no Antigo e Novos Testamentos, entre os pais da igreja, na Reforma Protestante, nos períodos de reavivamento e das missões modernas.
Altair Germano escreve:
“Os benefícios da leitura, uma vez revelados, poderão influenciar positivamente na tomada de consciência sobre a necessidade de ler. O interesse pela leitura tende a crescer quando se sabe que, além da emancipação crítica e da autonomia como indivíduo, o hábito de leitura proporciona o desenvolvimento intelectual, o enriquecimento do vocabulário, a fluência verbal, a apropriação dos bens culturais, a informação e o conhecimento, a saúde emocional e psíquica, o estímulo e saúde mental e comunhão com as grandes mentes”.[4]
No clássico A vida intelectual, A.D. Sertillanges propõe que a leitura é o meio universal para o aprendizado, e é a preparação próxima e remota para a produção. Ele escreveu:
“Nunca pensamos isoladamente: pensamos em sociedade, em colaboração imensa; trabalhamos com os trabalhadores do passado e do presente. Graças à leitura, pode comparar- se o mundo intelectual a uma sala de redacção ou repartição de negócios, onde cada qual encontra no vizinho a sugestão, o auxílio, a crítica, a informação, o ânimo de que carece. Portanto, saber ler e utilizar as leituras, é necessidade primordial que o homem de estudo não deve esquecer”.[5]
Quando lemos, nos beneficiamos da pesquisa e do conhecimento de pensadores do presente e do passado. Eles abrem nossas mentes, instrui nosso pensamento e nos fornecem informações valiosas. Nesse sentido, Sertillanges vai dizer que o contato com escritores geniais nos faz granjear vantagens imediatas de elevar-nos a um plano alto; somente pela sua superioridade eles conferem um benefício sobre nós mesmos antes que nos ensinem alguma coisa[6].
Quanto à forma de leitura, cabe aqui dois conselhos: um de Sertillanges e outro de C. S. Lewis.
Sertillanges dizia que embora a leitura seja importante, ela deve ser feita na quantidade adequada. Por isso, ele diz: Leia pouco!. Esse conselho parece paradoxal, já que estamos falando da importância e da necessidade de leitura. Mas o que Sertillanges tem em mente é a qualidade da leitura, e nem tanto a quantidade. Ele diz que a leitura deve ser feita com inteligência, pois
“(…) a leitura desordenada não alimenta, entorpece o espírito, torna-o incapaz de reflexão e concentração e, por conseguinte, de produção; exterioriza-o no seu interior, se assim se pode dizer, e escraviza-o às imagens mentais, ao fluxo e refluxo das ideias que ele se limita a contemplar na atitude de simples espectador. É embriaguez que desafina a inteligência e permite seguir a passo os pensamentos alheios e deixar-se levar por palavras, por comentários, por capítulos, por tomos.
A série de excitações assim provocadas arruína as energias, como a constante vibração estraga o aço. Não esperemos trabalho verdadeiro de quem cansou os olhos e as meninges a devorar livros; esse encontra-se, espiritualmente, em estado de cefalalgia, ao passo que o trabalhador, senhor de si, lê com calma e suavidade somente o que quer reter, só retém o que deve servir, organiza o cérebro e não o maltrata com indigestões absurdas”. [7]
Por seu turno, o conselho de Lewis é o seguinte: Leia livros antigos. Ele dizia que depois de ler um livro novo, “nunca se permitir outro novo até que se leia um antigo entre os dois. Se isso for demais para você, então leia um velho pelo menos a cada três novos”. Lewis não está menosprezando os livros novos. Ele diz que devemos contrabalancear nossas leituras com livros novos e livros antigos – os clássicos da literatura. Nañez captou essa mesma ideia ao afirmar que somente depois de apreciar os mestres da prosa e poesia do passado, consegue-se meditar a qualidade de obras mais recentes. Ele nos incentiva a deleitarmos em Cícero, Calvino, Dickens, Dillard, Dostoievski; partir o pão com Buechner, Burroughs, experimentar Tolstói ou Newman, Carnell ou Merton, O’Connor ou Chesterton. Poderia acrescentar Jacob Armínio, Agostinho, Tomás de Aquino, John Bunyan e muitos outros. Não levará muito tempo e então perceberemos, diz Nañez, a profundidade marcante de autores e reconhecer o abismo significativo que separa a literatura cristã popular de hoje do concentrado de informações espirituais e cognitivas das penas de antigamente.[8]
O Cristão e a Universidade
Fonte: Nascimento, Valmir (O Cristão e a Universidade, CPAD, 2016).
Referências
[1] SOEIRO, Rafael. Por que o brasileiro lê pouco. Disponível em http://super.abril.com.br/cultura/brasileiro-le-pouco-610918.shtml. Acesso em 14 de janeiro de 2015.
[2] GERMANO, Altair. O líder cristão e o hábito da leitura. CPAD: Rio de Janeiro, 2011, p. 12.
[3] GERMANO, Altair, 2011, p. 12.
[4] GERMANO, Altair, 2011, p. 86.
[5] SERTILLANGES, A.D. A vida intelectual. Cópia disponível na internet. p. 48.
[6] SIRE, James, 2005, p. 203.
[7] SERTILLANGES, A.D. A vida intelectual. Cópia disponível na internet. p. 48.
[8] NÃNEZ, Rick, 2007, p. 342.
*Valmir Nascimento. Jurista e teólogo. Mestrado em Teologia. Professor universitário. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD.
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Fonte:https://comoviveremos.wordpress.com/2016/11/21/a-importancia-da-leitura-para-o-alicerce-da-fe-crista/

sábado, 14 de janeiro de 2017

A COSMOVISÃO CRISTÃ E O SECULARISMO:O desafio da transmissão da fé

14.01.2017
Do portal ULTIMATO ON LINE, 05.01.17
Por  Ricardo Barbosa de Sousa*

Duas pesquisas feitas há pouco tempo, uma nos Estados Unidos e a outra no Canadá, mostram que entre 60 a 70% dos jovens que cresceram na igreja se afastam da fé e da instituição religiosa no início da fase adulta, e metade deles não reconhecem a tradição religiosa em que foram criados, considerando-se ateus ou agnósticos. As razões para o abandono da fé e da igreja são várias e, de certa forma, complexas.

Muitos jovens entrevistados admitiram que, em algum momento, começam a questionar o significado da fé e da Igreja. Isso deve nos levar a refletir sobre a credibilidade da fé cristã. Estudiosos definem a secularização como o processo por meio do qual as instituições religiosas, bem como o pensamento religioso perdem sua relevância social. Porém, antes de perder a relevância social, perde-se a relevância pessoal da fé. A pergunta que devemos nos fazer é: “Quão pessoal é nossa fé?”. Se os cristãos conseguirem reconquistar o valor pessoal da fé, decerto reconquistarão sua credibilidade.

Não basta termos instituições sofisticadas, dinâmicas e funcionais, precisamos de mais que isso. Precisamos de uma fé viva, de corações aquecidos pela verdade do evangelho, da alegria de Cristo que se expressa na serenidade e segurança de um relacionamento pessoal e profundo com Deus. Precisamos também da transcendência que nos leva a olhar para além do nosso mundo reduzido e limitado.

Diante do desafio de transmitir a fé para novas gerações, precisamos considerar com seriedade três dimensões que demonstram a natureza pessoal de nossa fé em Cristo. A primeira é a necessidade de sermos intelectualmente íntegros. Os cristãos têm o compromisso de argumentar e falar em favor da verdade. Muitos jovens abandonam a fé porque encontram respostas evasivas aos grandes questionamentos, o que os leva a uma crise de confiança. O compromisso com a integridade intelectual exige de nós uma mente cristã e a disposição de pensar, de forma honesta, com nossos jovens, sobre qualquer assunto que envolva sua fé em Cristo.

A segunda é a necessidade de sermos moralmente íntegros. A fé cristã requer de nós uma coragem moral como expressão do caráter transformado que experimentamos em Cristo. Os escândalos envolvendo líderes cristãos, o moralismo de uns e o silêncio de outros nos grandes temas éticos e morais, têm provocado nas novas gerações um enorme descrédito em relação ao significado da fé.

A terceira é a necessidade de sermos espiritualmente íntegros. A fé cristã é um chamado para nos relacionarmos com a Trindade -- Pai, Filho e Espírito Santo. O convite de Jesus para segui-lo envolve estar com ele e não somente aprender com ele. Não podemos viver constantemente agitados e inquietos, uma vez que a justificação é um presente da graça de Deus a nós. Muitos jovens abandonam a fé porque se cansam do pragmatismo agitado, que não os inspira a uma vida de devoção. A prática da oração e da meditação e expressiva na vida daqueles que amam a Deus de todo o coração e alma.

A fé no Deus vivo da Bíblia, no Deus de nossos pais, só pode ser abraçada num relacionamento pessoal e íntegro com ele. A transmissão da fé se dá de coração para coração. É lamentável que muitos jovens estejam abandonando a fé por causa da hipocrisia de seus líderes, da superficialidade consumista de seus pais, do pragmatismo tecnológico de suas igrejas, da ausência de respostas honestas a seus dilemas e dúvidas. O sábio diz que “não havendo profecia, o povo se corrompe” (Pv 29.18). Sem uma visão clara de quem somos e para onde desejamos ir, sem a consciência de que somos um povo peregrino em terra estranha, caminhando em direção à terra que Deus nos prometeu, seremos facilmente absorvidos pela cultura que nega seu passado e não tem proposta alguma para o futuro.

*Ricardo Barbosa de Souza,é pastor plebisteriano.

Nota: Texto publicado originalmente na edição 362 da revista Ultimato.

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Fonte:http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-desafio-da-transmissao-da-fe

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Crescimento Espiritual em Cristo: O poder da CRUZ em nós!

30.12.2016
Do blog  JESUS - Evangélico Blog, 04.08.2015
Por Ana Carolina*

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O processo de aperfeiçoamento Espiritual se dá no momento em que entregamos nossa vida a Cristo (Gl 2.20), ali deixamos as cargas pesadas, e passamos a carregar a nossa cruz (Mt 16.24), parece contraditório né? Deixar as cargas, e substituí-la por uma cruz, não parece ser uma decisão inteligente, mas é nesse momento que vemos o quanto Deus nos ama a ponto de livrar-nos de nossa própria vontade e escolha, escolhas que nos farão perder o alvo do céu. (Fl. 3.14), e logo trarão embaraços para nossos pés (Hb 12.1).
A Cruz é necessária para que nele crucifiquemos o velho homem (Ef 4.22), desse modo seremos libertos daquilo que nos prende ao mundo.
 Certos de que nossa natureza é pecaminosa devemos nos esquivar do pecado sem pensar duas vezes! (Ef 4.27), pois quando somos regenerados pelo Espírito (Rm 12.1), vemos que o poder da cruz em nós é demasiado grande! E não falo grande em tamanho, mas em peso de glória, ( 2°Co 4.17)  pelo simples fato de estarmos dispostos a servir ao Mestre Jesus, Ele se fará presente em nossa caminhada, para libertar, curar, moldar, santificar e consolar… Entre outros socorros que provavelmente precisaremos, até porque estaremos arrancando de nós algo que já é desde o início o PECADO (Rm 3.23) esse que nos afasta de Deus (Mt. 7.13).
Temos em nós a certeza de que com Cristo venceremos a nossa carne, viveremos para sua glória, e de glória em glória nos é cobrado o preço dessa santidade que a cruz produz (2° Coríntios 1.12), ser Santo é: está separado para essa santidade, que não está em nós naturalmente é algo a ser buscado dia após dia (Hb 12.14).
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E é nesses momentos, e processos com Deus, que intimamente vemos quem somos, e o quanto precisamos mudar nosso jeito de ver, fazer e dizer coisas, pois sabemos que um abismo leva outro abismo, e sabendo que a natureza pecaminosa que há em nós alimenta-se de pecado e concupiscência, devemos encher-nos do Espírito Santo (Ef 5.18).
Já cheios da presença de Deus, nada nos fará retroceder, mesmo que venham as tentações, e para que não caiamos devemos estar firmes na palavra, não cogitando em dois pensamentos e servindo a dois Senhores (Mt 6.24).
Em nossos dias é fácil observarmos a contaminação da mente, daqueles que se dizem Cristãos, pelo fato de não renunciarem seus desejos e práticas, aquele velho homem que é citado em Efésios quatro, cheio de si mesmo e sem medir as consequências de seus atos.
Uma cruz repleta de facilidades é muito fácil de carregar! Quando escolhemos Jesus como Senhor e Salvador de nossas vidas, escolhemos também morrer com Cristo, ou seja, deixar paixões carnais por amor eterno, deixar momentos pela eternidade, prazeres por gozo celeste, vontade própria pela vontade de Deus.
Isso é Cruz! Cristo Deixou sua glória por nós, (Lc 24.26) pra nos libertar do pecado e de seu peso, que possamos fazer um esforço, e que este seja contínuo, diário, para está seguindo as pisadas de Cristo e renunciando o EU!

*Ana Carolina. Do estado de Pernambuco, cursando pedagogia, estudante de Teologia, coordenadora de EBD. Administra o projeto Adora Jovem e é autora no Evangélico Blog. 
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Fonte:http://evangelicoblog.com/tag/carregue-a-sua-cruz/

sexta-feira, 22 de julho de 2016

POR QUE O CRISTÃO DEVE ESTUDAR A BÍBLIA?

22.07.2016
Do blog VIAGEM PELAS ESCRITURAS
Por Ev. Jaiton P. de Paiva
Estudar a Bíblia não é apenas uma mera atitude. Estudar a Bíblia deve ser uma das atividades especiais que estão presentes na agenda diária de cada cristão. Os homens de Deus da antiguidade sempre buscaram aperfeiçoar as suas vidas através de estudos e meditações na palavra do Senhor. Esdras, que possivelmente foi o escritor do Salmo 119 disse o seguinte: 
“Tu ordenaste os teus preceitos, para que diligentemente os observássemos. Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti. Folgo mais com os caminhos dos teus estatutos, do que com todas as riquezas. A minha alma está consumida de anelos pelas tuas leis em todo o tempo. Os teus estatutos são o meu prazer; são os meus conselheiros. Apego-me aos teus estatutos, ó Senhor; não permitas que eu seja confundido. Ó Senhor, a tua palavra é eterna; ela está firmada no céu. Se a tua lei não fora o meu deleite, há muito que teria perecido na minha angústia. Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, pois medito nos teus estatutos” (Sl 119.4,9,11,14,20,24,31,89,92,99).

Neste texto encontramos muitas razões pelas quais é muito apropriado ao verdadeiro cristão estudar, todos os dias, as Escrituras.

Mas de que se trata a Bíblia?

Um dos princípios da hermenêutica – a ciência da interpretação bíblica – nos diz que a Bíblia explica melhor a Bíblia. Valendo-nos deste princípio podemos, então, ver como a Bíblia denomina-se e do que ela se trata.

Ela é chamada de Santas Escrituras:

“O qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras”. (Rm 1.2).

A Bíblia também é chamada de palavras de vida:

“Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais; o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar”. (At 7.38).
É também denominada palavra de Deus:

“E provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro”. (Hb 6.5).
Por fim, também é chamada de espada do Espírito:

“Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”. (Ef 6.17).

CINCO RAZÕES PARA ESTUDAR AS ESCRITURAS

Primeira razão

“Tu ordenaste os teus preceitos, para que diligentemente os observássemos”. (Sl 119.4)

No texto bíblico em epígrafe, notamos que a Bíblia em si é um livro que deve ser examinado. Deus ordenou ou seus preceitos para que nós, seres humanos, seguíssemos os mesmos. Preceitos, nada mais são do que “regras de proceder”. Como podemos, então, saber como devemos proceder para com Deus se não soubermos quais são os seus preceitos? E como conhecer os preceitos de Deus? Observando-os. O verbo observar pode ser entendido com o seguinte significado: “Examinar miudamente, estudar”, de acordo com o dicionário Aurélio da língua portuguesa. Os crentes de Beréia são exemplos de crentes que observavam diligentemente as Escrituras. Quando Paulo e Silas lhes pregavam a palavra, os bereianos verificavam se o que os missionários pregavam estava mesmo de acordo com as Escrituras. A essa semelhança, Deus deseja que sejamos diligentes em examinar as Escrituras.

Segunda razão

“Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra”. (Sl 119.9).

A palavra é, para nós, uma fonte de purificação espiritual. Jesus disse aos seus discípulos: “Vós já estais limpos por causa da palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Se seguirmos o nosso caminho de acordo com o que a Bíblia nos ensina, certamente faremos uma caminhada brilhante tenho o Espírito Santo como o nosso Consolador. Todavia, se esquecermos dos mandamentos do Senhor caminharemos na escuridão.

Terceira razão

“Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”. (Sl 119.11).

Quando verdadeiramente guardamos a palavra de Deus em nosso coração ficamos fortalecidos contra o império do pecado, que de contínuo nos segue com o objetivo de fazer vacilar a nossa fé. Esconder, nada mais é do que guardar. O que o salmista está dizendo é o seguinte: Guardei a tua palavra no meu coração para que eu não pecasse contra ti. Muitas pessoas possuem, em sua casa, uma Bíblia aberta no Salmo 91. Essas pessoas estão com a Bíblia guardada em suas casas, mas não está guardada em seus corações, e isso, para nada se aproveita.

Quarta razão

“Se a tua lei não fora o meu deleite, há muito que teria perecido da minha angústia”. (Sl 119.92).

Quando passamos por momentos de angústia é comum enfrentarmos um pouco de desânimo. O que não devemos permitir, porém, é que a angústia domine completamente o nosso interior e afogue a nossa alma na desilusão. Aquele que escreveu o salmo 119 também passava por momentos de tribulação e angústia. Nesses momentos difíceis ele buscava alento nos braços de Deus através da palavra. Ele se deleitava nas promessas divinas que lhe diziam: “Não temas, pois eu sou contigo; não te assombres, pois eu sou teu Deus. Eu te fortalecerei, e te ajudarei; eu te sustentarei com a destra da minha justiça” (Is 41.10). Firmados nas promessas do Senhor jamais seremos abalados.

Quinta razão

“Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, pois medito nos teus estatutos”. (Sl 119.99).

Aquele que medita na palavra do Senhor alcança entendimento não somente quando às coisas naturais deste mundo, mas principalmente quanto às coisas espirituais. Muitos são os que procuram ter entendimento, mas poucos são os que meditam nos estatutos divinos. Quando meditamos na palavra de Deus sabemos qual é a nossa posição diante do Todo-Poderoso, e assim procuramos, a cada dia, aperfeiçoar o nosso caminho.

CONCLUSÃO

Para termos uma vida abençoada é indispensável dedicarmos um pouco do nosso precioso tempo ao exame minucioso das Escrituras. Elas são a fonte de toda a orientação para a vida diária de cada cristão. Elas são a base da autoridade do genuíno cristão. Nos dediquemos com fervor ao estudo das santas letras
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Fonte:http://viagempelasescrituras.blogspot.com.br/2010/02/por-que-o-cristao-deve-estudar-biblia.html

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Jejum não é (apenas) deixar de comer

06.04.2016
Do portal ULTIMATO ON LINE
ESTUDOS BÍBLICOS
Por Paul Freston

Jejum não é (apenas) deixar de comer

SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: Jejum não é (apenas) deixar de comer”, Paul Freston

Texto básico: Lucas 4. 1-13
Textos de apoio
– Deuteronômio 8. 1-5
– 1 Reis 19. 1-18
– Salmo 139
– Marcos 14. 32-38
– 1Coríntios 10. 12,13
– 1 Pedro 5. 6-11

Introdução

Jesus estava prestes a iniciar seu ministério público. No final do capítulo 3 de seu evangelho, Lucas nos fornece duas informações fundamentais sobre a identidade de Jesus. A voz divina e a presença do Espírito no seu batismo, confirmam sua divindade; e a genealogia lucana, começando com José e terminando em Adão, reitera sua verdadeira humanidade. Jesus é plenamente Deus e plenamente homem.
E como homem, ele precisava passar por uma espécie de “treinamento final de sobrevivência” – passar 40 dias sozinho, em silêncio e jejum, sendo tentado pelo Diabo! Precisamos notar também que este treinamento não representava a “coroação” de uma etapa bem realizada, com um teste final; mas, ao contrário, se tratava de um “teste inicial”, uma oportunidade para que Jesus definisse firmemente por onde seus pés trilhariam. Antes de começar a falar e a fazer o que era preciso, era necessário que ele se comprometesse convictamente com um estilo de vida e de ministério que estivessem de acordo com o caráter de seu Pai.
Embora os detalhes destas tentações digam respeito à situação específica de Jesus, o Cristo, sem dúvida alguma temos muito a aprender aqui. Se o próprio Cristo precisou enfrentar e resistir a tais tentações, quanto mais nós, que pretendemos seguir seus passos, devemos ficar atentos e cuidadosos quanto à estes desafios. Conseguimos discernir, em nossa caminhada, o lugar do “deserto” e da “tentação” como espaços de amadurecimento e conformação de nossa vida e ministério com o caráter de Deus?                            

Para entender o que a Bíblia fala

  1. Segundo Lucas, logo após ser batizado (3.21-22), Jesus voltou do Jordão “cheio do Espírito Santo” (4.1) e foi conduzido por este mesmo Espírito ao deserto, onde “foi tentado pelo diabo” (4.2). Pensando em nosso contexto eclesiástico hoje em dia, normalmente não esperamos que a ênfase muitas vezes dada às experiências com o Espírito Santo caminhe junto, ou pior ainda, nos conduza, a uma experiência de “deserto” e “tentação”. Você concorda com esta afirmativa? Porque essas experiência nos parecem tão irreconciliáveis?
  2. O texto dá a entender que as tentações de Jesus não foram instantâneas, pois ocorreram ao longo de 40 dias (v.2) e, aparentemente, em momentos de grande fragilidade (fome, cansaço, fraqueza, confusão mental). O grande risco da tentação é justamente sua sutileza, a possibilidade de se “misturar” com nossa vivência cotidiana. Refletindo sobre as respostas de Jesus (vv. 4, 8 e 12), o que você consegue perceber sobre a preparação de Jesus para um momento como este? Que critério ele utilizou para “desmascarar” as tentações que apareciam “embutidas” em suas necessidades?
  3. Podemos olhar para cada tentação, separadamente, tentando perceber o risco ou perigo sutil que cada sugestão do diabo representava para a identidade e a missão de Jesus. No primeiro caso, Jesus estava como fome, uma necessidade legítima. E ele tinha poder, dado por Deus. Por que não transformar uma pedrinha redonda num pãozinho de batata? Isso poderia afetar de alguma forma o estilo de vida e o estilo de missão de Jesus? Como?
  4. Nas três tentações, aceitar a sugestão do diabo significaria um desvio, um atalho, do caminho da cruz. Mas, nesta segunda tentação (vv. 9-12), parece que a proposta de atalho é ainda mais escancarada, pois a armadilha parece mais “detectável”. Se é assim, por que ela representava uma tentação REAL para Jesus? Receber, “de lambuja”, autoridade sobre todos os reinos do mundo não facilitaria seu trabalho de impor um reino de justiça e paz?
  5. Na última investida do diabo, por enquanto é claro (v.13), Jesus está no alto do templo e a sugestão tentadora surge com força, inclusive com “justificativa bíblica”! A segurança prometida ao Messias, Filho de Deus, não funcionaria? As pessoas não ficariam impressionadas ao ver Jesus pousar no chão segurado por anjos, o que ampliaria exponencialmente sua fama e “turbinaria” seu ministério? Por que então não se jogar?

Hora de Avançar

Jesus não só passa quarenta dias longe das pessoas, em silêncio; ele também jejua (Lc 4.2). […] Em geral, vivemos numa rotina impensada de satisfação dos nossos apetites. O jejum quebra essa rotina, interrompe o ciclo automático, e coloca uma espécie de muro à nossa frente pela interdição do impulso de comer. […] Desligamos as antenas ocupadas com os cuidados diários e tentamos sintonizá-las na voz de Deus. (Paul Freston)

Para pensar

Jesus Cristo, que viveu aproximadamente apenas 33 anos aqui na Terra, ainda passou 40 dias destes poucos anos sozinho e no deserto! Na nossa matemática isso parece um desperdício de tempo. Mas não na matemática de Deus. Esse tempo de solidão, silêncio e oração foi fundamental para o restante do ministério de Jesus. Para Deus, menos é mais!
Paul Freston, no seu excelente “Nem Monge, Nem Executivo” (Ed. Ultimato), nos ensina que as tentações de Jesus “têm a ver com a maneira como ele vai desenvolver seu ministério público. [As tentações] sugerem caminhos alternativos que, no fundo, reproduzem a tentação de Adão: a de trocar uma relação de dependência filial por um projeto autônomo” (p.46).
Sobre a expressão “Se és o Filho de Deus”, repetida em dois momentos (vv. 3, 9b), Freston assevera que é “importante entendermos que o diabo procura tentar Jesus no nível da sua obediência ao Pai, não no nível da sua consciência de ser o filho. Não está dizendo: ‘Será que você é filho de Deus mesmo? Duvido!’. Está dizendo: ‘Já que você é filho de Deus e tem todo esse poder, o que você vai fazer como filho de Deus?’”.

O que disseram

Na solidão, podemos, pouco a pouco, desvendar a nossa ilusão e descobrir, no centro de nosso próprio “eu”, que não somos o que podemos conquistar, mas aquilo que nos é dado… É nessa solidão que descobrimos que ser é mais importante do que ter, e que o nosso valor pessoal não está no resultado de nossos esforços. Na solidão descobrimos que nossa vida não é uma propriedade a ser preservada, mas uma dádiva a ser compartilhada. (Henri Nouwen)

Para responder

  1. Segundo o monge beneditino Anselm Grun, o deserto é um lugar onde “topamos com nossos limites, descobrimos que não podemos nos autoajudar, que precisamos da ajuda de Deus”. Ele não se refere, claro, a um lugar específico, mas a uma experiência que costuma produzir em nós uma sensação de privação, impotência e abandono. Você tem enxergado as experiências difíceis de sua vida como “desertos frutíferos”, como uma oportunidade para aprofundar sua dependência e amizade com Deus? O que pode melhorar a partir de hoje?
  2. Jesus jejuou por quarenta dias, provavelmente bebendo somente água. Como podemos ler no artigo da revista, o princípio do jejum pode (e deve) se estender a outras áreas, além da questão de comida e bebida. O autor cristão Richard Foster, citado no artigo, sugere seis áreas onde podemos praticar outros tipos de “jejum”: jejum de pessoas, jejum da mídia, jejum do telefone, jejum de conversas, jejum de anúncios comerciais e jejum do consumo. Encarando frente a frente esta lista, em que área (ou áreas) você necessita urgentemente de um “jejum”? Além destas seis sugestões, existe alguma outra em que você está pecaminosamente se “empanturrando”?

Eu e Deus

Vi todas as emboscadas do inimigo estendidas sobre a Terra, e disse gemendo: “Quem, pois, passa além dessas armadilhas?” E ouvi uma voz responder: “A humildade”. (Antão, o “pai dos monges”, século IV)
>> Autor do estudo: Reinaldo Percinoto Júnior
>> Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo Jejum não é (apenas) deixar de comer, do sociólogo e colunista da revista Ultimato, Paul Freston, publicado na edição 359.
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Fonte:http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/jejum-nao-e-apenas-deixar-de-comer/

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O Evangelho Terapêutico:Os 5 componentes do falso evangelho da autoestima

05.02.2016
Do portal MINISTÉRIO FIEL, 01.02.16
Por David Powlinson   

Aquele que talvez seja o capítulo mais famoso em toda a literatura ocidental retrata o apelo do “evangelho terapêutico”.

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Em seu capítulo intitulado “O Grande Inquisidor”, Fyodor Dostoevsky imagina Jesus retornando à Espanha do século XVI (Os Irmãos Karamazov, II:5:v). No entanto, Jesus não é bem-vindo pelas autoridades da igreja. O cardeal de Sevilha, como cabeça da Inquisição, detém e aprisiona Jesus, condenando-o à morte. Por quê? Por que a igreja mudou o seu curso. Ela decidiu satisfazer os instintos impulsivos humanos, ao invés de convocar homens ao arrependimento. Ela decidiu flexibilizar a sua mensagem em favor das suas demandas, ao invés de proclamar aquilo que é superior, santo e a dura liberdade da fé que opera através do amor. O exemplo bíblico e a mensagem de Jesus são considerados muito duros para almas frágeis, e a igreja decidiu facilitar as coisas.

O Grande Inquisitor, representando a voz de uma igreja desorientada, interroga Jesus em sua cela de prisão. Ele se junta ao lado do tentador e das três perguntas que este fez a Jesus no deserto séculos atrás. Ele diz que a igreja dará pão terreno ao invés de pão celestial. Ela oferecerá mágica e milagres religiosos ao invés de fé na Palavra de Deus. Ela exercerá poder e autoridade temporais ao invés de servir ao chamado à liberdade. “Nós corrigimos a sua obra”, diz o inquisitor para Jesus.

O evangelho do Inquisitor é um evangelho terapêutico. Ele é estruturado para dar às pessoas o que elas querem, e não a mudar o que querem. Ele é centrado exclusivamente em torno do bem-estar do homem e de felicidade temporal. Ele descarta a glória de Deus em Cristo. Ele confisca a estreita e difícil estrada que traz profunda prosperidade e eterna alegria. Esse evangelho terapêutico aceita e cobre as fraquezas humanas, buscando amenizar os mais óbvios sintomas de angústia. Ele faz as pessoas se sentirem melhores. 

Ele respeita a natureza humana do jeito como é, pois a natureza humana é muito difícil de mudar. Ele não quer que o Rei dos Céus venha até nós. Ele não tenta transformar as pessoas em apaixonados por Deus, considerando a verdade sobre quem é Jesus, como ele é, o que ele fez.

O evangelho terapêutico moderno

As óbvias demandas instintivas da classe-média do século 21 são diferentes das demandas registradas por Dostoevsky. Fazemos pouco caso dos suprimentos alimentícios e da estabilidade política. Nós subtituímos milagres pelas maravilhas da tecnologia. As demandas da classe médias são bem menos primitivas. Elas transparecem um certo senso ou interesse por mais luxo e refinamento:
  • Eu quero me sentir amado pelo que eu sou, que tenham pena pelo que já sofri, sentir-me intimamente compreendido, ser incondicionalmente aceito;
  • Eu quero experimentar um senso de significado pessoal e relevância, ser bem sucedido na minha carreira, saber o que me move, deixar minha marca no mundo;
  • Eu quero aumentar a minha auto-estima, afirmar que está tudo bem comigo, estar hábil a articular as minhas opiniões e desejos;
  • Eu quero ser entretido, sentir prazer na infinita enxurrada de performances que deleitam os meus olhos e encantam os meus ouvidos;
  • Eu quero sentir aventura, excitação, ação e paixão pois quero experimentar a vida alucinada e dinamicamente.
A versão moderna do evangelho terapêutico da classe-média se inspira particularmente nesse conjunto de vontades. Poderíamos dizer que o seu público alvo são as demandas psicológicas, bem diferente das necessidades físicas que tipicamente surgem em condições sociais mais difíceis. (A versão moderna do evangelho da “saúde e da prosperidade” e a obsessão por “milagres” expressa algo semelhante à versão antiga do evangelho terapêutico do Grande Inquisitor).
 
Nesse novo evangelho, os grandes “males” a serem corrigidos não apelam por nenhuma mudança fundamental de direção no coração humano. Pelo contrário, o problema reside em sentir-me rejeitado pelos outros; em minha corrosiva experiência da vaidade da vida; em minha nervosa sensação de auto-condenação e embaraço; na iminente ameaça de tédio caso a música desligue;  nas inquietas reclamações quando uma dura e longa estrada surge em minha frente. Essas são as principais demandas modernas que o evangelho é torcido para servir. Jesus e a igreja existem para que você se senta amado, relevante, validado, entretido e com as baterias recarregadas. Esse evangelho anestesia os sintomas de angústia. Faz com que você se senta melhor. A lógica desse evangelho terapêutico é um jesus-por-Mim que vai ao encontro dos meus desejos individuais e ameniza as minhas dores psicológicas.
A perspectiva terapêutica não é por si só maligna quando em seu lugar apropriado. Por definição, um olhar médico-terapêutico contempla sofrimentos desarranjos físicos. Em intervenções literalmente médicas, uma terapia trata de doenças, traumas ou deficiências. 

Você não liga para alguém para que ela se arrependa de um câncer de cólon, uma perna quebrada ou beribéri. Você busca curar. Até aí tudo bem.

Porém no evangelho terapêutico moderno, o modo médico de lidar com o mundo é metafóricamente extendido para essas demandas psicológicas. Elas são definidas tal qual uma questão médica. Você sente que está mal; a terapia faz você se sentir bem. A definição da enfermidade passa longe do coração pecador humano. Você não é o causador dos seus problemas mais íntimos, mas meramente uma vítima sofredora das suas vontades não atendidas. A sugestão de uma cura passa longe de um Salvador que levou sobre si os nossos pecados. Arrependimento de incredulidade, teimosia e iniquidades não entram em questão. Pecadores não são encorajados à se converterem a uma nova vida que é vida de verdade. Tal evangelho massageia o amor-próprio. Não há nada dentro dessa lógica que o faz amar a Deus e qualquer outra pessoa além de você mesmo. Esse evangelho terapêutico pode até mencionar a palavra “Jesus” com frequência, porém modificada para a idéia de Realizador-das-minhas-vontades, e não a do Salvador dos nossos pecados. Ele corrije a obra de Jesus. O evangelho terapêutico confunde o evangelho.

O evangelho que uma vez por todas foi entregue

O verdadeiro evangelho são as boas novas do Verbo que se fez carne, o Salvador que levou sobre si as nossas trangressões, o resurreto Senhor dos senhores: “Eu sou o que vive; fui morto, mas agora estou aqui, vivo para todo o sempre” (Apocalipse 1.18). Esse Cristo vira o mundo de cabeça para baixo. O Espírito Santo reprograma, como um dos efeitos primários de sua poderosa obra e presencia interna, o nosso senso de demandas. Porque o temor do Senhor é princípio da sabedoria, nós sentimos profundamente um conjunto diferente de necessidades quando consideramos a Deus e quando entendemos que nós nos levantamos ou caímos diante de seus olhos. Os meus impulsos instintivos são substituídos (muitas vezes rapidamente, sempre progressivamente) por um crescente senso de alerta a necessidades verdadeiras e de vida e morte:
  • Eu preciso de misericórdia acima de tudo: “Senhor, tem misericórida de mim”; “Por causa do teu nome, SENHOR, perdoa a minha iniquidade, que é grande”;
  • Eu quero aprender sabedoria, e desaprender a auto-preocupação teimosa: “tudo o que podes desejar não é comparável a ela”;
  • Eu preciso aprender a amar tanto à Deus quanto ao meu próximo: “o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia”;
  • Eu anseio pelo nome de Deus ser honrado, por seu reino chegar até nós, por sua vontade ser feita na terra;
  • Eu desejo que a glória, a bondade, a benignidade de Cristo sejam vistas aqui na terra, enchendo a terra assim como as águas cobrem os oceanos;
  • Eu preciso que Deus me mude de quem eu decidi ser por instinto, escolha e prática;
  • Eu desejo que ele me livre da minha autojustificação compulsiva, mortificando a minha atitude defensiva, de modo que eu possa perceber a minha necessidade das misericóridias de Cristo, para que eu aprenda a tratar os outros gentilmente;
  • Eu preciso da ajuda poderosa e íntima de Deus para desejar e realizar as coisas que duram para a vida eterna, ao invés de desperdiçar a minha vida com futilidades;
  • Eu quero aprender a passar por provações e sofrimentos em esperança, simplificando, purificando e aprofundando a minha fé;
  • Eu preciso aprender a adorar, deleitar-me, confiar, dar graças, clamar, refugiar-me, ter esperança;
  • Eu desejo a ressureição da vida eterna: “gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”;
  • Eu preciso do próprio Deus: “Mostra-me a tua glória”; “Maranata. Vem, Senhor Jesus.”
Faça assim, ó Pai das misericóridas. Faça assim, Redentor de tudo que está quebrado e em trevas.
A oração expressa desejo. A oração expressa o seu senso de dependência. Senhor, tenha misericórdia de nós. Os cânticos expressam alegria e gratidão pelo desejo atendido. As canções expressam o seu senso de necessidade a respeito de quem Deus é e de tudo que ele nos dá. Preciosa graça, quão doce é o som. Porém não há orações na Bíblia inspiradas nas demandas do atual evangelho terapêutico. Imagine: “Pai Celestial, ajuda-me a me sentir bem desse mesmo jeito que eu sou. Proteja-me hoje de ter que fazer qualquer coisa entediante. Aleluia, eu sou indispensável, e o que eu estou fazendo realmente está impactando a vida dos outros, e com isso consigo me sentir bem com a minha vida”. Que Deus tenha misericórdia de nós! Em contraste, encontramos em nossas Bíblias o som de milhares de clamores necessitados e brados de gozo que nos orientam de volta às nossas reais necessidades e ao nosso verdadeiro Salvador.


Coisas boas, deuses ruins

Propriamente entendidas e cuidadosamente interpretadas, as demandas produzem bons presentes. Porém, elas produzem deuses fracos. Priorize o prioritário. Busque primeiro o reino do Pai e a sua justiça, e toda boa dádida lhe será dada.

Isso é fácil de ver no caso de três particulares dádivas oferecidas pelo evangelho terapêutico do Grande Inquisitor. É uma boa coisa ter um manancial estável de alimento, “pão de amanhã” (Mateus 6.11, literalmente). Todo mundo está em busca de comida, água e roupas (Mateus 6:32). O nosso Pai sabe o que precisamos. Mas busque antes o seu reino. Você não vive só de pão, mas de toda palavra que sai da sua boca. Se você cultuar as suas necessidades físicas, só restará a morte para você. Porém se cultuar a Deus, o doador de tudo o que há de bom, você será grato pelo que ele dá; você ainda terá esperança ao sofrer necessidades; e você irá certamente desfrutar do seu eterno Banquete.

Um senso de admiração e mistério também é algo bom. Contudo, os mesmos critérios e condições se aplicam. Deus não é o Mágico de Oz, criando experiências impressionantes só para você experimentar coisas novas. Jesus disse “não” sobre fazer de si mesmo um espetáculo em meio ao público no templo. É a sua fidelidade dia após dia que se mostra mais e mais impressionante. Priorize o prioritário. Daí você irá apreciar a glória de Deus em grandes e pequenas coisas. No final, você verá tudo como extraordinário, seja no presente (Apocalipse 4) ou no passado (Apocalipse 5). Você conhecerá o Deus incompreensível, criador e redentor, cujo nome é Maravilhoso.

De modo semelhante, ordem política é uma boa dádiva. Nós devemos orar para que as autoridades governem bem, de modo que possamos viver em paz (1 Timóteo 2.2). Todavia, se você vive por uma sociedade justa, você ficará desapontado. Novamente, busque o reino de Deus. Você se esforçará em direção a uma ordem justa social, desfrutará dela num nível razoável e terá razões para suportar injustiças. No final, você conhecerá uma alegria inimaginável no dia em que todas as pessoas se curvarem diante do reino do verdadeiro Rei.

Claro, Deus concede boas dádivas. Contudo, ele também dá o melhor presente, o inefável Presente dos presentes. O Grande Inquisitor queimou Jesus no tronco pois queria eliminar a Dádiva e o Doador. Ele escolheu dar às pessoas boas coisas, no entanto descartou o que era prioritário.

As coisas ofertadas pelo evangelho terapêutico moderno são um pouco complicadas de se interpretar. O odor do egocentrismo e da obsessão por si mesmo é próximo ao daquela lista de vontades: “Eu quero ______”. No entanto essas vontades, cuidadosamente reestruturadas e reinterpretadas, podem sim apontar na direção de uma boa dádiva. O pacote de “vontades” como um todo é sistematicamente desalinhado, no entanto as peças podem ser propriamente entendidas. Qualquer “evangelho diferente” (Gálatas 1.6) se faz plausível oferecendo peças de Lego da realidade ajuntadas em uma estrutura que contradiz a verdade revelada. A tentação de Satanás a Adão e Eva foi plausível somente porque incorporava muitos elementos da realidade, continuamente apontando na direção da verdade, ainda quando persistia apontando para longe da verdade: “Veja, que árvore bela e desejável. E Deus disse que ao prová-la serão revelados tanto o bem quanto o mal, com a possibilidade da vida e não da morte resultar da sua escolha. Assim como Deus é sábio, vocês como escolhedores podem se tornar como Deus em sabedoria. Venham agora e comam”. Tão perto, e ao mesmo tempo tão longe. Quase lá, mas exatamente o oposto.
Considere os cinco componentes que identificamos como o evangelho terapêutico:

1. “Demanda por amor”? Certamente é algo bom saber que você é tanto conhecido quanto amado. O Deus que sonda os pensamentos e as intenções dos nossos corações também coloca o seu amor fiel sobre nós. Entretanto tudo isso é redicalmente diferente do instinto impulsivo de ser aceito por quem eu sou. O amor de Cristo vem precisamente e pessoalmente apesar de quem eu sou. Você é aceito por quem Cristo é, pelo que ele fez, faz e fará. Deus verdadeiramente o aceita, e se Deus é por você, quem será contra você? Mas ao fazer isso, ele não afirma nem endossa o que você é. Pelo contrário, ele determina a sua transformação em outro tipo de pessoa fundamentalmente diferente. No verdadeiro evangelho, você se sente profundamente reconhecido e amado, no entanto a sua insistente “demanda por amor” foi derrubada.

2. “Demanda for relevância”? Certamente é uma boa coisa que as obras das suas mãos durem para sempre, como ouro, prata e pedras preciosas, e não como madeira, feno e palha. É bom quando aquilo que você faz com a sua vida tenha realmente importância, e quando as suas obras seguem para a eternidade.  Vaidade, futilidade e insignificância apontam para a maldição que existe sobre nossa vida profissional – inclusive na meia-idade, não só ao aposentar ou morrer, ou no Dia do Julgamento. Entretanto, o verdadeiro evangelho inverte a ordem das coisas pressupostas pelo evangelho terapêutico.  
A ânsia por impacto e relevância – uma das típicas “paixões da juventude” que fervilha dentro de nós – é meramente idolatria quando isso opera como Diretor de Operações do coração humano. Deus não preenche a sua demanda por relevância; ele preenche a sua necessidade por misericórdia e libertação da sua obsessão por relevância pessoal. Quando você se volta da sua escravidão para Deus, então as suas obras começam a serem contadas como boas. O evangelho de Jesus e os frutos da fé não são desenhados para “satisfazer as suas vontades”. Ele liberta da tirania das demandas, refazendo você a temer a Deus e guardar os seus mandamentos (Eclesiastes 12.13). Dentro da divina ironia da graça, ela por si só torna de valor eterno aquilo que você faz com a sua vida.

3. “Demanda por autoestima, autoconfiança, e autoafirmação”? Adquirir um senso de confiança em sua identidade é um grande bem. A carta aos Efésios está cheia de várias dúzias de “declarações de identidade”, pois nelas o Espírito nos motiva à uma vida corajosa de fé e amor. Você é de Deus – dentre os santos, eleitos, filhos adotivos, filhos amados, cidadãos, escravos, soldados; parte de suas feituras, esposa e habitação – cada um desses em Cristo. Nenhum aspecto da sua identidade é autoreferencial, alimentando a sua “autoestima”. A sua opinião sobre si mesmo é muito menos importante do que a opinião de Deus sobre você, e uma autoavaliação precisa é derivada da avaliação de Deus. Uma verdadeira identidade tem Deus como referência. Uma verdadeira percepção sobre quem você é o aponta para uma alta estima a respeito de Cristo. Uma maior confiança em Cristo corresponde a um voto de plena ausência de confiança em e sobre si mesmo. Deus nunca substitui a timidez e bajulação por autoafirmação. Na verdade, afirmar as suas opiniões e demandas, tal qual são, fazem de você apenas um tolo. Ao se libertar da tirania de opiniões e desejos, você estará livre para avaliá-las precisamente e, então, expressá-las apropriadamente.

4. “Demanda por prazer”? De fato, o verdadeiro evangelho promete a experiência de infinita alegria, bebendo do seus rios de delícias (Salmo 36). Isso descreve a presença de Deus. Porém, como temos visto em cada caso, isso é chave para a reversão dos nossos impulsos instintivos, e não para a nossa satisfação. O caminho para a alegria é o caminho do sofrimento, perseverança, obediência nas mínimas coisas, disposição a se identificar com a miséria humana, disposição a descartar os seus persuasivos instintos e desejos. Eu não preciso ser entretido. Mas eu absolutamente PRECISO aprender a cultuar com todo o meu coração.

5. “Demanda por empolgação e aventura”? Participar do reino de Cristo é fazer parte da Maior História de Ação e Aventura Já Contada. Porém o paradoxo da redenção volta a virar o mundo de cabeça para baixo. A aventura real assume o caminho da fraqueza, luta, sofrimento, paciência e gentileza bem executadas nas mínimas oportunidades. A estrada para excelência em sabedoria não é nada glamorosa. Outras pessoas talvez tirem melhores férias e tenham um casamento mais emocionante do que o seu. O caminho de Jesus na verdade recebe mais pedras do que excitação. O seu reino talvez não guie os seus impulsos a buscar novos desafios e altas emoções, mas a uma “sólida alegria e duráveis tesouros que ninguém além dos filhos de Sião conhececem” 1.

Nós dizemos “sim”e “amém” para toda boa dádiva. Porém, priorize o prioritário. O evangelho terapêutico moderno, em suas múltiplas formas, satisfaz nossas vontades como são. Ele dá aquilo que queremos. Ele anula o culto ao Doador, cuja maior dádiva é a misericórdia em nosso favor ao invés daquilo que queremos por instinto, escolha, inculturação, e hábito. Ele nos chama ao arrependimento radical. Bob Dylan descreveu a alternativa terapêutica em um frase memorável: “Você acha que Ele é só um garoto de recados designado a satisfazer os seus desejos voláteis” 2. Coisas de segunda ordem são exaltadas como sujeitas ao Número Um.

Priorize o prioritário. Entenda o evangelho da encarnação, crucificação, ressureição e glória. Viva o evangelho do arrependimento, fé e transformação na imagem do Filho. Proclame o evangelho do Dia que se aproxima quando a vida eterna e morte eterna serão reveladas, o eminente Dia de Cristo.

Qual evangelho?

Qual evangelho você vai viver? Qual evangelho você vai pregar? Quais necessidades você vai trazer à tona e apresentar às pessoas? Qual Cristo será o Cristo do seu povo? Ele vai ser um “cristozinho” que vai massagear as suas demandas? Ou o Cristo que vira o mundo de cabeça para baixo e faz novas todas as coisas?

O Grande Inquisitor tinha o coração mole com respeito às demandas humanas – bastante empático com as coisas que todas as pessoas em todos os lugares buscam de todo o coração, bastante sensível à dificuldade de mudar as pessoas. No entante ele provou ser um monstro no final. Há uma frase em ministérios de misericórdia que diz assim: “Se você não atender as necessidades físicas das pessoas, não há compaixão. Porém, se você não der às pessoas o Cristo crucificado, ressurreto e que irá retornar, não há esperança”. Jesus alimentou pessoas famintas com pão, e ofereceu o seu corpo partido como o pão da vida eterna. É definitivamente cruel abandonar as pessoas em seus pecados, cativas em seus desejos instintivos, em desespero, debaixo de uma maldição. A ideia atual do evangelho terapêutico soa compassivo no primeiro momento. Mostra-se extremamente sensível aos pontos nos quais a dor e a decepção são mais acentuadas. Porém, no fim, é cruel e desprovida de Cristo. Ele não adota um autoconhecimento real. Não reescreve o roteiro do mundo. Não gera orações ou canções.

Nós não precisamos ser menos sensíveis, mas sim mais perspicazes. Jesus vira as demandas humanas de cabeça para baixo, gerando orações. Ele é a inefável Dádiva das dádivas, gerando canções. E ele concede todas as boas dádivas, tanto hoje como sempre. Que todo joelho se dobre e que tudo tem fôlego louve ao Senhor.

Tradução: Paulo Santos
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel

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Fonte:http://ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/865/O_Evangelho_Terapeutico