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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

4 dicas para revitalizar uma igreja

18.09.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 02.08.19
Por Alexander Stahlhoefer*


Revitalizar uma igreja não é uma questão de estética, mas de coração. Há que pense que revitalizar é passar uma tinta nova na fachada ou arrumar algumas coisas quebradas no templo. Porém você não precisa do templo mais bonito, luxuoso, confortável, acessível, hi-tech ou cult, para que sua igreja seja revitalizada. Revitalizar também não significa mudar alguns aspectos estéticos do culto. De nada vai adiantar ter o louvor mais contemporâneo ou o melhor pianista clássico na sua Igreja se o louvor não for coerente com o ensino bíblico e não fluir do coração da congregação reunida.
Revitalizar é em sua essência obra do Espirito Santo trazendo vida nova para dentro de uma congregação espiritualmente estagnada ou decadente. E talvez aqui você vá discordar de mim e dizer: “mas minha igreja não está morta para ter que ser revitalizada!”. Espero que realmente ela não esteja morta e se este for o seu caso, as dicas terão valor mesmo assim. Agora o meu ponto é que cada vez mais igrejas estão estagnadas. Nos Estados Unidos as pesquisas mostram que 80% das Igrejas estão estagnadas no crescimento numérico de membros. Talvez a realidade brasileira não seja a mesma, não temos os dados assim precisos. Porém percebemos que a estagnação espiritual, que tolhe o crescimento numérico, também acomete igrejas por aqui. Não nos enganemos com falas do tipo “crescimento numérico não prova nada, importa é a qualidade teológica”. Algumas congregações correm o risco de deixar de existir se não tomarem consciência da necessidade de deixarem o verdadeiro Evangelho da graça do nosso Senhor Jesus Cristo ser o centro das suas congregações, de modo que vidas sejam acrescentadas ao seu rol de membros, como lemos dos relatos de Atos dos Apóstolos.
Novamente eu imagino que alguns balancem a cabeça em negação e digam “mas eu sou fiel ao ensino bíblico e o evangelho que prego é puro”. Eu acredito em você, mas talvez você preciso se questionar sobre o que está acontecendo com a saúde da sua igreja. Se a fé vem pelo ouvir da Palavra (Rm 10.13-15) e esta palavra precisa ser exposta de forma compreensível e clara, ela precisa endereçar os ídolos, pecados e vícios dos nossos dias e precisa falar para o coração das pessoas. Por isto, eu acredito que muito mais igrejas necessitem de revitalização, para que consigam pregar o evangelho genuíno para dentro das culturas e corações brasileiros produzindo a verdadeira transformação interior que só a Palavra de Deus produz.
Mas atenção! Não estou aqui advogando que há um modelo perfeito de  ser igreja. Acompanho amigos pastores cujas igrejas cantam à capela e usam liturgia clássica, mas que pregam para a mente e o coração do homem pós-moderno (sem se render ou se vender à esta cosmovisão específica), outros que usam vestes litúrgicas e muitos elementos tradicionais, mas transitam no universo da cultura pop, sem com isso se render à midiatização do evangelho. Outros pastoreiam igrejas pintadas de preto, com muitas luzes, mas cantam hinos da reforma e pregam expositivamente a Bíblia toda. Revitalizar, como eu disse no começo, não é mudar a forma de fazer cultos, é deixar Deus mudar o coração da sua igreja por meio da sua Palavra.
Por isso a revitalização começa de dentro pra fora. Deixo algumas dicas que aprendi na caminhada própria e também vendo outros amigos.
1. Ore! Ore pela igreja em primeiro lugar. Ore também por cada membro individualmente. Ore por cada atividade. Ore pela cidade, pelo bairro, pelas ruas. Ed Stetzer recomenda que você faça caminhadas de oração, para conhecer o bairro, as pessoas e os motivos de oração da sua vizinhança ao mesmo tempo em que já caminha orando por elas. Confesso que muitas vezes fui relutante quanto à oração. Como ativista que sou, via o tempo de oração como um tempo que poderia ser melhor empregado com atividades. Então orava menos para “fazer” mais. O resultado foi que eu fiz menos e orei menos. Ou seja, colhi frustração. E aqui cabe um testemunho pessoal. Não foi uma só vez em que eu orei nome por nome do rol de membros e surpreendentemente alguém me ligou para abrir o coração, seja para se dispor na obra, ou para pedir ajuda com algo. Se você for ativista, como eu, deixo a dica: ore ao Senhor da obra, a maioria das coisas que você quer fazer, só Deus pode!
2. Pregue a Palavra toda. Não são as tua ideias que farão a diferença. Há quem acredite que tudo se resolverá com boas ideias. Igreja não é startup, embora você possa aprender muito com elas, pois a graça comum também se manifesta neste ambiente de alta criatividade. Mas não é sua criatividade que fará a Igreja ser renovada. Também não é o seu estilo de liderança que fará a diferença. Aprender a não ser autoritário ou relapso é importante e ajuda você a não jogar tudo fora. Mas não é um questão de estilo ou de atitudes de líder. Não é tua capacidade de oratória. Tudo isso pode ser útil. Mas é o agir do Espírito por meio da Palavra que convence as pessoas do que Deus quer fazer! Em minha experiência todas as mudanças positivas que ocorreram na igreja foram resultado da exposição da Palavra. Pessoas que precisavam se reconciliar foram convencidas na Palavra desta necessidade. Lideranças que esqueceram da importância unidade da Igreja para que pudéssemos avançar no testemunho e na missão, entenderam na Palavra que precisavam deixar de lado seus projetos individuais em favor do que a Igreja como um todo estava decidida a fazer. A Palavra é um divisor de águas, alguns não concordaram com ela e deixarão a comunidade. Só podemos lamentar as perdas no caminho, mas Palavra de Deus permanece e faz a sua obra.
3. Tenha paciência. As coisas não serão fáceis. Um amigo meu que também está revitalizando uma igreja costuma comparar a igreja a um navio. Se ela tiver uma estrutura muito pesada, muitas tradições, muitas lideranças fortes, ela é como um navio transatlântico que levará muito tempo para mudar de curso. Agora se sua igreja for menor, mais flexível e mais aberta à mudanças, ela está mais para um bote, que pode mudar de direção rapidamente. Porém, geralmente as mudanças não ocorrem do dia pra noite. Você precisa de tempo. E vai precisar saber esperar. Thom Rainer diz que você precisa ter paciência estratégica. Implemente uma mudança de cada vez. Veja os resultados das mudanças. Talvez você tenha que dar um passo para trás antes de dar dois ou três para frente. Revitalizar não é algo para quem tem pressa.
4. Celebre as vitórias. Não espere até você ter uma igreja com 400 membros para celebrar, pois pode ser que isso nem aconteça! Celebre cada novo convertido, cada batismo, cada líder que assume uma tarefa. Celebre com a Igreja e mostre que Deus está agindo no meio dela e por meio dela! Celebre no culto principal, pois ali é o lugar da assembléia da congregação, onde juntos vocês adoram a Deus. Cada vitória é testemunho do agir do Senhor e precisa ser motivo de gratidão e louvor a Deus. Celebre também em grupos menores ou individualmente, quando alguém que passou por lutas interiores tem conseguido dar passos rumo à maturidade. Além de você ensinar às pessoas a darem graças a Deus em todo tempo, estará mostrando à Igreja que o Senhor não cessa de fazer sua obra.

*Alexander Stahlhoefer, pastor na Missão Evangélica União Cristã em Concórdia/SC desde 2018. Anteriormente pastoreou em Timbó/SC (2009-2012) e foi pregador em diversas igrejas na região de Nürnberg, Alemanha (2012-2017). Doutorando em Teologia pela Universidade de Erlangen, Alemanha.
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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Assembleia de Deus Ebenézer/PE: Culto de gratidão a Deus pelo aniversário do pastor Irineu Messias

09.09.2019


A Assembleia de Deus Ebenézer em Pernambuco, presidida pelo pastor José Lins, realizou no sábado, 07 de setembro, culto de gratidão a Deus, pelo aniversário do pastor Irineu Messias de Araújo. O culto ocorreu simultaneamente a celebração da Santa Ceia do Senhor. Pastor Irineu Messias, faz parte da Diretoria da Igreja e dirige a congregação de Jardim Brasil V, no bairro de Aguazinha, em Olinda,Pernambuco.

Pastor José Lins, presidente da Assembleia de Deus Ebenézer em Pernambuco

Presidiram a cerimônia da Santa Ceia e culto festivo, os  pastores José Lins Ramos, presidente e o vice-presidente Robenildo Lins Ramos. Participaram do evento, evangelistas, presbíteros,diáconos e auxiliares de trabalhos além de outras lideranças dos vários trabalhos da Igreja, na cidade de Olinda, Paulista e Abreu e Lima.

Pastor Robenildo Lins, vice-presidente da Ebenézer, durante a ministração da Santa Ceia do Senhor,celebrada também no dia 07 de setembro.

O reverendo Irineu Messias, acompanhado de sua esposa, a missionária Tânia Passos Araujo, estavam bastante emocionados e felizes pelas bênçãos de Deus pelo enorme carinho de toda Igreja Ebenézer

Evangelista Erivan Verçoza.
Evangelista Leonildo, dirigente da congregação em Maranguape 2, em Paulista/PE.

Evangelista Teófilo, Dirigente da Congregação em Jardim Atlântico, em Olinda /PE


Presbítero Júnior, da Congregação em Caetés II, em Abreu e Lima, foi preletor da noite.

Evangelista Jessé, da Congregação em Caetés II, Abreu Lima.

Evangelista Almir, do templo-sede, em Olinda

Missionária Tânia Araujo, esposa do pastor Irineu Messias


Pastor Irineu Messias, agradecendo a Deus  por mais um ano de vida. Agradeceu também a todo Ministério Ebenézer pela homenagem.
O reverendo Messias, agradece o grande apoio de sua esposa, Mss. Tânia  ao seu ministério na Congregação de Brasil 5, Aguazinha, em Olinda.


Missionária Edileusa Ramos, esposa do pastor-presidente, José Lins Ramos.

Pastor Robenildo Lins, vice-presidente da Ebenézer.

Pastor José Lins Ramos, presidente da Ebenézer.


O casal Araujo recebendo a oração do Ministério e de toda a Igreja.








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4 Benefícios da Teologia Sistemática!

09.09.2019
Do blog INSTITUTO DE TEOLOGIA LOGOS

4 Benefícios da Teologia Sistemática!

Antes de entender os reais benefícios da Teologia Sistemática que são essenciais para todo cristão, precisamos primeiro entender o que é.

A Teologia Sistemática se baseia nos resultados da Teologia Bíblica, que busca compreender o desdobramento do plano de Deus desde o Gênesis até o Apocalipse.

Começando com a Escritura como a Palavra de Deus escrita por autores humanos – nossa autoridade final para o que pensamos sobre Deus, nós mesmos e o mundo – a Teologia Bíblica procura “unir” todo o cânon de uma maneira que seja fiel à intenção de Deus.

A Teologia Sistemática então aplica as verdades adquiridas na Teologia Bíblica a todos os aspectos de nossas vidas. Isso leva à formulação doutrinal – em que devemos acreditar e como devemos viver – garantida pelo cânon e feita à luz da Teologia Histórica.

Deste modo, a Teologia Sistemática constrói uma visão de mundo bem pensada que permite à igreja corretamente “pensar os pensamentos de Deus depois dele” e colocar a verdade bíblica em oposição à visão de mundo. O objetivo da Teologia Sistemática é “levar cativo todo pensamento a Cristo” (2 Co 10: 1-5) para o nosso bem, para a vida e a saúde da igreja e, mais significativamente, para a glória de Deus.

Então, aqui estão quatro coisas muito importantes para o Cristão, mas que não podem ser feitas sem a Teologia Sistemática.

Benefício 1 – Conhecer Deus

A Teologia Sistemática é necessária para conhecer a Deus corretamente como o Deus trino da aliança do Criador (e nada é mais importante que isso!). É verdade que Deus se revelou na criação, e nós o conhecemos pelo que ele fez. Mas Deus não nos criou para conhecê-lo apenas apartir de um estudo sobre a criação. Ele nos falou em palavras através dos profetas e, finalmente, através de nosso Senhor Jesus e suas palavras inspiradas através de seus apóstolos.

Sendo assim, para conhecer verdadeiramente a Deus, devemos conhecer não apenas toda a Escritura, mas também como “unir” (por sistematização teológica) tudo o que a Escritura ensina.

Por exemplo, pense na doutrina da Trindade. Esta doutrina é fiel às Escrituras, mas é também o resultado de uma reflexão cuidadosa sobre tudo o que a Escritura ensina sobre a unidade de Deus como Deus e trindade como Pai, Filho e Espírito.

A Trindade não é encontrada em um verso ou capítulo, mas na totalidade das Escrituras. E a Teologia Sistemática é quem nos permite conhecer sobre Deus de forma correta.

Pense, por exemplo, no relacionamento divino de soberania e liberdade humana. É necessária uma reflexão teológica cuidadosa sobre o cânon inteiro, a fim de acertar essa verdade, que é muito importante em nossas vidas diárias.

Sem a Teologia (ou que seja, reflexão teológica), nossa compreensão de quem é Deus e até mesmo nossa confiança nele neste mundo caído será menor do que deveria ser.

Benefício 2 – Conhecer a Nós Mesmos

A Teologia Sistemática também é necessária para saber quem somos como portadores da imagem de Deus e o que Deus requer de seu povo.

A Teologia nos diz que a história da Bíblia é dividida nas categorias de criação, queda, redenção e nova criação.

Quando nos perguntamos quem somos, automaticamente, nos perguntamos qual o propósito de Deus em nós, como o pecado nos afetou e o que Cristo realizou para nossa redenção e glorificação final. Se não nos vemos assim, não conseguiremos entender uma cosmovisão verdadeiramente cristã.

Além disso, a Teologia é necessária para dar sentido ao que Deus requer de nós hoje, pois não podemos aplicar as Escrituras aleatoriamente em nossas vidas sem interpretá-las à luz da vida de Cristo.

Assim, devemos discernir o que se aplica a nós e o que não se aplica, apartir de uma reflexão teológica sobre todo o cânon bíblico, pois foi nas Escrituras que Deus revelou seu plano ao longo do tempo para nós.

Desta forma, a Teologia Sistemática deve ser entendida sob a ótica da Teologia Bíblica, pois precisamos compreender a Bíblia de forma organizada.

A Teologia Sistemática afeta nossas vidas ajudando-nos a aplicar corretamente a Escritura em nossa vida como o novo povo da aliança de Deus.

Benefício 3 – Ser a Igreja Verdadeira

A Teologia Sistemática também é necessária para cumprir nossa missão como igreja, proclamando o evangelho às nações (Mt 28: 18-20). Mas o que está envolvido nesta proclamação?

1. Proclamar de forma correta Jesus Cristo, como Senhor.

Afinal, quem é Jesus? No ensino das Escrituras e da igreja, ele é Deus, o Filho encarnado. Mas o que isso significa? Como entendemos o fato de que Jesus é o Filho da eternidade que é totalmente Deus e totalmente homem? A Teologia Sistemática é necessária para proclamar quem é Jesus como o único Senhor verdadeiro.

2. Proclamar a salvação em Jesus Cristo.

O que a cruz dele conseguiu? O que significa dizer que Jesus morreu “pelos nossos pecados” (1 Coríntios 15: 1-3)? A Teologia é necessária para proclamar Cristo corretamente às nações.

O ponto importante aqui é: para a igreja proclamar o evangelho cada cristão precisa atentar para a Teologia Sistemática.

Benefício 4 – Defender a Fé Cristã

Finalmente, a Teologia Sistemática é necessária para defender a fé uma vez entregue aos santos (Judas 3). Mas defender a fé pressupõe certo conteúdo para a fé – que está ligado à Teologia Sistemática. Além disso, pressupõe que conhecemos a verdade como uma cosmovisão inteira contra os erros do mundo.

A defesa da fé cristã, está ligada ao estudo e compreensão da Teologia Sistemática (Tito 1:9; 1 Pedro 3:15-16).

Todo mundo tem uma Teologia Sistemática, quer reconheçam ou não. E essa teologia afeta suas vidas para o bem ou para o mal.

O estudo da Teologia Sistemática é fundamental, pois nos permite viver fielmente diante de Deus e capacitados para proclamar a verdade do Evangelho.

Sua alegria obstinada derrubou a escravidão (William Wilberforce)

09.09.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 20.06.19
Por John Piper

Sua-alegria-obstinada-derrubou-a-escravidão-(William-Wilberforce)

Contra grandes obstáculos, William Wilberforce, um membro evangélico do Parlamento, lutou pela abolição do comércio de escravos africanos e contra a escravidão em si até que ambos fossem ilegais no Império Britânico.
A batalha consumiu quase quarenta e seis anos de sua vida (de 1787 a 1833). As derrotas e retrocessos ao longo do caminho teriam levado um político comum a abraçar uma causa mais popular. Embora nunca tenha perdido uma eleição parlamentar dos vinte e um aos setenta e quatro anos, a causa da abolição do tráfico de escravos foi derrotada onze vezes antes de sua aprovação em 1807. E a batalha pela abolição da escravidão não obteve a vitória decisiva até três dias antes dele morrer em 1833. Quais eram as raízes da perseverança deste homem na causa da justiça pública?

POLÍTICO AMANTE DE FESTAS

Wilberforce nasceu em 24 de agosto de 1759, em Hull, na Inglaterra. Quando criança ele admirava George Whitefield, John Wesley e John Newton. Mas logo ele deixou toda a influência dos evangélicos para trás. A respeito de seus últimos anos de escola, ele disse: “Eu não realizei nada”. Esse estilo de vida continuou ao longo de seus anos no St. John’s College, em Cambridge. Ele pode viver da riqueza de seus pais e sobreviver com pouco trabalho. Perdeu qualquer interesse pela religião bíblica e amava circular entre a elite social.
Por diversão, Wilberforce disputou um assento na Câmara dos Comuns de sua cidade natal, Hull, em 1780, quando ele tinha vinte e um anos. Ele gastou £ 8.000 (mais ou menos 38 mil reais) na eleição. O dinheiro e seu incrível talento para falar triunfaram sobre seus oponentes. Wilberforce começou sua carreira política de cinquenta anos como um incrédulo de classe alta que amava festas que iam até tarde da noite.

“A GRANDE MUDANÇA”

Nas longas férias em que o Parlamento não estava em sessão, Wilberforce às vezes viajava com amigos ou familiares. No inverno de 1784, aos vinte e cinco anos, por impulso, convidou Isaac Milner, ex-professor, e amigo da escola de gramática – que agora era professor particular no Queens College, em Cambridge – para ir com ele, sua mãe e irmã à Riviera Francesa. Para sua surpresa, Milner havia se tornado um cristão convicto, sem nenhum dos estereótipos que Wilberforce concebera contra os evangélicos. Eles conversaram por horas sobre a fé cristã.
No verão seguinte, Wilberforce viajou novamente com Milner e eles discutiram o Novo Testamento grego por horas. Lentamente, seu “assentimento intelectual tornou-se uma profunda convicção” (William Wilberforce, p. 37). Uma das primeiras manifestações do que ele chamou de “a grande mudança” – a conversão – foi o desprezo que sentia por sua riqueza e pelo luxo em que vivia, especialmente nessas viagens entre as sessões parlamentares. Ao que parece, sementes foram plantadas, quase imediatamente, no início de sua vida cristã, do que viria a ser sua paixão posterior em ajudar os pobres e transformar todas as suas riquezas herdadas e sua posição naturalmente alta em um meio de abençoar os oprimidos.

ESCRAVIDÃO E COSTUMES

Um ano após sua conversão, o aparente chamado de Deus em sua vida tornou-se claro para ele. Em 28 de outubro de 1787, ele escreveu em seu diário: “O Deus Todo-Poderoso colocou diante de mim dois grandes objetivos, a supressão do tráfico de escravos e a reforma dos costumes [a moral]” (The Life of William Wilberforce, p. 69).
Logo depois do Natal de 1787, alguns dias antes do recesso parlamentar, Wilberforce notificou na Câmara dos Comuns que no início da nova sessão ele apresentaria uma moção para a abolição do tráfico de escravos. Levaria vinte anos até que ele pudesse levar a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes a colocar a abolição como lei. Mas quanto mais ele estudava o assunto e quanto mais ele ouvia falar das atrocidades, mais decidido ele se tornava.
Em maio de 1789, ele falou à Câmara sobre como ele chegou à sua convicção: “Confesso a vocês, tão enorme, tão terrível, tão irremediável é a maldade desse comércio que minha mente ficou inteiramente tomada em favor da abolição….sem importar as consequências, a partir desse momento estou determinado a não descansar até efetivar essa abolição”.  (The Life of William Wilberforce, p. 56).

283 AYES

Claro, a oposição que durou vinte anos foi por causa dos benefícios financeiros da escravidão para os comerciantes e para a economia britânica. Eles não podiam conceber qualquer outra forma de produzir sem trabalho escravo. Isso significa que a vida de Wilberforce foi ameaçada mais de uma vez. Mesmo não sofrendo dano físico, houve a dolorosa perda de amigos. Alguns simplesmente não discutiam mais com ele e se mantinham alienados. Depois houve a enorme pressão política para recuar por causa dos desdobramentos políticos internacionais. Esses tipos de argumentos financeiros e políticos mantiveram o Parlamento cativo por décadas.
Mas a vitória veio em 1807. A visão moral e o impulso político para a abolição finalmente se tornaram irresistíveis. A certa altura, “praticamente toda a casa levantou-se e virou-se para Wilberforce em uma explosão de aplausos parlamentares. De repente, acima do rugido de “ouçam, ouçam” e completamente fora de ordem, três “hurras” ecoaram enquanto ele permanecia sentado, a cabeça baixa, lágrimas escorrendo pelo rosto” (The Life of William Wilberforce, p. 211).
Às quatro horas da manhã de 24 de fevereiro de 1807, a casa se dividiu – 283 Ayes (sim), 16 Noes (não). Maioria de 267 votos pela abolição do tráfico. E em 25 de março de 1807, o assentimento real foi declarado. Um dos amigos de Wilberforce escreveu: “[Wilberforce] atribui isso à interposição imediata da Providência. Naquela hora da madrugada, Wilberforce procurou seu melhor amigo e colega, Henry Thornton, e disse: “Bem, Henry, o que aboliremos em seguida”? (The Life of William Wilberforce, p. 212).

NUNCA EM SILÊNCIO

Claro que a batalha não acabou. E Wilberforce lutou até a sua morte vinte e seis anos depois, em 1833. A implementação da lei da abolição não somente era controversa e difícil, como tudo o que ela fez foi abolir o tráfico de escravos, não a escravidão em si. E essa se tornou a próxima grande causa.
Em 1821 Wilberforce recrutou Thomas Fowell Buxton para continuar a luta, mas mesmo à margem, envelhecido e frágil, ele o apoiava. Três meses antes de sua morte, em 1833, Wilberforce foi persuadido a propor uma última petição contra a escravidão. “Eu nunca pensei em vir a público novamente, mas nunca se dirá que William Wilberforce se manteve em silêncio enquanto os escravos precisavam de sua ajuda” (William Wilberforce, p. 90).
O voto decisivo da vitória veio em 26 de julho de 1833, apenas três dias antes de Wilberforce falecer. A escravidão em si foi proibida nas colônias britânicas. “É um fato singular”, disse Buxton, “que na mesma noite em que fomos bem-sucedidos na Câmara dos Comuns, aprovando a cláusula do Ato de Emancipação – uma das cláusulas mais importantes já promulgadas. . . o espírito do nosso amigo deixou o mundo. O dia do encerramento de seus trabalhos foi o dia do término de sua vida”. (William Wilberforce,p.  91).

FELIZ COMO UMA CRIANÇA

O que fez Wilberforce agir? O que o fez perseverar na causa da justiça pública através de décadas de fracasso, difamação e ameaças?
É claro que devemos prestar o devido respeito ao poder do companheirismo na causa da justiça. Muitas pessoas associam o nome de Wilberforce ao termo “Clapham Sect”. O grupo a que esse termo se refere foi “rotulado” como ‘os santos’ por seus contemporâneos no Parlamento – proferido por alguns com desprezo, enquanto por outros com profunda admiração” (Character Counts, p. 72). Juntos, eles realizaram mais do que qualquer um poderia ter feito por conta própria. “William Wilberforce é a prova de que um homem pode mudar seus tempos, embora não possa fazê-lo sozinho”. (William Wilberforce, p. 88).
Mas há uma raiz mais profunda da resistência de Wilberforce do que apenas companheirismo. É a raiz da alegria da abnegação em Cristo. Os testemunhos e evidências disso na vida de abnegação de Wilberforce são muitos. Uma certa srta. Sullivan escreveu a um amigo sobre Wilberforce por volta de 1815: “Pelo tom de sua voz e expressão de seu semblante, ele mostrou que a alegria era a característica predominante de sua própria mente, alegria vinda da integridade da confiança nos méritos do Salvador e amor a Deus e ao homem. . .. Sua alegria era bastante penetrante”. (William Wilberforce, p. 87).
Outro de seus contemporâneos, James Stephen, relembrou após a morte de Wilberforce: “Era divertido e interessado por tudo, tudo o que ele dizia se tornava divertido ou interessante. . .. Sua presença era tão fatal para a estupidez quanto para a imoralidade. Sua alegria era tão irresistível quanto o primeiro riso da infância”. (William Wilberforce, p. 185).
Aqui está uma grande chave para sua perseverança e eficácia. Sua presença era “fatal para o torpor. . . [e] imoralidade”. Em outras palavras, sua alegria indomável levou outros a serem felizes e bons. Ele observou em seu livro A Practical View of Christianity: “O caminho da virtude é também de real interesse e de sólido prazer” (p. 12). Em outras palavras, “é mais abençoado dar do que receber” (At 20. 35). Ele sustentou-se e influenciou outros pela sua alegria. Se um homem pode roubar sua alegria, ele pode roubar sua utilidade. A alegria de Wilberforce era indomável e, portanto, ele foi um cristão e político convincente durante toda a sua vida. Essa foi a forte raiz de sua resistência.

DOUTRINAS PECULIARES, VERDADES GIGANTESCAS

Se a sua alegria quase infantil, indomável e abnegada era a raiz vital para a sua persistência na luta pela abolição ao longo da vida, o que, poderíamos perguntar, seria a raiz da raiz? Ou qual era a terra firme onde essa raiz estava plantada?
O principal foco do livro de Wilberforce, A Practical View of Christianity, é mostrar que o verdadeiro cristianismo, que consiste em novas e indomáveis ​​afeições espirituais por Cristo, está enraizado nas grandes doutrinas da Bíblia sobre pecado, Cristo e fé. “Portanto, aquele que quer crescer e abundar nesses princípios cristãos, esteja muito familiarizado com as grandes doutrinas do Evangelho” (p. 170).“Da negligência dessas doutrinas peculiares surgem os principais erros práticos da maioria dos professos cristãos. Essas verdades gigantescas mantidas em vista envergonhariam a pequenez de sua moralidade anã. . .. Toda a superestrutura da moral cristã é fundamentada em suas bases profundas e amplas”. (p. 166-167).
Há uma “perfeita harmonia entre as principais doutrinas e os preceitos práticos do cristianismo”. E, portanto, é um “hábito fatal” – tão comum naqueles dias quanto nos nossos – “considerar a moral cristã distinta das doutrinas cristãs” (p. 198).

CRISTO NOSSA JUSTIÇA

Mais especificamente, é a conquista de Deus através da morte de Cristo que está no centro dessas “verdades gigantescas”, levando à reforma pessoal e política da moral. A alegria indomável que leva à vitória nos tempos de tentação e provação está enraizada na cruz de Cristo. Se quisermos lutar pela alegria e perseverar até o fim em nossa luta contra o pecado, devemos conhecer e abraçar o pleno significado da cruz.
Desde o início de sua vida cristã, em 1785, até sua morte, em 1833, Wilberforce viveu “das grandes doutrinas do evangelho”, especialmente a doutrina da justificação pela fé somente baseada no sangue e na justiça de Jesus Cristo. Esse é o lugar onde ele alimentou sua alegria. Por causa dessas verdades, “quando tudo à sua volta era escuro e tempestuoso, ele pode levantar os olhos para o Céu, radiante de esperança e com gratidão” (Uma Visão Prática do Cristianismo, p. 173). A alegria do Senhor se tornou sua força (Neemias 8.10). E nessa força ele insistiu na causa da abolição do tráfico de escravos até que ele tivesse a vitória.
Portanto, em todo o nosso zelo hoje pela harmonia racial, ou pela santidade da vida humana, ou pela construção de uma cultura moral, não nos esqueçamos destas lições: Nunca minimize o lugar central da doutrina alicerçada em Deus e exaltadora de Cristo. Trabalhar para ser indomavelmente alegre em tudo o que Deus é para nós em Cristo, confiando em sua grande obra consumada. E nunca seja ocioso em fazer o bem – para que os homens possam ver nossas boas ações e dar glória ao nosso Pai que está no céu (Mateus 5.16).
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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

5 razões pelas quais adolescentes precisam de teologia

05.09.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO,03.09.19 
Por Jaquelle Crowe


O mundo pode ser muito confuso para os adolescentes. Estamos crescendo em um contexto de mudança moral, em que os desafios mais urgentes e os críticos culturais em destaque estão sempre mudando e em conflito. Nós vemos escândalos, terrorismo, Trump, nova ética sexual e intensas tenções raciais. Então, pensamos: o que devo pensar sobre tudo isso?
A sociedade secular dá suas respostas, que nunca são compatíveis com cosmovisão cristã.
Eu vejo uma melhor ferramenta para encontrar respostas para as perguntas dos cristãos adolescentes, como eu: teologia.

Por que teologia para adolescentes?

Tenho certeza que você sabe o que teologia é. Mas, às vezes, as pessoas têm visões obscurecidas de algumas palavras por causa de experiências passadas. Quero que saiba que estou falando da mais simples definição de teologia: o estudo sobre Deus.
Como seguidora de Jesus, eu acredito que estudar o caráter de Deus é o que os adolescentes precisam para encararmos nosso terrível e complicado mundo.  Isso é o que nos dará esperança para lidarmos com nosso futuro, tendo um firme comprometimento com a verdade de Deus.
Deixe-me explicar como a teologia responde nossas grandes questões e vai ao encontro de nossas maiores necessidades. Claro, isso será apenas um breve começo, mas já é o primeiro passo.

1. Estudar a justiça de Deus nos equipa para fazermos o que é certo

Na Palavra de Deus, nós descobrimos que Deus odeia o mal (Zacarias 8.16-17) e ama a verdade. Ele se importa com os oprimidos e desamparados. Ele valoriza todas as vidas.
Saber do caráter de Deus dá aos adolescentes a direção de como fazer justiça também. Faz com que nós lutemos pelos oprimidos e sem voz, e falemos contra a injustiça que vemos. Mostra a importância de nos colocarmos sob as autoridades levantadas por Deus – nossos pais, pastores, professores e governantes. E isso alimenta nossa obediência à palavra de Deus, como padrão último de justiça.

2. Estudar o amor de Deus nos dá a base para nossos relacionamentos

Deus ama seu povo incondicionalmente (Neemias 1.5; João 16.27). Ele não demonstra favoritismo, e seu amor nunca é egoísta. Nem pode ser parado e não se esgota, pois ele é imerecido.
Conhecer o caráter de Deus compele os adolescentes a amarem ao próximo, por causa do amor de Deus por nós. Ele nos compele a amarmos aqueles que são difíceis de serem amados – desde o Estado Islâmico aos que fazem bullying na escola -, mesmo que odiando o pecado. Ele nos compele a lutar contra o racismo, sexismo e outros “ismos” que minam o valor inerente de todos os seres humanos. Ele nos compele a termos compaixão e misericórdia.

3. Estudar a santidade de Deus revela quem nós somos e qual é o nosso propósito

Uma vez que Ele é supremamente perfeito e totalmente separado de nós (2 Samuel 22.31), Deus odeia o pecado (Amós 6.8). Agarrar a beleza de sua santidade, ajuda os adolescentes entenderem o nosso próprio pecado e a necessidade de estarmos constantemente lutando contra ele. Dá-nos uma perspectiva mais bíblica e realista do mundo. Ela nos leva a nos arrependermos de nossos pecados e procurarmos prestarmos conta aos mais velhos e mais sábios. Ela também demonstra para nós como buscar ativamente a santidade – nas mídias sociais, na escola, no trabalho, com os pais e amigos e em todas as esferas da vida.

4. Estudar a soberania de Deus nos dá a resposta em meio à confusão cultural

Deus não é caótico, caprichoso e imprevisível; ele está no perfeito controle do universo (Atos 2.23). Saber dos atributos de Deus, faz com que os adolescentes não cresçam desanimados com o mundo. Quando a política parece sem esperança, quando os terroristas atacam ou quando tiramos uma nota injusta, nós adolescentes podemos nos contentar nessas circunstâncias, pois Deus reina. Quando perguntamos “Por que isso está acontecendo comigo?” ou “Será que Deus se importa com minha vida?”, sua soberania é a nossa resposta. C.S. Lewis explicou bem isso:
“Agora eu sei, Senhor, porque não me respondes. És a própria resposta. Perante tua face, as dúvidas desaparecem. Haveria outra resposta que satisfizesse?”

5. Estudar a bondade de Deus nos conforta quando sofremos

Deus não é mal. Ele não é um estraga prazeres, brincando com nossas vidas, como em um cruel jogo de tabuleiro (Marcos 10.18). Ele é completamente bom, totalmente amável, e, sempre, faz o que é certo e o que é melhor para nós.
Conhecer o caráter de Deus dá aos adolescentes uma rocha firme para a fé, durante o sofrimento. Adolescentes podem ter paz sobre o futuro incerto. Podemos ter certeza da nossa salvação e combater as pressões que as dúvidas trazem. Podemos confiar em Deus em nossas confusões, problemas e falhas com uma segurança inabalável de sua bondade.

Ensina-nos o que precisamos

Eu tenho 18 anos. Estudei e fui ensinada sobre teologia durante toda a minha vida. Isso me forneceu algumas coisas: um rico relacionamento com Deus; um relacionamento mais forte e submisso com meus pais; um discernimento maior nos relacionamentos com meus amigos; uma abordagem mais edificante às mídias sociais; um desejo zeloso em fazer meu melhor na escola; uma cosmovisão bíblica; uma maior visão sobre o meu futuro; uma maior paixão por seguir a Deus, custe o que custar.
Eu quero essa vida para todos os adolescentes, e eu acredito que você também. Então, pais, pastores, líderes de mocidade, membros da igreja, por favor, ensinem teologia para nós. Mais do que qualquer coisa, nós precisamos conhecer a Deus. Ele é a resposta para as nossas dúvidas, a solução para nossos problemas, o único que merece nossa adoração e confiança.
Nós precisamos dele, o que significa que precisamos ser ensinados sobre ele.
O que significa que precisamos de teologia.
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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

A nova crise urbana: quando o “Trickling Down” não funciona

18.04.2019
Do portal VOLTEMOS AO EVANGELHO, 
Por Mez McConnell*

Este post é o segundo de uma  uma análise em três partes do livro de Richard Florida, “The New Urban Crisis: Gentrification, Housing Bubbles, Growing Inequality and What We Can Do About It” (A Nova Crise Urbana: Gentrificação, Bolhas da Moradia, Desigualdade Crescente e o Que Podemos Fazer Sobre Isso).

A última vez discutimos a gentrificação em termos gerais. Como parece que isso é feito em Edimburgo? Aqui está o que observei acontecendo em nossa comunidade à medida que a gentrificação se desenvolvia (e continua a fazê-lo).

Os nomes das ruas históricas estão sendo alterados para colocar a área à venda para novos compradores ricos. Por exemplo, a área ao lado de Niddrie sempre foi conhecida como “Greendykes” e é famosa por conter os blocos de apartamentos onde os dois filmes “Trainspotting” foram filmados. Toda a área foi demolida e agora foi renomeada como “Greenacres”, na tentativa de atrair compradores de famílias mais abastadas e compradores que estão fazendo sua primeira compra. A mesma coisa está acontecendo em Londres, com os planejadores da autoridade local usando a palavra “propriedades” em desuso e chamando-as de “vizinhança”.

Os blocos de apartamentos locais receberam uma reforma completa em preparação para a construção de novas moradias e casas ao lado deles.

As casas foram compradas e vendidas para construtores e corretores com a promessa de que uma certa porcentagem de residentes desapropriados poderia voltar atrás. Isso raramente acontece, se é que acontece. Em vez disso, muitas das casas estão indo para imigrantes, o que está causando tensão racial.

Os preços dos imóveis subiram vertiginosamente, então é praticamente impossível comprar no mercado imobiliário se você trabalha em uma indústria de serviços ou é da classe trabalhadora mais humilde (como definido por Flórida).

Os aluguéis também são astronomicamente altos com o mesmo efeito.

O fato do custo de vida no centro da cidade de Edimburgo ser tão alto, aliado a uma escassez crônica de moradia, significa que a autoridade local está valorizando nosso conjunto habitacional em um esforço para tentar fazer com que a classe média mais educada compre propriedades aqui. Eles construíram uma biblioteca de última geração (um sinal claro de gentrificação, segundo Flórida), um shopping center, supermercados e novas escolas. “A realidade é que as coisas são melhores para aqueles que podem pagar”. Note que nenhuma dessas coisas estava disponível para a população nativa até que os mais abastados precisassem de um lugar mais acessível para viver. Na próxima década (talvez muito em breve), Niddrie não será mais um conjunto habitacional para pessoas carentes e a maioria da população nativa terá mudado para outros conjuntos habitacionais ou terá sido forçada a se mudar para locais como a região de Fife, onde os preços das casas e aluguéis são muito mais baratos. A nova classe média entrante não saberá nada da história tradicional da área e dos antigos nomes de casas e ruas. Nem se importarão. Eles apenas vão invadir a comunidade e a classe dominante acabará dominando. O tempo todo tendemos a ser gratos porque essas políticas melhoraram as coisas. A realidade, porém, é que eles fizeram as coisas melhores para aqueles que podem pagar. Aqueles que não podem serão deixados de lado e, para a maioria, nem todos, suas vidas não terão realmente melhorado.

Uma coisa que Flórida certamente prega no livro é a divisão de classes no Reino Unido. Quero me deter aqui por um momento, porque de vez em quando estou enfrentando os evangélicos da cultura majoritária (de classe média) que pensam que estou inventando isso ou que estou causando divisões por sequer mencioná-lo. No entanto, esse sujeito americano vê isso claro como dia. Há uma divisão de classes neste país que está crescendo e tem crescido, década após década. Mais uma vez, grande parte da igreja evangélica de classe média ignora isso. No entanto, aqui estamos nós como cristãos operários da classe trabalhadora (e também desempregados) perguntando onde todas as igrejas boas e teologicamente sólidas estão em nossas comunidades. Onde estão nossos líderes representados no cristianismo do Reino Unido? Algumas igrejas apontarão a diversidade étnica como prova de que estão sendo inclusivas, mas a presença de algumas pessoas de pele escura em nossas igrejas não nega a questão de uma divisão de classe em nosso país e em nossas igrejas.

O problema, como observei nos últimos dezoito anos, é que grande parte do movimento de plantação e revitalização de igrejas (em todo o mundo) seguiu tendências sociológicas e econômicas globais, e não a Bíblia. De fato, muito disso imita a gentrificação. Deixe-me explicar o que quero dizer. A gentrificação pressupõe uma abordagem de cima para baixo à habitação e à política social (pelo menos no Reino Unido – mas isto é geralmente verdade em todo o mundo). Ao melhorar uma área geográfica em termos de habitação e serviços, a ideia é que a população nativa pobre se beneficiará por consequência. É chamado de “efeito trickle-down”. A realidade é que, embora haja melhorias em muitas dessas comunidades, os mais pobres continuam pobres e são expulsos de suas casas e comunidades. Os problemas não são resolvidos, eles são apenas movidos.

Igualmente, há alguns líderes da igreja no Reino Unido, na verdade no mundo, que continuam a sustentar que o nosso evangelismo e esforços missionários devem ser concentrados nos líderes, políticos, artistas e formadores de cultura nas nossas sociedades. Em outras palavras, vamos direcionar nossas finanças e estratégias para a classe superior e criativa. Isso, eles afirmam, terá um efeito trickle-down quando se trata de alcançar os pobres. Alguns chamam de “plantio a montante”. Em outras palavras, vamos plantar igrejas em comunidades financeiramente ricas e, no futuro, podemos financiar o trabalho em áreas mais pobres. Com o dinheiro e a influência. Segundo o raciocínio, podemos ter mais resultado em plantar uma dessas igrejas “financiadoras” do que em cinco igrejas mais pobres que drenam os recursos. Soa bastante lógico. Até parece viável. Exceto que não funciona, e se os líderes que defendem essa abordagem não sabem, então eles deveriam saber. A realidade nos círculos da igreja é a mesma da realidade na gentrificação.

Não há efeito trickle-down. Alguém recentemente me desafiou a respeito disso e disse que havia, mais do que nunca, igrejas evangélicas em comunidades ricas desenvolvendo ministério de misericórdia, então como eu poderia fazer essas afirmações? Minha resposta é que grande parte do ministério de misericórdia que está sendo realizado pelas igrejas mais ricas e de classe média em nossas comunidades pode ser tudo menos isso. Clique aqui para um post anterior, onde eu considero isso em mais detalhes (em Inglês).

O fato é que as “igrejas a montante” não estão realmente financiando o plantio de igrejas e o ministério de revitalização no Reino Unido. Pode haver aqueles que ajudaram algum trabalho isolado ou talvez até plantaram uma ou duas igrejas (algo raro se estiver acontecendo). Mas nada como a escala que é necessária para mudar as coisas em nosso país. Igrejas a montante com orçamentos a montante financiam projetos de construção a montante antes de financiar cristãos a jusante para plantar igrejas em comunidades habitacionais carentes e bairros de moradias sociais. Essa é a realidade. O 20schemes é quase inteiramente apoiado por indivíduos cristãos e pequenas igrejas (50-100 membros) fora do Reino Unido e não por igrejas ricas a montante. Temos alguns exemplos de grandes igrejas que regularmente nos apoiam financeiramente, uma no Reino Unido e outra nos EUA. Algumas igrejas nos deram presentes únicos, mas nada que chegue perto de financiar esse tipo de ministério por um longo período de tempo.

Eu posso lhe dizer que nenhum de nossos plantadores de igrejas independentes jamais teve sucesso em um pedido de subsídio de uma organização evangélica no Reino Unido. Isso mudou recentemente quando recebemos uma grande concessão da FIEC para reformar um prédio da igreja em uma comunidade em Edimburgo. Também nos beneficiamos enormemente da generosidade da HeartCry, uma organização missionária nos EUA que financia nosso trabalho em Glasgow. Mas, além de nossos dois irmãos presbiterianos (suas denominações cuidam deles), a maioria dos plantadores de igrejas luta para levantar dinheiro para seus salários. Em resumo, não conheço um plantador de igrejas que trabalhe nas comunidades habitacionais carentes e bairros de moradias sociais e que tenha sido ajudado por esse modelo de fluxo reduzido no nível da igreja local. Irmãos em comunidades e bairros de moradias sociais estão lutando por dinheiro e voluntários dispostos a se mudar e ajudá-los a formar equipes. Igrejas maiores podem até doar alguns quilos de alimento de vez em quando, mas nada como o que é necessário para financiar um plantador de igrejas e sua família adequadamente e a longo prazo.

Este post é o segundo de uma análise em três partes do livro de Richard Florida, “The New Urban Crisis”.

[1] Nota do editor: Gentrificação é um processo de transformação de centros urbanos através da mudança dos grupos sociais ali existentes, onde sai a comunidade de baixa renda e entram moradores das camadas mais ricas. (Fonte: Significados)

Igreja em Lugares Difíceis


Como a igreja local traz vida ao pobre e necessitado
Nos últimos anos, cristãos e organizações cristãs têm aumentado seu interesse em ajudar pessoas que sofrem com a miséria e a pobreza. Mas este interesse renovado em aliviar a pobreza está fadado ao fracasso se não tiver raízes na igreja local, que é o meio estabelecido por Deus para atrair pessoas miseráveis para um relacionamento transformador com ele.

Enfatizando a prioridade do evangelho, Mez McConnell e Mike McKinley, ambos pastores de igreja local em regiões de pobreza, oferecem direção bíblica e estratégias práticas para o trabalho de plantação, revitalização e crescimento fiel de igrejas em lugares difíceis, em nossa própria comunidade e em outros lugares ao redor do mundo.

*Mez McConnell é  pastor sênior da Niddrie Community Church, Edimburgo, Escócia. É fundador do 20schemes, um ministério voltado para plantação de igrejas nos lugares mais difíceis da Escócia. Desde 1999, McConnell tem se envolvido com o ministério pastoral, tanto em plantação quanto revitalização.
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Fonte:https://voltemosaoevangelho.com/blog/2019/04/a-nova-crise-urbana-quando-o-trickling-down-nao-funciona/