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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Sua alegria obstinada derrubou a escravidão (William Wilberforce)

18.12.2024
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 20.06.19
Por John Piper

Sua-alegria-obstinada-derrubou-a-escravidão-(William-Wilberforce)

Contra grandes obstáculos, William Wilberforce, um membro evangélico do Parlamento, lutou pela abolição do comércio de escravos africanos e contra a escravidão em si até que ambos fossem ilegais no Império Britânico.
A batalha consumiu quase quarenta e seis anos de sua vida (de 1787 a 1833). As derrotas e retrocessos ao longo do caminho teriam levado um político comum a abraçar uma causa mais popular. Embora nunca tenha perdido uma eleição parlamentar dos vinte e um aos setenta e quatro anos, a causa da abolição do tráfico de escravos foi derrotada onze vezes antes de sua aprovação em 1807. E a batalha pela abolição da escravidão não obteve a vitória decisiva até três dias antes dele morrer em 1833. Quais eram as raízes da perseverança deste homem na causa da justiça pública?

Político amante de Festas

Wilberforce nasceu em 24 de agosto de 1759, em Hull, na Inglaterra. Quando criança ele admirava George Whitefield, John Wesley e John Newton. Mas logo ele deixou toda a influência dos evangélicos para trás. A respeito de seus últimos anos de escola, ele disse: “Eu não realizei nada”. Esse estilo de vida continuou ao longo de seus anos no St. John’s College, em Cambridge. Ele pode viver da riqueza de seus pais e sobreviver com pouco trabalho. Perdeu qualquer interesse pela religião bíblica e amava circular entre a elite social.
Por diversão, Wilberforce disputou um assento na Câmara dos Comuns de sua cidade natal, Hull, em 1780, quando ele tinha vinte e um anos. Ele gastou £ 8.000 (mais ou menos 38 mil reais) na eleição. O dinheiro e seu incrível talento para falar triunfaram sobre seus oponentes. Wilberforce começou sua carreira política de cinquenta anos como um incrédulo de classe alta que amava festas que iam até tarde da noite.

“A grande mudança”

Nas longas férias em que o Parlamento não estava em sessão, Wilberforce às vezes viajava com amigos ou familiares. No inverno de 1784, aos vinte e cinco anos, por impulso, convidou Isaac Milner, ex-professor, e amigo da escola de gramática – que agora era professor particular no Queens College, em Cambridge – para ir com ele, sua mãe e irmã à Riviera Francesa. Para sua surpresa, Milner havia se tornado um cristão convicto, sem nenhum dos estereótipos que Wilberforce concebera contra os evangélicos. Eles conversaram por horas sobre a fé cristã.
No verão seguinte, Wilberforce viajou novamente com Milner e eles discutiram o Novo Testamento grego por horas. Lentamente, seu “assentimento intelectual tornou-se uma profunda convicção” (William Wilberforce, p. 37). Uma das primeiras manifestações do que ele chamou de “a grande mudança” – a conversão – foi o desprezo que sentia por sua riqueza e pelo luxo em que vivia, especialmente nessas viagens entre as sessões parlamentares. Ao que parece, sementes foram plantadas, quase imediatamente, no início de sua vida cristã, do que viria a ser sua paixão posterior em ajudar os pobres e transformar todas as suas riquezas herdadas e sua posição naturalmente alta em um meio de abençoar os oprimidos.

Escravidão e Costumes

Um ano após sua conversão, o aparente chamado de Deus em sua vida tornou-se claro para ele. Em 28 de outubro de 1787, ele escreveu em seu diário: “O Deus Todo-Poderoso colocou diante de mim dois grandes objetivos, a supressão do tráfico de escravos e a reforma dos costumes [a moral]” (The Life of William Wilberforce, p. 69).
Logo depois do Natal de 1787, alguns dias antes do recesso parlamentar, Wilberforce notificou na Câmara dos Comuns que no início da nova sessão ele apresentaria uma moção para a abolição do tráfico de escravos. Levaria vinte anos até que ele pudesse levar a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes a colocar a abolição como lei. Mas quanto mais ele estudava o assunto e quanto mais ele ouvia falar das atrocidades, mais decidido ele se tornava.
Em maio de 1789, ele falou à Câmara sobre como ele chegou à sua convicção: “Confesso a vocês, tão enorme, tão terrível, tão irremediável é a maldade desse comércio que minha mente ficou inteiramente tomada em favor da abolição….sem importar as consequências, a partir desse momento estou determinado a não descansar até efetivar essa abolição”.  (The Life of William Wilberforce, p. 56).

283 Ayes

Claro, a oposição que durou vinte anos foi por causa dos benefícios financeiros da escravidão para os comerciantes e para a economia britânica. Eles não podiam conceber qualquer outra forma de produzir sem trabalho escravo. Isso significa que a vida de Wilberforce foi ameaçada mais de uma vez. Mesmo não sofrendo dano físico, houve a dolorosa perda de amigos. Alguns simplesmente não discutiam mais com ele e se mantinham alienados. Depois houve a enorme pressão política para recuar por causa dos desdobramentos políticos internacionais. Esses tipos de argumentos financeiros e políticos mantiveram o Parlamento cativo por décadas.
Mas a vitória veio em 1807. A visão moral e o impulso político para a abolição finalmente se tornaram irresistíveis. A certa altura, “praticamente toda a casa levantou-se e virou-se para Wilberforce em uma explosão de aplausos parlamentares. De repente, acima do rugido de “ouçam, ouçam” e completamente fora de ordem, três “hurras” ecoaram enquanto ele permanecia sentado, a cabeça baixa, lágrimas escorrendo pelo rosto” (The Life of William Wilberforce, p. 211).
Às quatro horas da manhã de 24 de fevereiro de 1807, a casa se dividiu – 283 Ayes (sim), 16 Noes (não). Maioria de 267 votos pela abolição do tráfico. E em 25 de março de 1807, o assentimento real foi declarado. Um dos amigos de Wilberforce escreveu: “[Wilberforce] atribui isso à interposição imediata da Providência. Naquela hora da madrugada, Wilberforce procurou seu melhor amigo e colega, Henry Thornton, e disse: “Bem, Henry, o que aboliremos em seguida”? (The Life of William Wilberforce, p. 212).

Nunca em silêncio

Claro que a batalha não acabou. E Wilberforce lutou até a sua morte vinte e seis anos depois, em 1833. A implementação da lei da abolição não somente era controversa e difícil, como tudo o que ela fez foi abolir o tráfico de escravos, não a escravidão em si. E essa se tornou a próxima grande causa.
Em 1821 Wilberforce recrutou Thomas Fowell Buxton para continuar a luta, mas mesmo à margem, envelhecido e frágil, ele o apoiava. Três meses antes de sua morte, em 1833, Wilberforce foi persuadido a propor uma última petição contra a escravidão. “Eu nunca pensei em vir a público novamente, mas nunca se dirá que William Wilberforce se manteve em silêncio enquanto os escravos precisavam de sua ajuda” (William Wilberforce, p. 90).
O voto decisivo da vitória veio em 26 de julho de 1833, apenas três dias antes de Wilberforce falecer. A escravidão em si foi proibida nas colônias britânicas. “É um fato singular”, disse Buxton, “que na mesma noite em que fomos bem-sucedidos na Câmara dos Comuns, aprovando a cláusula do Ato de Emancipação – uma das cláusulas mais importantes já promulgadas. . . o espírito do nosso amigo deixou o mundo. O dia do encerramento de seus trabalhos foi o dia do término de sua vida”. (William Wilberforce,p.  91).

Feliz como uma criança

O que fez Wilberforce agir? O que o fez perseverar na causa da justiça pública através de décadas de fracasso, difamação e ameaças?
É claro que devemos prestar o devido respeito ao poder do companheirismo na causa da justiça. Muitas pessoas associam o nome de Wilberforce ao termo “Clapham Sect”. O grupo a que esse termo se refere foi “rotulado” como ‘os santos’ por seus contemporâneos no Parlamento – proferido por alguns com desprezo, enquanto por outros com profunda admiração” (Character Counts, p. 72). Juntos, eles realizaram mais do que qualquer um poderia ter feito por conta própria. “William Wilberforce é a prova de que um homem pode mudar seus tempos, embora não possa fazê-lo sozinho”. (William Wilberforce, p. 88).
Mas há uma raiz mais profunda da resistência de Wilberforce do que apenas companheirismo. É a raiz da alegria da abnegação em Cristo. Os testemunhos e evidências disso na vida de abnegação de Wilberforce são muitos. Uma certa srta. Sullivan escreveu a um amigo sobre Wilberforce por volta de 1815: “Pelo tom de sua voz e expressão de seu semblante, ele mostrou que a alegria era a característica predominante de sua própria mente, alegria vinda da integridade da confiança nos méritos do Salvador e amor a Deus e ao homem. . .. Sua alegria era bastante penetrante”. (William Wilberforce, p. 87).
Outro de seus contemporâneos, James Stephen, relembrou após a morte de Wilberforce: “Era divertido e interessado por tudo, tudo o que ele dizia se tornava divertido ou interessante. . .. Sua presença era tão fatal para a estupidez quanto para a imoralidade. Sua alegria era tão irresistível quanto o primeiro riso da infância”. (William Wilberforce, p. 185).
Aqui está uma grande chave para sua perseverança e eficácia. Sua presença era “fatal para o torpor. . . [e] imoralidade”. Em outras palavras, sua alegria indomável levou outros a serem felizes e bons. Ele observou em seu livro A Practical View of Christianity: “O caminho da virtude é também de real interesse e de sólido prazer” (p. 12). Em outras palavras, “é mais abençoado dar do que receber” (At 20. 35). Ele sustentou-se e influenciou outros pela sua alegria. Se um homem pode roubar sua alegria, ele pode roubar sua utilidade. A alegria de Wilberforce era indomável e, portanto, ele foi um cristão e político convincente durante toda a sua vida. Essa foi a forte raiz de sua resistência.

Doutrinas peculiares, verdades gigantescas

Se a sua alegria quase infantil, indomável e abnegada era a raiz vital para a sua persistência na luta pela abolição ao longo da vida, o que, poderíamos perguntar, seria a raiz da raiz? Ou qual era a terra firme onde essa raiz estava plantada?
O principal foco do livro de Wilberforce, A Practical View of Christianity, é mostrar que o verdadeiro cristianismo, que consiste em novas e indomáveis ​​afeições espirituais por Cristo, está enraizado nas grandes doutrinas da Bíblia sobre pecado, Cristo e fé. “Portanto, aquele que quer crescer e abundar nesses princípios cristãos, esteja muito familiarizado com as grandes doutrinas do Evangelho” (p. 170).“Da negligência dessas doutrinas peculiares surgem os principais erros práticos da maioria dos professos cristãos. Essas verdades gigantescas mantidas em vista envergonhariam a pequenez de sua moralidade anã. . .. Toda a superestrutura da moral cristã é fundamentada em suas bases profundas e amplas”. (p. 166-167).
Há uma “perfeita harmonia entre as principais doutrinas e os preceitos práticos do cristianismo”. E, portanto, é um “hábito fatal” – tão comum naqueles dias quanto nos nossos – “considerar a moral cristã distinta das doutrinas cristãs” (p. 198).

Cristo nossa justiça

Mais especificamente, é a conquista de Deus através da morte de Cristo que está no centro dessas “verdades gigantescas”, levando à reforma pessoal e política da moral. A alegria indomável que leva à vitória nos tempos de tentação e provação está enraizada na cruz de Cristo. Se quisermos lutar pela alegria e perseverar até o fim em nossa luta contra o pecado, devemos conhecer e abraçar o pleno significado da cruz.
Desde o início de sua vida cristã, em 1785, até sua morte, em 1833, Wilberforce viveu “das grandes doutrinas do evangelho”, especialmente a doutrina da justificação pela fé somente baseada no sangue e na justiça de Jesus Cristo. Esse é o lugar onde ele alimentou sua alegria. Por causa dessas verdades, “quando tudo à sua volta era escuro e tempestuoso, ele pode levantar os olhos para o Céu, radiante de esperança e com gratidão” (Uma Visão Prática do Cristianismo, p. 173). A alegria do Senhor se tornou sua força (Neemias 8.10). E nessa força ele insistiu na causa da abolição do tráfico de escravos até que ele tivesse a vitória.
Portanto, em todo o nosso zelo hoje pela harmonia racial, ou pela santidade da vida humana, ou pela construção de uma cultura moral, não nos esqueçamos destas lições: Nunca minimize o lugar central da doutrina alicerçada em Deus e exaltadora de Cristo. Trabalhar para ser indomavelmente alegre em tudo o que Deus é para nós em Cristo, confiando em sua grande obra consumada. E nunca seja ocioso em fazer o bem – para que os homens possam ver nossas boas ações e dar glória ao nosso Pai que está no céu (Mateus 5.16).
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terça-feira, 22 de outubro de 2019

Sete desculpas porque não evangelizamos

22.10.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 6.8.2012
Por Mike McKinley



1) Um equívoco sobre a Soberania de Deus

Apesar de ser verdade que Deus é o autor da salvação e de que Ele não precisa de nós, isso não implica na ideia de que não precisamos evangelizar, pois Deus, em sua sabedoria, decretou tanto os fins (salvação de almas), como o meio que isso se daria (proclamação do Evangelho – evangelização – Rm 10:14).
 
2) Não tenho amigos incrédulos

“[…] a evangelização pessoal normalmente deve ser baseada na amizade . Normalmente você só terá o privilégio de escolher o assunto de conversação com o outro, depois que já tiver dado a si mesmo em amizade e estabelecido um relacionamento com ele, no qual ele sente que você o respeita, está interessado nele e o trata como um ser humano e não só como algum ‘caso’”. (J. I. Packer)

Muitos cristãos passam suas vidas cercados somente de outros cristãos e, às vezes, até acham que não ter relacionamentos com pessoas do mundo seja uma virtude. Amar o próximo (incrédulo) é uma forma de testemunhar do poder do Evangelho, por isso que uma amizade genuína com incrédulos pode ser muito útil no evangelismo. Devemos tanto evangelizar desconhecidos como tomar a iniciativa para amar o incrédulo e nos tornarmos amigo dele (obviamente, sem nos tornarmos carnais).
 
3) Entender que evangelismo é para pastores e profissionais

Veja que, em Atos 8:1-4, foram cristãos normais (fugindo da perseguição) que espalharam o evangelho e que, em Rm 15:19, Paulo diz ter cumprido sua missão (plantar igrejas), apesar de não ter evangelizado todas as pessoas, pois ele cria que essa função seria realizada pela igreja local plantada.

4) Não conheço o Evangelho

1 Pedro 3:15 nos diz para estarmos sempre preparados para dar a razão de nossa esperança. Se você não consegue articular o Evangelho, aprenda!
 
5) Estou muito ocupado

Essa desculpa é um fruto de prioridades erradas ou de um coração indiferente e sem amor (ou ambos).
 
6) Tememos a opinião de outras pessoas

Sim, “a palavra da cruz é loucura para os que estão perecendo” e Deus fez assim ser (1 Co 1:18-29) e é totalmente esperado que as pessoas não entendam (2 Co 2:14-16), mas no coração desta desculpa está um coração orgulhoso que considera sua reputação e imagem mais importante que o Evangelho.
 
7) Falta de confiança no Evangelho

Você evangelizou e nada aconteceu? Não devemos confundir o fruto do evangelismo com a nossa fidelidade. Deus sempre é glorificado quando o Evangelho é proclamado, quer aceitem ou rejeitem (2 Co 2:14-16).

Não nos cabe saber o que Deus está fazendo individualmente, mas crer que o Evangelho é o poder efetivo de Deus para salvação de todo aquele que Ele chamar (1 Co 1:24).
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Fonte:https://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/08/mike-mckinley-sete-razoes-porque-nao-evangelizamos/?utm_campaign=Voltemos_ao_Evangelho__Daily_email_Modelo&utm_medium=email&utm_source=sendinblue

sábado, 19 de outubro de 2019

Como um pastor luta contra a “ressaca da pregação”

19.10.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 17.10.19

 

Você pode chamar de algo diferente, mas todo pastor conhece isso. É o colapso mental, emocional e espiritual que ocorre no dia seguinte (segunda-feira) como resultado de derramar seu coração e alma na proclamação da palavra de Deus ao povo de Deus no dia anterior.
Não há remédio fácil, nem medicação ou solução rápida que possa impedi-lo. Existem, no entanto, vários esforços, que pratico toda segunda-feira, que são tremendamente úteis para lutar em meio ao nevoeiro. Aqui estão cinco sugestões para sua consideração:

Ore e leia as Escrituras

Eu sei que isso parece algo “acéfalo” para um pastor. Às vezes, o fato é segunda-feira de manhã … isso não me apetece. No entanto, ainda é isso que dá vida às nossas almas cansadas, devemos continuar engajados, ainda que estejamos lutando para pensar em qualquer outra coisa, permaneçamos em Deus e sua palavra. Acho que atravessar a neblina buscando o pão da vida é o que dá um pontapé útil quando recomeçamos a rotina semanal.

Conheça suas limitações

Muitos pastores aproveitam a segunda-feira como dia de folga. Para aqueles de nós que escolhem um dia diferente para passar com a família, temos que proceder com cuidado nas segundas-feiras. Eu normalmente não estou em condições de lidar com qualquer aconselhamento emocional pesado, instigante ou situações de conflito, pelo menos até depois do almoço. Você pode ser diferente, mas a “ressaca” afeta a todos nós de alguma forma que requer discernimento ao planejar o dia. Tenha cuidado para não se colocar em uma posição, no seu dia, que exija que você tome uma grande decisão quando não estiver tão afiado quanto precisa para tomá-la.

Pratique atividade Física

Eu faço exercícios de quatro a cinco vezes por semana, mas se existe um dia em que isso é especialmente importante, é na segunda-feira. Se você se exercita apenas um dia por semana, recomendo que seja na segunda-feira. Dói … muitas vezes mais do que o normal após um Dia do Senhor, mas um bom treino cardiovascular de mais de trinta minutos é exatamente o que eu preciso para ajudar a sacudir a ressaca da pregação.

Planeje tarefas realizáveis

A ressaca da pregação não é de modo algum uma desculpa para ser preguiçoso e improdutivo. Dê a si mesmo tarefas atingíveis e certifique-se de se esforçar para alcançá-las. Se for o seu dia de folga, certifique-se de trabalhar duro para se animar e se envolver com sua família, para que sua esposa e filhos não tenham o seu “dia de preguiça”. Se você estiver tentando ser produtivo no escritório, porém está tendo um tempo difícil enquanto estuda por um longo período, programe outras tarefas que estejam dentro do seu estado de espírito para realizar.
Para mim, a segunda-feira está cheia de verificação de e-mails, administração simples, envio de recados e reunião com pessoas que eu sei que serão mais leves, encorajadoras e menos propensas a se tornarem um ponto cego. Pode ser que você normalmente consiga lidar com mais coisas do que eu. Apenas verifique se são tarefas razoáveis para você realizar durante o dia.

Silêncio

Faça o que for necessário para conseguir um pouco de silêncio e solidão. Às vezes, combino isso com meu exercício da manhã. Gosto de ir a um parque, correr e depois ficar em silêncio por um tempo longe das pessoas, só você e Deus. O silêncio pode dar vida quando somos frequentemente bombardeados com palavras e pessoas no dia anterior. Isso se tornou essencial para meu cuidado pessoal com a alma e minha capacidade de trabalhar no meio do nevoeiro da segunda-feira.

Espero que, de alguma forma, essas sugestões desencadeiem ideias que ajudarão você a limpar as teias da “ressaca da pregação”. Somente lembre-se de que, quando você precisar enfrentar um conflito longo e pesado na segunda-feira, porque as necessidades da congregação o exigirem… a Graça de Deus é suficiente para você atravessá-lo.
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Fonte:https://voltemosaoevangelho.com/blog/2019/10/como-um-pastor-luta-contra-a-ressaca-da-pregacao/?utm_campaign=Voltemos_ao_Evangelho__Daily_email_Modelo&utm_medium=email&utm_source=sendinblue

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Por que um pastor deveria ficar muito tempo em uma igreja?

18.10.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 11.9.19.


Uma das implicações mais significativas de Hebreus 13.17 (prestar conta das almas) pela qual eu sou grato, é por aprender desde cedo no ministério que eu não tenho o direito de não gostar e me recusar a me importar com a alma de alguém que Deus me confiou. Isso é algo importante que devemos compreender como pastores, porque todos nós temos aqueles que nos desprezam em nossas congregações; aqueles que nos incomodam por algo que dissemos ou fizemos; pelo que daremos conta quando nos apresentarmos diante de Deus.

Enquanto você lê isso, alguns de vocês podem estar pensando que esse tipo de pessoa seja uma boa razão para ir embora e começar de novo, mas eu lhes digo que eles são, na realidade, uma boa razão para ficar e suportar. Por que essas pessoas difíceis são uma boa razão para ficar e suportar?

Observar a obra de Deus através do seu ministério de tal maneira que aqueles que uma vez o desprezaram, crescem até amar e apreciar você.

Eu me lembrei disso enquanto refletia sobre uma visita que fiz há vários anos, ao hospital, para ver uma senhora idosa que quase havia morrido, mas que estava começando a se recuperar lentamente. Ela era alguém que há anos me atacava publicamente e me caluniava na frente de toda a igreja. Não era minha maior fã. Embora as tensões tivessem se acalmado nos últimos anos, eu não esperava muita cordialidade dela.

Eu me sentei com essa mulher e tive uma visita muito encorajadora e agradável com ela. Ela foi calorosa, gentil e graciosa comigo. Ela me elogiou por cuidar dela e da igreja tão bem ao longo dos anos. Então comecei a procurar atentamente pela “câmera oculta” que havia sido implantada, ela chegou a me abraçar quando eu saí. Quando ela faleceu alguns anos depois, preguei em seu funeral pois ela havia me pedido isso.

Incapaz de explicar humanamente tudo o que eu tinha experimentado naquele dia, Deus me lembrou de uma das maiores alegrias de permanecer e suportar essas pessoas. À medida que suportamos as críticas, reclamações e ataques verbais, e tentamos amar e cuidar das almas daqueles que nos atacam, Deus em sua graça pode nos permitir eventualmente conquistá-los.

Que poderoso testemunho do poder de Deus operando em seu pastor e ovelhas quando ele faz isso. Essa não foi a primeira vez que Deus me permitiu experimentar isso e posso definitivamente dizer que é uma das maiores alegrias que experimento agora no ministério pastoral com minha congregação.

Pastores, permaneçam firmes nas coisas que vocês sabem ser verdadeiras e corretas. Amem aqueles que amam vocês assim como aqueles que não os amam – pelo menos agora. Portanto, não se surpreenda quando você acordar um dia (daqui a alguns anos) e descobrir que um membro da igreja que esteve frio por anos, de repente, se aqueceu.
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Fonte:https://voltemosaoevangelho.com/blog/2019/09/por-que-um-pastor-deveria-ficar-muito-tempo-em-uma-igreja/

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

4 dicas para revitalizar uma igreja

18.09.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 02.08.19
Por Alexander Stahlhoefer*


Revitalizar uma igreja não é uma questão de estética, mas de coração. Há que pense que revitalizar é passar uma tinta nova na fachada ou arrumar algumas coisas quebradas no templo. Porém você não precisa do templo mais bonito, luxuoso, confortável, acessível, hi-tech ou cult, para que sua igreja seja revitalizada. Revitalizar também não significa mudar alguns aspectos estéticos do culto. De nada vai adiantar ter o louvor mais contemporâneo ou o melhor pianista clássico na sua Igreja se o louvor não for coerente com o ensino bíblico e não fluir do coração da congregação reunida.
Revitalizar é em sua essência obra do Espirito Santo trazendo vida nova para dentro de uma congregação espiritualmente estagnada ou decadente. E talvez aqui você vá discordar de mim e dizer: “mas minha igreja não está morta para ter que ser revitalizada!”. Espero que realmente ela não esteja morta e se este for o seu caso, as dicas terão valor mesmo assim. Agora o meu ponto é que cada vez mais igrejas estão estagnadas. Nos Estados Unidos as pesquisas mostram que 80% das Igrejas estão estagnadas no crescimento numérico de membros. Talvez a realidade brasileira não seja a mesma, não temos os dados assim precisos. Porém percebemos que a estagnação espiritual, que tolhe o crescimento numérico, também acomete igrejas por aqui. Não nos enganemos com falas do tipo “crescimento numérico não prova nada, importa é a qualidade teológica”. Algumas congregações correm o risco de deixar de existir se não tomarem consciência da necessidade de deixarem o verdadeiro Evangelho da graça do nosso Senhor Jesus Cristo ser o centro das suas congregações, de modo que vidas sejam acrescentadas ao seu rol de membros, como lemos dos relatos de Atos dos Apóstolos.
Novamente eu imagino que alguns balancem a cabeça em negação e digam “mas eu sou fiel ao ensino bíblico e o evangelho que prego é puro”. Eu acredito em você, mas talvez você preciso se questionar sobre o que está acontecendo com a saúde da sua igreja. Se a fé vem pelo ouvir da Palavra (Rm 10.13-15) e esta palavra precisa ser exposta de forma compreensível e clara, ela precisa endereçar os ídolos, pecados e vícios dos nossos dias e precisa falar para o coração das pessoas. Por isto, eu acredito que muito mais igrejas necessitem de revitalização, para que consigam pregar o evangelho genuíno para dentro das culturas e corações brasileiros produzindo a verdadeira transformação interior que só a Palavra de Deus produz.
Mas atenção! Não estou aqui advogando que há um modelo perfeito de  ser igreja. Acompanho amigos pastores cujas igrejas cantam à capela e usam liturgia clássica, mas que pregam para a mente e o coração do homem pós-moderno (sem se render ou se vender à esta cosmovisão específica), outros que usam vestes litúrgicas e muitos elementos tradicionais, mas transitam no universo da cultura pop, sem com isso se render à midiatização do evangelho. Outros pastoreiam igrejas pintadas de preto, com muitas luzes, mas cantam hinos da reforma e pregam expositivamente a Bíblia toda. Revitalizar, como eu disse no começo, não é mudar a forma de fazer cultos, é deixar Deus mudar o coração da sua igreja por meio da sua Palavra.
Por isso a revitalização começa de dentro pra fora. Deixo algumas dicas que aprendi na caminhada própria e também vendo outros amigos.
1. Ore! Ore pela igreja em primeiro lugar. Ore também por cada membro individualmente. Ore por cada atividade. Ore pela cidade, pelo bairro, pelas ruas. Ed Stetzer recomenda que você faça caminhadas de oração, para conhecer o bairro, as pessoas e os motivos de oração da sua vizinhança ao mesmo tempo em que já caminha orando por elas. Confesso que muitas vezes fui relutante quanto à oração. Como ativista que sou, via o tempo de oração como um tempo que poderia ser melhor empregado com atividades. Então orava menos para “fazer” mais. O resultado foi que eu fiz menos e orei menos. Ou seja, colhi frustração. E aqui cabe um testemunho pessoal. Não foi uma só vez em que eu orei nome por nome do rol de membros e surpreendentemente alguém me ligou para abrir o coração, seja para se dispor na obra, ou para pedir ajuda com algo. Se você for ativista, como eu, deixo a dica: ore ao Senhor da obra, a maioria das coisas que você quer fazer, só Deus pode!
2. Pregue a Palavra toda. Não são as tua ideias que farão a diferença. Há quem acredite que tudo se resolverá com boas ideias. Igreja não é startup, embora você possa aprender muito com elas, pois a graça comum também se manifesta neste ambiente de alta criatividade. Mas não é sua criatividade que fará a Igreja ser renovada. Também não é o seu estilo de liderança que fará a diferença. Aprender a não ser autoritário ou relapso é importante e ajuda você a não jogar tudo fora. Mas não é um questão de estilo ou de atitudes de líder. Não é tua capacidade de oratória. Tudo isso pode ser útil. Mas é o agir do Espírito por meio da Palavra que convence as pessoas do que Deus quer fazer! Em minha experiência todas as mudanças positivas que ocorreram na igreja foram resultado da exposição da Palavra. Pessoas que precisavam se reconciliar foram convencidas na Palavra desta necessidade. Lideranças que esqueceram da importância unidade da Igreja para que pudéssemos avançar no testemunho e na missão, entenderam na Palavra que precisavam deixar de lado seus projetos individuais em favor do que a Igreja como um todo estava decidida a fazer. A Palavra é um divisor de águas, alguns não concordaram com ela e deixarão a comunidade. Só podemos lamentar as perdas no caminho, mas Palavra de Deus permanece e faz a sua obra.
3. Tenha paciência. As coisas não serão fáceis. Um amigo meu que também está revitalizando uma igreja costuma comparar a igreja a um navio. Se ela tiver uma estrutura muito pesada, muitas tradições, muitas lideranças fortes, ela é como um navio transatlântico que levará muito tempo para mudar de curso. Agora se sua igreja for menor, mais flexível e mais aberta à mudanças, ela está mais para um bote, que pode mudar de direção rapidamente. Porém, geralmente as mudanças não ocorrem do dia pra noite. Você precisa de tempo. E vai precisar saber esperar. Thom Rainer diz que você precisa ter paciência estratégica. Implemente uma mudança de cada vez. Veja os resultados das mudanças. Talvez você tenha que dar um passo para trás antes de dar dois ou três para frente. Revitalizar não é algo para quem tem pressa.
4. Celebre as vitórias. Não espere até você ter uma igreja com 400 membros para celebrar, pois pode ser que isso nem aconteça! Celebre cada novo convertido, cada batismo, cada líder que assume uma tarefa. Celebre com a Igreja e mostre que Deus está agindo no meio dela e por meio dela! Celebre no culto principal, pois ali é o lugar da assembléia da congregação, onde juntos vocês adoram a Deus. Cada vitória é testemunho do agir do Senhor e precisa ser motivo de gratidão e louvor a Deus. Celebre também em grupos menores ou individualmente, quando alguém que passou por lutas interiores tem conseguido dar passos rumo à maturidade. Além de você ensinar às pessoas a darem graças a Deus em todo tempo, estará mostrando à Igreja que o Senhor não cessa de fazer sua obra.

*Alexander Stahlhoefer, pastor na Missão Evangélica União Cristã em Concórdia/SC desde 2018. Anteriormente pastoreou em Timbó/SC (2009-2012) e foi pregador em diversas igrejas na região de Nürnberg, Alemanha (2012-2017). Doutorando em Teologia pela Universidade de Erlangen, Alemanha.
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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

5 razões pelas quais adolescentes precisam de teologia

05.09.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO,03.09.19 
Por Jaquelle Crowe


O mundo pode ser muito confuso para os adolescentes. Estamos crescendo em um contexto de mudança moral, em que os desafios mais urgentes e os críticos culturais em destaque estão sempre mudando e em conflito. Nós vemos escândalos, terrorismo, Trump, nova ética sexual e intensas tenções raciais. Então, pensamos: o que devo pensar sobre tudo isso?
A sociedade secular dá suas respostas, que nunca são compatíveis com cosmovisão cristã.
Eu vejo uma melhor ferramenta para encontrar respostas para as perguntas dos cristãos adolescentes, como eu: teologia.

Por que teologia para adolescentes?

Tenho certeza que você sabe o que teologia é. Mas, às vezes, as pessoas têm visões obscurecidas de algumas palavras por causa de experiências passadas. Quero que saiba que estou falando da mais simples definição de teologia: o estudo sobre Deus.
Como seguidora de Jesus, eu acredito que estudar o caráter de Deus é o que os adolescentes precisam para encararmos nosso terrível e complicado mundo.  Isso é o que nos dará esperança para lidarmos com nosso futuro, tendo um firme comprometimento com a verdade de Deus.
Deixe-me explicar como a teologia responde nossas grandes questões e vai ao encontro de nossas maiores necessidades. Claro, isso será apenas um breve começo, mas já é o primeiro passo.

1. Estudar a justiça de Deus nos equipa para fazermos o que é certo

Na Palavra de Deus, nós descobrimos que Deus odeia o mal (Zacarias 8.16-17) e ama a verdade. Ele se importa com os oprimidos e desamparados. Ele valoriza todas as vidas.
Saber do caráter de Deus dá aos adolescentes a direção de como fazer justiça também. Faz com que nós lutemos pelos oprimidos e sem voz, e falemos contra a injustiça que vemos. Mostra a importância de nos colocarmos sob as autoridades levantadas por Deus – nossos pais, pastores, professores e governantes. E isso alimenta nossa obediência à palavra de Deus, como padrão último de justiça.

2. Estudar o amor de Deus nos dá a base para nossos relacionamentos

Deus ama seu povo incondicionalmente (Neemias 1.5; João 16.27). Ele não demonstra favoritismo, e seu amor nunca é egoísta. Nem pode ser parado e não se esgota, pois ele é imerecido.
Conhecer o caráter de Deus compele os adolescentes a amarem ao próximo, por causa do amor de Deus por nós. Ele nos compele a amarmos aqueles que são difíceis de serem amados – desde o Estado Islâmico aos que fazem bullying na escola -, mesmo que odiando o pecado. Ele nos compele a lutar contra o racismo, sexismo e outros “ismos” que minam o valor inerente de todos os seres humanos. Ele nos compele a termos compaixão e misericórdia.

3. Estudar a santidade de Deus revela quem nós somos e qual é o nosso propósito

Uma vez que Ele é supremamente perfeito e totalmente separado de nós (2 Samuel 22.31), Deus odeia o pecado (Amós 6.8). Agarrar a beleza de sua santidade, ajuda os adolescentes entenderem o nosso próprio pecado e a necessidade de estarmos constantemente lutando contra ele. Dá-nos uma perspectiva mais bíblica e realista do mundo. Ela nos leva a nos arrependermos de nossos pecados e procurarmos prestarmos conta aos mais velhos e mais sábios. Ela também demonstra para nós como buscar ativamente a santidade – nas mídias sociais, na escola, no trabalho, com os pais e amigos e em todas as esferas da vida.

4. Estudar a soberania de Deus nos dá a resposta em meio à confusão cultural

Deus não é caótico, caprichoso e imprevisível; ele está no perfeito controle do universo (Atos 2.23). Saber dos atributos de Deus, faz com que os adolescentes não cresçam desanimados com o mundo. Quando a política parece sem esperança, quando os terroristas atacam ou quando tiramos uma nota injusta, nós adolescentes podemos nos contentar nessas circunstâncias, pois Deus reina. Quando perguntamos “Por que isso está acontecendo comigo?” ou “Será que Deus se importa com minha vida?”, sua soberania é a nossa resposta. C.S. Lewis explicou bem isso:
“Agora eu sei, Senhor, porque não me respondes. És a própria resposta. Perante tua face, as dúvidas desaparecem. Haveria outra resposta que satisfizesse?”

5. Estudar a bondade de Deus nos conforta quando sofremos

Deus não é mal. Ele não é um estraga prazeres, brincando com nossas vidas, como em um cruel jogo de tabuleiro (Marcos 10.18). Ele é completamente bom, totalmente amável, e, sempre, faz o que é certo e o que é melhor para nós.
Conhecer o caráter de Deus dá aos adolescentes uma rocha firme para a fé, durante o sofrimento. Adolescentes podem ter paz sobre o futuro incerto. Podemos ter certeza da nossa salvação e combater as pressões que as dúvidas trazem. Podemos confiar em Deus em nossas confusões, problemas e falhas com uma segurança inabalável de sua bondade.

Ensina-nos o que precisamos

Eu tenho 18 anos. Estudei e fui ensinada sobre teologia durante toda a minha vida. Isso me forneceu algumas coisas: um rico relacionamento com Deus; um relacionamento mais forte e submisso com meus pais; um discernimento maior nos relacionamentos com meus amigos; uma abordagem mais edificante às mídias sociais; um desejo zeloso em fazer meu melhor na escola; uma cosmovisão bíblica; uma maior visão sobre o meu futuro; uma maior paixão por seguir a Deus, custe o que custar.
Eu quero essa vida para todos os adolescentes, e eu acredito que você também. Então, pais, pastores, líderes de mocidade, membros da igreja, por favor, ensinem teologia para nós. Mais do que qualquer coisa, nós precisamos conhecer a Deus. Ele é a resposta para as nossas dúvidas, a solução para nossos problemas, o único que merece nossa adoração e confiança.
Nós precisamos dele, o que significa que precisamos ser ensinados sobre ele.
O que significa que precisamos de teologia.
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quinta-feira, 9 de maio de 2019

Pare de pular de igreja em igreja: 11 problemas com os poligrejados

09.05.2019
Do portal VOLTEMOS AO EVANGELHO, 09.05.19
Por Ricardo Gonçalves Libaneo*

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Imagine a seguinte situação: no sábado um crente frequenta o ministério jovem de uma igreja por considerá-lo mais ativo. No domingo pela manhã, ele participa da EBD de outra igreja, pois acha seu ensino mais profundo. No culto da noite, ele vai a uma terceira igreja, pois crê que ela segue o princípio regulador do culto mais fielmente. Durante a semana assiste à séries de pregações no YouTube do pregador com quem ele mais se identifica teologicamente, lamentando não poder frequentar sua igreja, por ser em outro estado. Assim vive um “poligrejado”. Frequenta várias igrejas, mas não se compromete com nenhuma.

Implicações

A princípio, essa prática não parece ser um problema, afinal, melhor ser um “poligrejado” do que um “desigrejado”, correto? Creio que não. Vamos pensar sobre alguns princípios bíblicos que são quebrados ao frequentar mais de uma igreja:
1. Servir a igreja e não “consumi-la” – o problema dessa prática é a visão consumista da igreja. A pessoa frequenta a igreja por aquilo que ela pode lhe oferecer e não com a motivação de servir e manifestar o evangelho (Fp 2.1-11). Assim monta um “combo” com o melhor de cada igreja pensando apenas em si mesma. A motivação deve ser o amor que nos leva a servir, e não a consumir (Mc 10.45, 1 Co 12-13, Ef 4.1-16).
2. Amor ao próximo – se a pessoa não está comprometida com um local específico, não consegue cultivar relacionamentos profundos dentro da igreja, mas apenas superficiais. Amar alguém é mais do que ter conversas esporádicas, mas sim um envolvimento sacrificial na vida do outro, e isso exige constância (1 Jo 3.16).
3. Manifestar as imagens bíblicas para igreja – não estar comprometido com um grupo específico de crentes, mas pular de igreja em igreja, impede a pessoa de manifestar imagens bíblicas como o “Corpo de Cristo” (um braço serve apenas um corpo – 1 Co 12), “Família de Deus” (a família se relaciona em um local específico – Ef 3.14-15), “Pedras Vivas que formam um Templo” (as pedras precisam estar juntas para formar o edifício, a casa, o templo – 1 Pe 2.5).
4. Servir com o dom que Deus lhe deu – (1 Co 12-14) – segundo o texto de 1 Co 12.7, o dom é dado pelo Espírito visando ao bem comum, ou seja, o que for melhor para um grupo específico. Servir em várias igrejas implicará em, cedo ou tarde, deixar uma das igrejas na mão. É como tentar manter dois empregos no mesmo turno.
5. Comunhão na Ceia – (1 Co 10.17) – a Ceia do Senhor é uma refeição em que manifestamos comunhão com Deus, por meio do sacrifício de Cristo, e comunhão uns com os outros. Se não há comprometimento com um grupo, a participação na Ceia não revela a verdade da prática, pois a comunhão com os outros não é profunda e verdadeira.
6. Pastoreio – (1 Pe 5.2) – caso não haja comprometimento com uma igreja local, os pastores e líderes não saberão por quem eles são responsáveis, e por quem deverão prestar conta. Parafraseando o ditado: “ovelha de dois pastores morre por falta de pastoreio”.
7. Submissão aos líderes – (Hb 13.7,17) – quando nos comprometemos com uma igreja local, sabemos quem são nossos líderes e a quem devemos nos submeter. Participando de várias igrejas, na prática, não nos submetemos a ninguém. Em um momento ou outro o “poligrejado” vai acabar deixando um líder de uma igreja na mão para servir o líder da outra. Além de ser tentado a se submeter à liderança que for mais conveniente, esvaziando o conceito de submissão.
8. Submissão à disciplina eclesiástica – (Mt 16.19, 18.15-20, 1 Co 5) – estar comprometido e submisso a uma igreja local também nos submete à disciplina da igreja. Qual das igrejas disciplinará o “poligrejado”? Infelizmente alguns optam por frequentar várias igrejas justamente para não estar debaixo da disciplina de nenhuma. Apronta em uma igreja, e foge para outra.
9. Discipulado – (Mt 28.19-20) – fazer discípulos implica dedicação de tempo e envolvimento. Participar de várias igrejas limita a profundidade dos relacionamentos e por isso, limita o discipulado.
10. Manifestar o evangelho – (Jo 17.20-21, Ef 3.10) – relacionamentos profundos manifestam o evangelho. Relacionamentos improváveis que se tornam possíveis por causa do evangelho, exaltam o evangelho. Já falamos que se envolver com várias igrejas dificulta relacionamentos profundos, afetando assim a expressão do evangelho pela comunhão da igreja.
11. Manifestar a santidade de Deus – (Ap 20.15) – pertencer a uma lista de membros de uma igreja local ilustra ao mundo que existe uma separação entre quem é povo de Deus e quem não é. Obviamente não quero dizer que todos os que pertencem ao rol de membros de uma igreja são verdadeiramente povo de Deus, mas, apesar das suas limitações, a lista de membresia é uma ilustração do livro da vida. Quem participa de várias igrejas, não tendo o nome em nenhuma lista de membros, deixa de proclamar essa verdade.
Obviamente, reconhecemos que há espaço para interação com irmãos de outras igrejas locais, como intercâmbios e congressos. Isso é saudável e também manifesta a glória de Deus! Tudo isso, porém, com equilíbrio, não afetando os princípios bíblicos para a igreja.
Precisamos ser humildes e nos comprometermos com uma igreja local, com seus pontos fortes e fracos; e, cumprindo nosso papel como membros, contribuirmos para o seu crescimento, à medida em que nós mesmos crescemos, juntos com os irmãos, até alcançarmos a maturidade, a medida da plenitude de Cristo, para a glória de Deus (Ef 4.1-16)!
*Ricardo Gonçalves Libaneo é pastor na Primeira Igreja Batista de Atibaia, SP. Casado com a Camila, e tem três filhos: Laila, Isabella e Gustavo. Fez o Mestrado em Ministérios no Seminário Bíblico Palavra da Vida. Formado em Educação Física pela Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB).
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Fonte:http://abre.ai/SQp

sexta-feira, 12 de abril de 2019

MINISTÉRIO PASTORAL: 2 livros que todo pastor deve ler

12.04.2019
Do portal VOLTEMOS AO EVANGELHO, 09.04.19
Por Thiago Guerra*

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Sem dúvida alguma há dois livros que todo pastor deve ler: “O pastor aprovado” de Richard Baxter e “O pastor como teólogo público” de Kevin J. Vanhoozer e Owen Strachan. Com propostas diferentes e sem contradição, esses livros nos ajudam no ministério pastoral de maneira brilhante.

Richard Baxter escreve com uma preocupação específica, o cuidado particular de todo o rebanho. Seu livro foi motivado por uma reunião de pastores em Worcester, no dia 4 de dezembro de 1655, para acordarem a catequização de cada membro nas suas respectivas igrejas. Por motivo de doença, Baxter não pôde comparecer, mas deixou essa joia rara escrita com os seus pontos de vista para aqueles obreiros.

O que torna o livro de Baxter mais precioso ainda é que ele não escreve somente a partir de princípios bíblicos, mas pela própria experiência com a sua congregação. Veja o seu relato:

“Passamos as segundas e terças-feiras, desde cedo de manhã até ao cair da noite, envolvendo umas quinze ou dezesseis famílias, toda semana, nesta obra de catequese. Com dois assistentes, percorremos completamente a congregação que tem cerca de oitocentas famílias, e ensinamos cada família durante o ano. Nem uma só família se negou a visitar-me a meu pedido. E vejo mais sinais externos de sucesso com os que vêm do que em toda a minha pregação pública. O grande número me força a tomar uma família completa por vez, uma hora cada. O secretário da igreja vai adiante, com uma semana de antecipação, para organizar os programas de horários e itinerário. Também guardo anotações daquilo que cada membro da família aprendeu, para poder continuar e ensiná-lo sistematicamente” (p.31).

A preocupação de Baxter é demonstrada mais na frente: “[aqueles] que me ouviram durante oito ou dez anos, ainda não sabem se Cristo é Deus ou homem. Admiram-se quando lhes falo do Seu nascimento, vida e morte. Ainda não sabem que as crianças têm o pecado original. Tampouco sabem da natureza do arrependimento, da fé, ou da santidade que deles se requer” (p. 173). O apelo dele é para seguirmos o exemplo de Cristo que usava do diálogo para pregar aos seus discípulos; de Paulo que pregava e ensinava a todos para não tornar o seu trabalho inútil (Gl 2.2.) e dava instruções pessoais (carcereiro em Atos 16); de Pedro que ao mesmo tempo que pregou publicamente em Jerusalém para uma multidão (At 2), também pregou a Cornélio e seus amigos (At 10); de Filipe que discipulou pessoalmente o eunuco (At 16); entre outros. O autor entendia que o ministério pastoral consiste em cuidar de todo o rebanho através da catequização pessoal (At 20.28), sem exceção. Ele chega a dizer que “o tamanho do rebanho deve ser determinado pelo número de pastores. Não poderão ser pastoreados todos, se não houver suficientes pastores na igreja, ou se a congregação for pequena o suficiente para possibilitar o cuidado pastoral de cada membro” (p. 110).

O versículo base para toda argumentação de Baxter é Atos 20.28: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue”. A primeira parte do livro é direcionada ao coração do próprio pastor – “cuidem de vocês mesmos”. Baxter se preocupa com o caráter do obreiro e com a necessidade de ele ter experimentado a graça divina em sua própria vida. Ele chega a fazer um apelo corajoso pedindo o arrependimento público dos pastores perante suas congregações caso não tenham vivido de maneira exemplar. A segunda e terceira parte do livro é dedicada à outra metade do versículo: “e de todo o rebanho”. O autor chega a ser um pouco repetitivo e verboso por enfatizar constantemente a necessidade e obrigação pastoral em cuidar pessoalmente de todo o seu povo.

Sem dúvida alguma o livro de Baxter é um alerta a todos nós ministros do evangelho para não perdermos o rumo na nossa caminhada. Há hoje em dia uma tendência pecaminosa no ministério de se preocupar com a igreja somente como instituição ou “departamentalizar” o ministério em diversas áreas. É comum vermos pastores somente pregadores, ou administradores. Pastores não sabem mais os nomes de seus membros, não oram mais por eles e não se envolvem nas vidas de suas ovelhas. Precisamos de pastores à moda antiga. Temos perdido a essência do ministério pastoral!

Se o livro de Baxter nos chama ao cuidado pessoal do rebanho, o livro de Vanhoozer e Strachan nos convoca à necessidade de sermos bons teólogos. A preocupação dele é que a teologia foi separada do ministério pastoral: “Aqui jaz um pastor e um teólogo” (P.13), duas coisas distintas e não características de um único pastor. O que Deus uniu, o homem separou, e a preocupação dos autores é que o “teólogo no mundo acadêmico corre o risco de tornar-se uma mente sem corpo…” e que as “mentes teológicas [devem pertencer] a corpos eclesiásticos” (p. 15). Se a teologia continuar no “exílio” (p.18), a igreja se tornará uma “terra árida”, um local onde não é possível “cultivar ou desenvolver algo” (p.19).

Vanhoozer identifica um problema atual no ministério pastoral, as imagens distorcidas desse ministério: “liderança, diretor executivo, guru psicoterapêutico, agitador político, mestre, pregador de avivamento, construtor, treinador moral, ativista comunitário”, entre outras. A maneira de evitarmos esse erro é respondermos a sua pergunta crucial: “o que pastores têm a dizer e a fazer que seja papel exclusivamente seu?” (p. 26). O autor resume seu argumento da seguinte forma: “Primeiro, pastores são e sempre foram teólogos. Em segundo lugar, cada teólogo é, em certo sentido, um teólogo público, um tipo particular de intelectual, uma classe específica de generalista. […] Em terceiro lugar, o propósito de o pastor-teólogo ser um intelectual público é servir ao povo de Deus, edificando-o na ‘fé entregue aos santos de uma vez por todas’” (p. 36).

Por “teólogo”, o autor sugere que seu papel principal é “dizer o que Deus está fazendo em Cristo a favor do mundo”. Por “público”, significa que “pastores trabalham com o público de Deus e em favor dele, para o bem do público/povo em todos os lugares”. Por último, “intelectual” é “uma forma específica de generalista que sabe como relacionar grandes verdades a pessoas reais”. Vanhoozer acredita que pastores devem estar adiante das congregações e para isso devem ser fundamentados no evangelho e culturalmente competentes. Ele deve ser um “intelectual orgânico” que “enuncia com clareza as necessidades, convicções e aspirações do grupo social ao qual pertence.” Em outras palavras, “ele traz para o nível do discurso as doutrinas e os desejos da comunidade.”

Dois pontos merecem destaque no livro “O pastor como teólogo público”. O primeiro é que entre os capítulos do livro, os autores colocam as “perspectivas pastorais”, artigos de diversos pastores abordando, a partir da experiência e exegese bíblica, pontos importantes do ministério. Um outro ponto de destaque é o capítulo 2, escrito por Owen Strachan, sobre “uma breve história do ministério pastoral”. O autor traça um panorama histórico brilhante de pastores teólogos, desde Ireneu de Lião (130-200 d.C.) até os dias atuais, destacando os grandes nomes da nossa fé como exemplos de ministério. A intenção com esse capítulo é demonstrar que a Igreja cristã sempre acreditou que pastores devem ser bons teólogos à serviço da igreja local. Segundo o autor, foi somente no final do século 19 e no início do século 20 que “pastores concederam aos acadêmicos a condição de líderes intelectuais, abrindo mão de boa parte da grade de disciplinas que o Cristo de Kuyper (e de Edwards) havia reivindicado: ‘Minha!’” (p.122).

Me resta uma última observação sobre os dois livros. A necessidade que temos para considerar essas duas obras, é porque, se ao mesmo tempo elas estão preocupadas com áreas distintas do ministério pastoral, essas áreas andam de mãos juntas! Baxter nos convida ao cuidado pessoal do rebanho, Vanhoozer e Owen nos ensinam que sem a teologia pública, o nosso serviço ministerial estará comprometido.

Não devemos decidir qual caminho escolher, devemos percorrer pelos dois. Sem uma dessas “asas” nosso voo perderá seu rumo, e o que nos aguarda é a queda.

*Thiago Guerra é pastor da Igreja da Trindade, em São José dos Campos, SP. Pós-graduado em Teologia Bíblica pelo Andrew Jumper, cursando bacharel em Teologia no Seminário Martin Bucer. É casado com Raquel Guerra, e sua filha se chama Helena.
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Sem uma vida de oração não há relacionamento com Deus, alerta pastor

11.02.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO
Por Will R. Filho

 

Duas coisas são práticas essenciais para a vida de qualquer cristão: oração e leitura da Bíblia. Mesmo sabendo disso, porém, muitos cristãos se deixam levar pelos afazeres do mundo e aos poucos, sem perceber, se distanciam de Deus, entrando em um ciclo vicioso e destrutivo de ocupações e mundanismo.

Esse é o alerta do pastor e escritor norte-americano Tim Cameron. Ele explicou como o distanciamento de Deus retira do cristão o desejo pela oração, minando sua fé aos poucos.

“Eu gosto de dizer que há dois grandes obstáculos para a oração: estamos muito ocupados ou somos muito mundanos”, disse Cameron em uma entrevista para o podcast Greenelines. “Viver ocupado rouba nosso tempo para orar e o mundanismo rouba a nossa vontade de orar”.

“Uma pessoa que está muito ocupada para orar está ocupada demais para levar uma vida piedosa. Uma pessoa que é muito mundana entregou sua vontade ao mundo”, acrescenta, destacando como a oração foi uma prática frequente na rotina de Jesus Cristo, algo destacado pela Bíblia em diversas passagens.

“Lucas nunca conheceu Jesus. Quando ele decidiu escrever sua história, ele procurou as testemunhas oculares. Nós sabemos que Jesus provavelmente se revelou para cerca de 752 mil pessoas durante os 40 dias após ter ressuscitado dos mortos. Uma das coisas majestosas que Lucas relatou é que Jesus frequentemente se retirava para orar”, disse Cameron.

Cristo sempre ensinou pelo exemplo, e por isso, mesmo sendo Ele próprio a encarnação de Deus, tudo o que fazia era fruto de oração, revelando que nada na vida humana deve ser feito sem ser apresentado diante do Senhor.

“A Bíblia diz repetidamente que Jesus não fez nada por conta própria, que Ele só falou as coisas ouviu o Pai dizer. Se esse é o caso, isso nos mostra que a vida de oração de Jesus era muito mais sobre ouvir do que sobre falar”, reforça Cameron.

Assim, o cristão deve ter horários específicos com Deus, diariamente, para que através disso tenha condições de suportar às provações da vida e se mantenha firme diante do mundo.

“Você tem que definir momentos de oração com o Senhor, e você tem que ter um espírito de oração sobre a sua vida ao mesmo tempo. É importante ter ambos”, conclui Cameron, segundo informações do Charisma News.
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Fonte:https://noticias.gospelmais.com.br/vida-oracao-relacionamento-com-deus-107631.html

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Deus vai te responder na sua crise

24.01.2019
Do blog VOLTEMOS AO EVANGELHO, 23.01.19
Por David Mathis*

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Sua crise está chegando. Se ela ainda não chegou ou se você não está no meio de uma nesse momento, sua hora vai chegar.
E não apenas uma crise. Em sua misericórdia severa, Deus pontua nossas vidas nessa era caída com momentos de crises com graus variáveis, destinados para o nosso bem eterno. Durante milênios, o povo de Deus tem conhecido “momentos de crise” e “dias de angústia”, às vezes demasiadamente. E o mesmo continua atualmente. Nosso Pai nunca prometeu que o fato dos nossos problemas serem dele significaria que não teríamos os nossos.
De novo e de novo, as Escrituras descrevem os fiéis não como aqueles que nunca tiveram problema, mas como aqueles que clamaram a Deus em suas crises. Os homens e mulheres que lembramos como modelos enfrentaram os maiores momentos de crise e dias de angústia. E Deus ouviu seu clamor por ajuda. Ele não era surdo naquela época, e nem é hoje, para as vozes do seu povo, quer de pessoas grande ou pequenas, especialmente na crise.

Em Problemas e Angústias

Nosso Deus não é apenas o Deus que fala, memorável que seja, mas também, maravilha sobre maravilha, o Deus que ouve. Quando Tiago chama cada um de nós a ser “pronto para ouvir” (Tg 1.19), ele nos chama para sermos como nosso Pai celestial. Temos um Pai “que escutas a oração” (Sl 65.2), que atende a voz das nossas petições (Sl 66.19). Nosso Deus não apenas vê todas as pessoas, mas vê os seus de maneira especial, como aqueles com quem ele se aliançou em amor. Ele ouve seu povo com o ouvido de um Marido e de um Pai. Ele não é perturbado ou incomodado pelas nossas petições, especialmente durante nossos problemas e angústias.
Os Salmos, em particular, celebram a vontade de Deus em ouvir e ajudar seu povo no seus “dias de angústia” e “momentos de crise”. Davi testificou que Deus tinha sido para ele “alto refúgio e proteção no dia da minha angústia.” (Sl 59.16 e também 9.9; 37.39; 41.1). Ele sabia para onde se voltar quando a crise chegasse: “No dia da minha angústia, clamo a ti, porque me respondes” (Sl 86.7). “No dia da adversidade, ele me esconderá no seu pavilhão” (Sl 27.5). E Davi sabia para onde direcionar os outros: “O Senhor te responda no dia da tribulação” (Sl 20.1). “O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação” (Sl 9.9).
E não apenas Davi, mas o salmista Asafe também diz: “No dia da minha angústia, procuro o Senhor” (Sl 77.2). O próprio Deus diz: “invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15). Longe de ser incomodado pelo nosso choro por ajuda, Deus é honrado quando nos voltamos para ele com nosso fardo. Talvez o mais surpreendente de todos seja o refrão do Salmo 107 (repetido quatro vezes): “Então, na sua angústia, clamaram ao SENHOR, e ele os livrou das suas tribulações” (vv. 6, 13, 19 e 28). Essa não é apenas a história de Israel de novo e de novo, mas a nossa também.
E Deus está no seu melhor nas nossas crises.

Contemple Nosso Deus

Este é quem nosso Deus é desde o princípio. Esse é o Deus de Abraão e Isaque. E esse é quem Jacó, nos seus vários altos e baixos, esforços e lutas, descobriu que Deus é: “[O] Deus que me respondeu no dia da minha angústia” (Gn 35.3).
O Deus de Jacó não é como os falsos deuses das nações vizinhas. Ele não é como os deuses do lar do tio de Jacó, Labão (Gn 31.19; 34-35). E não é como os deuses canaanitas que os filhos de Jacó encontraram quando saquearam Siquém (Gn 34.29; 35.2). Outros “deuses” não respondem no dia da angústia. Eles simplesmente foram feitos pela imaginação e mãos humanas. Eles são brinquedos de bebês. Eles não respondem. Eles não agem.
A vida de Jacó foi uma sucessão de momentos de crise, e Deus provou que é fiel como o Deus que ouve e responde. Assim como Deus viu Lia na sua crise (Gn 29.31) e se lembrou de Raquel na dela (Gn 30.22), ele vê, ele ouve, ele se lembra, ele se importa. Ele é o Deus vivo que quer que nos voltemos para ele, lutemos com ele (Gn 32.22-28), e não apenas com nossas circunstâncias, em nosso momento de crise. Esse é o Deus de Jacó, e o Deus de Naum (Na 1.7), Obadias (Ob 12,14), Jeremias (Jr 16.19) e Ezequias (Is 37.3).

Como e Quando Perfeitos Dele

Na nossa finitude e natureza caída, pode parecer para nós, por vezes, que Deus está se escondendo nos momentos de crise (Sl 10.1). Mas se nos achegarmos a ele humildemente, não estimando o pecado no nosso coração (Sl 66.18; e também 1Pe 3.7), nós podemos esperar que “Deus me tem ouvido e me tem atendido a voz da oração” (Sl 66.19). Ainda assim, o fato de Deus ouvir não significa que ele sempre, ou até mesmo tipicamente, vai responder como e quando nós esperamos ou queremos.
Quando nós lembramos de Deus como aquele que nos responde nos momentos de crise, como ele fez com Jacó, os salmistas e os profetas, não assumimos que ele responde como responderíamos ou quando nós gostaríamos. Jacó, uma vez, passou vinte anos debaixo da tirania de Labão, e seu filho José passou treze anos indo cada vez mais baixo. Foi vendido como escravo, acusado falsamente, jogado na prisão e então esquecido, antes que Deus o levantasse. Nosso Deus trabalha no seu “tempo oportuno” (1Pe 5.6), no seu “tempo” (Gl 6.9).
Ele, de fato, vai nos ouvir e responder, mas geralmente de formas e num tempo que nós não antecipamos. Seus caminhos e pensamentos são maiores que os nossos (Is 55.8-9), e ele faz “mais do que tudo”, não menos, do que nós pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Em Cristo, não assumimos que Deus não está nos vendo, ouvindo ou respondendo porque nossas vidas não estão se desdobrando de acordo com nossos planos. Longe de assumir que ele não está respondendo, queremos receber suas misericórdias severas enquanto ele continua a fazer sua surpreendente obra de desdobrar a história, e nossas vidas, não de acordo com as expectativas humanas, mas de acordo com seus planos e propósitos infinitamente majestosos, os quais nós vemos claramente no momento de crise do próprio Filho de Deus.

Sua Resposta Maior

“E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia” (Mc 14.33). Ali, naquele jardim de crise, Jesus tinha “oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade” (Hb 5.7). Deus ouviu seu Filho em seu momento de crise, mas ele não deixou o cálice passar. Ele não o livrou da morte. O fato de Deus ouvir e responder Jesus não significava salvação de passar pela cruz, mas salvação através da cruz.
Seu Pai “salvando-o da morte” poderia ter significado proteção da morte. Porém, seus caminhos são sempre mais altos. Ele fez muito mais abundantemente do que nós estamos propensos a pedir ou agir. O resgate que Deus deu ao seu Filho nesse momento não foi proteção da morte, mas graça que sustenta durante a morte. E então, ressurreição. E ao menos que Jesus volte primeiro, todos nós enfrentaremos a morte cedo o bastante, e a resposta de Deus para nós será a graça que sustenta durante a morte, e a ressurreição do outro lado.
Nosso Deus é muito real, muito grande e muito glorioso para trabalhar de acordo com as expectativas humanas e cronogramas convenientes. Ele nos ama demais para regularmente fazer o que nós queremos e quando nós queremos nos momentos de crise. Porém, ele sempre nos vê. Ele sempre nos ouve. E em Cristo, ele irá responder, não necessariamente quando e como nós queremos, mas com a resposta que nós precisamos, mesmo que possam ser dolorosas por agora, para nosso bem e glória definitivos.
*David Mathis é pastor assistente do Pastor John Piper na Bethlehem Baptist Church e do ministério Desiring God em Minneapolis, Minnesota, EUA.
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