Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador SENHOR JESUS CRISTO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador SENHOR JESUS CRISTO. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Não vos Inquieteis: Uma Mensagem de Esperança e Confiança em Deus

 21.01.2025

Extraído do canal do pastor Irineu Messias, no YouTube*

O sermão baseado na passagem de Mateus 6:30-34, intitulado "Não vos inquieteis". Essa mensagem, proferida em um contexto cristão contemporâneo, nos convida a refletir sobre a importância de confiar na providência divina, em vez de nos deixarmos dominar pelas preocupações materiais.

A Inquietude da Multidão

O reverendo Messias nos transporta para o momento em que Jesus falava para uma multidão aflita. Ele descreve a inquietude daquela gente, que enfrentava a opressão romana, altos impostos e o peso das leis religiosas. Essa situação nos faz lembrar da ansiedade que muitos de nós sentimos hoje, muitas vezes buscando alívio em remédios controlados. A comparação é clara: assim como aquela multidão estava inquieta, muitos de nós vivemos em constante preocupação.

O Convite à Confiança em Deus

A mensagem central do sermão é um convite de Jesus: "Não vos inquieteis". O ministrante nos lembra que Deus conhece nossas necessidades e que, assim como cuida da natureza, Ele também cuida de nós. Mesmo que nossa fé seja pequena, Deus está sempre providenciando o que precisamos. Essa é uma promessa que devemos abraçar com confiança.

A Priorização do Reino de Deus

Um dos pontos mais impactantes do sermão é a ênfase na importância de buscar primeiro o Reino de Deus e sua justiça. O pregador nos adverte que a falta dessa prioridade pode nos levar a decisões erradas e nos distrair do que realmente importa. Ele compara essa busca a um planejamento estratégico, onde as metas devem ser priorizadas para alcançarmos o que Deus tem para nós.

A Promessa de Acréscimo

Ao priorizarmos o Reino de Deus, todas as outras coisas nos serão acrescentadas. Essa promessa de Jesus é uma garantia de que não precisamos pagar ou realizar rituais específicos para receber as bênçãos divinas. É um lembrete de que a generosidade de Deus não depende de nossas ações, mas de Sua graça.

O Dia de Amanhã e o Mal de Cada Dia

O sermão também aborda a preocupação com o futuro. Jesus nos ensina a não nos inquietarmos pelo dia de amanhã, pois cada dia traz seus próprios desafios. O pastor tranquiliza os ouvintes, afirmando que Deus cuidará de nós, assim como fez no passado. Cada dia tem seu próprio mal, mas temos a certeza de que Deus está conosco em todos eles.

A mensagem do sermão "Não vos inquieteis" nos oferece uma poderosa esperança. Somos convidados a confiar em Deus, a conectar os ensinamentos de Jesus com as ansiedades do dia a dia e a priorizar o Reino de Deus. Lembremo-nos de que Deus conhece nossas necessidades e cuidará de nós, independentemente das circunstâncias. A busca pelo Reino de Deus é o verdadeiro caminho para a satisfação e segurança em nossas vidas.

Que esta mensagem inspire você a viver com mais fé e confiança em Deus, sabendo que Ele está sempre ao seu lado!


* Extraído do canal do pastor Irineu Messias. Sermão ministrado em 29.12.2024, na Adeplan-DF

***

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Ser um Servo Fiel e Prudente: A Chave para uma Vida Cristã Abençoada

24.06.2024


Introdução: A Parábola do Servo Fiel e Prudente

Em Mateus 24:45-46, Jesus nos apresenta uma parábola poderosa sobre a importância de ser um servo fiel e prudente. Nesta passagem, o Senhor questiona: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o seu senhor constituiu sobre a sua família, para lhes dar o sustento a seu tempo?" E Ele mesmo responde: "Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim."

Essa parábola nos revela princípios fundamentais para uma vida cristã bem-sucedida e abençoada. Ser um servo fiel e prudente não é apenas uma opção, mas uma chamada divina para todo aquele que deseja agradar a Deus e receber Sua aprovação. Neste post, vamos explorar em profundidade o que significa ser um servo fiel e prudente, e como podemos aplicar esses princípios em nossas vidas.

O Que Significa Ser um Servo Fiel e Prudente?

Ao analisar a parábola de Jesus, podemos identificar três características essenciais de um servo fiel e prudente:

  • Servo - Antes de tudo, um servo fiel e prudente é alguém que se coloca a serviço do seu Senhor, Jesus Cristo. Ele reconhece sua posição submissa e está disposto a obedecer e cumprir a vontade do seu Mestre.
  • Fiel - Um servo fiel é aquele que demonstra confiabilidade, integridade e perseverança em seu serviço. Ele é consistente em suas ações e mantém-se firme em sua devoção a Deus, mesmo diante de desafios e tentações.
  • Prudente - A prudência é uma característica essencial do servo fiel. Ele é sábio, ponderado e discernidor em suas decisões e atitudes. Ele age com sabedoria, evitando imprudências que possam prejudicar seu testemunho e o trabalho de Deus.

Portanto, um servo fiel e prudente é alguém que se coloca humildemente a serviço de Deus, demonstrando confiabilidade, integridade e sabedoria em suas ações. Ele é um exemplo vivo da vontade de Deus e um instrumento poderoso em Suas mãos.

A Importância de Ser um Servo Fiel e Prudente

Ser um servo fiel e prudente não é apenas uma opção, mas uma chamada divina para todo cristão. Aqui estão algumas razões pelas quais essa característica é tão importante:

1. Glorifica a Deus

Quando somos fiéis e prudentes em nosso serviço a Deus, estamos refletindo a Sua própria natureza e glorificando o Seu nome. Isso traz honra e louvor ao nosso Pai celestial, que se deleita em ver Seus filhos caminhando em obediência e sabedoria.

2. Edifica a Igreja

Um servo fiel e prudente é um grande bênção para a Igreja de Cristo. Ele contribui positivamente para o crescimento e fortalecimento do corpo de crentes, servindo como um exemplo inspirador e um líder sábio.

3. Testemunha para o Mundo

Nosso testemunho como cristãos é fundamental para atrair pessoas a Cristo. Quando somos fiéis e prudentes em nosso serviço, estamos demonstrando a realidade da transformação que o Evangelho pode operar em nossas vidas. Isso torna nosso testemunho mais convincente e atraente.

4. Recebe a Aprovação de Deus

Acima de tudo, ser um servo fiel e prudente nos garante a aprovação e a bênção de Deus. Como Jesus afirmou na parábola, "Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim." Essa aprovação divina é a maior recompensa que podemos almejar.

Características de um Servo Fiel e Prudente

Agora que entendemos a importância de ser um servo fiel e prudente, vamos explorar algumas características específicas que definem esse tipo de servo:

1. Responsabilidade e Diligência

Um servo fiel e prudente é alguém que assume com seriedade as responsabilidades que lhe são confiadas. Ele é diligente em cumprir suas tarefas, demonstrando comprometimento e excelência em tudo o que faz.

2. Integridade e Honestidade

A integridade e a honestidade são marcas registradas do servo fiel e prudente. Ele é confiável, transparente e age com retidão, mesmo quando ninguém está olhando.

3. Sabedoria e Discernimento

O servo prudente é alguém que toma decisões sábias, baseadas no temor de Deus e no discernimento espiritual. Ele é capaz de avaliar situações com clareza e agir de maneira ponderada e estratégica.

4. Humildade e Submissão

Apesar de suas qualidades, o servo fiel e prudente mantém uma atitude humilde e submissa. Ele reconhece que seu serviço é uma dádiva de Deus e que tudo o que faz deve ser para a Sua glória.

5. Perseverança e Fidelidade

Mesmo diante de desafios e adversidades, o servo fiel e prudente persevera em seu serviço a Deus. Ele mantém sua devoção e compromisso, demonstrando fidelidade até o fim.

Aplicando os Princípios do Servo Fiel e Prudente

Agora que entendemos as características de um servo fiel e prudente, é importante refletirmos sobre como podemos aplicar esses princípios em nossas próprias vidas. Aqui estão algumas sugestões:

1. Examine sua vida e ministério

Faça uma avaliação honesta de sua vida cristã e de seu serviço a Deus. Pergunte-se: "Sou um servo fiel e prudente? Estou agindo com responsabilidade, integridade e sabedoria?" Essa reflexão é essencial para identificar áreas que precisam de melhoria.

2. Cultive uma vida de oração e estudo da Palavra

O servo fiel e prudente é alguém que mantém uma vida de intimidade com Deus. Dedique-se à oração e ao estudo diligente das Escrituras, buscando a sabedoria e o discernimento que vêm do Espírito Santo.

3. Assuma suas responsabilidades com diligência

Seja fiel e diligente no cumprimento das tarefas e responsabilidades que Deus lhe confiou, seja em sua família, igreja ou comunidade. Demonstre excelência e compromisso em tudo o que faz.

4. Mantenha-se íntegro e honesto

Cultive uma vida de integridade e honestidade, agindo com retidão mesmo quando ninguém está olhando. Seja transparente em suas ações e mantenha-se acima de qualquer suspeita.

5. Seja um exemplo para os outros

Lembre-se de que sua vida é um testemunho vivo para aqueles que o rodeiam. Seja um exemplo inspirador de um servo fiel e prudente, para que outros possam ser edificados e atraídos para o Reino de Deus.

Conclusão: A Recompensa do Servo Fiel e Prudente

Ao final da parábola, Jesus pronuncia uma bênção sobre o servo fiel e prudente: "Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim." Essa é a maior recompensa que podemos almejar: a aprovação e a bênção de Deus sobre nossas vidas.

Ser um servo fiel e prudente não é apenas uma opção, mas uma chamada divina para todo cristão. Quando nos entregamos a essa missão, estamos glorificando a Deus, edificando a Igreja e testificando ao mundo. E, no final, receberemos a recompensa eterna de ouvir as palavras de nosso Senhor: "Bem-aventurado!"

Que este seja o desejo de nosso coração: sermos servos fiéis e prudentes, a fim de agradar a Deus e receber Sua aprovação. Que Ele nos capacite e nos fortaleça para cumprir essa nobre chamada em nossas vidas.

****

Fohte:https://youtu.be/EvDhB6j0Qns

segunda-feira, 13 de maio de 2024

A Coragem e Fé de Joquebede - A História de Moisés

13.05.2024

Por pastor Irineu Messias

Neste artigo, exploramos a poderosa história de Joquebede, sua coragem, fé e a intervenção divina na vida de Moisés.

A história de Joquebede, uma mulher corajosa cuja fé e determinação são exemplos de grande inspiração, é revelada no Livro do Êxodo. Sua jornada é uma demonstração poderosa do plano divino e da intervenção de Deus na vida de seu povo.

A Coragem de Joquebede

  1. Obediência e Perseverança: Joquebede enfrentou a difícil realidade de esconder seu filho por três meses, desafiando as ordens cruéis do Faraó.
  2. Confiança em Deus: Mesmo diante da perseguição e ameaças, Joquebede confiou na proteção e intervenção de Deus para a segurança de seu filho.

A Intervenção Divina

  1. O Olhar de Compaixão: Deus moveu o coração da filha do Faraó, levando-a a adotar Moisés e providenciar cuidado e sustento para ele.
  2. Guia Celestial: A presença ativa de Deus é evidente em cada fase dessa história, revelando Seu plano e proteção sobre a vida de Moisés desde o início.

Lições de Fé e Obediência

  1. Coragem Maternal: O exemplo de Joquebede inspira mães a confiarem em Deus e a agirem corajosamente em prol de seus filhos, independentemente das circunstâncias.
  2. Confiar no Plano de Deus: A história de Joquebede ressalta a importância de confiar no plano soberano de Deus, mesmo quando as provações parecem insuperáveis.

Conclusão

A história de Joquebede e Moisés nos lembra que a coragem, a fé e a obediência podem levar à intervenção miraculosa de Deus. Ao confiarmos no plano divino e agirmos conforme Sua vontade, experimentamos Sua soberana intervenção em nossas vidas.


Nós, como servos do Senhor Jesus Cristo, somos encorajados a trilhar o caminho da fé, baseando-nos nas profundas lições encontradas nas histórias bíblicas, como a de Joquebede, cujo exemplo ecoa através das eras, fortalecendo nossa própria jornada de fé.


Que a coragem e determinação de Joquebede nos inspirem a confiar na fidelidade e cuidado de Deus em todas as circunstâncias. Que a história de Moisés e sua mãe nos lembre do poder transformador da fé e obediência a Deus em nossas vidas.


“Portanto, eu vos digo: Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.” (Marcos 11:24)


Que a história de Joquebede e Moisés ressoe em nossos corações, fortalecendo nossa fé e encorajando-nos a confiar plenamente no poder e providência de Deus. Aleluia!


Obs.: Assista à mensagem completa, no canal do pastor Irineu Messias, no YouTube, ministrada na Igreja Assembleia de Deus no Planalto Central - ADEPLAN/Brasília–DF, em 12.05.24, presidida pelo pastor Rinaldo Alves dos Santos:

JOQUEBEDE: A TRIUNFANTE FÉ DE UMA MÃE. Ex 2:1-10

****

sábado, 27 de abril de 2024

Uma Apreciação Crítica do livro de Rudolf Bultmann (Parte 2)," JESUS CRISTO E MITOLOGIA"

27.04.2024
Do blog de TIAGO ABDALA 27.06.09

O autor lida com a relação entre hermenêutica e filosofia, especialmente com a filosofia existencialista, no capítulo quatro (p. 36-47). Busca demonstrar como a filosofia influenciou certas escolas teológicas na interpretação bíblica, a fim de validar o argumento de que todo intérprete se dirige ao texto debaixo da influência de certas pressuposições. Há uma diferenciação entre pressuposições metodológicas na exegese, que Bultmann entende como legítimas, e pressuposições quanto ao resultado que determina o estudo hermenêutico, consideradas inadequadas e ilegítimas. Ele define o método como o sistema de indagação do texto, o qual varia conforme o interesse do leitor na abordagem de seu objeto de estudo. O autor desenvolve o conceito de “relação vital”, o qual envolve a compreensão prévia de determinado assunto para o estudo deste mesmo assunto dentro de um texto.

Bultmann reconhece a validade dos métodos de investigação histórica no estudo bíblico, todavia, entende que a Bíblia é mais do que uma fonte histórica e se deve escutá-la no que tem a dizer sobre a verdade acerca da vida e da alma do homem moderno. A relação vital traçada pelo livro como metodologia para a leitura da Bíblia se dá na indagação humana acerca de sua existência que, para o autor, é idêntica à indagação a respeito de Deus.

Deste modo, a filosofia existencialista é vista como a concepção metodológica mais adequada para a orientação da exegese bíblica, pois, mostra ao homem a sua necessidade de existir, sem determinar a maneira pela qual esta existência deve ocorrer. Para Bultmann, a análise existencialista auxilia na leitura das Escrituras como a Palavra que interpela cada homem de modo pessoal e o chama a uma decisão. O fato de que a análise existencial não leve em conta a relação do homem com Deus, isto não a torna inadequada para o estudo da Palavra, mas revela um âmbito em que apenas a fé é capaz de compreender e mostra que Deus está além do próprio ser humano.

As observações de Bultmann quanto à impossibilidade de se ler um texto sem quaisquer pressuposições são pertinentes e importantes. Os próprios exemplos apresentados por ele, mostram como as pressuposições influem fortemente na interpretação dos conceitos bíblicos. É muito positiva a distinção entre pressuposições que moldam a metodologia e aquelas que influem no resultado, pois, auxilia o intérprete a entender que, apesar de não se poder ler um texto sem concepções prévias, tais concepções não podem determinar a conclusão da leitura de um texto.

A percepção sobre a necessidade de se interpretar a Bíblia não apenas como uma fonte histórica que possibilita a reconstrução do passado, mas, especialmente, como a Palavra de Deus que interpela o homem acerca da verdade quanto à sua vida e alma é elogiável e salutar. Nesse sentido, o autor demonstra uma sensibilidade ao propósito dos escritores bíblicos, os quais escreveram seus livros e cartas com uma preocupação didática quanto à vida cristã. Conseqüentemente, Bultmann chega à importante conclusão de que “na Bíblia encontraremos palavras autoritativas”.[1]

O uso da filosofia existencialista defendida por Bultmann como método hermenêutico é questionável. Para isso, ele segue alguns passos argumentativos que requerem atenção. Primeiramente, o autor afirma, citando uma frase célebre de Agostinho,[2] que o homem estabelece uma relação com Deus, ao buscá-lo, e possui um certo conhecimento prévio da ação de Deus em Cristo.[3] Deve-se observar que a argumentação de Bultmann não se sustenta dentro da estrutura do pensamento de Agostinho, pois, apesar deste reconhecer a sede humana natural por Deus, tanto na frase citada quanto na continuidade do texto no Livro I, capítulo 1 de Confissões, o pai da Igreja declara que na busca do homem por Deus há o risco de se invocar outro em lugar dele,[4] e a invocação ao Deus verdadeiro se dá apenas mediante a fé na Palavra pregada, não de forma prévia e natural.[5]

Não é de se admirar que o autor busque uma justificativa para esta sua observação fora do NT. Pois, a teologia do NT é clara em revelar a tendência natural do homem em se afastar do conhecimento disponível na criação a respeito de Deus, adorando a criatura em lugar do Criador (Rm 1.18-25). Além disso, apesar de possuir a imagem divina desconfigurada dentro de si (cf. Rm 2.14-15; 3.23; Tg 3.9), o ser humano só experimenta real relacionamento com Deus por meio da fé na pessoa e obra de Cristo (Jo 14.6, 9; Ef 2.1-18). E esta fé na ação de Deus em Cristo não é inata ao homem, mas, se torna possível quando ele ouve a mensagem do evangelho (Rm 10.17; Ef 1.13).

Um segundo ponto questionável defendido por Bultmann é a afirmação de que a indagação orientadora da interpretação bíblica diz respeito à existência humana, pois esta se iguala à indagação acerca de Deus. Diante disso, ele propõe a análise existencial como a mais adequada desde que foca na necessidade primária do homem em existir, o que implica em conhecer a Deus por meio de encontros no seu “aqui” e “agora”.[6] O problema maior com esta proposta filosófico-hermenêutica é que sua metodologia de estudo parte de fundamentos externos à própria Bíblia, isto é, não levam em conta a proposta bíblica quanto à existência do homem e de sua maior necessidade. Ainda mais, a proposta filosófica existencialista de Bultmann peca em limitar Deus e sua revelação aos encontros existenciais experimentados pelo ser humano.

Logicamente, o questionamento do homem acerca de sua própria existência, dentro das Escrituras, o levará a Deus como seu Criador e Sustentador (At 4.24; 14.15-17; 17.24-28; Cl 3.10; Tg 3.9; Ap 10.6). Todavia, a teologia neotestamentária não foca a existência humana como sua preocupação maior, mas sim, a glória de Deus e Sua revelação por meio de Cristo. Em outras palavras, o centro hermenêutico do NT é teológico/cristológico, não antropológico. A pergunta orientadora para a exegese, apresentada pelo NT não é “De que modo devo existir?”, mas sim, “Como a revelação de Deus em Cristo reconcilia a humanidade com o seu Criador e lhe possibilita um viver para a glória dEle?” (cf. Jo 1.14-18; 14.6, 9; Rm 1.18ss; 3.9-26; 2 Co 5.15-20; Ef 1.3-14; 4.20-24; Fp 2.5-11; Cl 3.9-10; 1 Pe 2.9-10; 2 Pe 1.2-4; et al). Deus não se limita à existência pessoal humana, mas a existência do homem depende totalmente de Deus e de Seu ato redentor em Cristo.

No quinto e último capítulo (p. 49-67), Bultmann concentra seus esforços para refutar argumentos contrários ao programa hermenêutico da desmitologização e do entendimento de Deus como ato. O autor busca demonstrar que a fala a respeito de Deus como ato implica na compreensão de que ele age de modo oculto na história, a ponto de não se poder descrever esta ação de modo objetivo ou científico, distinguindo-se da fala mitológica que enxerga Deus intervindo de modo objetivo na história e rompendo com a ordem natural dos acontecimentos. Também, argumenta que a visão acerca da atuação oculta de Deus nos acontecimentos da história não significa panteísmo, pois, por ser oculta esta ação difere dos eventos naturais em si e só é perceptível de modo pessoal, não como um enunciado geral a respeito da imanência divina.

O autor trabalha, ainda, com a possibilidade de se falar de Deus, sem incorrer em linguagem mitológica e propõe a rejeição desta em prol da linguagem analógica existencial, isto é, uma linguagem que descreve o encontro com Deus, da mesma forma como se fala das relações existenciais humanas. Isto não implica a limitação da existência de Deus meramente às experiências subjetivas e psicológicas humanas, pois, assim como os fenômenos (e.g. amor, confiança) que ocorrem nas experiências humanas entre amigos, pais e filhos não podem ser captados totalmente por uma metodologia objetiva e isso não anula sua existência, assim, também, a existência real de Deus não pode ser anulada por ser vivenciada apenas no âmbito da fé.

Na segunda parte do último capítulo, o autor defende o fato de que a nova auto-compreensão do crente se acha em mudança e avaliação contínuas, conforme se processam os encontros existenciais da fé em resposta à Palavra de Deus proclamada no aqui e agora. Isto não nega a ação de Deus escatológica de “uma vez por todas” em Cristo, mas mostra a necessidade de se compreender o evento redentor e a demonstração da graça de Deus proclamados pela Palavra como um evento atuante e que interpela o homem em seu presente. Assim, o paradoxo se estriba no fato de que a Palavra que ocorre aqui e agora se constitui a mesma “coisa”[7] com a palavra proclamada pelos apóstolos e cristalizada no NT.

Por fim, Bultmann conclui que o empreendimento da desmitologização se equipara àquele desenvolvido por Paulo e Lutero na doutrina da justificação somente pela fé. Pois, assim como a fé chama ao abandono de qualquer seguridade nas obras, a desmitologização chama ao abandono da confiança no conhecimento objetivante.

A proposta do autor de que a ação de Deus na história não é suscetível à comprovação científica, de certa forma, faz jus à infinitude divina que não pode ser compreendida de forma exaustiva pela razão limitada humana. Todavia, no pensamento bíblico, a natureza e o curso da história revelam a existência e poder do Criador: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra de suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite” (Sl 19.1-2).

O discurso paulino em Atos 14 comprova a perspectiva do cristianismo primitivo de que Deus age na história por meio dos acontecimentos profanos, “... Estamos trazendo as boas novas para vocês, dizendo-lhes que se afastem dessas coisas vãs e se voltem para o Deus vivo que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há ... Deus não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura... ” (At 14.15, 17). Bultmann erra ao polarizar o agir de Deus na história como totalmente oculto, algo contrário à afirmação bíblica, e por limitar a ação divina simplesmente ao interior dos acontecimentos seculares, não a enxergando como a causa deles.[8]

Apesar de sua defesa da compreensão existencialista de Deus e de que ela não nega a existência dele fora da fé, algumas afirmações do autor, no livro, parecem contradizer isso. Quando afirma a ilegitimidade de se falar de Deus como o Criador cósmico ou como o Ser onipotente, capaz de fazer todas as coisas, e defende que tal linguagem só pode ser usada de modo pessoal e existencial, a partir do momento que o homem compreende a si mesmo como criatura de Deus ou percebe o seu poder o angustiando, Bultmann nega a possibilidade do conhecimento ontológico de Deus.[9] É difícil compreender como Deus existe fora da fé, se não se pode falar dele como transcendente a ela, mas, apenas dentro da auto-compreensão existencial.

Além disso, mesmo que a revelação do caráter e atributos divinos ocorram dentro da história do povo de Deus, isso não significa que Seu ser se limita à fé humana, isto é, Deus permanece sendo quem é, independentemente do homem encontrá-lo pela fé ou rejeitá-lo. Mesmo diante da recusa do ser humano em conhecer e crer no Deus revelado pela criação, ele continua possuindo seus atributos invisíveis, natureza e poder eterno (Rm 1.19-25).

Ao falar sobre a Palavra viva de Deus que teve sua origem num acontecimento histórico, isto é, em Jesus Cristo, ele não explica de modo claro o que este evento histórico traduz[10] e questiona se “a pessoa e a obra de Jesus Cristo têm de ser entendidas por nós como a obra divina da redenção”.[11] Somado a isso, Bultmann alega serem ilegítimas as concepções bíblicas cultual, em que Deus oferece seu filho como vítima propiciatória, e jurídica, a não ser que sejam vistas como símbolos da fé.[12] Assim, surge a questão sobre o modo pelo qual o autor aplicaria a desmitologização às afirmações joaninas de Cristo como o sacrifício ou propiciação pelos pecados dos homens (Jo 1.29; 1 Jo 2.1-2; 4.10), ou ao conceito forense da justificação humana pela fé em Cristo, desenvolvido por Paulo (Rm 1 – 5).

A eloqüência de Bultmann na parte final do capítulo cinco, correlacionando o empreendimento da justificação pela fé com o da desmitologização, não legitima sua proposta hermenêutica cujas rachaduras são perceptíveis no livro. Certamente, há observações importantes e pertinentes que chamam a atenção para a necessidade de um método hermenêutico relevante e honesto. Todavia, as pressuposições da análise existencialista são estranhas ao pensamento bíblico e, portanto, não contribuem no desenvolvimento de uma exegese adequada ao texto sagrado.

Cabe salientar, por último, a necessidade de uma revisão da grafia das expressões gregas, na última edição em português, que traz erros graves para uma publicação direcionada, especialmente, à academia teológica. A página vinte e sete, por exemplo, contém vários erros nítidos de acentuação e de uso errado da aspiração.

[1] Idem. p. 43.

[2] “Tu nos fecisti ad te, et cornostrum inquietum est, donec requiescat in te” (“Fizeste-nos para ti, e o nosso coração só encontrará descanso quando repousar em ti”).

[3] BULTMANN, Rudolf. Op cit. p. 42.

[4] Ver AUGUSTINUS, Aurelius. Confissões. Série: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000. p. 37.

[5] Cf. Idem. p. 37-38. Ver, também, Livro II, Capítulo 6.

[6] BULTMANN, Rudolf. Op cit. p. 42-45.

[7] Termo usado na tradução. Ver Idem. p. 65.

[8] Cf. Idem. p. 49-50.

[9] Cf. Idem. p. 51, 55-56.

[10] Ver Idem. p. 62-65.

[11] Idem. p. 63.

[12] Idem. p. 56.

*****
Fonte:http://tiagoabdalla.blogspot.com/2009/06/jesus-cristo-e-mitologia_27.html