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terça-feira, 2 de julho de 2024

Entrevista com Ravi Zacharias - A supremacia da cosmovisão cristã

 2.07.2024

Do blog do INSTITUTO CRISTÃO DE PESQUISAS  - ICP

Tradução: Elvis Brassaroto Aleixo
Frederick Antony Ravi Kumar Zacharias (Chenai, 1946), evangelista e apologista cristão nascido na Índia, emigrou para o Canadá aos vinte anos e, atualmente, vive nos EUA. Ravi Zacharias, como é conhecido, é autor de vários livros, incluindo o premiado Pode o homem viver sem Deus? e Por que Jesus é diferente? Zacharias apresentou, durante vários anos, o programa semanal de rádio “Deixe meu povo pensar”, preside o Ministério Internacional Ravi Zacharias e é professor visitante do Wycliffe Hall of Oxford, onde leciona apologética e evangelismo. Defensor diligente da cosmovisão cristã, a entrevista que nos concedeu é sobre o assunto em referência.

Defesa da Fé: O que uma pessoa deve considerar ao julgar a validade de uma cosmovisão?

Ravi Zacharias: Como a própria palavra revela, “cosmovisão” nada mais é do que uma “concepção do mundo”. Acredito que uma cosmovisão coerente deve ser capaz de responder satisfatoriamente a quatro questões: a origem, o significado, a moralidade e o destino do homem. É muito comum nos depararmos com pensamentos religiosos que respondem a essas perguntas em meio a contradições ou invenções. Embora todas as principais religiões façam declarações exclusivas sobre a verdade, a fé cristã é a única capaz de responder plenamente a todas as quatro questões sem se contradizer.

Defesa da Fé: Em que termos o senhor apresenta a singularidade da cosmovisão cristã?

Ravi Zacharias: Estou totalmente convencido de que a fé cristã detém a concepção de um mundo mais coerente que poderia ser assumida por qualquer pessoa. Todos eles: panteístas, ateístas, céticos e politeístas são incapazes de responder a questões como: “De onde viemos?”. “Qual é o sentido da vida?”. “Como podemos definir o que é certo ou errado?”. E: “O que nos acontecerá quando morrermos?”. Tais indagações se relacionam com fatores primordiais da nossa existência. Ao apresentar a cosmovisão cristã, sempre considero os aspectos culturais envolvidos, esteja eu no Oriente Médio, no Ocidente ou na Ásia. Minha estratégia é fazer as perguntas existenciais no contexto da cultura em que estou inserido e, após isso, apresentar todas as respostas cristãs, salientando sua plausibilidade.

Defesa da Fé: Entre as dezenas de livros que o senhor já escreveu, Por que Jesus é diferente? é considerado o seu trabalho mais significativo. Qual é a razão disso?

Ravi Zacharias: Jamais houve e nunca haverá uma história de vida tão impecável quanto à de Jesus. Muitos reivindicaram alguma posição religiosa diferenciada, mas possuem um testemunho de vida no mínimo dúbio. Com Cristo, por outro lado, isso não ocorre. Em sua biografia, nunca o vemos coadunando com situações imorais ou antiéticas ou sequer qualquer sombra de impureza em seu caráter. Depois de cerca de dois mil anos, ninguém tem sido mais criticado ou desafiado pela mídia que Jesus. Nesse contexto, existem muitos jornalistas ocidentais publicando artigos com posicionamentos imparciais e sem fundamentação científica. Esses mesmos jornalistas nunca submeteriam Maomé àquilo que submetem a Jesus. Nenhum outro personagem de qualquer religião poderia resistir a tantos ataques e permanecer inabalável ao longo dos séculos. Isso ocorre porque Jesus não é um mito!

Defesa da Fé: Por que as pessoas no ocidente estão tão fascinadas pelas religiões do oriente?

Ravi Zacharias: É simples. A cosmovisão das religiões orientais está sendo buscada pelos ocidentais porque elas concedem aos seus adeptos a possibilidade de seguirem uma moralidade sem ter um Deus a quem se reportar. Muitas práticas do movimento Nova Era, por exemplo, dependem de uma filosofia moralizante sem o posicionamento de uma divindade central. O budismo também proporciona essa espécie de relação. O bahaísmo admite uma concepção plural, descomprometida com um posicionamento específico e norteador, apenas tangenciando vários conceitos religiosos, mas sem a necessidade de assumir uma posição clara. O hinduísmo, por sua vez, propicia uma fundamentação moral sem qualquer responsabilidade que vá além da doutrina cármica, segundo a qual as pessoas são castigadas por ações que elas não se recordam terem cometido em uma vida passada. Em todos esses casos, não existe responsabilidade para com um Deus pessoal.

Defesa da Fé: Como tem sido suas experiências nas universidades norte-americanas?

Ravi Zacharias: Quando palestro nas universidades sobre hinduísmo, budismo, islamismo ou qualquer outro tema, faço sabendo que não haverá qualquer repercussão. Mas, quando falo da fé cristã, sempre sou questionado sobre os motivos de se discutir esse tema. Qualquer pessoa pode questionar os grupos cristãos em qualquer grande universidade norte-americana, e eles dirão o quanto são intimidados nesse ambiente. Isso é triste! Eu vivi na Índia, depois no Canadá e, após, cheguei aos EUA. Em certo sentido, a América parece contradizer toda a liberdade que os próprios americanos apregoam. Mas, coisas piores podem ser feitas em outras partes do mundo e sem impunidade. Por exemplo, o racismo. Existem países no mundo atual em que o racismo é horrível e descarado. Percebo que, pelo fato de estarmos muito acostumados a viver sob os parâmetros da cosmovisão cristã, enfrentamos mais facilmente a autocrítica e o escrutínio. Outras cosmovisões não estão dispostas a se abrir para esse enfrentamento. Por isso, quando o assunto na universidade é cristianismo, os estudantes não ficam indiferentes e os debates se tornam mais acalorados.

Defesa da Fé: Qual é a liberdade que existe nos países muçulmanos no tocante à adesão de uma cosmovisão religiosa diferente da islâmica?

Ravi Zacharias: Em muitos desses países, os muçulmanos alegam não haver uma religião obrigatória. Certa vez, estive com uma autoridade religiosa de uma das maiores nações muçulmanas do mundo, cuja identidade prefiro não revelar. Ele foi bastante cortez ao conversar comigo e me explicou muita coisa sobre o trabalho que ele estava realizando. Contou-me que tinha acabado de participar de um encontro na Malásia cujo teor tratou sobre a imagem do islamismo no mundo.

Eu lhe perguntei:

— Por que vocês entendem que um evento assim seria necessário?

Ao que ele me respondeu:

— Bem, 11 de setembro. Somos freqüentemente vistos no Ocidente como nações que obrigam seus filhos a adesão religiosa.

Então, lhe disse:

— Eu não quero ser ofensivo, mas se eu estivesse no seu país e fosse um muçulmano, eu seria livre para discordar de alguns pontos do islamismo?

A resposta foi:

— Por que faria algo assim?

Retruquei:

— Apenas estou lhe perguntando teologicamente se os muçulmanos são livres para abandonar sua fé quando assim entenderem.

Ele retornou:

— Bem, essas coisas são mais complicadas porque temos de ponderar sobre as leis do país e outros fatores complicadores.

Então, eu disse:

— Quando você diz que não há religião obrigatória nos países muçulmanos, está apenas analisando um lado da moeda, o qual lhe diz que nunca forçará alguém a acreditar no que você acredita. Isso é muito lógico, pois alguém que nasça num país assim natural e culturalmente torna-se um muçulmano sem precisar ser forçado, pois as pessoas não têm escolha. Por outro lado, quando falamos sobre religião compulsória, isto vai muito além, pois quer dizer também que o Estado não deveria compelir alguém a permanecer acreditando em algo quando esta pessoa quer se tornar um descrente ou “apóstata”. Este é o maior teste para saber se há ou não religião compulsória no mundo árabe. Não existe qualquer lei no país onde eu vivo que me obrigue a permanecer cristão pelo resto da minha vida. Mas, em seu país, se alguém decidir desacreditar o islamismo, terá antes de enfrentar o tribunal de justiça e explicar as razões de sua postura. Como tal pessoa pode resistir a tamanha intimidação, ao mesmo tempo ser honesta consigo mesma e não sofrer com isso?

Francamente, o ministro islâmico não pôde me responder. Quando o islamismo conseguir superar esse problema, então, e só então, o mundo poderá conhecer quem de fato é muçulmano, pois quando isso acontecer, estaremos diante de fiéis livres para professar sua fé. Se hoje a religião muçulmana não fosse obrigatória no mundo árabe, ainda seriam eles bilhões de adeptos?

Defesa da Fé: Como a cosmovisão cristã pode satisfazer as necessidades de um lugar como a Índia?

Ravi Zacharias: Eu nasci e cresci em Bombain e costumo visitar a Índia duas vezes por ano. Em muitos sentidos, a Índia me deixa angustiado. Caminhe pelas ruas de Calcutá e entenderá o que estou dizendo. Ao mesmo tempo, Calcutá é o centro educacional da Índia. Alguns dos maiores filósofos do país são provenientes de Calcutá. Penso que a primeira coisa que a cosmovisão cristã pode fazer pelos indianos é elevar a auto-estima deles, explicando que existe uma dignidade essencial em cada ser humano. A segunda coisa é demonstrar o amor que permeia as relações cristãs e todas as suas implicações e frutos. Sabendo disso, as organizações missionárias costumam estar nos orfanatos, nos hospitais e nos asilos. Há alguns anos, palestrei no centésimo aniversário do Hospital Missionário Americano, na cidade de Bahrain, fundado na Arábia Saudita, com extensão na Índia. Muitos xeques nasceram ali e representavam o islamismo naquela platéia para a qual me dirigi. Queriam saber de onde veio o ímpeto necessário para um empreendimento duradouro como aquele, ao que respondi: “Do amor de Cristo”.

Defesa da Fé: O que os norte-americanos precisam aprender com tudo isso?

Ravi Zacharias: A América precisa reconhecer que não pode existir sem a cosmovisão que a levou a ser o que é hoje. Estou falando da cosmovisão judaica-cristã. Também, precisa reconhecer que foi a liberdade da fé cristã que proporcionou, nas instituições, o acesso que os outros tipos de fé usufruem. É muito sintomático observar que, quando a corrente principal dos seminários teológicos é conservadora, sempre há espaço para os teólogos liberais. Mas, quando o contrário ocorre, os conservadores são totalmente desprezados e ridicularizados. Esse tipo de comportamento ocorre em diversas esferas nos EUA. O cristianismo, que muitos renegam hoje, é justamente o fundamento para essa liberdade crítica que os americanos possuem e que podem perder! Que a Igreja brasileira aprenda com os erros dos irmãos norte-americanos e prossiga por caminhos mais aprazíveis ao Senhor.


Nota: Embora o entrevistado, tenha falhado na sua conduta cristã, o que escreveu e defendeu nos escritos, palestras ,etc, continuam válidos, mesmo que o mesmo tenha falhado diante de Deus.Na eternidade , todos nós, inclusive o entrevistado, prestarão contas a Deus.

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Fonte:https://www.icp.com.br/entrevista005.asp

terça-feira, 11 de junho de 2024

A relação entre filosofia e cristianismo para Justino, o Mártir

11.06.2024

Do portal BRASIL ESCOLA

Por Wigvan Pereira*

Para Justino, o Mártir, é possível perceber uma relação entre filosofia e cristianismo

A relação entre filosofia e cristianismo para Justino se dá com a compreensão da existência da revelação desde a origem do gênero humano.

"Pais apologistas

A filosofia encontra-se com o cristianismo quando os cristãos tomam posição em relação a ela. Nos séculos XII e XIII, a oposição entre os termos “philosophi” e “sancti” representa duas visões de mundo consideradas antagônicas: a visão de mundo pagã e aquela proclamada segundo a fé cristã.

Os chamados Pais Apologistas foram aqueles cristãos que, a partir do século II d.C. escreveram, em diálogo com a Filosofia, defesas da sua fé a fim de obter o reconhecimento legal para ela diante do Império.

A obra de Justino, Mártir, foi inserida nesse período. São duas Apologias e um Diálogo com Trifão. A primeira Apologia, escrita por volta do ano de 150 d.C., foi escrita para o imperador Adriano. A segunda, para o imperador Marco Aurélio. É em seu “Diálogo” que ele nos relata sua trajetória, da filosofia com motivação religiosa à religião com perspectiva filosófica: nascido em Flávia, Neápolis, seus pais eram pagãos. A busca pela verdade o conduziu ao estudo da filosofia e sua conversão ao cristianismo ocorreu provavelmente antes de 132.

Primeiro, Justino se aproximou dos estoicos, mas os recusou por terem lhe dito que não era importante conhecer a Deus. Após se encontrar com um “filósofo profissional”, um mestre que cobrava por seus ensinamentos, Justino procurou um mestre pitagórico, mas se afastou dele por não querer dispor seu tempo para o estudo da música, da geometria e da astronomia. Encontrou afinidade com discípulos de Platão, que atendiam sua necessidade de pensar sobre as coisas corpóreas, mas também além delas, as ideias.

O encontro com o cristianismo se deu por meio de um ancião que conheceu durante um retiro. Ao ser questionado por ele a respeito de Deus, Justino tentou se valer das teorias de Platão. O ancião, então, esboçou uma refutação que, apesar de parecer simples, demonstrou a separação entre platonismo e cristianismo: a alma, segundo o cristianismo, é imortal porque Deus quer que ela seja.

Justino então leu o Antigo e o Novo Testamento. Ele nos diz: “Refletindo eu mesmo sobre todas aquelas palavras, descobri que essa filosofia era a única proveitosa”. Percebemos que Justino considerava o cristianismo como uma filosofia, mesmo sendo uma doutrina baseada na fé em uma revelação.

Essa revelação é anterior ao Cristo – é a tese que Justino defende em sua Primeira Apologia, baseado no conceito de “Verbo divino” do evangelho de João, e em sua Segunda Apologia, baseado no termo “razão seminal” do estoicismo: as pessoas que nasceram antes do Cristo participavam do Verbo antes dele se fazer carne; todos os humanos receberam dele uma parcela e, por isso, independente da fé que professavam, se viveram segundo o ensinamento do Cristo, poderiam ser referidos como cristãos, mesmo que Cristo ainda não tivesse nascido. Em vez de ser o marco de “início” da revelação divina, Cristo seria seu ápice.

Desse modo, Justino resolveu dois problemas teóricos: 1) Se Deus revelou sua verdade apenas por Cristo, como seriam julgados aqueles que viveram antes dele? 2) Como conciliar a filosofia antes de Cristo, e, portanto, ignorante da verdade revelada, e o cristianismo?

Como, segundo defende Justino, os homens podiam agir de forma “cristã” antes do nascimento de Cristo, agiam segundo o Verbo. Se agiam segundo o Verbo, aquilo que disseram e pensaram podia ser apropriado pelo pensamento dos cristãos. É a esse respeito que Justino diz em sua Segunda Apologia (cap. XIII): “Tudo o que foi dito de verdadeiro é nosso”.

Se o pensamento de Heráclito, por exemplo, é considerado oposto ao pensamento cristão, o pensamento de Sócrates é considerado “parcialmente cristão”: ao agir segundo a razão (Logos), esta é uma participação do Verbo; Sócrates (e também os demais filósofos que pensaram “o verdadeiro”) praticou uma filosofia que era o germe da revelação cristã.

O Logos

De Fílon de Alexandria, Justino apropriou-se do conceito de “Logos” para estabelecer uma relação entre o “Logos-Filho” e o “Deus-Pai”. Vejamos o que ele diz:

“Como princípio, antes de todas as criaturas, Deus gerou de si mesmo certa potência racional (Loghiké), que o Espirito Santo chama ora 'Glória do Senhor', ora 'Sabedoria', ora 'Anjo', 'Deus', 'Senhor' e Logos (= Verbo, Palavra) (...) e porta todos os nomes, porque cumpre a vontade do Pai e nasceu da vontade do Pai*”.

Ou seja, entendemos aqui que Justino diz que o Cristo é a palavra proferida de Deus e pode ser denominado de diversas formas porque ele “porta todos os nomes”. A seguir, Justino faz uma comparação entre o Logos, no sentido acima, correspondente a verbo, e a fala humana para defender a possibilidade da coexistência de Deus-Pai e Logos-Filho:

“E, assim, vemos que algumas coisas acontecem entre nós: proferindo uma palavra (= logos, verbum), nós geramos uma palavra (logos), no entanto, não ocorre uma divisão e uma diminuição do logos (= palavra, pensamento) que está dentro de nós*”.

O que Justino diz aqui é que, da mesma forma que quando nós dissemos uma palavra, o ato de falar não esgota nossa possibilidade de falar no futuro, ou diminui o número de palavras existentes, da mesma forma Deus-Pai ao pronunciar o “Verbo”, ou seja, com o nascimento de Cristo, isso em nada esgota ou diminuiu a sua divindade e onipotência. Outro exemplo que Justino nos oferece é o do Fogo:

“E assim vemos também que, de um fogo, acende-se outro fogo sem que o fogo que acende seja diminuído: este permanece igual e o novo fogo que se acendeu subsiste sem diminuir aquele do qua1 se acendeu*”.

A importância de Justino

Embora não tenha deixado uma filosofia sistemática, nem uma teologia cristã, temos ecos da obra de Justino em muitos pensadores cristãos posteriores. Sua obra não faz exposições gerais a respeito de teorias, nem as discute profundamente, nem pretende desenvolver concepções filosóficas. Justino, ao contrário disso, passa por pontos importantes da fé cristã que considera passíveis de justificativa.

Sua importância se dá pela novidade de interpretar a revelação cristã como o ápice de uma revelação que existe desde a origem do gênero humano. Assim como sua obra, sua morte foi também afinada com a sua fé: foi decapitado em 165, condenado pelo prefeito de Roma por se declarar cristão.

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As citações de Justino foram retiradas do Diálogo com Trifão p. 61-62. Retirado de: Pais apostólicos y apologistas griegos, Daniel Ruiz Bueno (BAC 116), Pág. 409-412.

Padres apostólicos y apologistas griegos (S. II). Organização: Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores Cristianos, 1ª edição, 2002.

*Por Wigvan Pereira. Graduado em Filosofia"

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Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-relacao-entre-filosofia-cristianismo-para-justino-martir.htm 

sexta-feira, 7 de junho de 2024

FILOSOFIA CRISTÃ

07.06.2024

Do blog TODA MATÉRIA

Por Pedro Menezes*

A filosofia cristã representa um conjunto de ideias baseadas nos preceitos de Jesus Cristo. Sua principal característica é a busca da explicação para a existência de Deus por meio da ciência.

A base do pensamento está na tradição racionalista filosófica grega e romana em consonância com os dogmas cristãos. O fundamento principal da filosofia cristã é justificar a fé tendo a razão como instrumento.

Essa corrente de pensamento empresta da Metafísica grega a explicação científica para a existência de Deus defendida no Cristianismo.

Também são adaptados ao conceito para justificar a fé, fundamentos do neoplatonismo, estoicismo e gnosticismo.

Os primeiros pensadores da filosofia cristã foram: São Paulo, São João, Santo Ambrósio, Santo Eusébio e Santo Agostinho.

Principais doutrinas da filosofia cristã:

  • Há separação entre material-corporal e espiritual-corporal
  • Deus e o mundo material são separados
  • Deus se manifesta em três pessoas distintas, a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo)
  • O Pai é considerado o Ser do mundo, o Filho é a alma do mundo e o Espírito Santo a inteligência
  • A verdade está nas Escrituras (Bíblia Sagrada)
  • Há no mundo: anjos, arcanjos, serafins e um reino espiritual
  • A alma humana participa da divindade e é superior ao corpo
  • A Providência divina governa todas as coisas
  • Para ser perfeito, o homem precisa entregar-se à Providência divina e abandonar os impulsos carnais
  • É preciso crer em Cristo para ser santificado
  • O mal é identificado com o demônio
  • O mal age sobre a matéria, a carne, o mundo e o homem

História da Filosofia Cristã

As pregações de Paulo de Tarso (São Paulo), um judeu helenizado, são consideradas os primeiros passos para a formação da filosofia cristã. Paulo era funcionário do exército romano e se converteu ao Cristianismo.

Suas pregações são descritas nas chamadas Epístolas, onde defende a universalização da mensagem cristã. Segundo Paulo, as mensagens deixadas por Cristo não eram dirigidas somente aos judeus porque Deus criou os homens à sua imagem e semelhança.

Nesse contexto, o Cristianismo é difundido por meio de grupos de fiéis reunidos em centros urbanos que recebem as pregações de Paulo. As comunidades se encontravam para a realização de rituais e práticas religiosas.

Essas comunidades eram denominadas ecclesia, termo grego para igreja. A prática religiosa nessas comunidades não era unificada e a filosofia cristã foi usada como instrumento para o processo de hegemonia.

Os pensadores que defendiam a unificação da doutrina cristã foram denominados apologetas. O nome é uma referência à apologia que faziam ao Cristianismo

Filosofia Cristã na Idade Média

A filosofia cristã é estabelecida como marco para a filosofia medieval. O primeiro período, que vai do século II ao VIII, é denominado "patrística" e tem como principal expoente Santo Agostinho.

A patrística buscou unir a doutrina cristã com o conhecimento e as bases filosóficas prévias desenvolvidas pela filosofia grega clássica. A razão, base do pensamento filosófico grego, torna-se uma ferramenta para a justificação da fé.

A partir do século IX e século XV, a filosofia cristã passa a ser chamada "escolástica", tendo como destaque São Tomás de Aquino.

Fundamenta-se a ideia de que o conhecimento (cristão) pode e deve ser transmitido e ensinado, surgem as primeiras universidades. A lógica aristotélica torna-se base para o desenvolvimento de um conhecimento cristão.

Tomás de Aquino toma a lógica como um princípio da fé. As cinco vias de Tomás de Aquino são um reflexo claro desse pensamento, busca construir bases lógicas para a doutrina cristã a partir das provas da existência de Deus.

O saber religioso é identificado como um saber lógico e racional.

Para complementar sua pesquisa, consulte:

* Pedro Menezes, é professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação
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Fonte:https://www.todamateria.com.br/filosofia-crista/

quarta-feira, 29 de maio de 2024

FILOSOFIA CRISTÃ, O QUE É

29.05.2024

Do blog ALFA JP CENTRO EDUCACIONAL

A filosofia merece ser chamada de “cristã” quando se trata especialmente de “fórmulas exclusivas" cuja solução tem alguma importância para a vida religiosa.


A filosofia cristã é a coleção de ideias filosóficas iniciadas pelos cristãos desde o século II até os dias atuais. São Tomás de Aquino, filósofo cristão da Igreja Católica, é um de seus maiores expoentes.


A filosofia cristã se originou visando conciliar ciência e fé, partindo de explicações racionais naturais usando a revelação cristã. Vários pensadores, como Agostinho, acreditavam que havia uma relação harmoniosa entre ciência e fé, outros, como Tertuliano, argumentavam que havia contradição e outros tentavam distingui-las.  Há estudiosos que questionam a existência de uma filosofia cristã em si. Estes argumentam que não há originalidade no pensamento cristão e que seus conceitos e ideias são herdados da filosofia grega. A filosofia cristã protegeria assim o pensamento filosófico, que já teria sido definitivamente elaborado pela filosofia grega.


Boehner e Gilson, no entanto, argumentam que a filosofia cristã não é uma simples repetição da filosofia antiga, embora devam à ciência grega o conhecimento desenvolvido por Platão, Aristóteles e os neoplatônicos. Eles até afirmam que a cultura grega sobrevive de forma orgânica na filosofia cristã.  


Aspectos históricos


 A filosofia cristã começou por volta do século II. Surgiu através do movimento comunitário cristão denominado Patrística, cujo objetivo principal era a defesa da fé cristã. A patrística terminou provavelmente por volta do século VIII. A partir do século XI, a filosofia cristã se manifestou através da Escolástica. Este é o período da filosofia medieval ou Idade Média que se estende até ao século XV, como indica T. Adão Lara. A partir do século XVI, a filosofia cristã, com suas teorias, passou a coexistir com teorias científicas e filosóficas independentes.


O desenvolvimento das ideias cristãs representa uma ruptura com a filosofia dos gregos, tendo em vista que o ponto de partida da filosofia cristã é a mensagem religiosa cristã. A atividade missionária dos apóstolos, seguidores de Jesus Cristo, contribuiu para a difusão da mensagem cristã, embora o cristianismo tenha sido inicialmente alvo de perseguição.


A estrutura da obra de T.Adão Lara indica uma importante divisão de aspectos da filosofia cristã na Idade Média:


·         I. Filosofia primitiva: Patrística (séculos 2-7).

·         II. Filosofia Medieval: Escolástica (séculos IX-XIII).

·         III. Filosofia pré-moderna: (séculos XIV-XV)


Características


Demonstração natural - Na filosofia cristã as proposições devem ser demonstradas de forma natural e ele usa reflexões condicionadas pela experiência - usando a razão. A premissa filosófica da filosofia cristã é a lógica, não exclusivamente a teologia cristã.  Embora haja uma conexão entre doutrinas teológicas e reflexão filosófica na filosofia cristã, suas reflexões são estritamente racionais.


1.       Justificação das verdades da fé


       Em essência, os ideais filosóficos cristãos são tornar as crenças religiosas racionalmente aparentes por meio da razão natural. A atitude do filósofo cristão é determinada pela crença em assuntos relacionados à cosmologia e à vida cotidiana. Ao contrário do filósofo secular, o filósofo cristão busca condições para a identificação da verdade eterna, que se caracteriza pela religiosidade 


A filosofia cristã tem sido criticada porque a religião cristã é atualmente hegemônica e centraliza a elaboração de todos os valores. A coexistência da filosofia e da religião é questionada, pois a própria filosofia é crítica e a religião é baseada na revelação e em dogmas estabelecidos. Lara acredita que na Idade Média existiam questões e escritos com características filosóficas, embora predominassem a religião e a teologia.  Desta forma foi fundada por dogmas, em alguns aspectos não impediu importantes construções filosóficas.


2.       Tradição


Uma filosofia cristã desenvolvida a partir de filosofias anteriores. Justin é baseado na filosofia grega, uma academia em Agostinho e Patrística. É na tradição do pensamento filosófico cristão ou judaísmo, da qual foi herdado do Antigo Testamento e mais fundamentalmente na mensagem do Evangelho, que consagra ou é central à mensagem defendida pelo cristianismo.


A escolástica, por sua vez, foi influenciada tanto pela filosofia judaica quanto pela filosofia islâmica. A Europa cristã não continuou a ser influenciada apenas por si mesma, mas sofreu fortes influências de outras culturas.  


3.       Visão sistematizada


Tenta-se organizar de forma sistemática e abrangente os problemas da realidade em um todo harmonioso nos postulados da Filosofia cristã. No entanto, observa-se uma falta de mente criativa, compensada pela visão geral.  No período do antigo sistema de "justiça popular", representantes da "única direita" filosofia marxista-leninista, mesmo com métodos administrativos, forçaram o termo "filosofia cristã", entendendo a cosmovisão a "doólca" (Leszek Kołakowski). 


Filósofos eram descritos na seguinte visão: "todos eles eram, originados, de religião verdadeira, de fé, para demonstrar a metodologia de sua religião, que professa a seriedade cristã, bem como a judaica, budista; a filosofia, por outro lado, pode ser melhor ou pior, mas é "sem adjetivos", assim como a matemática, a física e a biologia.


A principal autoridade filosófica é baseada na época, Tomás de Aquino (1224/25 - 1274), sendo o autor da classificação estrutural entre e teologia e filosofia. O problema, porém, era que os maiores nativos do Ocidente - Jacques Maritain (1882 - 1973) e Étienne Gilson (1884 - 1978) - que eram em muitos aspectos autoridades para seus alunos e seguidores poloneses, com teimosia digna de uma causa melhor, pregou o conceito de "filosofia cristã em auxílio dos marxistas que pregavam a filosofia praticada nos círculos católicos do mundo no quadro de uma visão religiosamente proposta.

 

 Filosofia e teologia e o expoente -Tomás de Aquino


Tomás de Aquino - como se dizia - distinguir entre filosofia e teologia, baseando-se em distinguir duas perspectivas a partir das quais se percebe o sujeito de cada ciência. O primeiro é o material objeto, que é o que é determinado de fases de corte. A segunda - o seu sujeito formal, ou seja, o aspecto em que, dada ciência, esta examina qual é o assunto de interesses, por exemplo, tanto a psicologia quanto a medicina tratam do homem, cada uma em um aspecto diferente, o que não exclui, entretanto, algumas sobreposições ou áreas de pesquisa. 


No caso da filosofia, nenhuma teologia, nenhum material coincide. Ambos falam de Deus, do homem e do mundo, mas os aspectos em que o fazem, diferem radicalmente, devido à forma como são argumentados. Na filosofia, essas são apenas justificações racionais, construídas com base natural da realidade circundante. O argumento definitivo na teologia é a revelação de Deus. Portanto, na filosofia e na teologia, por exemplo, as mesmas teses podem aparecer, por uma     solução de pensamento inocentes, mas como justificativa, na filosofia será de Deus, e em - uma análise da lei bem diferentes naturais.


No caso da filosofia e da teologia, o material objeto quase coincide - ambos falam de Deus, do homem e do mundo.


Muitas vezes simples e convincente na teoria, mas na maioria das vezes e especialmente conhecido quando alguém parece atraente por sua fé e o problema parece racionalizá-la por todos os lados possíveis, às vezes sem perceber.


São Tomaz achava que a virtude da sabedoria supera todos os tipos de conhecimento, mas também destacou que é uma virtude moral e pessoal de um ser humano, e trata-se, portanto, de um conjunto de crenças "subjetivas" de um ser humano sobre diversos temas da vida, que o aproxima da visão de mundo e da ciência. Os tomistas, no entanto, visam a filosofia como a serviço de embasamento ideológico.


A filosofia medieval como filosofia cristã, segundo Gilson


Étienne Gilson, quando trata da filosofia medieval, por exemplo, foi chamado de "o descobridor de todo o continente esquecido". Ele, com alguma consistência, definiu este "continente" como cristão. Ao justificar essa abordagem, ele escreveu (de forma bastante enigmática) no Spirit of medieval Philosophy que "para um historiador quanto à filosofia medieval, nenhum termo vem à mente tão espontânea o termo filosofia cristã" ( Duch, página 9). 


E ele admite com razão que este é um nome aparentemente não qualificado, mas apenas "há poucos termos tão vagos, tão determinados de definição com precisão". No entanto, ele acrescenta que um historiador do pensamento medieval pode considerar os sistemas filosóficos pensados ​​por ele, mas não é uma preocupação pensada por nós. 

 

1.       VÍDEOS SUGERIDOS


2.1  Filosofia – pensamento cristão

https://www.youtube.com/watch?v=6GP_OGHQokQ


2.2 É possível pensar uma Filosofia cristã- Prof. Rogerio Carvalho

 https://www.youtube.com/watch?v=XXmWAvlSzVI


 

3.ARTIGOS ON LINE SUGERIDOS:


3.1 Santo Agostinho: Biografia, Teologia, Filosofia e curiosidades

https://www.erealizacoes.com.br/blog/santo-agostinho/

 

3.2 Filosofia crista na Idade Media – Por Etienne Gilson

http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/tematica_livre/nathan.pdf

 

3.3 Bases para uma Filosofia crista

https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/bases-para-uma-filosofia-crista/

 

4.4 O melhor da Filosofia cristã -

https://www.baixelivros.com.br/acervo/filosofia-crista

 

4.5 Filosofia cristã- entre a fé e a razão

https://colegiopxsflamboyant.com.br/Documentos/Capitulo6.pdf

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Fonte:https://www.cursosalfajp.com.br/filosofia-crista