21.05.2015
Do portal GNOTÍCIAS, 14.05.15
Por Johnny Bernardo*
Apesar do espetacular avanço científico e tecnológico verificado nas
últimas décadas – particularmente a partir da segunda metade do século
XX – a humanidade ainda é vitíma da intolerância, da truculência de
indivíduos que tomam o mundo pra si, que veem a sociedade a partir de
uma ótica isolacionista, preconceituosa e destrutiva. Em suma, ainda não
conseguimos nos livrar da bárbarie, do primitivismo cruel e desumano.
Cabeças ainda rolam no Oriente Médio, religiões destrutivas continuam a
transformar seus adeptos em tolos úteis, em amebas facilmente
manipuláveis, crianças e mulheres continuam sendo alvos da truculência e
do machismo arcaico e medieval. Dá-se pouco valor ao outro, ao
indivíduo, ao direito de cada um professar sua crença, de se manifestar
livremente e sem empecilho. Tem-se um Estado de sítio, uma oposição
cruel.
Nesta guerra de ideias e de intolerância religiosa livros e relíquias
são alvos preferenciais. Entende-se que para atingir o todo é preciso
focar em um objeto, um símbolo com o qual o todo se identifica, se
relaciona em seu cotidiano de devoção. Foi assim na Idade Moderna, com o
Index Librorum Prohibitorum – Índice dos Livros Proibidos pela
Igreja Católica – e, mais recéntemente, no período entreguerras, quando
a Alemanha nazista de Adolf Hitler realizou diversas sessões de queima
de livros, “sagrados” ou não, impossibilitando o acesso a recursos
literários e dogmáticos que contrariavam sua ideologia e pretensão de
domínio mundial. Pouco mudou de lá para cá. A intolerância e o
desrespeito são realidades incontestáveis, presentes em nosso dia a dia,
problemáticas cuja solução se perde nas longas discussões acadêmicas e
partidárias.
Vivemos algo semelhante no Brasil do século XXI. Além de uma das
piores composições do Congresso Nacional, temos uma acirrada disputa
ideológica e religiosa que nos remete ao primitivismo bárbaro, que
estabelece barreiras invisíveis, porém palpáveis, entre grupos distintos
da sociedade. Exemplo da intolerância e do desrespeito para com o
outro, para com a religião alheia, foi a recente queima de um exemplar
da Bíblia na Universidade Federal do Acre (UFAC) pelo estudante e ateu
Roberto Oliveira. Nada justifica a queima de exemplares de quaisquer que
sejam os livros confessionais. Apesar de laico – característica
indispensável ao funcionamento de um Estado -, o Brasil é um país
multireligioso, que assegura o direito à livre expressão religiosa.
A atitude de Oliveira é uma afronta ao Estado Democrático e um exemplo
de intolerância.
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Fonte:http://colunas.gospelmais.com.br/queima-da-biblia-e-uma-afronta-ao-estado-democratico_10895.html